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FAB

Curso Preparatório de Cadetes do Ar

5.2.2.2 A Prova de Redação será constituída da elaboração de um texto manuscrito, cujo tema versará
sobre assunto da atualidade e terá como propósito verificar a capacidade de expressão escrita do
candidato na Língua Portuguesa. ............................................................................................................. 1

Candidatos ao Concurso Público,


O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom
desempenho na prova.
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar
em contato, informe:
- Apostila (concurso e cargo);
- Disciplina (matéria);
- Número da página onde se encontra a dúvida; e
- Qual a dúvida.
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la.
Bons estudos!

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5.2.2.2 A Prova de Redação será constituída da elaboração de um
texto manuscrito, cujo tema versará sobre assunto da atualidade e
terá como propósito verificar a capacidade de expressão escrita do
candidato na Língua Portuguesa.

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas, enviar material complementar (caso tenha
tempo excedente para isso e sinta necessidade de aprofundamento no assunto) e receber suas
sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer
erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso
serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-
mail: professores @maxieduca.com.br

Ato de Escrever

“Escrever é expressar-se.
Escrever é lembrar-se.
Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes,
outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar
posições e honrarias.
Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.”

Lêdo Ivo apud Campedelli, 1998, p. 335

Como sabemos, a redação é um dos elementos mais requisitados em processos seletivos de uma
forma geral, e em virtude disso é que devemos estar aptos para desenvolvê-la de forma plausível e,
consequentemente, alcançarmos o sucesso almejado.

Escrever redação não é difícil! A primeira coisa que podemos salientar para que tenha um bom
desempenho com o seu trabalho é sempre priorizar as questões de coerência e também coesão, em
outras palavras, dar cabo no assunto, e não fugir dele em momento algum.

É sempre importante estarmos atentos para a realidade mundial e em especial a brasileira, temos que
ler e assistir jornais, ler revistas, etc. em síntese, estar em sintonia com as notícias, pois manter-se sempre
atualizado pode ser a chave para o sucesso.

Os concursos públicos e vestibulares atuais exploram com certo peso essas atualidades, incorporando
o aspecto do dia a dia. As provas de hoje estão todas intertextualizadas, com a integração de conteúdos
comuns à prova de gramática, literatura e interpretação de texto (uma boa interpretação é 60% de garantia
de se ter uma boa nota), além do qual o senso crítico e de compreensão do concursando farão a diferença.

Uma redação bem feita é sinal que a pessoa tem um bom conhecimento da sua língua. É necessário
também ter calma e paciência, sempre prestar muita atenção nas propostas dadas pelos examinadores.

Faça um rascunho a lápis de sua redação, crie seu texto, revise para ver se não há erros, e passe a
limpo na folha especificada a tinta. Depois disso é torcer para que você tenha ido muito bem e conseguido
uma boa nota, já que na maioria dos concursos e vestibulares do Brasil, a prova de redação tem um peso
muito alto.

Na produção de um texto, o mais importante é como você organiza as ideias, muitas vezes o candidato
sabe muito sobre o assunto, todas as suas causas e consequências, porém ele não tem a preocupação
de organizar suas ideias, e esse, certamente é o responsável pela reprovação de muitos na prova de
redação.

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O modo de correção da prova é muito rígido, de modo que determinado professor não possa expor
sua opinião julgando o concursando ao espelho de seu pensamento. A correção abordará aspectos
formais do texto, o emprego da gramática normativa, o senso crítico e a correlação tema/texto.
Escrever bem não é coisa do outro mundo, é alcançável a todos, basta apenas interesse.

Informações Importantes
Estética

Este critério, em primeira instância, desperta o interesse ou a aversão do leitor por sua produção
textual. É a apresentação do texto, assim, como são para nós a adequação e o asseio de uma roupa.
Deve-se enfatizar que a estética se aplica a todos os tipos de texto. Alguns autores abordam a letra como
a expressão da personalidade do concursando ou aluno. Contudo, por vezes, as bancas examinadoras
punem o uso de letras de imprensa, sobretudo quando utilizadas em caixa-alta (maiúscula). Assim,
seguem-se algumas sugestões para não perder pontos referentes à apresentação textual, aqui
denominada "estética". Como critério de correção, será utilizada a perda da pontuação total do quesito
sempre que houver uma incidência de erro entendida como o descumprimento das sugestões de cada
um dos quesitos.

Legibilidade

A letra não precisa ser bonita ou enfeitada, como em convites de casamento, por exemplo. Ela deve
ser correta e legível! Exemplos:

- i e j com pingo;
- c com cedilha correto = ç;
- til sobre a primeira vogal do ditongo nasal acentuado, e não ao centro das duas ou sobre a segunda
= ão;
- n e m corretos e não com aparência de u; não pular linhas; letras menores com metade do tamanho
das maiores.

Caso você tenha muita dificuldade, pense na possibilidade de adquirir um caderno de caligrafia e
reaprenda a escrever as letras corretamente, de acordo com os exemplos acima. Caso opte pelas letras
de imprensa, não se esqueça de mesclar maiúsculas com minúsculas, de modo gramaticalmente correto.

Margens

Ao refletir sobre a relação das margens com a estética, pensa-se automaticamente em um texto
alinhado tanto à margem esquerda como à direita, sem a utilização abusiva de separações silábicas.
Sugestões:

- não deixe espaço superior a 0,3cm entre o texto e a margem estabelecida;


- separe no máximo cinco palavras em todo o texto, de forma correta. Consideram-se separações
incorretas: isolar vogais, dissílabas, palavras que comecem por h;
- separe apenas palavras que sejam pelo menos trissílabas, que comecem por consoante que não
seja h;
- separe substantivos compostos com hífen com traço lateral, e as demais palavras com traço abaixo
da última letra;
- nunca ultrapasse a margem.

Parágrafos

Pontinha de unha ou um dedo nunca foram nem nunca serão medidas padrão de um parágrafo.
Algumas sugestões para elaborar um parágrafo esteticamente ideal:
- faça recuo de 2 a 4 cm;
- não marque o início dos parágrafos;
- não deixe uma diferença superior a 0,3cm entre o recuo de um parágrafo e outro, pois isso passa ao
leitor a sensação de estarem desalinhados;
- escreva pelo menos duas frases em cada parágrafo;
- utilize no máximo 60 palavras por frase.

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Fusão de letras

Escolha uma letra, cursiva ou de imprensa, e não misture as duas formas. Este item também contempla
a utilização incorreta de letras maiúsculas ou minúsculas. Nunca escreva o texto todo em caixa alta.
Alguns concursos optam pela análise grafológica, que analisa a personalidade com base na letra
cursiva. Por isso, a letra cursiva lhe dá maior segurança, já que há bancas de correção que eliminam
candidatos que utilizam letra de imprensa.

Rasuras

Definitivamente, as rasuras prejudicam a estética do texto e, a depender da forma como se


evidenciarem, podem levar à reprovação do candidato. Considera-se rasura a utilização de corretivo ou
o rabisco de palavras.
- use um traço retilíneo cortando toda a palavra; tal anulação pode acontecer em até cinco palavras
em todo o texto;
- não coloque a palavra anulada entre parênteses.

Gramática

Este critério contempla a mensuração de conhecimentos gramaticais aplicados à produção textual.


Apresenta-se aqui apenas a explicação do que faz perder pontos gramaticais em uma redação (para tirar
dúvidas de ortografia, conjugação verbal e sintaxe, entre outros, consulte o resumo Português-Gramática
de nossa coleção – Nova Apostila).

- Ortografia: avalia o emprego da grafia correta das palavras, como o uso de ç, ss, sc, x, ch...
- Acentuação: avalia a utilização correta de acentos, como o uso de acento agudo (´), acento
circunflexo (^), til (~) e acento grave indicativo de crase (`). Lembre-se: crase não é acento, mas a fusão
de duas vogais iguais; o til é sinal de nasalização;
- Pontuação: avalia-se a utilização correta da pontuação, como o uso de ponto final (.), vírgula (,),
ponto-e-vírgula (;), dois-pontos (:), ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!) e reticências (...).
- Conectores e Colocação Pronominal: este ponto considera a utilização correta dos conectores para
uma boa construção textual, bem como os fatores de próclise, ênclise e mesóclise, como o uso de "eu te
amo", "amo-te", "amar-te-ei", entre outros.
- Concordância ou Regência: avaliam a concordância e a regência, verbais ou nominais.

Conteúdo

- Adequação ao tema
- Domínio do conteúdo
- Pertinência dos argumentos: progressão lógica da argumentação
- Pertinência dos argumentos: consistência da argumentação
- Originalidade

Os pontos dispensados ao conteúdo estão diretamente relacionados a seu domínio. Por isso, a leitura
de jornais e revistas informativas e uma visão política, econômica e cultural, por exemplo, são
fundamentais para a elaboração de textos convincentes.

Tipos de Desenvolvimento

Alguns autores, porém, sugerem a organização dos conteúdos em tipos de desenvolvimento. Por
exemplo, Ana Helena Cizotto Belline (1988, p.36) divide-os em dez categorias: causa e consequência,
oposição, tempo, espaço, tempo e espaço, definição, semelhança, exemplos/citações/dados estatísticos,
enumeração, perguntas.

- Causa e Consequência: Esta categoria é a organizadora de seu texto e deve ser utilizada na
montagem de sua estrutura. Atente para a enumeração dos argumentos de acordo com as tabelas:
1º argumento: causa / causa / causa / consequência.
2º argumento: causa / causa / consequência / consequência.
3º argumento: causa / consequência / consequência / consequência

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- Oposição: Serve também como organizadora do texto e deve ser utilizada durante a montagem da
estrutura. Para a enumeração dos argumentos, recomenda-se tomar por base o seguinte esquema:

1º argumento: Favorável / Contrário.


2º argumento: Contrário / Favorável.
3º argumento: Contrário / Favorável.

Como é possível observar, só há duas possibilidades de organizar o texto por oposição e ambas
exigem três argumentos. Com apenas dois argumentos por oposição, automaticamente haveria um
favorável e outro contrário ao tema e, portanto, uma argumentação morna, que tanto afirma como nega,
sem posicionamento, elemento central da dissertação. Vale lembrar que é necessário manter coerência
na enumeração dos argumentos: deve-se colocar primeiramente o que for minoria e deixar os outros dois
(maioria) como segundo e terceiro argumentos, isso facilita, inclusive, na constituição de uma ponte com
a conclusão.

- Tempo: É o tipo de desenvolvimento, e a categoria, que objetiva situar o leitor temporalmente. Para
tanto, a utilização de advérbios de tempo se faz obrigatória. É recomendável utilizar, no mínimo, três
advérbios temporais: "No século passado", “Em 1945”, "No dia da posse", "Às duas da tarde" etc.

- Espaço: Situa o leitor espacialmente e, para tanto, a utilização de advérbios de lugar também é
obrigatória. Recomenda-se o uso de, no mínimo, três advérbios espaciais: "No Brasil", "Na América
Latina", "No mundo", "No prédio do ministério", "Na Praça dos Três Poderes", "Na escola" etc.

- Tempo e espaço: O objetivo é situar o leitor temporal e espacialmente. Nesse sentido, é obrigatória
a utilização de advérbios de tempo e lugar. Sugere-se, no mínimo, o uso de quatro advérbios temporais
e espaciais: "A partir de 2000, no Brasil", "No último semestre, em São Paulo", "Neste século, a América
Central", "Hoje, na Praça da Sé", "Ontem, no Maracanã" etc.

- Definição: Tem por objetivo explicar determinado argumento, para comprovar a tese diante do tema.
Recomenda-se o uso de, no mínimo, três verbos que indiquem definição: "entende-se por", "define-se
por", "quer dizer", "enfatiza-se", "denota".

- Semelhança: Desenvolvimento que tem por objetivo comparar para comprovar. Devem-se utilizar,
no mínimo, três comparações: "tão... como", “tanto quanto”, "tal qual", "assim como" etc.

- Exemplos/citações/dados estatísticos: Nessa categoria, a finalidade é exemplificar, mencionar


autores e citações ou dados estatísticos. Use, no mínimo, dois exemplos ou citações.

- Enumeração: Desenvolvimento com vistas a enumerar fatos ou situações em um mesmo argumento.


Devem-se fazer pelo menos três enumerações.

- Perguntas: Desenvolvimento que utiliza perguntas retóricas como argumentação e posicionamento,


e deve conter, no mínimo, quatro delas.

Estilística

- Subjetividade: Recomenda-se não utilizar a primeira pessoa nem do singular, nem do plural: se isso
for feito, além de pontuação na prova, o candidato perderá pontos no quesito "gênero textual". A
dissertação é um texto denotativo; logo, não devem ser empregadas marcas de pessoalidade, próprias
apenas de textos literários.

- Incoerência ou Repetição: É aconselhável não repetir palavras das seguintes classes gramaticais:
substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, interjeição. Lembre-se de que é possível utilizar o mesmo radical
com vários afixos sinônimos, pois o que é proibido especificamente é a repetição da flexão. Analise as
ideias na argumentação, com a finalidade de deixar o texto coerente.

- Pouca Objetividade: Evite verbos de ligação, entre eles, "ser", "estar", "ficar", "permanecer",
"parecer", porque apenas ligam palavras. Após terminar o rascunho, revise a dissertação e substitua os
verbos repetidos ou de ligação. Veja algumas sugestões:

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Afirmação: consistir, constituir, significar, denotar, mostrar, traduzir-se por, expressar, representar,
evidenciar...
Causalidade: causar, motivar, originar, ocasionar, gerar, propiciar, resultar, provocar, produzir,
contribuir, determinar, criar...
Finalidade: visar, ter em vista, objetivar, ter por objetivo, pretender, tencionar, cogitar, tratar, servir
para, prestar-se para...
Oposição: opor-se, contrariar, negar, impedir, surgir em oposição, surgirem contraposição, apresentar
em oposição, ser contrário...

- Coloquialismo: Evidencia características da fala na escrita. Como estratégia de avaliação, veja a


seguir algumas proibições que, se não acatadas, fazem perder pontos neste quesito.

- três usos da primeira pessoa na redação inteira;


- três usos de verbo de ligação no mesmo parágrafo;
- começar frase com gerúndio, duplo gerúndio na mesma frase, gerúndio no futuro;
- usar gírias, regionalismos etc.

- Conotação ou Estrangeirismo: Já que a dissertação é um texto denotativo, informativo, formal,


sugere-se a não utilização de: sentido figurado, figuras de linguagem, funções de linguagem,
estrangeirismo etc.

Adequação Vocabular

Quem faz prova de concurso para nível superior se depara sempre com este item da avaliação:
adequação vocabular. Mas o que é isso afinal?

Os editais em geral usam os seguintes parâmetros para a correção da redação:

– Estrutura e conteúdo, que são respeito ao tema e à modalidade de texto propostos, além de clareza
e lógica na exposição das ideias;

– Expressão, ou seja, domínio da norma culta da Língua Portuguesa e de suas estruturas (adequação
vocabular, ortografia, morfologia, sintaxe e pontuação).

Os dois tópicos têm peso igual, por isso, tudo deve ser rigorosamente respeitado.

O primeiro tópico refere-se ao tipo de texto que será pedido ao candidato para que ele desenvolva.
Por exemplo, se for pedida uma dissertação, o candidato deve respeitar os moldes desse tipo de texto:
tese, argumentação e conclusão separadas claramente por parágrafos objetivos com uma linguagem
culta e distanciada, sem deixar de abordar, claro, o tema apresentado pela banca.

O segundo tópico é aquele que vai conduzir a correção dos erros gráficos (correta escrita das palavras,
acentuação, hífen, separação das palavras), morfológicos (forma correta de cada palavra, sobretudo
conjugação dos verbos), sintáticos (estruturação das orações, uso correto dos complementos de cada
verbo e do sujeito), de pontuação (cuidado com aspas, dois pontos, ponto-e-vírgula, pontos de
exclamação e interrogação e principalmente vírgula) e de adequação vocabular, tema da aula de hoje.

Muitas palavras podem assumir significados diferentes segundo o contexto. Dizemos que elas se
encontram em sentido deslocado. É como dizia Carlos Drummond de Andrade em Procura da poesia:
“cada uma (a palavra) tem mil faces sob a face neutra”. Isso quer dizer que por meio do contexto pode-
se atribuir significados diferentes a uma mesma palavra.

Entretanto, isso não acontece à revelia. Deve-se respeitar o raio de ação da palavra em questão para
que não se cometa um erro de adequação vocabular.

Agostinho Dias Carneiro em seu livro Redação em Construção* descreve seis critérios de adequação
vocabular, listados a seguir:
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1. A adequação ao referente

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Esse critério baseia-se na utilização de vocábulos gerais frente a vocábulos específicos. O exemplo
que o autor dá é a palavra ver, que tem emprego mais amplo que observar, contemplar, distinguir, espiar,
fitar etc.

Se eu disser, por exemplo, Pedro estava muito triste com a separação. Por isso, foi à praia, sentou-se
na areia e viu o sol, certamente causará estranhamento no interlocutor. Ao passo que se eu disser Pedro
estava muito triste com a separação. Por isso, foi à praia, sentou-se na areia e contemplou o sol, não
haverá nenhum problema na comunicação, pois houve adequação quanto ao uso do vocábulo.

2. Adequação ao ponto de vista

Aqui serão levados em consideração os vocábulos positivos, neutros e negativos.

Em Você me deu um café gelado, a palavra gelado assume valor negativo, entretanto, assume valor
positivo em Depois do trabalho vamos tomar uma cerveja gelada?

3. Adequação aos interlocutores

Há, nesse critério, quatro tipos de seleção vocabular: quanto à atividade profissional com o uso dos
jargões; quanto à imagem social de um dos interlocutores, ou seja, um chefe de Estado se expressa como
o que se espera de alguém que ocupa tal cargo; quanto à idade com o uso de vocábulos modernos
(luminária) ou antigos (abajur) ou quanto à origem dos interlocutores com emprego do vocábulo regional
(piá – criança).

4. Adequação à situação de comunicação

Refere-se, esse critério, ao uso de vocábulos formais ou informais e ainda aos estrangeirismos.

Lembrando que palavras estrangeiras devem ser grafadas entre aspas nas redações e só devem ser
usadas quando necessárias, ou seja, quando forem importantes para o entendimento; em uma situação
de estilo ou quando não houver palavra equivalente na Língua Portuguesa.

5. Adequação ao código

É relevante para esse critério a correção não só ortográfica, mas também semântica, respeitando os
significados dicionarizados.

Agostinho ressalta que os empregos “de moda” devem evitados, pois “em nada contribuem para o real
enriquecimento de um idioma” e dá um exemplo: colocar em lugar de apresentar e assumir em lugar de
responsabilizar-se:

– Vou colocar aqui um problema…

– Se der errado, eu assumo…

Somam-se a esse caso, os parônimos e os homônimos (homógrafos e homófonos).

6. Adequação ao contexto

As situações textuais revelam-se nas relações desenvolvidas entre as palavras do texto. Por exemplo,
se há relação de causa e efeito – tropeçar / cair; se há relação de finalidade – livro / estudar; se há relação
de parte e todo – rei / xadrez; se há relação de sinonímia – aroma / perfume; se há relação de antonímia
– entrar / sair; se há relação de unidade e coletivo – livro / biblioteca; se há relação de objeto e ação –
cadeira / sentar e se há relação simbólica – pomba / paz.

O uso do vocábulo fora de um desses critérios e até mesmo em critério inadequado à situação será
erro. É preciso muito cuidado.
Fonte: https://falabonito.wordpress.com/2007/06/02/redacao-adequacao-vocabular/ (Adaptado)

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Tema e Título

Tecer um bom texto é uma tarefa que requer competência por parte de quem a pratica, pois o mesmo
não pode ser visto como um emaranhado de frases soltas e ideias desconexas. Pelo contrário, elas devem
estar organizadas e justapostas entre si, denotando clareza de sentido quanto à mensagem que ora se
deseja transmitir.
Geralmente, a proposta é acompanhada de uma coletânea de textos, a qual devemos fazer uma leitura
atenta de modo a percebermos qual é o tema abordado em questão.
Diante disso, é essencial que entendamos a diferença existente entre estes dois elementos: Tema e
Título.

Tema: O crescente dinamismo que permeia a sociedade, aliado à inovação tecnológica, requer um
aperfeiçoamento profissional constante.

Título: A importância da capacitação profissional no mundo contemporâneo.

Como podemos perceber, o tema é algo mais abrangente e consiste na tese a ser defendida no próprio
texto.
Já o título é algo mais sintético, é como se fosse afunilando o assunto que será posteriormente
discutido.
O importante é sabermos que: do tema é que se extrai o título, haja vista que o mesmo é um elemento-
base, fonte norteadora para os demais passos.
Existem certos temas que não revelam uma nítida objetividade, como, o exposto anteriormente. É o
caso de fragmentos literários, trechos musicais, frases de efeito, entre outros.
Nesse caso, exige-se mais do leitor quanto à questão da interpretação, para daí chegar à ideia central.
Como podemos identificar através deste excerto:

“As ideias são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que
possamos chegar à outra margem, a outra margem é o que importa”.
(José Saramago)

Essa linguagem, quando analisada, leva-nos a inferir sobre o seguinte, e que este poderia ser o título:
A importância da coerência e da coesão para o sentido do texto. Fazendo parte também desta
composição estão os temas apoiados em imagens, como é o caso de gráficos, histórias em quadrinhos,
charges e pinturas.
Tal ocorrência requer o mesmo procedimento por parte do leitor, ou seja, que ele desenvolva seu
conhecimento de mundo e sua capacidade de interpretação para desenvolver um bom texto.
Comumente surgem questionamentos sobre a semelhança entre o título e o tema em uma produção
textual. Mas será que são palavras sinônimas?
A boa qualidade de um texto depende de uma série de fatores que colaboram para a clareza das ideias
transmitidas. Todos os elementos precisam estar em sintonia entre si, principalmente o tema e o título,
pois ambos mantêm uma relação de dependência, representando o assunto abordado. É preciso tomar
muito cuidado para não confundir título com tema. Um é a extensão do outro, mas para que fique clara
esta distinção, os conheceremos passo a passo:

O Tema é o assunto proposto para a discussão, possui uma característica mais abrangente, pois é
visto de uma maneira global. Para melhor exemplificarmos, tomemos como exemplo a questão da
violência. Este tema engloba vários tipos de violência, como a física, verbal, violência racial, infantil e
outras.
Ao delimitarmos este assunto, falando da violência em um bairro específico da cidade, estamos nos
restringindo somente àquele lugar. Este, portanto, caracteriza o Título.
A seguir, veremos um texto no qual fica evidente a marca dos itens acima relacionados: Bomba na
meia-idade.

“Em julho, a bomba atômica fez cinquenta anos. A primeira arma nuclear da história foi testada às
5h29min45s do dia 16 de julho de 1945, em Alamogordo, Novo México, Estados Unidos.
Libertou energia equivalente a 18 toneladas de TNT e encheu de alegria cientistas e engenheiros que
haviam trabalhado duro durante três anos para construir a bomba.

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Menos de um mês depois, quando uma explosão semelhante dizimou as cidades de Hiroshima e
Nagasaki no Japão, a alegria deu lugar à vergonha.”
Superinteressante, São Paulo, fev.2003.

Destacamos como título, Bomba na meia-idade. Tema, Os cinquenta anos de criação da bomba
atômica. A leitura do texto deixa clara a diferença entre título e tema:

Dieta Liberada

“Não é verdade que se lactantes obesas fizerem dieta comprometerão os bebês. Nutricionistas da
Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, acompanharam quarenta mulheres que consumiam
uma dieta de baixa caloria. Após dez semanas, elas perderam 5 quilos em média, mas os bebês
cresceram bem. Atenção: só especialistas podem preparar a dieta.”
Superinteressante, março, 2000.

O título é: Dieta Liberada. O tema é: A dieta em mulheres obesas durante a amamentação. O título
tem a função de chamar a atenção sobre o texto. Por isso é bom que seja curto, chamativo e tenha tudo
a ver com o que é falado.

Reforçando:

Tema: É o assunto sobre o qual se escreve, ou seja, a ideia que será defendida ao longo da
dissertação. Deve-se ter o tema como um elemento abstrato. Nunca se refira a ele como parte da
dissertação
Título: É uma expressão, geralmente curta e sem verbo, colocada antes da dissertação. Se não houver
verbo no título, não se usa ponto final. Não se deve pular linha depois do título. A colocação de letras
maiúsculas em todas as palavras, menos artigos, preposições e conjunções, é facultativa.
Apesar de o título ser importante para uma dissertação, julgo ser também perigoso, pois, como o
estudante não está acostumado a dissertar, pode equivocar-se e dar um título que não corresponda ao
âmago da redação. Portanto acredito que o ideal seria colocar título apenas quando a prova o exigir.

Fato e Opinião

Qual é a diferença entre um fato e uma opinião? O fato é aquilo que aconteceu, enquanto que a
opinião é o que alguém pensa que ocorreu, uma interpretação dos fatos. Digamos: houve um roubo na
portaria da empresa e alguém vai investigá-lo. Se essa pessoa for absolutamente honesta, faz um
relatório claro relatando os fatos com absoluta fidelidade e após esse relato objetivo, apresenta sua
opinião sobre os acontecimentos. É usualmente desejável que ela dê sua opinião porque, se foi escalada
para investigar o crime é porque tem qualificação para isso; além disso, o próprio fato de ela ter
investigado já lhe dá autoridade para opinar.

É importante considerar:

- Vivemos num mundo em que tomamos decisões a partir de informações;

- Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e expressões de opiniões;

- Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por números, documentos, registros;

- Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, interpretações;

- Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quando isso ocorre temos de ter cuidado com as
informações que vêm delas;

- Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias opiniões, pois elas podem ser tomadas
como fatos por outros;

- Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas podem levar em conta as opiniões de gente
qualificada sobre tais fatos.

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Exemplo:

Trecho do livro “Sufismo no Ocidente”

Um mestre que conhecia o caminho para a sabedoria foi visitado por um grupo de buscadores.
Encontraram-no num pátio, cercado de discípulos, em meio ao que parecia ser uma festa.
Alguns buscadores disseram:
– Que ofensivo, esta não é a forma de se comportar, qualquer que seja o pretexto.
Outros disseram:
– Isto nos parece excelente, gostamos desta sessão de ensinamento e desejamos participar dela.
E outros disseram:
– Estamos meio perplexos e queremos saber mais sobre este enigma.
Os demais buscadores comentaram entre si:
– Pode haver alguma sabedoria nisto, mas não sabemos se devemos perguntar ou não.
O mestre afastou todos.
Todas estas pessoas, em conversas ou por escrito, difundiram suas opiniões sobre o ocorrido.
Mesmo aqueles que não falaram por experiência direta foram afetados por ele, e suas palavras e obras
refletiram sua opinião a respeito.
Algum tempo depois, determinados membros do grupo de buscadores passaram novamente por ali
e foram ver o mestre. Parados à sua porta, observaram que, no pátio, ele e seus discípulos estavam
agora sentados com decoro, em profunda contemplação.
– Assim está melhor — disseram alguns dos visitantes. — É evidente que alguma coisa aprenderam
com os nossos protestos.
– Isto é excelente — falaram outros — porque, na última vez, sem sombra de dúvida ele só nos
estava colocando à prova.
– Isto é demasiado sombrio — outros disseram. — Podíamos ter encontrado caras sérias em
qualquer lugar.
E houve outras opiniões, faladas e pensadas. O sábio, quando terminou o tempo de reflexão,
dispensou todos estes visitantes.
Muito tempo depois, um pequeno número deles voltou para pedir sua interpretação do que haviam
experimentado. Apresentaram-se diante da porta e olharam para dentro do pátio. O mestre estava
sentado, sozinho, nem em divertimento, nem em meditação. Em parte alguma se via qualquer dos seus
anteriores discípulos.
– Agora podem escutar a história completa — disse-lhes. — Pude despedir meus discípulos, já que
a tarefa foi realizada. Quando vieram pela primeira vez, a aula tinha estado demasiadamente séria. Eu
estava aplicando o corretivo. Na segunda vez em que vieram, haviam estado demasiado alegres. Eu
estava aplicando o corretivo. Quando um homem está trabalhando, nem sempre se explica diante de
visitantes eventuais, por muito interessado que eles acreditem estar. Quando uma ação está em
andamento, o que conta é a correta realização dessa ação. Nestas circunstâncias, a avaliação externa
torna-se um assunto secundário.

Coerência

Infância

O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A vista na casa que a gente sentava no sofá

Adolescência

Aquele amor
Nem me fale

Maturidade

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O Sr. e a Sra. Amadeu
Participam a V. Exa.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta

Velhice

O netinho jogou os óculos


Na latrina
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas.
4ª Ed. Rio de Janeiro
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161.

Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à primeira vista, seja a ausência de
elementos de coesão, quer retomando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais. No
entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se soubermos que o seu título é “As quatro
gares”, ou seja, as quatro estações.
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de flashes de cada uma das quatro grandes
fases da vida: a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada pelas
descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a criança quebrara; o passarinho que ela
caçara) e por experiências marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o camisolão que se
usava para dormir); a segunda é caracterizada por amores perdidos, de que não se quer mais falar; a
terceira, pela formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação formal do nascimento da
filha; a última, pela condescendência para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir a
ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda, uma frase em que falta um nexo sintático;
a terceira, a participação do nascimento de uma filha; e a quarta, uma oração completa, porém
aparentemente desgarrada das demais.
Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema em seus múltiplos sentidos, apesar
da falta de marcadores de coesão entre as partes?
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indispensável para a existência de um texto:
a coerência.
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se estabelece entre as partes do texto. Uma
ideia ajuda a compreender a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das partes
ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”, “Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice”
garantem essa unidade. Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exemplo, sob o título
“Maturidade” dá a conotação da responsabilidade habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um
sentido unitário.
Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um conjunto de enunciados pode formar um
todo coerente mesmo sem a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença explícita
de marcadores de relação entre as diferentes unidades linguísticas. Em outros termos, a coesão funciona
apenas como um mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta depende, na verdade,
das relações subjacentes ao texto, da não-contradição entre as partes, da continuidade semântica, em
síntese, da coerência.
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois possibilita que todas as suas partes sejam
englobadas num único significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não pode ser
alcançado por faltar relação de sentido entre as partes, lemos um texto incoerente, como este:

A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a mediocridade de uma vida que se acomoda e a
grandeza de uma vida voltada para o aprimoramento intelectual.
A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De repente vejo que não sou mais uma
“criancinha” dependente do “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma profissão
para me realizar e ser independente financeiramente.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais rico sempre é quem vence!
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira (orgs).
A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.

Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adolescência e escolha profissional; relações
sociais sob o capitalismo) que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando a

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continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do todo e, portanto, configura um texto
incoerente.
Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o compõem, e, por isso, costuma-se falar em
vários níveis de coerência.

Coerência Narrativa

A coerência narrativa consiste no respeito às implicações lógicas entre as partes do relato. Por
exemplo, para que um sujeito realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto, ou seja,
que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerência narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta
que foi a uma festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia que se visse qualquer
coisa; de repente, sem mencionar nenhuma mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma
coluna e passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas. Se o narrador diz que não
podia enxergar nada, é incoerente dizer que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega
a competência para a realização de um desempenho qualquer, esse desempenho não pode ocorrer. Isso
por respeito às leis da coerência narrativa. Observe outro exemplo:

“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clube, entrevistado por um repórter da Rádio
Cidade. O Paraná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias antes. O repórter
queria saber o que tinha acontecido. Edinho não teve dúvida sobre os motivos:
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ataque do Guarani.”
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina.

A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendido com o que já se esperava que
acontecesse.

Coerência Argumentativa

A coerência argumentativa diz respeito às relações de implicação ou de adequação entre premissas e


conclusões ou entre afirmações e consequências. Não é possível alguém dizer que é a favor da pena de
morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da mesma forma, é incoerente defender o respeito à lei e
à Constituição Brasileira e ser favorável à execução de assaltantes no interior de prisões.
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas. Não há coerência, por exemplo, num
raciocínio como este:

Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros marajás.


O candidato a governador é funcionário público.
Portanto o candidato é um marajá.

Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada com certeza baseado em duas premissas
particulares. Dizer que muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que qualquer um
seja.
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anteriormente também constitui incoerência. É o
que se vê neste diálogo:

“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de pedágio para circular no centro da cidade?
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes cidades. A degradação urbana atinge a todos
nós e, por conseguinte, é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante oferta de serviços
públicos.”

Coerência Figurativa

A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das figuras que manifestam determinado tema. Para
que o leitor possa perceber o tema que está sendo veiculado por uma série de figuras encadeadas, estas
precisam ser compatíveis umas com as outras. Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao
descrever um jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estrangeiro, depois de falar de
baixela de prata, porcelana finíssima, flores, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso
figurativo guardanapos de papel.

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Coerência Temporal

Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à sucessão dos eventos e à compatibilidade
dos enunciados do ponto de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo, dizer: “O
assassino foi executado na câmara de gás e, depois, condenado à morte”.

Coerência Espacial

A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enunciados do ponto de vista da localização
no espaço. Seria incoerente, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’ mostra a mudança
sofrida por um homem que vivia lá no interior e encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na
capital, pois aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no interior, o enunciador dá a
entender que seu pronunciamento está sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o tédio” que caracterizavam a vida interiorana
da personagem. Em síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo lugar.

Coerência do Nível de Linguagem Utilizado

A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que concerne à compatibilidade do léxico e das
estruturas morfossintáticas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação. Ocorre
incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo
ou pertencente à linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta formal. Tanto sabemos
que isso não é permitido que, quando o fazemos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra,
se me permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:

“Tendo recebido a notificação para pagamento da chamada taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª,
senhora prefeita, para expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o IPTU foi
aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do valor venal do imóvel exatamente para cobrir as
despesas da municipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos sólidos produzidos pelos
moradores de nossa cidade. Francamente, achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais
um gasto nas costas da gente.”

Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa completamente do utilizado no período
anterior.

Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este: Saltou para a rua, abriu a janela do 5º
andar e deixou um bilhete no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há evidente violação
da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente
incluir guardanapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre coerência figurativa, alguém
poderia objetivar que é preconceito considerá-los inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que, afinal,
determina se um texto é ou não coerente?
A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos básicos de verdade: adequação à realidade
e conformidade lógica entre os enunciados.
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, argumentativa, figurativa, etc. Em cada
nível, temos duas espécies diversas de coerência:

- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o texto e uma “realidade” exterior a ele.
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à adequação, à não-contradição entre os
enunciados do texto.

A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se pode ser:


- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes ao mundo físico, à cultura de um povo,
ao conteúdo das ciências, etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem textos. O
período “O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos escondiam a vítima que havia sido
sequestrada” é incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens não veem através das
paredes. Temos, então, uma incoerência figurativa extratextual.
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o conjunto dos conhecimentos sobre o
código linguístico necessário à codificação de mensagens decodificáveis por outros usuários da mesma

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língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente sem sentido por inobservância de mecanismos
desse tipo:

“Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carreira universitária informações críticas a


respeito da realidade profissional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos ensinos de
primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a formação crítica de suas ideias as quais, serão a
praticidade cotidiana. Aptidões pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de maneira
discursiva a analisar conceituações fundamentais.”
Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58.

Fatores de Coerência

- O contexto: para uma dada unidade linguística, funciona como contexto a unidade linguística maior
que ela: a sílaba é contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a palavra; o período,
para a oração; o texto, para o período, e assim por diante.

“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napoli, cruzar a Ipiranga com a Avenida São João,
o “Parmera”, o “Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.”

À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enumeração desses elementos. Quando
ficamos sabendo, no entanto, que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para gostar de
São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se coerente:

100 motivos para gostar de São Paulo

1. Um chopps
2. E dois pastel
(...)
5. O polpettone do Jardim de Napoli
(...)
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
(...)
43. O “Parmera”
(...)
45. O “Curíntia”
(...)
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
(...)

O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos convergem para um único significado: a
celebração da capital do estado de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nosso
exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o terceiro, a um prato que tornou conhecido
o restaurante chamado Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de Caetano Veloso;
o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times mais populares da cidade são denominados na variante
linguística popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não vigorava no resto do país.

- A situação de comunicação:

__A telefônica.
__Era hoje?

Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de interlocução, porque deixa implícitos certos
enunciados que, dentro dela, são perfeitamente compreendidos:
__ O empregado da companhia telefônica que vinha consertar o telefone está aí.
__ Era hoje que ele viria?

- O conhecimento de mundo:
31 de março / 1º de abril
Dúvida Revolucionária

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Ontem foi hoje?
Ou hoje é que foi ontem?

Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que
foi ontem?”. No entanto, as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a um episódio
da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chamado Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de
nosso conhecimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia 1º de abril, mas sua
comemoração foi mudada para 31 de março, para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.

- As regras do gênero:

“O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos escondiam a vítima que havia sido
sequestrada.”

Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é completamente coerente no mundo criado pelas
histórias de super-heróis, em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente ilimitada; pode
voar no espaço a uma velocidade igual à da luz; quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do
tempo e pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permitem-lhe ver através de
qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetivamente existe, ao que se pode ver, tocar,
etc.: ele inclui também os mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto, ficção
científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso, etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é
incoerente num determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.

- O sentido não literal:

“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a qualquer momento.”

Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, nessa acepção, o termo ideias não pode
ser qualificado por adjetivos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, as qualidades
verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujeito um substantivo animado. No entanto, se
entendermos ideias verdes em sentido não literal, como concepções ambientalistas, o período pode ser
lido da seguinte maneira: “As ideias ambientalistas sem atrativo estão latentes, mas poderão manifestar-
se a qualquer momento.”

- O intertexto:

Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro

__ a chuva me deixa triste...


__ a mim me deixa molhado.
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79.

Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em outros e, por isso, só ganham coerência
nessa relação com o texto sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextualidade. É o
caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do
poeta Fernando Pessoa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade lírica distinta da do
autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões
subjetivas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpretar a realidade pela inteligência,
pois essa interpretação conduz a simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de Caeiro.
Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções,
falando da solidão interior, do tédio, etc.

Incoerência Proposital

Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, com vistas a produzir determinado
efeito de sentido, assim como existem outros que fazem da não coerência o próprio princípio constitutivo
da produção de sentido. Poderia alguém perguntar, então, se realmente existe texto incoerente. Sem

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dúvida existe: é aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por inabilidade, descuido ou
ignorância do enunciador, e não usada funcionalmente para construir certo sentido.
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dissemina pistas no texto, para que o leitor
perceba que ela faz parte de um programa intencionalmente direcionado para veicular determinado tema.
Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas
comendo de boca aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, ostentando suas últimas
aquisições, o enunciador certamente não está querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o
da vulgaridade dos novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes como “Quero ser grande” (Big,
dirigido por Penny Marshall em 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The party, Blake
Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que os respectivos protagonistas exibem
comportamento incompatível com a ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo converge
para que o espectador se solidarize com eles, por sua ingenuidade e falta de traquejo social. Mas, se
aparece num texto uma figura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza de que se trata de
uma quebra de coerência proposital, com vistas a criar determinado efeito de sentido, vai pensar que se
trata de contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador.
Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão da realidade seu princípio constitutivo;
da incoerência, um fator de coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país das
maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apresentar paradoxos de sentido, subverter o
princípio da realidade, mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum com outras.

Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém mais de um exemplo do que foi
abordado:

Teresa

A primeira vez que vi Teresa


Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo


Achei que seus olhos eram muito mais velhos
[que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando
[que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada


Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
[das águas.
Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
Aguilar, 1986, p. 214.

Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no mínimo, que nosso conhecimento de mundo
inclua o poema:

O Adeus de Teresa

A primeira vez que fitei Teresa,


Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...

Castro Alves

Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles; que tenhamos noção da crítica do
Modernismo às escolas literárias precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa seria
tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que façamos uma leitura não literal; que
percebamos sua lógica interna, criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
absurdos em outro contexto.

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Questão

01. (TRF 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO - FCC) Há falta


de coesão e de coerência na frase:
(A) Nem sempre os livros mais vendidos são, efetivamente, os mais lidos: há quem os compre para
exibi-los na estante.
(B) Aquele romance, apesar de ter sido premiado pela academia e bem recebido pelo público, não
chegou a impressionar os críticos dos jornais.
(C) Se o sucesso daquele romance deveu-se, sobretudo, à resposta do público, razão pela qual a
maior parte dos críticos também o teriam apreciado.
(D) Há livros que compramos não porque nos sejam imediatamente úteis, mas porque imaginamos o
quanto poderão nos valer num futuro próximo.
(E) A distribuição dos livros numa biblioteca frequentemente indica aqueles pelos quais o dono tem
predileção.

Resposta

01. Resposta C
A apreciação dos críticos independe da aceitação do público.

Coesão

Uma das propriedades que distinguem um texto de um amontoado de frases é a relação existente
entre os elementos que os constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre palavras,
expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que servem para estabelecer
vínculos entre os componentes do texto. Observe:

“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de anotações, que segurava na mão.”

Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão entre as duas orações. O iraquiano leu
sua declaração num bloquinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na segunda um dos
termos da primeira: bloquinho. O pronome relativo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas
orações, um fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:

Arroz-doce da infância

Ingredientes
1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado
1 pitada de sal
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó

Preparo
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de sal e mexa sem parar até cozinhar o
arroz. Adicione o açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, polvilhe a
canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.

Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes e modo de preparar. As informações
apresentadas na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primeira vez
na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre outras funções, a de
indicar que o termo determinado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já fizera
menção.
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o açúcar, o artigo citado na primeira parte.
Se dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar, diverso daquele
citado no rol dos ingredientes.

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Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada ou antecipação de palavras, expressões
ou frases e encadeamento de segmentos.

Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical - (pronome, verbos ou


advérbios)

“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total igualdade entre homens e mulheres: estas
ainda ganham menos do que aqueles em cargos equivalentes.”

Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o termo mulheres, enquanto “aqueles”
recupera a palavra homens.
Os termos que servem para retomar outros são denominados anafóricos; os que servem para anunciar,
para antecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa abandonar a
faculdade no último ano:

“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último ano?”

São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os pronomes relativos, certos advérbios


ou locuções adverbiais (nesse momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os pronomes pessoais
de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes indefinidos. Exemplos:

“Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na cátedra de Sociologia na Universidade de
São Paulo.”

O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.

“As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como um descrente do amor e da amizade.”

O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o pronome pessoal “o” retoma o nome
Machado de Assis.

“Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando roupa escura.”

O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.

“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado com a fila.”

O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.

“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos funcionários do palácio, e o fará para
demonstrar seu apreço aos servidores.”

A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugurar e seu complemento.

- Em princípio, o termo a que “o” anafórico se refere deve estar presente no texto, senão a coesão fica
comprometida, como neste exemplo:

“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários meses.”

A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafórico, pois não está retomando nenhuma
das palavras citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudicado: não há
possibilidade de se depreender o sentido desse pronome.
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a nenhuma palavra citada anteriormente no
interior do texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que se inscreve
o texto. É o caso de um exemplo como este:

“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava desesperado, porque eram 21 horas e ela não
havia comparecido.”

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Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” é um anafórico que só pode estar-se
referindo à palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser pelo atraso
da noiva (representada por “ela” no exemplo citado).

- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir informações novas ao texto. Quando elas forem
retomadas, deverão ser precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indicar que o termo
por ele determinado é idêntico, em termos de valor referencial, a um termo já mencionado.

“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira


tinha muito dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.”

- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de
coesão, porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal forma que o
leitor possa determinar exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.

“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por causa da sua arrogância.”

O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator quanto a diretor.

“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que trabalha na mesma firma.”

Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo amiga ou a ex-namorado. Permutando o
anafórico “que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita.

Retomada por palavra lexical - (substantivo, adjetivo ou verbo)

Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer por uma substituição por sinônimo,
hiperônimo, hipônimo ou antonomásia.
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o mesmo sentido que outra, ou sentido
bastante aproximado: injúria e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação do tipo contém/está contido;
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação do tipo está contido/contém. O
significado do termo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma flor,
mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um nome comum ou de um comum por um
próprio. Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma característica
notória ou quando o nome próprio de uma personagem famosa é usado para designar outras pessoas
que possuam a mesma característica que a distingue:

“O rei do futebol (=Pelé) só podia ser um brasileiro.”

“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa recente minissérie de tevê.”

Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado pela liberdade na Europa e na América.

“Ele é um Hércules.” (=um homem muito forte).

Referência à força física que caracteriza o herói grego Hércules.

“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho extremamente carregada. Deve receber
ministros, embaixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo o momento tomar graves
decisões que afetam a vida de muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e
no mundo. Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas da
noite.”

A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o último período e o que vem antes dele.

“Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros sempre o atraíram.”

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Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros, que recupera os hipônimos estrelas,
planetas, satélites.

“Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do homem era regido por humores (fluidos
orgânicos) que percorriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso corpo. Eram
quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra. E eram
também estes quatro fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido),
ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.

Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos se faz pela repetição da palavra humores;
entre o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, pois, se ela não for usada para criar um
efeito de sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a seguir, por
exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem),
com a evidente intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável flamenguista atribui ao
Vasco e ao seu Vice-presidente:

“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas sobre o pouco simpático Eurico Miranda.
Faltam-me provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”

Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi-
vice-campeão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, no
Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que não viciem.
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. 4-7.

A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode ser facilmente recuperado pelo contexto.
Também constitui um expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria repetido, e o
preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, necessariamente, que se faça
correlação com outros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que se desenrola a
fala.
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Machado de Assis:

(...)
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela


Claridade imorta, que toda a luz resume!”
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III, p. 151.

Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas,
fica subentendido, é omitido por ser facilmente presumível.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que
vem elidido (ou apagado) antes de sentiu e parou:

“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no peito e parou.”

Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que segue, aquela promoção é
complemento tanto de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:

“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preterido. Afinal, queria muito, desejava ardentemente
aquela promoção.”

Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm regência diferente, a coesão é
rompida. Por exemplo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, portanto teríamos
uma preposição indevida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó os
estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
verbo implicar.

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Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é colocar o complemento junto ao primeiro
verbo, respeitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acrescentando a
preposição devida (Conheço este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico com estranhos
palpiteiros e os dispenso sem dó).

Coesão por Conexão

Há na língua uma série de palavras ou locuções que são responsáveis pela concatenação ou relação
entre segmentos do texto. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discursivos. Por
exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou seja.
Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: estabelecem entre elas relações semânticas
de diversos tipos, como contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Essas relações
exercem função argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos não podem ser usados
indiscriminadamente.
Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcançou a vitória”, por exemplo, o conector
“mas” está adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumentativa contrária.
Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resultado seria um paradoxo semântico, pois esse
operador discursivo liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sendo o segmento
introduzido por ele a conclusão do anterior.

- Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa série de argumentos orientados para
uma mesma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais forte de
uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala com argumentos mais
fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.

“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem articulado, conhece bem o assunto de que
fala e é até sedutor.”

Toda a série de qualidades está orientada no sentido de comprovar que ele é bom conferencista;
dentro dessa série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.

“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Chegará a ser pelo menos diretor da
empresa.”

Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ser ambicioso e ter grande
capacidade de trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para comprovar que
ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente da empresa) e que se
está usando o menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor positivo.

“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo grau.”


No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sentido de ter muita dificuldade de aprender;
supõe que há uma escala argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está usando o
argumento menos forte da escala no sentido de provar a afirmação anterior; no máximo e quando muito
estabelecem ligação entre argumentos de valor depreciativo.

- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam uma conjunção argumentativa, ou seja,


ligam um conjunto de argumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, ainda, nem,
não só... mas também, tanto... como, além de, a par de.

“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor da escola, é muito respeitado pelos
funcionários e também é muito querido pelos alunos.”

Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlocutor quem pode tomar uma dada decisão.
O último deles é introduzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma direção
argumentativa dos precedentes.
Esses operadores introduzem novos argumentos; não significam, em hipótese nenhuma, a repetição
do que já foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e
continuou seu discurso”, porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não teria

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cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o
assaltaram e escondeu o choro que tomou conta dele”.

- Disjunção Argumentativa: há também operadores que indicam uma disjunção argumentativa, ou


seja, fazem uma conexão entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orientação
argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário.

“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a briga, para que ele não apanhasse.”

O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente oposto àquele de que o falante teria
agredido alguém.

- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão em relação ao que foi dito em dois ou
mais enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica implícita,
por manifestar uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois
(o pois é conclusivo quando não encabeça a oração).

“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por
conseguinte, não é moralmente defensável.”

Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirmação exposta no primeiro período.

- Comparação: outros importantes operadores discursivos são os que estabelecem uma comparação
de igualdade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão contrária
ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que.

“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves quanto maior for a corrupção entre os
agentes penitenciários.”

O comparativo de igualdade tem no texto uma função argumentativa: mostrar que o problema da fuga
de presos cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por isso, os
segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do ponto de vista
argumentativo, pois não há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a corrupção entre os
agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da fuga de presos”.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o
seguinte diálogo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de futebol:

“__Precisamos promover atletas das divisões de base para reforçar nosso time.
__Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os do time principal.”

Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção, pois ele declara que qualquer atleta das
divisões de base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que estes não
primam exatamente pela excelência em relação aos outros.
Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os segmentos na sua fala:

“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das divisões de base.”

Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da promoção, pois ele estaria declarando que
os atletas do time principal são tão bons quanto os das divisões de base.

- Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem uma explicação ou uma justificativa em


relação ao que foi dito anteriormente: porque, já que, que, pois.

“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autorização da ONU, devem arcar sozinhos com
os custos da guerra.”

Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a tese de que os Estados Unidos devam
arcar sozinhos com o custo da guerra contra o Iraque.

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- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam uma relação de contrajunção, isto é, que
ligam enunciados com orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversativas (mas,
contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar de, apesar de que,
conquanto, ainda que, posto que, se bem que).
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se tanto umas como outras ligam
enunciados com orientação argumentativa contrária?
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento introduzido pela conjunção.

“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta mais decidido a vencer.”

Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negativa sobre um processo ocorrido com o
atleta, enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segunda
orientação é a mais forte.
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”.
No primeiro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; no segundo,
que a falta de beleza perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as conjunções adversativas,
introduz-se um argumento com vistas à determinada conclusão, para, em seguida, apresentar um
argumento decisivo para uma conclusão contrária.
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa que predomina é a do segmento não
introduzido pela conjunção.

“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramática, trata-se de capacidades diferentes.”

A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação argumentativa no sentido de que saber
escrever e saber gramática são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
argumentativa contrária.
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia argumentativa é a de introduzir no texto um
argumento que, embora tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com orientação contrária.
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é de estratégia argumentativa. Compare
os seguintes períodos:

“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argumento mais fraco), a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumento mais fraco), mas a realidade mostrou-
se mais complexa (argumento mais forte).”

- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que introduzem um argumento decisivo para


derrubar a argumentação contrária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se fosse
apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, além de tudo, além disso, ademais.

“Ele está num período muito bom da vida: começou a namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido
na empresa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ganhou uma bolada
na loteria.”

O operador discursivo introduz o que se considera a prova mais forte de que “Ele está num período
muito bom da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.

- Generalização ou Amplificação: existem operadores que assinalam uma generalização ou uma


amplificação do que foi dito antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que.

“O problema da erradicação da pobreza passa pela geração de empregos. De fato, só o crescimento


econômico leva ao aumento de renda da população.”

O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.

“Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que atualmente militam no nosso futebol.

O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso
futebol são retranqueiros.

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- Especificação ou Exemplificação: também há operadores que marcam uma especificação ou uma
exemplificação do que foi afirmado anteriormente: por exemplo, como.

“A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas entre as camadas mais pobres da
população. Por exemplo, é crescente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em toda
sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”

Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica, exemplifica a afirmação de que a violência
não é um fenômeno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.

- Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma retificação, uma correção do que foi afirmado
antes: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras.
Exemplo:

“Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar a viver junto com minha namorada.”

O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito antes.


Esses operadores servem também para marcar um esclarecimento, um desenvolvimento, uma
redefinição do conteúdo enunciado anteriormente. Exemplo:

“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato,
os interesses dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”

O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito antes.


Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do conteúdo de verdade de um enunciado.
Exemplo:

“Quando a atual oposição estava no comando do país, não fez o que exige hoje que o governo faça.
Ao contrário, suas políticas iam na direção contrária do que prega atualmente.

O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito antes.

- Explicação: há operadores que desencadeiam uma explicação, uma confirmação, uma ilustração do
que foi afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.

“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se processavam as negociações, atacou de
surpresa.”

O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado antes.

Coesão por Justaposição

É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enunciados, marcada ou não com
sequenciadores. Examinemos os principais sequenciadores.

- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterioridade, concomitância ou posterioridade:


dois meses depois, uma semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predominantemente
nas narrações).

“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio
de planos para o futuro.”

- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição relativa no espaço: à esquerda, à direita,


junto de, etc. (são usados principalmente nas descrições).

“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma
cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa finíssima. (...) Do
outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior
força do inverno.”

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José de Alencar. Senhora.São Paulo, FTD, 1992, p. 77.

- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem dos assuntos numa exposição:
primeiramente, em segunda, a seguir, finalmente, etc.

“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, das agruras por que passam as populações
civis; em seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmente, exporei suas
consequências para a economia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do
planeta.”

- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conversação principalmente, servem para


introduzir um tema ou mudar de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto, fazendo
um parêntese, etc.

“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pessoas. A propósito, era um homem que sabia
agradar às mulheres.”

- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for construído sem marcadores de


sequenciação, o leitor deverá inferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos não
explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos diferentes conectores estarão indicados,
na escrita, pelos sinais de pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.

“A reforma política é indispensável. Sem a existência da fidelidade partidária, cada parlamentar vota
segundo seus interesses e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há bases
governamentais sólidas.”

Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa de a reforma política ser indispensável.
Portanto o ponto-final do primeiro período está no lugar de um porque.

A língua tem um grande número de conectores e sequenciadores. Apresentamos os principais e


explicamos sua função. É preciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafóricos ou catafóricos geram rupturas na
coesão, o que leva o texto a não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra falha
comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensáveis da oração ou do período. Analisemos
este exemplo:

“As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de combate à fome que foi lançada pelo
governo federal.”

O período compõe-se de:


- As empresas
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da primeira oração)
- que apoiariam a campanha de combate à fome (oração subordinada substantiva objetiva direta da
segunda oração)
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada adjetiva restritiva da terceira oração).

Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem escreveu o período começou a encadear
orações subordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos longos. No entanto, mesmo quando se
elaboram períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que suas
partes estejam bem conectadas entre si.
Para que um conjunto de frases constitua um texto, não basta que elas estejam coesas: se não tiverem
unidade de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um amontoado
injustificado. Exemplo:

“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes restaurantes. Ela tem bairros muito
pobres. Também o Rio de Janeiro tem favelas.”

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Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o substantivo São Paulo, estabelecendo
uma relação entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra cidade,
vinculando o terceiro ao segundo período. O operador também realiza uma conjunção argumentativa,
relacionando o quarto período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apresenta
unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coesão, portanto, é condição necessária, mas não
suficiente, para produzir um texto.

Questões

01. (TJ/RJ – Analista Judiciário – FGV/2014)

TEXTO 1 – BEM TRATADA, FAZ BEM

Sérgio Magalhães, O Globo

O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia
imaginar a reversão cultural que se deu no consumo do tabaco?
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este jornal, em uma série de reportagens,
nestes dias, mostrou o privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao transporte coletivo.
Surpreendentemente, houve entrevistado que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso
típico de cidade rodoviária e dispersa.
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta geração com o futuro da humanidade e
contra o aquecimento global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente básico. (A USP
acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.)
O transporte também esteve no centro dos protestos de junho de 2013. Lembremos: ele está
interrelacionado com a moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para o debate do
tema.
“Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.”

Substituindo o termo em destaque por uma oração desenvolvida, a forma correta e adequada seria:
(A) para que se debatesse o tema;
(B) para se debater o tema;
(C) para que se debata o tema;
(D) para debater-se o tema;
(E) para que o tema fosse debatido.

02. (TJ/RJ – Analista Judiciário – FGV/2014)


“A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do que o
trânsito”.

A oração em forma desenvolvida que substitui correta e adequadamente o gerúndio “advertindo” é:


(A) com a advertência de;
(B) quando adverte;
(C) em que adverte;
(D) no qual advertia;
(E) para advertir.

03. (PC/RJ – Papilocopista – IBF/2014)

Texto III
Corrida contra o ebola

Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comunidade
internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear o avanço da doença
tenham sido eficazes.
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram nas
últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A escalada levou o

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diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a
epidemia está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as condições sanitárias e
econômicas dos países afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização Mundial da Saúde foi
incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas
localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20% dos
recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o restante é formado por
doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a organização perdeu quase US$ 1
bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos EUA
contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6 bilhões.
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar mais ênfase à luta contra
enfermidades globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento de respostas a
epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram
seus cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação. Seus
esforços iniciais foram limitados e mal liderados.
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça
sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com
representantes dos países afetados.
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos,
Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessidade de
agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a favor da doença.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Acesso em:


08/09/2014)

Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o referente do termo em destaque.


(A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) – organização
(B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS
(C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS
(D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade da situação
(E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade internacional

04. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP-2014)

Leia o texto para responder a questão.

As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são, sim, competentes. Merecem, sim,
frequentar uma universidade pública e de qualidade. No vestibular, que é o princípio de tudo, os cotistas
estão só um pouco atrás. Segundo dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os
candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 787,56 pontos. Para os cotistas, foi de
761,67 pontos. A diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%. IstoÉ entrevistou educadores e
todos disseram que essa distância é mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma
disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de apenas 3% separa os privilegiados, que
estudaram em colégios privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas públicas, então é justo
supor que a diferença mínima pode, perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos cursos.
Depende só da disposição do aluno. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais
conceituadas do País, os resultados do último vestibular surpreenderam. “A maior diferença entre as
notas de ingresso de cotistas e não cotistas foi observada no curso de economia”, diz Ângela Rocha, pró-
reitora da UFRJ. “Mesmo assim, essa distância foi de 11%, o que, estatisticamente, não é significativo”.

(www.istoe.com.br)

Para responder a questão, considere a passagem – A diferença entre eles, portanto, ficou próxima de
3%.

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O pronome eles tem como referente:
(A) candidatos convencionais e cotistas.
(B) beneficiados.
(C) dados do Sistema de Seleção Unificada.
(D) dados do Sistema de Seleção Unificada e pontos.
(E) pontos.

05. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VUNESP-2014)


Leia os quadrinhos para responder a questão.

Um enunciado possível em substituição à fala do terceiro quadrinho, em conformidade com a norma-


padrão da língua portuguesa, é:
(A) Se você ir pelos caminhos da verdade, leve um capacete.
(B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se de levar um capacete.
(C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um capacete.
(D) Caso você se mantém nos caminhos da verdade, lembre de levar um capacete.
(E) Ainda que você se mantêm nos caminhos da verdade, leva um capacete.

Respostas

01. (C) - As orações subordinadas desenvolvidas possuem conjunção e verbos conjugados em


modos e tempos verbais.
Na letra "a" o verbo está num tempo diferente da frase.
Na letra "b" o verbo está no infinitivo o que caracteriza como oração reduzida.
Na letra "c" a oração apresenta a conjunção "para que" que exprime finalidade e o verbo está
conjugado no tempo correto da frase.
Na letra "d" não apresenta conjunção.
Na letra "e" o verbo está no particípio caracterizando oração reduzida.
Portanto, a resposta certa é a letra "c".

02. (C) - “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a poluição em São Paulo mata o dobro do
que o trânsito”.
Os verbos acabar e matar contidos na frase estão no presente do indicativo. Logo, o verbo advertir
ficará no presente do indicativo. EX: eu advirto, tu advertes, ele adverte.

03. (D) - Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da
situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados.
De quem foram os esforços? Da ONU, pois estes formam limitados e mal liderados.

04. (A) - "a nota de corte para os candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de
787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos"
A DIFERENÇA ENTRE ELES é de 3%.

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eles quem ? (os candidatos convencionais e os cotistas) que estão postos em relação a diferença de
NOTA .

05. (C)
(A) Se você ir (for) pelos caminhos da verdade, leve um capacete.
(B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se (lembre-se) de levar um capacete.
(C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um capacete.
(D) Caso você se mantém (mantenha) nos caminhos da verdade, lembre de levar um capacete.
(D) Ainda que você se mantêm (mantenha) nos caminhos da verdade, leva (leve) um capacete.

Textos Ficcionais e Não Ficcionais

Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os ficcionais inventam um mundo, onde os


acontecimentos ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da história.
Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História em Quadrinhos.

Não Ficcionais:
- Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos de divulgação científica.
- Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos, índices, listas, verbetes em geral, bulas e
notas explicativas de embalagens.
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais.
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.

Ficcionais

Conto

É um gênero textual que apresenta um único conflito, tomado já próximo do seu desfecho. Encerra
uma história com poucas personagens, e também tempo e espaço reduzido. A linguagem pode ser formal
ou informal. É uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou
imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista
e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a
novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um
clímax.
As principais características do conto são:

Linguagem simples, direta, acessível e dinâmica


Narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa
Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho
Envolve poucas personagens, e todas elas se movimentam em torno de uma única ação
As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito

Exemplo:

Lépida
Tudo lento, parado, paralisado.
- Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor corredor daquele lugar.
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena bailarina, olhando para as suas sapatilhas cor-de-
rosa.
Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no passado fora reconhecida pela leveza e
agilidade de seus habitantes. Todos muito fortes, andavam, corriam e nadavam pelos seus limpos canais.
Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um
mago um elixir paralisante e despejou no principal rio. Após beberem a água, os habitantes ficaram muito
lentos, tão lentos que não conseguiram impedir a maldade do terrível pirata. Seu povo nunca mais foi o
mesmo. Lépida foi roubada em seu maior tesouro e permaneceu estagnada por muitos anos.
Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O único entre tantos que ficou livre da maldição
que passara de geração em geração. Diferente de todos, era muito ágil e, ao crescer, saiu em busca de

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uma solução. Encontrou pelo caminho bruxas de olhar feroz, gigantes de três, cinco e sete cabeças,
noites escuras, dias de chuva, sol intenso. Zim tudo enfrentou.
E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de folhas, viu ao seu lado um velho de olhos amarelos
e brilhantes. Era o mago que havia sido roubado pelo pirata muitos anos antes. Zim ficou apreensivo.
Mas o velho mago (que tudo sabia) deu-lhe um frasco. Nele havia um antídoto e Zim compreendeu o que
deveria fazer. Despejou o líquido no rio de sua cidade.
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo de água aqui, um banho ali e eram novamente
braços que se mexiam, pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança das sapatilhas cor-de-rosa.

(Carla Caruso)

Crônica

Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados por um escritor de ficção ou por uma pessoa
especializada em determinada área (economia, gastronomia, negócios, entre outras) que escreve com
periodicidade para uma seção (por exemplo, todos os domingos para o Caderno de Economia). Esses
textos, conhecidos como crônicas, são curtos e em geral predominantemente narrativos, podendo
apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo:

A luta e a lição
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela segunda vez o ponto
culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de oxigênio para
suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que era
considerado ótimo. As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu
canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os
motivos que levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis
provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem
sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se cada um repetisse meu exemplo,
ficando solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando
o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas
- se é que os trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo
risco. Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que
prefere ficar na cômoda planície da segurança.
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe,
de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao recusar
o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta
perdida.
(Autor: Carlos Heitor Cony.
Publicado na Folha Online)

Romance

O termo romance pode referir-se a dois gêneros literários. O primeiro deles é uma composição poética
popular, histórica ou lírica, transmitida pela tradição oral, sendo geralmente de autor anônimo;
corresponde aproximadamente à balada medieval. E como forma literária moderna, o termo designa uma
composição em prosa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou seja, em torno dos
acontecimentos que são organizados em uma sequência temporal. A linguagem utilizada em um
Romance é muito variável, vai depender de quem escreve, de uma boa diferenciação entre linguagem
escrita e linguagem oral e principalmente do tipo de Romance.
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: Urbano, Regionalista, Indianista e Histórico. E
quanto à época ou Escola Literária, o Romance pode ser: Romântico, Realista, Naturalista e Modernista.

- Romance urbano: retratação da vida social das grandes cidades, cujo foco das tramas são,
principalmente, as comuns intrigas amorosas, as traições, os ambientes urbanos e as situações comuns
da vida das pessoas que vivem neles.

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- Romance Regionalista: aborda questões sociais a respeito de determinadas regiões do Brasil,
destacando características de cada região. O linguajar típico da região é utilizado no Romance e as
personagens são pessoas que vivem longe das cidades.

- Romance Indianista: escritos principalmente durante o Romantismo e trazem à tona a vida e os


costumes indígenas. Diversas vezes, no Romantismo, os romances indianistas trazem uma idealização
do índio que vira um herói convivendo com o homem branco.

- Romance Histórico: como o nome diz, é um Romance que destaca vida e costumes de certa época
e lugar da história. Faz uma combinação entre fatos realmente ocorridos e fatos fictícios.

Poema

Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em versos e estrofes (ainda que possa existir
prosa poética, assim designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo próprias da poesia).
Efetivamente, existe uma diferença entre poesia e poema. Segundo vários autores, o poema é um objeto
literário com existência material concreta, a poesia tem um carácter imaterial e transcendente. Fortemente
relacionado com a música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de
acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram cantados. Só depois o texto
foi separado do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem uma grande importância.
Um poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para expressar artes, canções,
poemas, poesias etc). Obra em verso em que há poesia. Exemplo:

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes

Poema: é uma obra literária que se apresenta em forma de versos, estrofes ou prosa.

Verso: cada linha do poema.

Estrofe: conjunto de versos.

Versificação / Metrificação: é a arte de compor o verso, estrofe e poema dividindo-os em partes e


detalhando cada uma delas. As principais partes a serem estudadas são: rima, ritmo e métrica dos versos.

RIMA

Semelhança de sons das sílabas finais dos versos.


Exemplo de rima:

Poesia por acaso

Sem inspiração
estou agora.

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Tento atiçar a imaginação
mas ela demora.
Não consigo pensar em algo
que faça rimas.
Clarice Pacheco

Tipos de rimas:

a) PARALELAS OU EMPARELHADAS (AA BB)

Paralelas são as rimas dispostas da seguinte maneira:


1ª com a 2ª
3ª com a 4ª

A 1 "As horas pela alameda


A 2 Arrastavam vestes de seda,

B 3 Vestes de seda sonhada


B 4 Pela alameda alongada."
Fernando Pessoa

b) OPOSTAS OU INTERPOLADAS (AB BA)

Opostas são as rimas dispostas em:


1ª com a 4ª
2ª com a 3ª

A 1 "Amo-te afim, de um calmo amor prestante


B 2 E te amo além, presente na saudade
B 3 Amo-te enfim, com grande liberdade
A 4 Dentro da eternidade e a cada instante."
Vinícius de Moraes

c) ENCADEADAS

Encadeadas são as rimas dispostas em:


1ª com palavra não final da 2ª
3ª com palavra não final da 4ª

A 1 "As flores d'alma que se alteram belas,


A 2 Puras, singelas, orvalhadas, vivas
B 3 Têm mais aroma e são mais formosas
B 4 Que as pobres rosas num jardim cativas..."
Castro Alves

d) ALTERNADAS (AB AB)

A Sei que canto. E a canção é tudo.


B Tem sangue eterno a asa ritmada.
A E um dia sei estarei mudo
B Mais nada.

Observação:

Existem alguns versos que não possuem rima, tais versos são chamados de
“Versos Livres”.

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RÍTMO

É a cadência musical dos versos, obtida através de através da sucessão de sílabas átonas e tônicas.

Exemplo:

"Tu choraste em presença da morte?


Na presença de estranhos choraste?"
Gonçalves Dias

MÉTRICA DOS VERSOS

É a técnica de medir o número de sílabas do verso.


Para realizar a escansão, que é a divisão do verso em sílabas poéticas, observe o seguinte:

duas vogais (final e inicial) formam uma só a sílaba


o ditongo crescente é contado como uma sílaba
a contagem vai até a última sílaba tônica do verso

Exemplo de escansão:
1 2 3 4 5 6 7
Oh!/ que/ sau/ da/ des/ que eu/ te-nho

1 2 3 4 5 6 7
Da au/ ro/ ra/ da/ mi/ nha/ vi-da

1 2 3 4 5 6 7
Da/ mi/ nhá in/ fân/ cia/ que/ ri-da

1 2 3 4 5 6 7
Que os/ a/ nos/ não/ tra/ zem/ mais

Classificação dos versos em relação ao número de sílabas:

Tetrassílabos ( 4 SÍLABAS ),
Pentassílabos ( 5 SÍLABAS ),
Hexassílabos ( 6 SÍLABAS ),
Heptassílabos ( 7 SÍLABAS ),
Octossílabos ( 8 SÍLABAS ),
Eneassílabos ( 9 SÍLABAS ),
Decassílabos ( 10 SÍLABAS ),
Hendecassílabos ( 11 SÍLABAS ),
Dodecassílabos ( 12 SÍLABAS )
Versos Livres.

Alguns Versos tem Nomenclatura Especial:

de 5 sílabas ---------- redondilha menor


de 7 sílabas ---------- redondilha maior
de 10 sílabas --------- heroico
de 12 sílabas --------- alexandrino

História em quadrinhos

As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos surgiram no começo do século XX, na busca
de novos meios de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primeiros autores das histórias
em quadrinhos estão o suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o brasileiro

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Ângelo Agostini. A origem dos balões presentes nas histórias em quadrinhos pode ser atribuída a
personagens, observadas em ilustrações europeias desde o século XIV.
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido
como cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras. A publicação
de revistas próprias de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do século XX também.
Atualmente, o estilo cômicos dos super-heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo espaço
para uma expansão muito rápida dos quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá).
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, assim como de charges, requer uma construção
de sentidos que, para que ocorra, é necessário mobilizar alguns processos de significação, como a
percepção da atualidade, a representação do mundo, a observação dos detalhes visuais e/ou linguísticos,
a transformação de linguagem conotativa (sentido mais usual) em denotativa (sentido amplificado pelo
contexto, pelos aspetos socioculturais etc). Em suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos
linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, assim, sentidos alternativos a partir de situações
extremas. Exemplo:
Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:

O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho de sua autoria pela exorbitante quantia de
500 dólares. Ele optou por valorizar o desenho, mostrando todas as habilidades conquistadas para
conseguir produzi-lo. O pai, no último quadrinho, reconhece o empenho do filho, utilizando-se de um
conector de concessão (“Ainda assim”), valorizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma que
não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim, filho, foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por
isso!”).
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso “maduro” em relação ao seu desenvolvimento
cognitivo e motor nos dois primeiros quadrinhos e, somente depois, ficar claro para nós, leitores, que toda
a força argumentativa foi em prol da cobrança pelo desenho que ele mesmo fez. Em outras palavras, o
personagem empenha-se na construção de um raciocínio em prol de uma finalidade absurda – o que nos
faz sorrir no último quadrinho, já que é somente nele que conseguimos “completar” o sentido. Claro, se
você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que ele tem apenas 6 anos, o que torna tudo ainda mais
hilário, mas a falta deste conhecimento não prejudica em nada a interpretação textual.

Não ficcionais - jornalísticos

Notícia

O principal objetivo da notícia é levar informação atual a um público específico. A notícia conta o que
ocorreu, quando, onde, como e por quê. Para verificar se ela está bem elaborada, o emissor deve
responder às perguntas: O quê? (fato ou fatos); Quando? (tempo); Onde? (local); Como? (de que forma)
e Por quê? (causas). A notícia apresenta três partes:

- Manchete (ou título principal) – resume, com objetividade, o assunto da notícia. Essa frase curta
e de impacto, em geral, aparece em letras grandes e destacadas.
- Lide (ou lead) – complementa o título principal, fornecendo as principais informações da notícia.
Como a manchete, sua função é despertar a atenção do leitor para o texto.
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e detalhado dos fatos.

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A notícia usa uma linguagem formal, que segue a norma culta da língua. A ordem direta, a voz ativa,
os verbos de ação e as frases curtas permitem fluir as ideias. É preferível a linguagem acessível e simples.
Evite gírias, termos coloquiais e frases intercaladas.
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impessoal e escritos em 3ª pessoa, com o predomínio
da função referencial, já que esse texto visa à informação.
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informações mais relevantes, vocabulário preciso e
termos específicos que o ajudem a compreender melhor os fatos. Em jornais ou revistas impressos ou
on-line, e em programas de rádio ou televisão, a informação transmitida pela notícia precisa ser verídica,
atual e despertar o interesse do leitor.

Editorial

Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção
ou da equipe de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade. Geralmente,
grandes jornais reservam um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo
nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com
uma borda ou tipografia diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo.
Exemplo:

Cidade paraibana é exemplo ao País

Em tempos em que estudantes escrevem receita de macarrão instantâneo e transcrevem hino de clube
de futebol na redação do Exame Nacional do Ensino Médio e ainda obtém nota máxima no teste, uma
boa notícia vem de uma pequena cidade no interior da Paraíba chamada Paulista, de cerca de 12 mil
habitantes. Alunos da Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque nas últimas
edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é a professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é
ensinar Matemática através de atividades do cotidiano, como fazer compras na feira ou medir ingredientes
para uma receita. Com essas ações práticas, na edição de 2012 da Olimpíada, a escola conquistou nada
menos do que cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções honrosas. Orgulhosa,
a professora conta que se sentia triste com a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de pô-
los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproximando-os da disciplina.
O que parecia ser um grande desafio tornou-se realidade e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus
filhos campeões olímpicos. Os estudantes paraibanos devem ser exemplo para todo o País, que anda
precisando, sim, de modelos a se inspirar. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA,
na sigla em inglês) – o mais sério teste internacional para avaliar o desempenho escolar e coordenado
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável com o
Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece na incômoda penúltima posição entre 40 países
avaliados.
O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Leitura e Ciências durante o ciclo fundamental é
sofrível, e perdemos para países como Colômbia, Tailândia e México. Já passa da hora de as autoridades
melhorarem a gestão de nossa Educação Pública e seguir o exemplo da pequena Paulista.

Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/
editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais

Artigos

É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem
uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente apresenta seu
ponto de vista sobre o tema em questão através do artigo (texto jornalístico).
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e,
para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões. O artigo de
opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar.
O artigo deve começar com uma breve introdução, que descreva sucintamente o tema e refira os
pontos mais importantes. Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara sobre o assunto e o conteúdo
do artigo ao ler apenas a introdução. Por favor tenha em mente que embora esteja familiarizado com o
tema sobre o qual está a escrever, outros leitores da podem não o estar. Assim, é importante clarificar
cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em vez de escrever:

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Guano é um personagem que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu. Seria mais informativo
escrever:
Guano é um personagem da série de desenho animado Kappa Mikey que faz o papel de mascote do
grupo Lily Mu.

Caracterize o assunto, especialmente se existirem opiniões diferentes sobre o tema. Seja objetivo.
Evite o uso de eufemismos e de calão ou gíria, e explique o jargão. No final do artigo deve listar as
referências utilizadas, e ao longo do artigo deve citar a fonte das afirmações feitas, especialmente se
estas forem controversas ou suscitarem dúvidas.

Cartas

A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações diversas. É um dos mais antigos meios de
comunicação. Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por exemplo, se
começamos a carta no tratamento em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira pessoa: se, si,
consigo, o, a, lhe, sua, diga, não digas, etc., seguindo também os pronomes e formas verbais na terceira
pessoa.
Atenção aos pronomes de tratamento como Vossa Senhoria, Vossa Excelência, eles devem concordar
sempre na terceira pessoa.
Há vários tipos de cartas, a forma da carta depende do seu conteúdo:

- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, parentes, namorado(a), o remetente é a
própria pessoa que assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma maneira
particular.

- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de comunicação dentro de uma organização.
A linguagem deve ser clara, simples, correta e objetiva. Existem alguns tipos de carta comercial:

- Particular, familiar ou social: são tipos de correspondência que são trocadas entre particulares,
cujo assunto, se enquadra em particular, íntimo e pessoal.

- Bancária: este é focalizado nos assuntos relacionados à vida bancária.

- Comercial: associado às transações industriais ou comerciais.

- Oficial: Destinada ao serviço militar, público ou civil.

A documentação comercial compreende os papéis empregados em todas as transações da empresa


como: Carta, Telegrama, Cheque, Pedido de Duplicatas, Faturas, Memorandos, Relatórios, Avisos,
Recibos, Fax. Na correspondência a linguagem mais correta é aquela que é adequada ao contexto, ao
momento, e à relação entre o emissor e o destinatário.
Por exemplo: a linguagem que você usa para falar com um amigo, não é a mesma que você usa para
falar com sua avó, ou com um parente distante.
Existem vários tipos de cartas, e pessoas diferentes para qual deve mandá-las, cartas de amor, de
familiares que moram muito longe, ou se alguém é parabenizado por seu aniversário. A carta ao ser
escrita deve ser primeiramente bem analisada em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar
a concordância, a pontuação e a maneira de escrever com início, meio e então o fim, contendo também
um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª
etc.) e por fim a finalização da carta que deve conter somente um cumprimento formal ou não (grato,
beijos, abraços, adeus etc.).
Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta, a mesma deverá ser colocada em um
envelope para ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do envelope deve-se conter alguns
dados muito importantes tais como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e cidade) e por fim o
CEP. Já o remetente (quem vai enviar a carta), também deve inserir na carta os mesmos dados que o do
destinatário, que devem ser escritos na parte da frente do envelope. E por fim deve ser colocado no
envelope um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada. Exemplo:

- Cabeçalho: cidade, data, mês e ano.


- Conteúdo: o texto da carta com começo, meio e fim.

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- Saudações: finalização da carta.

No envelope deve conter: Atrás do envelope, lado com aba. Remetente.


- Nome completo.
- Rua – número – bairro (não obrigatório)
- Cidade – Estado.
- CEP.

Alguns concursos e exames vestibulares trazem como prova de redação o pedido de elaboração de
uma carta argumentativa. Significa que o estudante deverá elaborar uma carta que tenha "tese" (o assunto
propriamente dito) argumentação (o conjunto de ideias ou fatos que constituem os argumentos que levam
ao convencimento ou à conclusão de algo) e conclusão.
A carta argumentativa que apresento como exemplo tem como tese o "casamento", ou melhor, "a
manutenção do casamento". A argumentação, em dois parágrafos, tenta convencer o interlocutor de que
o casamento não deve ser desfeito, sendo esta a conclusão.

Caro Nicolo

Chegou-me a notícia de que você e Maria Lúcia estão em vias de separação. Isso me entristeceu
deveras, já que vocês sempre foram considerados o casal exemplar. Lembra-se daquela época quando
brincávamos, dizendo que vocês eram "mais" perfeitos que Tarcísio Meira e Glória Meneses, o casal
modelo da televisão brasileira? Pois é. E agora me vem essa informação estapafúrdia de que a perfeição
é imperfeita. Fiquei chocado, mas ainda tenho a esperança de que não passa de uma crise superável.
Por isso peguei a caneta para escrever-lhes minhas considerações sobre o assunto e tentar ajudá-los a
superar isso. Como amigo de infância e mais velho que você, portanto mais experiente, acho que tenho
esse direito, não é mesmo? E também porque, conforme você sabe muito bem, minha tese sempre foi a
de que casamento é dedicação e sacrifício. Isso que quero evidenciar a vocês nestas linhas.
Quando vocês se uniram, não apenas formaram um casal, mas sim se tornaram um casal, o que
significa que a individualidade de cada um não foi extinta. Cada um de vocês traz uma bagagem de
história pessoal e familiar muito forte, e isso não pode ser jamais desprezado. Em alguma crise conjugal,
cada um deve ter isso em mente, para entender os pontos de vista do outro e, assim, relevar pequenos
deslizes e perdoá-los. Perdoar não significa esquecer completamente o problema, mas sim renunciar à
punição e deixar de considerar essenciais os erros. O mais importante está na harmonia do casal e do
próprio ser. Quem consegue agir dessa maneira desenvolve, certamente, suas inteligências interpessoais
e intrapessoais.
O segundo aspecto que quero frisar é o da honra, esse princípio ético que leva alguém a ter uma
conduta proba, virtuosa, corajosa, e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade. Muito bem.
Não quero entrar em detalhes de caráter religioso, mas quero lembrar-lhes que prometeram perante a
comunidade e perante seu líder religioso ficar juntos "até que a morte os separe". Foi uma promessa
solene. Uma pessoa honrada cumpre suas promessas e não se deixa abater por seus problemas, e sim
os resolve conforme surgirem, por mais graves que sejam.
Vocês são extremamente inteligentes e têm aquelas duas inteligências, intrapessoal e interpessoal,
bem desenvolvidas, eu o sei. Devem, portanto, renunciar à punição que estão infligindo a si mesmos e
enfrentar a situação com dignidade, já que são pessoas honradas. Devem, portanto, tentar, até a última
esperança, manter o casamento. E não podem deixar que essa última esperança se esgote. "Aparem as
arestas", como dizem alguns, e não esgotem os recursos para permanecerem juntos, afinal casamento é
dedicação e sacrifício. Espero que essas poucas palavras produzam o efeito desejado: a conscientização
de que vocês são unos, de que o casal que se tornaram não deve e não pode ser desfeito e de que são
capazes de solucionar as desavenças e transformá-las em aprendizagem.
Abraços fraternos de seu amigo.
Noslid Takannory

Carta Argumentativa

Relembrando, é preciso destacar dois tipos básicos de carta. O primeiro é a correspondência oficial e
comercial, que nos é enviada pelos poderes políticos ou por empresas privadas (comunicações de multas
de trânsito, mudanças de endereço e telefone, propostas para renovar assinaturas de revistas, etc.).
Este tipo de carta caracteriza-se por seguir modelos prontos, em que o remetente só altera alguns
dados. Apresentam uma linguagem padronizada (repare que elas são extremamente parecidas,

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começando geralmente por “Vimos por meio desta…”) e normalmente são redigidas na linguagem formal
culta. Nesse tipo de correspondência, mesmo que venha assinada por uma pessoa física, o emissor é
uma pessoa jurídica (órgão público ou empresa privada), no caso, devidamente representada por um
funcionário.
Outro tipo de correspondência é a carta pessoal, que utilizamos para estabelecer contato com amigos,
parentes, namorado(a). Tais cartas, por serem mais informais que a correspondência oficial e comercial,
não seguem modelos prontos, caracterizando-se pela linguagem coloquial. Nesse caso o remetente é a
própria pessoa que assina a correspondência.
Embora você possa encontrar por aí livros que trazem “modelos” de cartas pessoais (principalmente
“modelos de carta de amor”), fuja deles, pois tais “modelos” se caracterizam por uma linguagem artificial,
surrada, repleta de expressões desgastadas, além de serem completamente ultrapassados.
Não há regras fixas (nem modelos) para se escrever uma carta pessoal, afora a data, o nome (ou
apelido) da pessoa a quem se destina e o nome (ou apelido) de quem a escreve, a forma de redação de
uma carta pessoal é extremamente particular.
No processo de comunicação (e a correspondência é uma forma de comunicação entre pessoas), não
se pode falar em linguagem correta, mas em linguagem adequada. Não falamos com uma criança do
mesmo modo que falamos com um adulto.
A linguagem que utilizamos quando discutimos um filme com os amigos é bastante diferente daquela
a que recorremos quando vamos requerer vaga para um estágio ao diretor de uma empresa. Em síntese:
a linguagem correta é a adequada ao assunto tratado (mais formal ou mais informal), à situação em que
está sendo produzida, à relação entre emissor e destinatário (a linguagem que você utiliza com um amigo
íntimo é bastante diferente da que se utiliza com um parente distante ou mesmo com um estranho).
Na correspondência deve ocorrer exatamente a mesma coisa: a linguagem e o tratamento utilizados
vão variar em função da intimidade dos correspondentes, bem como do assunto tratado. Uma carta a um
parente distante comunicando um fato grave ocorrido com alguém da família apresentará uma linguagem
mais formal. Já uma carta ao melhor amigo comunicando a aprovação no vestibular terá uma linguagem
mais simples e descontraída, sem formalismos de qualquer espécie.

Partes da Carta

- local e data;
- destinatário;
- saudação;
- interlocução com o destinatário;
- despedida;
- assinatura.

Esses itens estão na ordem em que devem aparecer. Caso se esqueça de dizer algo importante e já
tenha finalizado a carta é só acrescentar a abreviação latina P.S (post scriptum) ou Obs. (observação).
Essa sigla é originada do verbo latino “post scribere” que significa “escrever depois”.

As Expressões Surradas

Na produção de textos, devemos evitar frases feitas e expressões surradas (os chamados clichês),
como “nos píncaros da glória”, “silêncio sepulcral”, “nos primórdios da humanidade”, etc. Na carta, não é
diferente. Fuja de expressões surradas que já apareceram em milhares de cartas, como “Escrevo-lhes
estas mal traçadas linhas” ou “Espero que esta vá encontrá-lo gozando de saúde”.

A Coerência no Tratamento

Na carta formal, é necessário a coerência no tratamento. Se a iniciamos tratando o destinatário por tu,
devemos manter esse tratamento até o fim, tomando todo o cuidado com pronome e formas verbais.
Nesse tipo de carta, são comuns os erros de uniformidade de tratamento como o que apresentamos
abaixo:

“Você deverá comparecer à reunião. Espero-te ansiosamente. Não se esqueça de trazer tua agenda.”

Observe que não há nenhuma uniformidade de tratamento: começa-se por você (terceira pessoa),
depois se passa para a segunda pessoa (te), volta-se à terceira (se), terminando com a segunda (tua).

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Ainda com relação à uniformidade, fique atento ao emprego de pronomes de tratamento como Vossa
Senhoria, Vossa Excelência, etc. Embora se refiram às pessoas com quem falamos, esses pronomes
devem concordar na terceira pessoa. Veja:

“Aguardo que Vossa Senhoria possa enviar-me ainda hoje os relatórios de sua autoria.
Vossa Excelência não precisa preocupar-se com seus auxiliares.”

Pronome de Tratamento

- Abade, prior, superior, visitador de ordem religiosa – Paternidade – Revmo. Dom (Padre)
- Abadessa – Caridade – Revma. Madre
- Almirante – Excelência – Exmo. Sr. Almirante
- Arcebispo – Excelência e Reverendíssima – Exmo. e Revmo. Dom
- Arquiduque – Alteza – A Sua Alteza Arquiduque
- Bispo – Excelência e Reverendíssima – Exmo. E Revmo. Dom
- Brigadeiro – Excelência – Exmo. Sr. Brigadeiro
- Cardeal – Eminência e Reverendíssima – Emmo. E Revmo. Cardeal Dom
- Cônego – Reverendíssima – Revmo. Sr. Côn.
- Cônsul – Senhoria (Vossa Senhoria) – Ilmo. Sr. Cônsul
- Coronel – Senhoria – Ilmo. Sr. Cel.
- Deputado – Excelência – Exmo. Sr. Deputado
- Desembargador – Excelência – Exmo. Sr. Desembargador
- Duque – Alteza (Sereníssimo Senhor) – A Sua Alteza Duque
- Embaixador – Excelência – Exmo. Sr. General
- Frade – Reverendíssima – Revmo. Sr. Fr.
- Freira – Reverendíssima – Revma. Ir.
- General – Excelência – Exmo. Sr. General
- Governador de Estado – Excelência – Exmo. Sr. Governador
- Imperador – Majestade (Senhor) – A Sua Majestade Imperador
- Irmã (Madre, Sóror) – Reverendíssima – Rema. Ir. (Madre, Sóror)
- Juiz – Excelência (Meritíssimo Juiz) – Exmo. Sr. Dr.
- Major – Senhoria – Ilmo. Sr. Major
- Marechal – Excelência – Emo. Sr. Marechal
- Ministro – Excelência – Exmo. Sr. Ministro
- Monsenhor – Reverendíssima – Revmo. Sr. Mons.
- Padre – Reverendíssima – Revmo. Sr. Padre
- Papa – Santidade (Santíssimo Padre), Beatitude – A Sua Santidade Papa (Ao Beatíssimo Padre)
- Patriarca – Excelência, Reverendíssima e Beatitude – Exmo. E Revmo. Dom (Ao Beatíssimo Padre)
- Prefeito – Excelência – Exmo. Sr. Prefeito
- Presidente de Estado – Excelência – Exmo. Sr. Presidente
- Príncipe, Princesa – Alteza (Sereníssimo Senhor, Sereníssima Senhor) – A Sua Alteza Príncipe (ou
Princesa)
- Rei, Rainha – Majestade (Senhor, Senhora) – A Sua Majestade Rei (ou Rainha)
- Reitor (de Universidade) – Magnificência (Magnífico Reitor) – Exmo. Sr. Reitor
- Reitor (de Seminário) – Reverendíssimo – Revmo. Sr. Pe.
- Secretário de Estado – Excelência – Exmo. Sr. Secretário
- Senador – Excelência – Exmo. Sr. Senador
- Tenente Coronel – Senhoria – Ilmo. Sr. Ten. Cel.
- Vereador – Excelência – Ilmo. Sr. Vereador
- Demais autoridades, oficiais e particulares, chefes de seção, presidentes de bancos, órgãos
de segundo escalão do governo – Senhoria – Ilmo. Sr.

Na Correspondência Pública, costuma-se usar V.Sª para pessoa de categoria igual ou inferior, e V.
Exª para pessoa de categoria superior.
Consultor geral, Chefe de estado, chefe de gabinetes Legislativo, Demais autoridades recebem como
pronome de tratamento Vossa Senhoria. Como vocativo – quando se dirige a autoridade (forma adequada
ao Cargo): Usa-se “Senhor”.

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Todos os tratamentos podem aparecer na forma oblíqua, após dirigir-se a uma autoridade. Podemos,
sem temor de erro, dizer: “Formulamos-lhe”, “pedimos-lhe”, vemos na sua pessoa”, em vez de formulamos
a V. Sª., ou a V.Exª., etc.

A Carta é o elemento postal mais importante, constituída por algumas folhas de papel fechadas em
um envelope, que é selado e enviado ao destinatário da mensagem através do serviço dos correios.
Atualmente a carta vem sendo substituída pelo e-mail que é a forma de correio eletrônico mais
difundida no mundo, mas ainda há pessoas que pelo simples prazer de trocar correspondências físicas
preferem utilizar o método da Carta.
Encontramo-nos hoje, inseridos em uma sociedade extremamente dinâmica, na qual o fator “tempo”
desempenha sua palavra de ordem. Para que possamos acompanhar esta evolução, precisamos nos
adequar constantemente, principalmente com o manuseio referente aos recursos tecnológicos.
Sua finalidade restringe-se à comunicação entre as pessoas, uma vez que esta se dá de forma rápida
e eficiente, permitindo que haja a troca de mensagens feitas em meio eletrônico, interagindo as relações
pessoais e profissionais. Essa comunicação, que antes só era possível por meio de cartas e telegramas,
atualmente possibilita a troca de informações a qualquer instante, independente da distância a que se
inserem os interlocutores envolvidos.
Quanto à estrutura, assemelha-se à carta no que se refere ao vocativo, texto, despedida e assinatura.
A data não é fator relevante, pois o próprio programa já se incube de detalhar o dia e a hora em que a
mensagem foi enviada.
No que se refere à linguagem, esta varia de acordo com o grau de intimidade estabelecido entre os
interlocutores e com a finalidade a que se destina a comunicação. Obviamente que, ao se tratar de
assuntos profissionais, o vocabulário tende a apresentar certo formalismo.
A palavra e-mail constitui a redução de eletronic mail, cuja significância é correio eletrônico, sua
estrutura pauta-se pela seguinte forma: nome@provedor.com.br
O nome representa o usuário; @ é o símbolo que passa ao computador a mensagem de que o conjunto
de informações é de um endereço de e-mail; o provedor é a empresa que viabiliza o acesso à Internet de
forma gratuita ou mediante o pagamento de uma taxa. O termo “com” tem o sentido de comercial e “br”
de Brasil.

Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a cartas do leitor. Ela oferece um espaço
para o leitor elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários podem referir-
se às ideias de um texto, com as quais o leitor concorda ou não; à maneira como o assunto foi abordado;
ou à qualidade do texto em si. É possível também fazer alusão a outras cartas de leitores, para concordar
ou não com o ponto de vista expresso nelas. A linguagem da carta costuma variar conforme o perfil dos
leitores da publicação. Pode ser mais descontraída, se o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal.
Esse tipo de carta apresenta formato parecido com o das cartas pessoais: data, vocativo (a quem ela é
dirigida), corpo do texto, despedida e assinatura.

Textos de divulgação científica

Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de conhecimentos acerca do saber científico,
assemelhando-se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio educacional como um todo,
entre eles, textos didáticos e verbetes de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já temos a ideia do
caráter condizente à linguagem, uma vez que esta se perfaz de características marcantes - a objetividade,
isentando-se de traços pessoais por parte do emissor, como também por obedecer ao padrão formal da
língua. Outro aspecto passível de destaque é o fato de que no texto científico, às vezes, temos a
oportunidade de nos deparar com determinadas terminologias e conceitos próprios da área científica a
que eles se referem.
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em jornais, revistas, livros ou meio eletrônico,
compartilham-se com uma gama de interlocutores. Razão esta que incide na forma como se estruturam,
não seguindo um padrão rígido, uma vez que este se interliga a vários fatores, tais como: assunto, público-
alvo, emissor, momento histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e segundo parágrafos, o
autor expõe a ideia principal, sendo representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos que seguem,
ocorre o desenvolvimento propriamente dito da ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados
em fontes verdadeiramente passíveis de comprovação - comparações, dados estatísticos, relações de
causa e efeito, dentre outras.

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Não ficcionais – instrucionais

Didáticos

Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas ideias fundamentais. Um texto didático é um
texto conceitual, ou seja, não figurativo. Nele os termos significam exatamente aquilo que denotam, sendo
descabida a atribuição de segundos sentidos ou valores conotativos aos termos. Num texto didático
devem se analisar ainda com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se observar a expectativa
de sentido que eles criam, para que possa entender bem o texto.
O entendimento do texto didático de uma determinada disciplina requer o conhecimento do significado
exato dos termos com que ela opera. Conhecer esses termos significa conhecer um conjunto de princípios
e de conceitos sobre os quais repousa uma determinada ciência, certa teoria, um campo do saber. O uso
da terminologia científica dá maior rigor à exposição, pois evita as conotações e as imprecisões dos
termos da linguagem cotidiana. Por outro lado, a definição dos termos depende do nível de público a que
se destina.
Um manual de introdução à física, destinado a alunos de primeiro grau, expõe um conceito de cada
vez e, por conseguinte, vai definindo paulatinamente os termos específicos dessa ciência. Num livro de
física para universitários não cabe a definição de termos que os alunos já deveriam saber, pois senão
quem escreve precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é especialista já estudou.

Resumos

Resumo é uma exposição abreviada de um acontecimento. Fazer um resumo significa apresentar o


conteúdo de forma sintética, destacando as informações essenciais do conteúdo de um livro, artigo,
argumento de filme, peça teatral, etc. A elaboração de um resumo exige análise e interpretação do
conteúdo para que sejam transmitidas as ideias mais importantes.
Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a desenvolver a sua capacidade de síntese,
objetividade e clareza: três fatores que serão muito importantes ao longo da vida escolar. Além de ser um
ótimo instrumento de estudo da matéria para fazer um teste. Resumo é sinônimo de “recapitulação”,
quando, ao final de cada capítulo de um livro é apresentado um breve texto com as ideias chave do
assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são: sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio.

Receitas

A receita tem como objetivo informar a fórmula de um produto seja ele industrial ou caseiro, contando
detalhadamente sobre seu preparo. É uma sequência de passos para a preparação de alimentos. As
receitas geralmente vêm com seus verbos no modo imperativo, para dar ordens de como preparar seu
prato seja ele qual for. Elas são encontradas em diversas fontes como: livros, sites, programas (TV/Rádio),
revistas ou até mesmo em jornais e panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos
típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas.

Catálogos

Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas com descrições curtas a respeito de cada uma.
Espécie de livro, guia ou sumário que contém informações sobre lugares, pessoas, produtos e outros.
Têm o objetivo de dar opções para uma melhor escolha.

Índices

Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pessoas, nomes geográficos, acontecimentos, etc.,
com a indicação de sua localização no texto.

Listas

Enumeração de elementos selecionados do texto, tais como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc.,
na ordem de sua ocorrência.

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Verbetes em geral

O verbete é um tipo de texto predominantemente descritivo. A elaboração reflete o conflito seminal


que define a elegância científica: a negociação constante entre síntese e exaustividade. Os padrões do
gênero valorizam tanto a brevidade e a abordagem direta dos temas quanto o detalhamento e a
completude da informação.
É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a explicar um conceito segundo padrões
descritivos sistemáticos, determinados pela obra de referência da qual faz parte: mais comumente, um
dicionário ou uma enciclopédia. O verbete é essencialmente destinado a consulta, o que lhe impõe uma
construção discursiva sucinta e de acesso imediato, embora isso não incorra necessariamente em curta
extensão. Geralmente, os verbetes abordam conceitos bem estabelecidos em algum paradigma
acadêmico-científico, ao invés de entrar em polêmicas referentes a categorias teóricas discutíveis.
Por sua pretensão universalista e pela posição respeitável que ocupa no sistema de valores da cultura
racionalista, espera-se que todo verbete siga as normas padrão de uso da língua escrita, em um nível
elevado de formalidade. Por sua natureza sistemática e por ser destinado à consulta, espera-se que a
linguagem do verbete seja também o mais objetiva possível. As consequências gramaticais desse
princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos termos e ausência de palavras que expressem
subjetividade (opiniões, impressões e sensações); no nível sintático, simplificação das construções; e no
nível estilístico, denotação (ausência de ornamentos e figuras de linguagem).
É comum a presença de terminologia especializada na construção do verbete, embora sua frequência
varie conforme o público consumidor da obra de referência em que se insere o texto. Elementos de
linguagens não verbais (especialmente pictóricos) são tradicionalmente agregados ao verbete com função
de esclarecimento.

Bulas

Bula pode referir-se a:


Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé. Refere-se não ao conteúdo e à solenidade de
um documento pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma externa do documento, a saber, lacrado
com pequena bola (em latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral, chumbo. Assim, existem Litterae
Apostolicae (carta apostólica) em forma ou não de bula e também Constituição Apostólica em forma de
bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munificentissimus Deus”, bem como as Constituições Apostólicas
de criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é do Papa Agapito I (535), conservada apenas
em desenho. O mais antigo original conservado é do Papa Adeodato I (615-618).

Bula (medicamento) - folha com informações sobre medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de
informações sobre um medicamento que obrigatoriamente os laboratórios farmacêuticos devem
acrescentar à embalagem de seus produtos vendidos no varejo. As informações podem ser direcionadas
aos usuários dos medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos.

Notas explicativas de embalagens

As notas explicativas servem para que o fabricante do produto esclareça ou explique aspectos da
composição, nutrição, advertências a respeito do produto.

Manual de instruções

Os manuais de instruções tem como objetivo instruir, ensinar e apresentar o produto de forma
compreensível para o usuário menos experiente.

Estrutura
Os principais tópicos deum manual são:
- Capa ou título especificando a marca e o modelo do produto
- Precauções de manuseio, armazenamento e segurança
-Índice especificando os principais tópicos
- Instruções de uso e manuseio
- Guia de instalação e/ou montagem
- Principais funções/configurações
- Condições de garantia do fabricante

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Características
Uma das características dos manuais de instruções é apresentado em forma de livreto, folheto ou
folder (papel com explicações resumidas). Atualmente muitos fabricantes estão utilizando CD-ROM para
instruir o consumidor mais detalhadamente.

- É apresentado na terceira pessoa do singular no modo Imperativo, exemplos: desconecte, consulte,


remova, aperte, pressione, etc.

- Estrutura Interna ou Componentes Visuais: utiliza imagens ou ilustrações que são aplicados para
evidenciar, destacando as partes importantes do texto, exemplo: negrito, itálico, tipos e tamanhos de
fontes diferenciadas, cores, tabelas, etc. Pode vir organizado em itens ou passos, que geralmente são
bem resumidos.

Não ficcionais – epistolares

Bilhetes

O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pessoas, para pedir, agradecer, oferecer, informar,
desculpar ou perguntar. O bilhete é composto normalmente de: data, nome do destinatário antecedido de
um cumprimento, mensagem, despedida e nome do remetente. Exemplo:

Belinha,
Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo ontem à noite.
Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudinho para você!
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013

Cartas familiares e cartas formais

A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações diversas. É um dos mais antigos meios de
comunicação. Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por exemplo, se
começamos a carta no tratamento em terceira pessoa devemos ir até o fim em terceira pessoa, seguindo
também os pronomes e formas verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas, o formato da carta
depende do seu conteúdo:
- Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos, parentes, namorado(a), o remetente é a
própria pessoa que assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma maneira
particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de comunicação dentro de uma organização.
A linguagem deve ser clara, simples, correta e objetiva.
A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada em termos de língua portuguesa, ou seja,
deve-se observar a concordância, a pontuação e a maneira de escrever com início, meio e então o fim,
contendo também um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter pronomes de tratamento (Senhor,
Senhora, V. Ex.ª etc.) e por fim a finalização da carta que deve conter somente um cumprimento formal
ou não (grato, beijos, abraços, adeus etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta, a
mesma deverá ser colocada em um envelope para ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior
do envelope deve-se conter alguns dados muito importantes tais como: nome do destinatário, endereço
(rua, bairro e cidade) e por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a carta), também deve inserir na
carta os mesmos dados que o do destinatário, que devem ser escritos na parte da frente do envelope. E
por fim deve ser colocado no envelope um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa
mencionada.
Não ficcionais – preditivos

É o tipo de texto que leva a premonições. Algo que está por acontecer. Exemplos: previsões
astrológicas, previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas.

Não ficcionais – publicitários

O texto publicitário pode ser desenvolvido a partir de textos argumentativos (uma vez que expõem as
razões que deveriam levar o consumidor a comprar o produto ou a contratar o serviço), de textos

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descritivos (com os detalhes e as características daquilo que se pretende comercializar) e de textos
narrativos (quando se conta uma pequena história com a intenção de apresentar o que é anunciado).
A finalidade de um texto publicitário é sempre a persuasão. Veja o exemplo: “Compre este chocolate
feito com leite de vaca”.
É provável que o texto publicitário inclua um slogan. Trata-se de uma frase que se utiliza de modo
repetitivo para identificar uma marca ou memorizar uma ideia.
O slogan está associado à imagem, à linguagem escrita e estética transcendendo a materialidade o
produto ou serviço, transformando-se no afirmativo indicador dos atributos enunciados no texto
publicitário. O bom slogan é curto e direto expressando a história, a psicologia, o conceito da marca,
empresa ou produto e ou serviços.
Vejam alguns slogans que ficaram marcados:

Tem 1001 utilidades Bombril

Tomou Doril, a dor sumiu Doril

Energia que dá gosto Nescau

Terrível contra os insetos. Contra os insetos SBP

Você conhece, você confia Volkswagen

Não ficcionais – administrativos

Requerimentos

É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma autoridade administrativa um direito do
qual se julga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e
respectiva qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior
de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio
(caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser
colocado o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Ofícios

O Ofício deve conter as seguintes partes:

- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede. Exemplos:


Of. 123/2002-MME
Aviso 123/2002-SG
Mem. 123/2002-MF

- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à direita. Exemplo:
Brasília, 20 de maio de 2013

- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:


Assunto: Produtividade do órgão em 2012.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício,


deve ser incluído também o endereço.

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- Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve
conter a seguinte estrutura:

Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que
motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me
informar que”, empregue a forma direta;
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o
assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o
assunto.
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados
em itens ou títulos e subtítulos.

Argumentação

O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informação a alguém. Quem comunica pretende
criar uma imagem positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, ou culto),
quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele propõe.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo texto contém um componente
argumentativo. A argumentação é o conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover
adesão às teses e aos pontos de vista defendidos.
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas uma prova de verdade ou uma razão
indiscutível para comprovar a veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acima,
é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar
como verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da retórica, arte de
persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem.
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom voltar ao que diz Aristóteles, filósofo
grego do século lV a.C., numa obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença,
não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas
igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é
mais desejável. O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais
desejável que outra. Isso significa que ele atua no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o
interlocutor crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais possível que a outra, mais
desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir
como verdadeiro o que o enunciador está propondo.
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. O primeiro opera no domínio do
necessário, ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das premissas
propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões
não dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadeamento de premissas
e conclusões.

Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:

A é igual a B.
A é igual a C.
Então: C é igual a B.

Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, que C é igual a B.

Outro exemplo:

Todo ruminante é um mamífero.


A vaca é um ruminante.
Logo, a vaca é um mamífero.

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Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, a conclusão não é necessária, não é
obrigatória. Por isso, deve-se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plausível. Se
o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais confiável do que os concorrentes porque existe
desde a chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um banco com quase
dois séculos de existência é sólido e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre a
solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentativo na afirmação da
confiabilidade de um banco. Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja mais
confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que
nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante entender bem
como eles funcionam.
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso acrescentar mais uma: o convencimento
do interlocutor, o auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto mais os
argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode
convencer um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomina. Será mais
fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos, essa associação
certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O
poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalorizado numa dada
cultura.

Tipos de Argumento

Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese
do enunciador é um argumento. Exemplo:

Argumento de Autoridade

É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em


certo domínio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recurso produz
dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor do texto a respeito do assunto de que está
tratando; dá ao texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto um amontoado
de citações. A citação precisa ser pertinente e verdadeira. Exemplo:

“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”

Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso.

Alex José Periscinoto.


In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2

A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais importante do que o conhecimento. Para levar
o auditório a aderir a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se um físico de
renome mundial disse isso, então as pessoas devem acreditar que é verdade.

Argumento de Quantidade

É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior
número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de
argumento é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de quantidade.

Argumento do Consenso

É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se em afirmações que, numa determinada


época, são aceitas como verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o objetivo do
texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de que o consenso, mesmo que equivocado,
corresponde ao indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não desfruta dele. Em

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nossa época, são consensuais, por exemplo, as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido
e de que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao confiar no consenso, porém,
corre-se o risco de passar dos argumentos válidos para os lugares-comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica.

Argumento de Existência

É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe
do que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o argumento
de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gra-
vações, etc.) ou provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante a invasão
do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exército americano era muito mais poderoso do que o
iraquiano. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vista como propa-
gandística. No entanto, quando documentada pela comparação do número de canhões, de carros de
combate, de navios, etc., ganhava credibilidade.

Argumento quase lógico

É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, iden-
tidade, etc. Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos,
eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações
prováveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é
igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo
meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente aceito do que um texto incoerente. Vários
são os defeitos que concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema proposto,
cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamentam nos dados apresentados, ilustrar -
afirmações gerais com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas.

Argumento do Atributo

É aquele que considera melhor o que tem proriedades típicas daquilo que é mais valorizado
socialmente, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que
é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios
residenciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da competência linguística. A utilização da
variante culta e formal da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística socialmente mais
valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se
diz que o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de uma personalidade pública. Ele
poderia fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de
competência do médico:

- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns


exames, a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três
dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque alguns deles são barras-pesadas, a gente
botou o governador no hospital por três dias.

Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumentativa, porque ninguém fala para não ser
levado a sério, para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação deseja-se
influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação
argumentativa.
A orientação argumentativa é certa direção que o falante traça para seu texto. Por exemplo, um
jornalista, ao falar de um homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou, ao

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contrário, de mostrar sua grandeza.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto dando destaque a uns fatos e não a outros,
omitindo certos episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não outra. Veja:

“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras trocavam abraços afetuosos.”

O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras e sogras não se toleram. Não fosse
assim, não teria escolhido esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, que
serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tratamos de alguns tipos de argumentação,
vamos citar outros:
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão amplo, que serve de argumento para um
ponto de vista e seu contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser usada
pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade,
democracia) ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, injustiça,
corrupção).
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por um único contra-exemplo. Quando se
diz “Todos os políticos são ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir o
argumento.
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do contexto adequado, sem o significado
apropriado, vulgarizando-as e atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite que outras crescam”, em que o termo
imperialismo é descabido, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir outros à
sua dependência política e econômica”.

A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação concreta do texto, que leva em conta
os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o assunto,
etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade do autor
(como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas (como
estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de
prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve construir um
texto que revele isso. Em outros termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se diz num texto
e, com isso, levar a pessoa a que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um ponto de vista, acompanhado de certa
fundamentação, que inclui a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Argumentar é
o processo pelo qual se estabelecem relações para chegar à conclusão, com base em premissas.
Persuadir é um processo de convencimento, por meio da argumentação, no qual se procura convencer
os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu comportamento.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão válida, expõem-se com clareza os
fundamentos de uma ideia ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos
subliminares, chantagens sentimentais, com o emprego de "apelações", como a inflexão de voz, a mímica
e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, expositiva e argumentativa. Esta exige
argumentação, razões a favor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta dados
sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos dados levantados, a maneira de expô-los no
texto já revelam uma "tomada de posição", a adoção de um ponto de vista na dissertação, ainda que sem
a apresentação explícita de argumentos. Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como
discussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a possibilidade de
discordar ou concordar parcialmente. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fundamentos, os motivos, os
porquês da defesa de um ponto de vista.
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argumentativa. A argumentação está
presente em qualquer tipo de discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, é necessária a capacidade de conhecer
outros pontos de vista e seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, a análise de
argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom

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exercício para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvolver as seguintes
habilidades:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor
que adote a posição totalmente contrária;

- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os argumentos que essa pessoa


imaginária possivelmente apresentaria contra a argumentação proposta;

- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta.

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argumentar consiste em estabelecer relações


para tirar conclusões válidas, como se procede no método dialético. O método dialético não envolve
apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da
realidade pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o método de raciocínio silogístico, baseado
na dedução, que parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mesma coisa, e
pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado
em partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio de deduções, a
conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos e determinar o lugar
de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a argumentação dos trabalhos
acadêmicos. Descartes propôs quatro regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca da verdade:

- evidência;
- divisão ou análise;
- ordem ou dedução;
- enumeração.

A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na
enumeração pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado
nas regras cartesianas, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. As
três proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da
menor. A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a
universalidade.
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o
particular, e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral
para o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de verdades
universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso do
raciocínio vai da causa para o efeito. Exemplo:

Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)


Fulano é homem (premissa menor = particular)
Logo, Fulano é mortal (conclusão)

A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-se em uma conexão ascendente, do


particular para o geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do
efeito para a causa. Exemplo:

O calor dilata o ferro (particular)


O calor dilata o bronze (particular)
O calor dilata o cobre (particular)
O ferro, o bronze, o cobre são metais
Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

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Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira
se as duas premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, pode-se partir
de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma
definição inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas
do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de argumentação de
paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:

- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?


- Lógico, concordo.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
- Claro que não!
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...

Exemplos de sofismas:

Dedução
Todo professor tem um diploma (geral, universal)
Fulano tem um diploma (particular)
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)

Indução
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral – conclusão falsa)

Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas
que têm diploma são professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-se
erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A "simples inspeção" é a ausência de
análise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
sentimentos não ditados pela razão.
Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamentais, que contribuem para a descoberta
ou comprovação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem outros
métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os processos de dedução e indução à natureza
de uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio demonstrativo,
comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa.

Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; a análise parte do todo para as
partes, a síntese, das partes para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recompõe o todo pela
reunião das partes. Sabe-se, porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um
amontoado de partes. Só reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente
combinadas, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria
reconstruído.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por meio da integração das partes, reunidas
e relacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, que é a
decomposição. A análise, no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir
o todo em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim relacionadas:

Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.


Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.

A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias a respeito do tema proposto, de seu
desdobramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha dos
elementos que farão parte do texto.

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Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou informal. A análise formal pode ser
científica ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experimentais. A
análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os
elementos constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece as necessárias relações de
dependência e hierarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: análise é decomposição e classificação
é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos por suas diferenças e semelhanças;
fora das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou menos
arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são empregados de modo mais ou menos
convencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. A
classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal,
pintassilgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira.

Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.


Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.

Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre
eles. Estabelecer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é uma
habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o menos
importante e, no final, o impacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na classificação.
A elaboração do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do
plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302-304.)
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na introdução, os termos e conceitos sejam
definidos, pois, para expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racionalmente
as posições assumidas e os argumentos que as justificam. É muito importante deixar claro o campo da
discussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de vista sobre
ele.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da linguagem e consiste na enumeração das
qualidades próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a espécie
a que pertence, demonstra: a característica que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição é um dos mais importantes, sobretudo
no âmbito das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às palavras seu
sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado.
Segundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
- o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
- a diferença específica.

O que distingue o termo definido de outros elementos da mesma espécie. Exemplo:

Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:

Elemento espécie diferença


a ser definido específica

É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por exemplo: Análise é quando a gente
decompõe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de
tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequada à redação
acadêmica. Tão importante é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para

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determinar os "requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar os
seguintes requisitos:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel”
(classe em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta ou
instalação”;
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os exemplos específicos da coisa definida,
e suficientemente restritos para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, definição, quando se diz que o “triângulo
não é um prisma”;
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo
ser vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito
longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expandida;
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo
(o gênero) + adjuntos (as diferenças).

As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma
operação metalinguística que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a palavra e
seus significados.
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sempre é fundamental procurar um porquê,
uma razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada com
argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver
acompanhado de uma fundamentação coerente e adequada.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica, que foram abordados
anteriormente, auxiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode
reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões
organizam-se de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer,
verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está expresso
corretamente; se há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que
se aprendem os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é
relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e a conclusão.

Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos argumentativos mais empregados


para comprovar uma afirmação: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.

Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio de exemplos, hierarquizar afirmações.
São expressões comuns nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompanhados de expressões: considerando
os dados; conforme os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez
que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.

Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar ou esclarecer os pontos de vista


apresentados. Pode-se alcançar esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na
explicitação por definição, empregam-se expressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na
verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, segundo,
na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no entender de, no pensamento de. A explicitação
se faz também pela interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse
ponto de vista.

Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de elementos que comprovam uma
opinião, tais como a enumeração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em seguida, então,
presentemente, antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes
expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no interior,
nas grandes cidades, no sul, no leste...

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Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabelecer a comparação, com a
finalidade de comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma,
tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-se as
expressões: mais que, menos que, melhor que, pior que.

Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o poder de persuasão de um texto
dissertativo encontram-se:

Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade reconhecida em certa área do


conhecimento dá apoio a uma afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no corpo de um texto constituem
argumentos de autoridade. Ao fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na linha
de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo
de argumento tem mais caráter confirmatório que comprobatório.

Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam explicação ou comprovação, pois seu


conteúdo é aceito como válido por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
caso, incluem-se:
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, mortal, aspira à imortalidade);
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postulados e axiomas);
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem
razões que a própria razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se discute);
diz respeito à fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que parece absurdo).

Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de um fato ou afirmação pode ser


comprovada por meio de dados concretos, estatísticos ou documentais.

Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se realiza por meio de argumentos


racionais, baseados na lógica: causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.

Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, julgamento, pronunciamentos,


apreciações que expressam opiniões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, e
só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que expresse uma opinião pessoal só terá
validade se fundamentada na evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade dos
argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-argumentação ou refutação. São vários os
processos de contra-argumentação:

Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstrando o absurdo da consequência.


Exemplo clássico é a contra-argumentação do cordeiro, na conhecida fábula "O lobo e o cordeiro";

Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses para eliminá-las, apresentando-se,
então, aquela que se julga verdadeira;

Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opinião pessoal subjetiva do enunciador,


restringindo-se a universalidade da afirmação;

Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consiste em refutar um argumento


empregando os testemunhos de autoridade que contrariam a afirmação apresentada;

Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em desautorizar dados reais, demonstrando


que o enunciador baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Por
exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados estatísticos, que "o controle demográfico
produz o desenvolvimento", afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois se baseia em uma relação
de causa-efeito difícil de ser comprovada. Para contra-argumentar, propõe-se uma relação inversa: "o
desenvolvimento é que gera o controle demográfico".

Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para desenvolver um tema, que podem ser
analisadas e adaptadas ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em seguida,
sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação.

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Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução tecnológica

- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder a interrogação (assumir um ponto de


vista); dar o porquê da resposta, justificar, criando um argumento básico;
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e construir uma contra-argumentação;
pensar a forma de refutação que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la (rever tipos
de argumentação);
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente
ligadas ao tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto;
essas ideias transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento
básico;
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias
selecionadas, obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a
seguinte:

Introdução

- função social da ciência e da tecnologia;


- definições de ciência e tecnologia;
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.

Desenvolvimento

- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvolvimento tecnológico;


- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologicamente desenvolvida e a dependência
tecnológica dos países subdesenvolvidos;
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e
diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros urbanos;
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar mais a sociedade.

Conclusão

- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequências maléficas;


- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados.

Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de redação: é um dos possíveis.

Artigo de Opinião

Segundo Marina Cabral, é comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais,
temas polêmicos que exigem uma posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o
autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e,
para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis
de contestar.

Para produzir um bom artigo de opinião é aconselhável seguir algumas orientações. Observe:
a) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num papel os argumentos que mais lhe agradam,
eles podem ser úteis para fundamentar o ponto de vista que você irá desenvolver.

b) Ao compor seu texto, leve em consideração o interlocutor: quem irá ler a sua produção. A linguagem
deve ser adequada ao gênero e ao perfil do público leitor.

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c) Escolha os argumentos, entre os que anotou, que podem fundamentar a ideia principal do texto de
modo mais consciente, e desenvolva-os.

d) Pense num enunciado capaz de expressar a ideia principal que pretende defender.

e) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto: retome o que foi exposto, ou confirme a ideia
principal, ou faça uma citação de algum escritor ou alguém importante na área relativa ao tema debatido.

f) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade do leitor.

g) Após o término do texto, releia e observe se nele você se posiciona claramente sobre o tema; se a
ideia está fundamentada em argumentos fortes e se estão bem desenvolvidos; se a linguagem está
adequada ao gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e, por fim, observe se o texto como
um todo é persuasivo.

Argumentações de Artigos de Opinião

Argumento de Causa: Propor uma relação com uma causa e consequência em sua argumentação.

Argumento de Autoridade: Sempre usar uma fonte, ou um estudo confiável para ter uma
credibilidade ao que você defende.

Argumento de Exemplificação: Mostrar inúmeras comparações e exemplos para ilustrar o seu


argumento.

Veja um exemplo de Artigo de Opinião:

Vendedor brasileiro está menos simpático

Por Bruno Caetano

O brasileiro é sorridente, certo? Nem sempre... Pesquisa realizada pela empresa sueca Better
Business World Wide, divulgada no final de agosto, mostra o Brasil no penúltimo lugar na classificação
sobre atendimento a clientes iniciados com um sorriso. Ou seja, o consumidor entra na loja e muitas vezes
encontra o vendedor de cara fechada. Será que a simpatia deixou de ser uma das nossas marcas
registradas? O levantamento em questão, chamado Smiling Report, foi feito em 2014 em 69 países e
resultou em um ranking com 16 posições. A liderança é dos irlandeses, com 97% de atendimentos
começados com sorriso. O Brasil aparece em 15º, com 79%, na frente apenas do Japão.
Como se não bastasse o mau posicionamento, pioramos nesse quesito, já que na edição de 2013 da
pesquisa estávamos na nona colocação. Pela conclusão da Shopper Experience, empresa parceira da
pesquisa no Brasil, é grave o fato de dois em cada dez consumidores entrarem nas lojas do nosso País
e serem recebidos sem um sorriso, dada a quantidade de estabelecimentos. E realmente é, pois estamos
falando de milhares de pontos de venda de produtos e serviços, onde o contato direto com o público tem
papel determinante para a imagem da empresa. O levantamento aponta que também estamos mal no
índice de vendas adicionais conquistadas pelos atendentes. A média dos países nesse item foi de 52%;
o Brasil ficou em 37%, de novo apenas antes do Japão. Honduras foi o líder nesse indicador, com 97%.
Não tem segredo para melhorar a situação: é preciso investir em atendimento de qualidade.
Quando preços e produtos são iguais ou similares, é o relacionamento com o cliente que faz a
diferença, pois é capaz de despertar no consumidor a vontade de adquirir algo e ainda fidelizá-lo. O dono
de um negócio deve, portanto, escolher muito bem os integrantes da sua equipe, treiná-los e motivá-los
para que o sorriso apareça, seja sincero e o público se sinta bem no estabelecimento. Com tanta
concorrência, é fácil o cliente virar as costas porque não se sentiu bem recebido e preferir gastar seu
dinheiro em outra loja. Além disso, na atual conjuntura econômica, em que as pessoas estão mais
seletivas e com poder de compra reduzido, perder negócio porque o vendedor está de mau humor ou é
impensável.
Bruno Caetano é diretor superintendente do Sebrae-SP

Fonte: http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-SIMPATICO

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Questão

Velocidade do metrô supera muito a dos carros em SP

Os trens da Companhia do Metropolitano de São Paulo (metrô) circulam com velocidade média até
quatro vezes maior do que a dos carros nas ruas da metrópole. No horário de pico da noite, entre 17h e
20h, os usuários do transporte público sobre trilhos deslocam-se a 32,4 quilômetros por hora (km/h), em
média. Enquanto isso, os paulistanos que estão atrás do volante trafegam a 7,6 km/h, quase no ritmo de
um pedestre.
Na manhã, entre 7h e 10h, os números sofrem algumas alterações. O carro melhora seu desempenho
e atinge a velocidade de uma bicicleta, 20,6 km/h. O metrô mantém os 32,4 km/h, conforme mostram os
dados obtidos pelo estado por meio da Lei de Acesso à Informação. As velocidades dos carros foram
medidas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) no corredor modelo da cidade – Avenidas
Eusébio Matoso e Rebouças e Rua da Consolação.
Circulam diariamente pela cidade 4,2 milhões de carros. O metrô paulistano recebe 4,7 milhões de
passageiros, provenientes de toda a região metropolitana. Embora o metrô seja mais rápido, muitos
paulistanos preferem usar carro.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/velocidade-do-metro-upera-muito-a-dos-carros-em-sp>.
Acesso em: 7/3/2014, com adaptações.

1. (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF –


TÉCNICO EM ELETRÔNICA – IADES/2014) Quanto à tipologia, o texto lido é, predominantemente,
(A) descritivo, pois está voltado apenas para a representação das características dos trens do metrô e
dos carros de São Paulo.
(B) narrativo, pois desenvolve uma sequência de acontecimentos durante alguns períodos do dia em
São Paulo.
(C) dissertativo, pois apresenta e analisa dados sobre a velocidade dos trens do metrô de São Paulo
e a dos carros que circulam pela metrópole.
(D) narrativo, pois relata episódios sobre os horários de pico de São Paulo.
(E) dissertativo, pois apresenta e discute uma opinião sobre a qualidade do serviço prestado pelo metrô
de São Paulo.

Resposta

1. Resposta: C
O texto apresenta características da descrição, mas, como é destacado no enunciado: predomina o
dissertativo, analisando dados que dão ao autor base para argumentação.

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