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COOPERAÇÃO EMPRESARIAL

Devido à concorrência, competitividade e sentimento de necessidade de aumento de produtividade, as empresas procuram estabelecer
organizações ou contratos com vista à cooperação empresarial, que não tem uma definição unanime, mas é-lhe possível destrinçar 3
caraterísticas: a tendencial bilateralidade de custos e benefícios (maiores custos de uma tende a gerar mais custos na outra, e mais
benefícios numa tende a gerar mais benefícios na outra), para além de que existe uma redução do risco, pelo prazo mais curto de
amortização do capital; coincidência de finalidades de partes (fim comum), e o contributo para a realização de um fim comum (que
como já afirmado se pode gerar pela criação de uma organização, ou apenas através de uma base contratual).

Podemos ter uma cooperação para empresa externa, que dá lugar a uma nova empresa, mantendo-se as anteriores ou substituindo-se,
ou uma cooperação para empresa interna. PAULO DE SOUSA VASCONCELOS afirma que estas cooperações – externa e interna –
ao contrário da cooperação entre empresas em intercâmbio na sua atividade económica regular e a cooperação entre empresas para
a sua organização e gestão interna – não são consubstanciam uma forma de cooperação, mas antes formas de concentração, pois uma
das caraterísticas associadas à cooperação é a autonomia, individualidade jurídica e independência económica entre empresas. No
caso de uma fusão – cooperação para empresa interna – assistimos à redução da pluralidade à unidade, não estando, assim perante uma
forma de cooperação.

Uma forma de cooperação empresarial, é a JOINT VENTURE, um acordo entre empresas, juridicamente e economicamente autónomas,
que visam à realização de um empreendimento comum. Nesta forma de cooperação as partes são empresas (empresários) – que têm de
existir antes da JV, ou seja, as partes não são empresários porque celebraram uma JV, elas celebraram uma JV porque são empresários;
existe a realização de um empreendimento comum (não basta haver uma mera articulação dos fatores de produção); as empresas são
económica e juridicamente autónomas entre si.

 A formação de uma JV é um iter, um complexo contratual, uma construção através de 3 camadas, em que primeiramente se
forma um acordo de princípio (memorandum of understanding), onde se define os propósitos e os âmbitos preliminares da
cooperação; seguidamente um acordo base, onde se define o fim, o objeto, a forma jurídica, e a modalidade da JV (podem dar
origem a JV puramente obrigacionais ou institucionais (que dão origem a uma sociedade); equity ou non-equity JV; projeto
económico temporário ou duradouro); e por fim são os acordos complementares.

CONTRATO DE CONSÓRCIO

O contrato de consórcio é uma forma de cooperação empresarial pois reúne as caraterísticas essenciais daquele. É, segundo OLIVEIRA
ASCENSÃO e RAÚL VENTURA um contrato puramente contratual, ao contrario de PINTO FURTADO que afirma que este é dotado
de personalidade jurídica.

Artigo 1.º: No contrato de consórcio as partes (duas ou mais) “exercem uma atividade económica entre si”. Quanto a isto pergunta-se
se é necessário que previamente à celebração do contrato estas já exerçam a atividade ou se podem, apenas aquando a celebração do
contrato, estabelecer o exercício de uma atividade económica. PAULO DE SOUSA DE VASCONCELOS entende que o decisivo é que
no momento da celebração as partes estejam em condições de exercer tal atividade. “de forma concertada”, ou seja, não existe uma
atividade exercida em comum, mas antes uma conjugação de atividades desenvolvidas separadamente por cada um dos seus membros.

Artigo 2.º: RAUL VENTURA e ANTÓNIO PITA afirmam a taxatividade do elenco de objetos referidos no artigo, enquanto que, LUIS
FERREIRA LEITE afirma o carater exemplificativo do elenco, deixando margem à criatividade daqueles que contratarão neste âmbito.

Artigo 4.º: devemos fazer uma interpretação não literal da ultima parte do artigo (que refere que “as contribuições em dinheiro só são
permitidas se as contribuições de todos os membros forem dessa espécie”), mostrando ser possível existir uma conciliação entre as
contribuições em dinheiro e outras formas de contribuições. Para além disso, a expressão “ou” mostra-se mal aplicada, pois revela-se ser
possível existir a prestação de uma contribuição em coisa corpórea em simultâneo com o uso de outra. Note-se que, a realização de
prestações pecuniárias não gera um fundo comum, aliás proibido pelo artigo 20.º, o que revela um sinal de impossibilidade de considerar
o consórcio dotado de personalidade coletiva, uma vez que esta pressupõe autonomia patrimonial.
Artigo 5.º: devemos ter em consideração que, como afirma RAUL VENTURA, que devemos reportar as atividades e bens fornecidos
pelos outros contraentes. É definido que o consórcio interno existe quando as atividades ou bens são fornecidos a UM dos membros do
consórcio e SÓ ESTE estabelece relações com terceiros, mas isto não significa que o membro que estabelece tais relações não tenha a
obrigação de realizar uma certa prestação ou contribuição, como é exigido no artigo 1.º. Se assim não o fosse, não seria um membro do
consórcio. Ainda estamos perante um consórcio interno quando as atividades ou os bens são fornecidos diretamente a terceiro por cada
um dos membros do consórcio, SEM expressa invocação dessa qualidade. Questiona-se então, se embora o membro do consórcio não
tenha invocado tal qualidade o terceiro sabia que este agia nessa qualidade. Passar-se-á a estar perante um consórcio externo? PEDRO
MAIA entende que não.

Artigo 6.º: ressalvando o carater intuito personae do contrato de consórcio, as modificações do contrato requererem o acordo de todos os
membros. A questão que se coloca é no caso de algum dos membros discordar da modificação e não der o seu assentimento. Terá direito
à exoneração ad nutum? Entende-se que sim, ao abrigo da sua autonomia privada.

Artigo 7.º: o conselho de orientação e fiscalização no contrato de consórcio é uma figura facultativa, e sendo facultativa questiona-se se
os membros podem substituir este órgão por outro que exerça as mesmas funções, mas que não seja, materialmente, um conselho de
orientação e fiscalização. Entende-se que não. Porém, já parece admissível a existência de um conselho de orientação e fiscalização
cumulativamente com outra estrutura. Isso estará na disponibilidade das partes. Caso exista, refere o n.º 1 que devem fazer parte do
mesmo “todos os membros do consórcio”. Será esta regra imperativa ou estará na disponibilidade das partes abarcar apenas alguns
membros? PEDRO MAIA entende que poderão apenas incluir-se no conselho alguns membros, mas para que tal seja admissível é
necessário que se cumpra com os deveres de informação aos restantes membros do consórcio. Ainda, embora que literalmente o artigo 7.º
apenas se refira à criação desta estrutura no contrato de consórcio externo, é de entender que o mesmo poderá existir no consórcio
interno, ao abrigo da disponibilidade das partes. Refere-se ainda no n.º 2 que, as deliberações do conselho, tomadas por unanimidade ou
pela maioria prevista no contrato, vinculam o chefe de consórcio, o que parece demonstrar, como afirma RAUL VENTURA que existe
aqui uma relação de hierarquia, onde o chefe de consórcio deve obediência às deliberações do conselho.

Artigo 12.º: o chefe de consórcio é um membro do consórcio que exerce funções de organização da cooperação entre as partes na
realização do objeto do consórcio e que promove as medidas necessárias à execução do contrato (artigo 13.º). Questiona PEDRO MAIA
se este poderá não ser um membro do consórcio, mas sim um terceiro contratado para tal. Entendemos que sim. Tal como no artigo 7.º,
apesar da figura estar prevista para o consórcio externo, este admite-se também no consórcio interno, estando na disponibilidade das
partes o fazerem. Atenção que, não sendo obrigatório, como o é no consórcio externo, as funções elencadas no artigo 13.º poderão ser
diminuídas. Não sendo construído um chefe de consórcio quando é obrigatório, RAUL VENTURA entende que estamos perante uma
nulidade contratual. PEDRO MAIA, porém, entende ser a posição de RAUL VENTURA excessiva, entendendo que se não for prevista
ab initio no contrato, poderão as partes, a todo o tempo, requerer a sua constituição. Para além disso, enquanto não for determinado o
chefe de consórcio, todos os seus membros deverão exercer as funções que a ele correspondem.

CONTRATO DE ASSOCIAÇÃO EM PARTICIPAÇÃO

A associação em participação nao origina uma nova pessoa jurídica, nem um fundo comum (um património autónomo), nem está dotado
de uma estrutura organizatória própria, nao tendo, sendo assim, personalidade jurídica. Perante terceiros, o associante surge como o único
titular e dono do negocio, e, portanto, só em relação a ele se constituem direitos e obrigações perante terceiro. A sua relação com os
associados é uma relação meramente obrigacional, nao sendo contitulares de qualquer património comum, o que permite desde logo,
distinguir a associação em participação de uma sociedade.

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