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EXPROPRIAÇÕES: DOS IMPACTES DOS PLANOS

MUNICIPAIS DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO


À IDENTIFICAÇÃO LOCAL DAS ÁREAS A
EXPROPRIAR

Autoria: MIGUEL JOSÉ MESQUITA FERNANDES


Importância do uso de informação correcta e precisa sobre o
território na implantação de infra-estruturas

Esta
Estatese:
apresentação::
- avalia a importância da qualidade dos dados a várias escalas

- discute questões de transposição de orientações regionais para a escala


local

 … pretendendo verificar até que ponto a compatibilidade ou incompatibilidade da


informação existente a várias escalas pode condicionar a construção de infra-
estruturas

Utiliza-se o caso das expropriações para demonstrar que a transposição de


informação contida a várias escalas deverá ser feita com cuidados acrescidos
Em última análise:
Demonstrar que as ferramentas SIG têm um papel fundamental no apoio à decisão e
na construção de respostas transparentes
Metodologia do trabalho:
Numa primeira fase: enquadramento geral da actual legislação relacionada
Estacom
tese:
as expropriações, onde é feito um resumo do Código das Expropriações e
recolha bibliográfica relacionada com abordagens de diversos autores ao
novo código.

Segue-se uma abordagem a importância dos SIG como ferramenta


fundamental ao apoio à tomada de decisão. Necessidade da articulação CAD
/ SIG e as questões da normalização geográfica

Nos capítulos seguintes pretende-se demonstrar o principal objectivo deste


estudo com a análise de um caso prático, onde são analisadas:
- as diferenças entre cartografias a diferentes escalas
- detecção de erros, sua quantificação, formas de os minimizar
- de que forma os SIG poderão contribuir para que o processo de
expropriações se possa processar de forma clara, objectiva e justa
Finalmente, serão dadas orientações relativamente à qualidade dos dados
e reflexão sobre a importância dos SIG
Importância de informação cadastral correcta e precisa

Cadastro do IGP (Instituto Geográfico Português) incompleto


Esta tese: do IFAP (ex-INGA (Instituto Nacional de Intervenção e Garantia
Caso exemplar
Agrícola)

SIP (Sistema de Informação Parcelar)

Cadastro rural, muito mais abrangente que o do


IGP, embora diferente nos objectivos

Tem a referenciação geográfica das explorações


agrícolas de forma unificada e coerente

Sem um cadastro preciso e coerente o processo expropriativo não é eficiente

Graves prejuízos para o expropriado e entidade expropriante


Compreende duas fases:
EXPROPRIAÇÃO Elaboração dos projectos de expropriação

Condução do processo expropriativo

Emissão da
Declaração de Utilidade Pública Remetida ao Ministro
devidamente fundamentada pela Entidade Expropriante ou à Assembleia Municipal

Esta tese:
Realização da Vistoria ad perpetuam rei memoriam
Proposta ao expropriado
no local pelos interessados, perito e curador provisório

Resposta
SIM positiva do NÃO
expropriado

Tentativa Expropriação
de acordo
NÃO litigiosa

Celebração
do auto Expropriação SIM Constituição da arbitragem
ou acordo amigável promovida pela entidade expropriante

Designação dos árbitros


No caso das pelo Tribunal da relação
expropriações amigáveis
as indemnizações Processo litigioso sem
podem ser também carácter de urgente
Emissão do acordão
pagas em prestações,
cedência de bens e direitos Recorrente deve SIM Recurso
fundamentar razões

NÃO
Recurso
SIM NÃO
admitido

Atribuição das
Avaliação a presidir pelo tribunal indemnizações
por 5 peritos

Depósito das Recurso


SIM NÃO
indemnizações aprovado
Análise crítica ao Código das Expropriações (pesquisa bibliográfica )

“O novo código introduziu alguns bloqueios na materialização das obras públicas,


nomeadamente o enfraquecimento da Entidade expropriante, por lhe escapar o controle
dos acontecimentos e por fomentar a via litigiosa, provocando sobre custos
desnecessários, paralisação das obras, atraso da sua entrada ao serviço e, ainda,
injustiças no tratamento dos expropriados”.
“…que teve o grande mérito de possuir como objectivo norteador a articulação mais
equilibrada dos vários interesses em jogo, constituindo uma proposta mais justa quer
para o expropriante, quer para o expropriado”.
“…constituiu um reconhecido esforço no sentido de se consignar o direito à justa
indemnização, bem como um esforço real para que se alcançasse o já referido equilíbrio
entre o esforço privado e o esforço público”.
“…são várias as insuficiências do actual Código das Expropriações, faltando fazer a
articulação com o actual Regime dos Instrumentos de Gestão Territorial, com a nova
Reforma da Tributação do Património”.
“...a injustiça que é para um proprietário de um terreno inserido em zona de RAN ou REN,
que não seja objecto de expropriação, ver o seu vizinho ser expropriado e receber uma
quantia choruda (…) classificando e valorizando como “apto para construção” um
terreno não edificável”.
Valor (m²) de terreno a expropriar (solo apto para construção)
V=[(AxB)x(C+D)-E

A - Índice máximo de ocupação definido pelo PDM (máx. de 1:1)


B - Custo da construção - regimes de habitação a custos controlados
C - Valor do solo apto para a construção (máx. de 15% do custo de
construção, % que varia com a localização do terreno)
D - Percentagem (de 0 a 10%) conforme os terrenos estejam ou não
servidos pelas diversas infra-estruturas
E - Eventual dedução de percentagem para implantação de infra-
estruturas no local

V x área = H Valor a indemnizar


Se houver uma parte de um terreno que não é expropriada, pode
existir a desvalorização da parcela sobrante [F], tendo de ser
corrigido o valor da indemnização em H + F
SIG e Tomada de Decisão

Os Sistemas de Apoio à decisão não substituem o decisor

Suportam a resolução de problemas não estruturados

Melhoram a eficácia do processo de tomada de decisão

Grandes bases de Problemas de Geridos por técnicas de


dados Data-Warehousing Data-Mining

Elevada percentagem dos dados têm componente geo-espacial

SIG como ferramenta de suporte à decisão


Articulação CAD / SIG

Necessidade da uma maior integração das ferramentas de desenho e


edição CAD com as funcionalidades de análise SIG

Nas versões mais


recentes de CAD
novas capacidades
têm vindo a ser
incrementadas
As questões da normalização da Informação Geográfica

Importância da facilidade de identificação da informação


Acesso que se efectue de forma eficaz
De fácil integração

NORMALIZAÇÃO da informação

A organização Open GIS Consortium (OGC) produziu as normas OGIS


(Open Geodata Interoperability Specification)

propondo normas para transferência de dados espaciais


e dos respectivos metadados
CASO DE ESTUDO
Cartografia de base para este trabalho:
Estudo Prévio do troço Pombal-Alenquer
da ligação Lisboa-Porto em alta
velocidade para a RAVE

Pelo consórcio Cenor/Viaponte


• Cartografia à escala 1:5000
• Formato Auto CAD (dwg)
Outros dados fornecidos pelo consórcio:
provenientes das CM’s atravessadas pela linha

Em diversos formatos (dwg, dgn,


shapefile, etc.)

e em diversas escalas (1:5000,


1:10000, 1:25000, etc.)
Articulação CAD / SIG: análise de exemplo

Ambiente CAD Ambiente SIG

Aparentemente não houve perda de informação ao passar de


um formato para outro
Problemas da Cartografia à escala 1:5000
- Tabelas de atributos com pouca informação
- Apenas as curvas de nível têm a cota (Z) associada
Problemas gerais da restante cartografia:
- Muita informação e variada
- E respeita a diversos municípios que tendem a adoptar
critérios diferentes no tratamento da informação

Sobreposição de 2 cartografias
diferentes:

escala 1:5.000 – a vermelho


escala 1:10.000 – a azul
Análise dos metadados da informação recebida
Excerto da Cartografia à
escala 1:5000 (zona de
Alenquer) e respectivos
metadados (retirados do
ArcCatalog)

Extracto de Carta de
Ocupação de Solo da
mesma zona (formato
shapefile) e respectivos
metadados

Verifica-se haver pouca meta-informação associada a estas


cartografias
Análise e cruzamento da informação disponível

 Não sendo possível obter a informação cadastral, uma forma de


corrigir essa informação é comparar a Cartografia à escala 1:5000
com outra, fazendo-se posteriormente as devidas correcções

 Quando toda a informação estiver corrigida está em condições


de se poder cruzar com a informação cadastral

 A informação diversa disponibilizada permite encontrar nela


erros que poderão ter consequências nas expropriações
De entre essa informação foi escolhida a da zona de Pombal, indo ser
comparado o seguinte:
- Cartografia à escala 1:5000 (Carta 57)
- Cartografia Militar (escala 1:25000)
- Planta de Ordenamento da zona em análise

A comparação vai cingir-se aos seguintes elementos geográficos:

Pontos cotados
Curvas de nível
Vias
Casas
Verificando-se onde existem erros ou GAP’s (Geographical Area
Problems), (ou seja locais onde a informação é contraditória) e a
sua quantificação
Alguns exemplos dos GAP’s detectados
1. Comparação entre a Cartografia à
escala 1:5000 e a Cartografia
Militar

Tipo de Erros:
Posição
Omissão
Representação
2. Comparação entre a Cartografia à escala 1:5000 e a Planta
de Ordenamento

3. Comparação entre a Cartografia à escala 1:25000 e a Planta de


Ordenamento
Tabela síntese dos erros assinalados

Escalas 1:5000 / 1:25000: erro maior: 20,75 m (casas e vias); maior erro médio:
13,16 m (pontos cotados)
1:5000 / Planta Ordenamento: erro maior: 150 m (vias)
1:25000 / Planta Ordenamento: erro maior: 152 m (vias)
Erros médios maiores

Planta Ordenamento / Cartografia 1:5000

Informação temática
erros admissíveis para cartografia:
Mais abrangente
1:5000 < 1:25000
de carácter não local
mas regional

1:5000 / Planta Ordenamento


Grandes
1:25000 / Planta Ordenamento dispersões
dos valores
dos erros
1:5000 / 1:25000 (vias e curvas nível)
(casas)

erro médio: 2,21m Pequenos desvios Grandes desvios padrão


IMPACTES DOS GAP’s NO PROCESSO DE EXPROPRIAÇÕES

Para um mesmo local:


à escala à escala
local Falta de informação precisa regional

Existência de contradição na informação

Problemas a diversos níveis

expropriações ambiental urbanístico ordenamento


território
situações de injustiça social
prejuízos erário público
atrasos nos projectos nas obras
No nosso estudo:
- Planta de Ordenamento tem carácter vinculativo (PDM)
- Detectados GAP’s na comparação de diversas
cartografias a escalas locais
Contradição na informação

determinação de um erro médio padrão

estruturação dos dados da informação geográfica disponível

informação geográfica fiável para ser usada

no processo mecanismos não outros


expropriativo expropriativos do plano
urbanístico
CONCLUSÕES
 Importância da qualidade dos dados às diferentes escalas

 Importância dos cuidados a ter aquando da transposição da


informação quando se passa da escala local para a regional e
vice-versa

Na execução de um projecto é importante que haja informação


cadastral precisa e disponível e que a mesma esteja integrada em
SIG de forma a que qualquer alteração ou revisão seja feita de
forma expedita

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