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Nestas obras, os rostos e pescoços dos dois personagens estão cobertos por panos, podendo

ter uma variedade de interpretações, a gosto do observador: eles se amam sem se ver; eles já
se conhecem e não precisam se ver para se amarem; ou se ver não é importante para se amar;
ou ainda que para ser feliz é preciso viver escondido… lembrando também que o corpo da
mãe de Magritte, que havia se suicidado nas águas de um rio quando ele ainda era
adolescente, ter sido encontrado com o rosto coberto por um pano.
Você provavelmente sente uma espécie de inquietação ao observar a obra. Esse desespero
não é causado pelo tecido que cobre os rostos em si, mas sim pela forma como eles estão
posicionados. Perceba que eles embarram contra as faces e se enrolam nos pescoços, e é
como se nós, espectadores, pudéssemos sentir um pouco do sufocamento do casal.
Esta pintura mostra uma figura masculina de terno preto, abraçado com uma mulher vestida
de vermelho. As figuras estão se beijando, mas, curiosamente, através dos véus. E é isso que
faz a pintura ser provocadora. Há várias interpretações possíveis para as pinturas de Magritte.
Desejos frustrados são um tema comum no trabalho dele. Aqui, uma barreira de tecido
impede o abraço íntimo entre dois amantes, transformando um ato de paixão em isolamento e
frustração. Uma possível interpretação para essa pintura, é a representação de nossa
incapacidade de revelar totalmente a verdadeira natureza de nossos companheiros mais
íntimos.
Ficamos apenas com o mistério e a incerteza, o que torna o trabalho dele mais misterioso e
mais atraente.
O beijo dos amantes envoltos no tecido das relações sociais mais íntimas. Algo dúbio na
obviedade da cena: eles escondem seus rostos um do outro, dos outros ou de si mesmos?
Pode-se enxergar muito pouco de alguém quando se está envolto na relação. Dizem que só
conhecemos a pessoa quando tudo acaba. De qualquer forma, não se pode mostrar tudo ao
outro, nem mesmo na intimidade, carnal ou abstrata. Embora no egoísmo intrínseco o outro
seja, em grande medida nas relações humanas, uma projeção da própria satisfação ou desejo.
Talvez não importe o que o outro é ou o que se possa ver dele, enquanto eu mesmo esteja
escondido na profundidade por detrás das aparências.
Magritte garante o deslocamento do olhar com uma cena ao mesmo tempo estranha e
intrigante. Traços perfeitos, perspectiva matemática, cores carregadas. Aliás, a perspectiva da
cena é garantida pelas linhas da parede e do teto, com friso. O fundo cinza é neutro, mas
marcante, carregado, o que destaca a cena do beijo. O amor é cego ou não enxerga pelas
cortinas das relações?
Ao observar este belo quadro, os aspetos mais significativos são: os rostos que se encontram
carinhosamente próximos e cobertos por panos brancos, a presença de três planos: o casal, o
homem vestido com roupa clássica, camisa branca, fato e gravata pretos, e a mulher com um
delicado vestido vermelho; a paisagem verdejante e o horizonte azulado com a existência de
algumas nuvens. As cores que se destacam são o vermelho, o verde, o azul, o preto e ,
finalmente, o branco.
Este quadro transmite a ideia de um amor proibido, um amor cego, perturbado pelo
preconceito social. Por detrás daqueles panos brancos, esconde-se a vergonha, o amor, o
desconhecido. Apesar de se amarem profundamente, estão condenados por uma sociedade
inflexível. Os trajes demonstram um estatuto social respeitado e, assim sendo, não se
admitem falhas, imperfeições. Refugiam-se então no confiável campo que encobre uma
relação proibida. As cores predominantes do plano principal simbolizam isso mesmo, o
vermelho, o amor, a energia de lutarem por uma aceitação e o preto, que remete para o lado
obscuro da relação, o mistério, o isolamento, a morte e a solidão. Por outro lado, o verde traz-
nos a esperança do equilíbrio e da harmonia entre o universo e a existência deste afeto. Na
verdade, este amor é puro, retratado pelo branco, e merece ser usufruído em tranquilidade.
Apesar da intolerância deste afeto por parte das pessoas, vemos a proteção que o homem
oferece à mulher visto que este a encobre com os robustos braços.
Imagem de um casal se beijando com o rosto coberto por mantos lisos e creme ou brancos, o
que os faz se destacar muito rapidamente quando se olha a pintura. À medida que os mantos
são colados aos rostos e pelas roupas que cada um veste, pode-se saber quem é o homem e
quem é a mulher. Dá uma sensação de asfixia. Você pode ver algumas das facções de cada
uma. O beijo é super próximo é a sensação de ser um beijo super apaixonado, mas ao mesmo
tempo em que são cobertos pelo manto, eles não podiam sentir a pele um do outro.
Eles estão em uma sala com duas paredes, uma de cor vermelha, que é quente e a outra
parede, de azul, que é fria. Possui as três linhas que são altura, largura e profundidade.
Esta imagem reflete claramente o mistério sobre as cabeças entupidas e também a falta de
sentimento de que, apesar do beijo que dão um ao outro, parece apaixonado pela proximidade
dos rostos, eles não podem tocar sua pele, não podem sentir. Pelo nome do trabalho, você
pode dizer que são dois amantes, existe o que é proibido pela sociedade.

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