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(e-STJ Fl.

1820)
N414° I 1°
LACAZ MARTINS, R. PADRE )01,0 MANOEL, 923 8° ANDAR ng^
01411-001 Sio PAULO 5P BRASIL
PEREIRA NETO, TEI-:(5.5 11)3897-0100

GUREVICH FAX (5511)3068.8379


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& SCHOUERI SÃO PAULO


ArnD VOGADOS BRASILIA
RIO DE JANEIRO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 7' (SÉTIMA) VARA


CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS - SP

SEÇÃO DE PROTOCOLO
COMARCA DE CAMPINAS -SP

ti Processo n.° 0037590-14.2010.8.26.0114 (ordem n.° 1440/2010

CONSTRUTORA KAPLAN S.A., por seus advogados, referindo-se à


Ação de Dissolução de Sociedade, com pedido de apuração de haveres, que lhe promove
15 ABR 2016

Ricardo Luiz Barbam Paixão


Matrícula 800.688

MAURÍCIO KAPLAN, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em atenção à r.


sentença proferida, e com fulcro nos artigos 513 e seguintes do CPC/73 (1.009 e seguintes do
NCPC), interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo a remessa das anexas
razões ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, para que delas conheça e lhes
confira provimento.
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1.- Quanto às custas de preparo e de porte de remessa e retorno, requer a


Ré, ora Apelante, a isenção do recolhimento, pugnando-se pela concessão da gratuidade, o que
faz nos seguintes termos.

DOCAS - 3968855v5 / 10539-75378


(e-STJ Fl.1821)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

2. -Consoante restou apurado no laudo pericial produzido nos presentes


autos para aferição dos haveres, a Companhia Ré não vem auferindo lucros há anos (pelo menos
desde 2006), motivo pelo qual seu fundo de comércio é negativo. Ou seja, a situação econômico -
financeira da Ré é deveras deficitária e bem por isso não tem condições de arcar com as custas
processuais, notadamente com as custas recursais no importe de R$ 70.650,00 (setenta mil e
seiscentos e cinquenta reais).

3. -Tal situação econômico -financeira deficitária é confirmada pelos anexos


extratos de conta -corrente e balancetes (doc.1). Perceba que a Companhia vem cumulando
resultados negativos, conforme já havia atestado o laudo pericial.

4. -Ademais disso, cumpre observar que, em decorrência da iniciativa do


próprio Autor, a Ré está impossibilitada de promover qualquer ato de disposição do patrimônio
imobiliário que detém, em razão da indisponibilidade determinada nos autos do Agravo de
Instrumento n.° 0256503-77.2011.8.26.0000, o que lhe retira qualquer possibilidade de auferir
valores para viabilizar o recolhimento das custas.

5. -Desta feita, com fulcro no artigo 98 do NCPC c/c art.1° do Decreto


1.050/60, requer a concessão dos benefícios da justiça gratuita.

6.- Por fim, requer que todas as notificações e intimações referentes ao


presente processo sejam feitas em nome do advogado RODRIGO BENEVIDES DE

e CARVALHO, inscrito na OAB/SP sob o n.° 139.494, sob pena de nulidade.

Termos em que,
pede deferimento.
São Paulo, 12 de abril de 2016

,41/*IZt
Rodrigo Benevides de Carvalho
OAB/SP 139.494
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enrique M. de Oliveira
OAB/SP 286.529
t
Alberto L aini A. Santos
OAB/SP 3 4.270

DOCS - 3968855v5 / 10539-75378 2


(e-STJ Fl.1822)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

RAZÕES DE APELAÇÃO
e

Apelantes: CONSTRUTORA KAPLAN S.A.

Apelado: - MAURÍCIO KAPLAN

Egrégio Tribunal

Coleada Câmara

Ínclitos Julgadores

I,- Trata-se, na origem, de ação de dissolução de sociedade c/c


111.

apuração de haveres. O Autor, ora Apelado, alegando quebra da affectio societatis entre os
acionistas que compõem a Companhia Ré, ora Apelante, requereu a dissolução parcial da
sociedade e o pagamento dos haveres sociais que lhes seriam devidos, tudo tendo por data -base
(para a sua retirada da sociedade) a propositura da ação (19.07.2010).

2.-
A r. sentença proferida julgou parcialmente procedente os pedidos
formulados, confirmando a exclusão do Apelado da Sociedade Apelante, já antecipada pelas
decisões de fls.1.414, 1.418 e 1.426. Ainda, a r. sentença condenou a Apelante ao pagamento de
haveres no importe de R$ 4.658.869,95 (quatro milhões, seiscentos e cinquenta e oito mil,
oitocentos e sessenta e nove reais e noventa e cinco centavos). Confira-se, pois, o dispositivo da
r. sentença.

"Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os pedidos, extinguindo o processo


com resolução do mérito, com fundamento no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para
declarar parcialmente dissolvida CONSTRUTORA KAPLAN S.A, confirmando a liminar que deferiu
a retirada do sócio MAURICIO KAPLAN desde 15 de maio de 2015. Condeno a ré ao pagamento de
R$ 4.658.869,95, relativos aos haveres do autor, devendo ser pago 50% no prazo de 90 dias e o
restante no prazo de dois anos, a ser liquidado em sentença, conforme determinado em
fundamentação. Findo o prazo sem o cumprimento da obrigação, determino a incidência de juros de
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mora de 1% e correção monetária pela tabela do Tribunal de Justiça de São Paulo. Diante da
sucumbência preponderante, arcará o requerido com o pagamento das custas e despesas processuais e
de honorários advocatícios no importe de importe de 15% do valor da causa, nos termos do art. 20 §3°
do Código de Processo Civil. Publique-se. Registre-se. Intime-se."

DOCS - 3968855v5 / 10539-75378 3


(e-STJ Fl.1823)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
SCHOUERI
ADVOOADDS
8

3.- As partes opuseram embargos de declaração com vistas a


5
esclarecer determinados pontos da r. sentença. Contudo, apenas os declaratórios da Apelante
restaram parcialmente acolhidos para esclarecer que a exclusão do Apelado opera efeitos desde a
propositura da ação, em consonância com a decisão antecipatória de fls.1.426. -
4.- No entanto, com o devido respeito e acatamento, a r. sentença
proferida merece parcial reforma, como se passa a demonstrar.

1.
DO VALOR DOS HAVERES

5.- A r. sentença fixou em R$ 4.658.869,95 (quatro milhões,


iih
seiscentos e cinquenta e oito mil, oitocentos e sessenta e nove reais e noventa e cinco centavos) o
IP
valor dos haveres devidos ao Apelado, quantia essa correspondente a 38,16% do ativo da
Companhia Apelante, aferido mediante perícia.

6.- No entanto, a r. sentença deixou de considerar um passivo


expressivo e determinado da Companhia, o qual deveria ser sopesado na definição dos haveres,
mormente porque aludido passivo decorre do próprio ativo avaliado pela prova pericial. Explica-
se.

7.- Consoante restou apurado no laudo pericial de fls. 716/755 e


esclarecimentos de fls. 1.116/1.160, a Companhia Apelante não vem auferindo lucros há anos
(pelo menos desde 2006), motivo pelo qual seu fundo de comércio é negativo, o que para fins de
4). avaliação e apuração de haveres deve ser considerado nulo/sem valor:

"Através da análise dos documentos já mencionados, é possível verificar que com exceção do
exercício de 2008, a sociedade Ré não auferiu lucros nos anos de 2006, 2007, 2009 e 2010 (janeiro a
junho).
-
()
Ou seja, considerando os prejuízos acima mencionados e que o método empregado para apuração dos
haveres dos sócios utiliza como premissa os lucros auferidos pela sociedade, conclui-se que a
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Requerida possui fundo de comércio negativo, o qual para fins de apuração de haveres, tecnicamente,
deve considerado nulo, tendo em vista que não existe valor do bem intangível (fundo de comércio)."

8.- Isso significa dizer que o valor da Companhia corresponde


unicamente ao valor do seu ativo imobilizado. A I. Perita, ao buscar informações sobre o ativo
da Companhia Apelante, deparou-se com diversas incorreções/inconsistências contábeis, razão k tl<

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(e-STJ Fl.1824)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

pela qual houve por bem pautar o trabalho pericial com base nas declarações de imposto de
renda. A esse respeito, confira-se as considerações da I. Perita:

"Desta forma, é possível concluir que o referido livro não merece fé, sendo que a Perícia utilizou a
Declaração de Informações Econômico -Fiscais da sociedade Ré, entregue em 20/06/2008. Vale
ressaltar que a referida declaração foi entregue ao Fisco Federal, portanto, documento oficial sobre a
situação da sociedade".

Nesse passo, com base nas informações inseridas nas Declarações


9.-
de Informações Econômico -fiscais da sociedade Apelante, a I. Perita chegou à conclusão de que
o ativo da Companhia corresponderia ao importe total de R$ 12.208.894,01 (doze milhões,
duzentos e oito mil, oitocentos e noventa e quatro reais e um centavo). E foi com base nesse
41 valor que a r. sentença atribuiu os valores que seriam devidos ao Apelado a título de haveres.
1.
10.- Ocorre que, consoante demonstrado ao longo da instrução
processual e reafirmado em sede de alegações finais, para fins de determinação dos haveres, não
se pode considerar tão somente o valor do ativo apurado pela I. Perita, com base nas declarações
de renda. Com efeito, deve ser considerado também o passivo real da Companhia Apelante,
o qual não consta das declarações de renda.

O passivo real da Companhia, refere-se, especificamente, a dívidas


11.-
fiscais, as quais, consoante certidões anexadas às fls.1.185/1.381, correspondem ao montante de
R$ 799.991,84. Essa dívida fiscal, que será paga pela Companhia, não pode ser desprezada, sob
pena de beneficio indevido ao Apelado.

*e 12.- Aludidas dívidas fiscais são oriundas tão somente do Imposto


Predial Territorial Urbano (IPTU) dos imóveis que compõem o ativo da Companhia,
anteriores ao ano de 2010, declarados regularmente ao fisco

- 13.- - -Nesse passo, é forçoso convir que se o valor dos imóveis


declarados ao fisco serviu de base para avaliação do valor da empresa, enquanto ativo da
Companhia Apelante, certo é que o passivo fiscal intrinsecamente relacionado a tais imóveis
deve, de igual forma, compor o cálculo, pois constitui um passivo real da Companhia apto a
Documento recebido eletronicamente da origem

incidir, inclusive, diretamente sobre os próprios bens imóveis.

14.- Dessa maneira, a divida fiscal no importe de R$ 799.991,84


(setecentos e noventa e nove mil, novecentos e noventa e um reais e oitenta e quatro centavos)
deve ser considerada proporcionalmente nos cálculos dos haveres devidos ao Apelado, uma vez

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(e-STJ Fl.1825)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
CUREVICH
Sc SCHOUERI
ADVOGADOS

que corresponde a um passivo real da Companhia, de origem do próprio ativo (bens imóveis).
Desta feita, levando-se em conta o passivo fiscal, o cálculo dos haveres fica assim disposto:

Sócios Participa- Valor Total - R$ Participação - Dívida Nova


ção - % (junho/2010) R$ Fiscal Participação -
Municipal R$
(IPTU &
outros) - R$
Mauricio 38,16% 4.658.896,95 305.276,88 4.353.620,07
Kaplan
Yone 35,34% 12.208.894,01 4.314.601,79 282.717,11 4.031.884,68
Kaplan
Moscovici
Melissa 12,57% 1.534.650,13 100.558,97 1.434.091,16
Voloch
Kaplan
Zlata 6,80% 830.203,47 54.399,45 775.804,02
Kaplan
Rubinsky
Clara 5,02% 612.883,71 40.159,60 572.724,11
Voloch
Kaplan
Rachel 2,11% 257.657,96 16.879,83 240.778,13
Kaplan

Total: 100% 12.208.894,01 799.991,84 11.408.902,17

15.- Perceba que ao invés de R$ 4.658.869,95 (quatro milhões,


seiscentos e cinquenta e oito mil, oitocentos e sessenta e nove reais e noventa e cinco centavos),
caberia ao Apelado o valor de R$ 4.353.620,07 (quatro milhões, trezentos e cinquenta e três mil,
seiscentos e vinte reais e sete centavos).

Para que não paire dúvidas quanto à necessidade de considerar


16.-
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aludidos valores na eventual atribuição de haveres, confira-se as considerações finais do


Assistente Técnico Guilherme Pereira Mendes (fls.1.177):

"Vale salientar que esta divida é inerente ao próprio Ativo da Companhia, pois decorrem de
lançamentos de IPTU, encargos e demais consectários legais lançados sobre os imóveis de
titularidade da Companhia.

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(e-STJ Fl.1826)

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PEREIRA NETO,
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

Dessa maneira, tendo em vista que os imóveis constituem o ativo patrimonial da Companhia,
cujas avaliações (dos imóveis) serviram de base para atribuir valor à Companhia e,
consequentemente, aos haveres sociais, deve tal quantia ser proporcionalmente descontada do
valor total de avaliação, sob pena de promover avaliação incorreta da Companhia, o que
beneficiaria o sócio que pretende retirada."

17.- A r. sentença, a seu modo, não ignora a responsabilidade do _


Apelado em relação ao referido passivo. Porém, deixa de considerá-lo a partir da inferência de
que caberia à Apelante buscar outra via para responsabilizar o Apelado. Veja-se:

Contudo, assiste razão à requerida no que tange às responsabilidades do acionista pelos seus atos de
gestão nas esferas civil, criminal, previdenciária, trabalhista e tributária, seja pelos prejuízos que a
empresa sofreu, como os comprovados débitos tributários de fls. 1185/1381, seja pelos prejuízos que
virá a sofrer em virtude das ações em andamento, seja pelos prejuízos que vier a sofrer por todos os
atos praticados até 15 de maio de 2015.

18.- Aludido entendimento, data venta, não pode prevalecer. Isso


porque o débito fiscal de IPTU não decorre da prática de ato ilícito que dependesse de apuração
em via própria, mas sim do direito de propriedade da Companhia sobre os imóveis.

Assim, tendo em vista que a declaração de valor dos imóveis


19.-
enviadas à Receita Federal serviu de base para avaliação da empresa, os respectivos débitos
fiscais constantes da certidão de débitos obtidas junto ao ente municipal devem igualmente
compor os cálculos dos haveres.

20.-
Com o devido respeito, ignorar o passivo real da Companhia do
qual se tem plena ciência e precisão de valores proporciona ao Apelado o recebimento de valores
que não lhe são devidos, ou seja, o enriquecimento sem causa, circunstância vedada pelo artigo
884 do Código Civil.

21.-
Pelo exposto, requer a reforma da r. sentença, para seja adequado o
valor dos haveres atribuídos ao Apelado para o importe de R$ 4.353.620,07 (quatro milhões,
trezentos e cinquenta e três mil, seiscentos e vinte reais e sete centavos).
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II.
DA FORMA E OPORTUNIDADE DO PAGAMENTO DOS HAVERES

A r. sentença apelada determinou que 50% (cinquenta por cento)


22.-
dos haveres sejam pagos no prazo de 90 dias a contar do trânsito em julgado e os outros 50%
(cinquenta por cento) fiquem suspensos pelo prazo de dois anos, a fim de que sejam apurados os

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(e-STJ Fl.1827)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
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atos ilícitos praticados pelo Apelado frente à Companhia, objeto de diversas outras ações.
Também foi determinado que o pagamento dos haveres se dê, preferencialmente, em dinheiro,
mediante 5% do faturamento mensal da Companhia até atingir o valor devido, com possibilidade
de pagamento em bens, caso não haja disponibilidade de dinheiro. Porém, quanto a esses pontos, _

a r. sentença merece alguns reparos.

Como bem ponderado na r. sentença, os atos ilícitos praticados


23.-
pelo Apelado frente à Companhia não podem ser ignorados e devem ser sopesados nesta
demanda, notadamente quanto à oportunidade para pagamento dos haveres.

24.-
Conforme já exaustivamente demonstrado em ocasiões anteriores,
o Apelado e seu núcleo familiar foram responsáveis pela prática de inúmeras irregularidades na
condução dos negócios da Apelante, que culminaram no beneficio pessoal e direto do Apelado
ou da empresa por ele constituída (Kaplan Projetos).

25.-
Referidas irregularidades são objetos de diversas ações cíveis e até
mesmo de ação penal, por denúncia do Ministério Público. Por essas razões, até que se tenha
uma conclusão definitiva das ações propostas (frise-se, decorrente do elo societário havido,
objeto da presente ação), eventual pagamento dos haveres deverá permanecer suspenso, a teor do
disposto no artigo 265, IV, do CPC/73. Confira-se, nesse sentido, o entendimento deste Egrégio
Tribunal de Justiça de São Paulo:

"Dissolução de Sociedade - Despacho que determinou a suspensão do feito até decisão final da
ação de prestação de contas envolvendo as mesmas partes - Admissibilidade, diante da
*e existência de prejudicialidade - Correta aplicação do artigo 265, IV, "a", do CPC - Decisão mantida
- Recurso improvido"
(Tribunal de Justiça de São Paulo, Agravo 42.479-8-00, 8' Câmara de Direito Privado, Relator Saltes
Rossi, j. 26.01.06 - destacamos)

26.- A nova lei processual, vale observar, cuidou de disciplinar a


hipótese aqui tratada, possibilitando a sociedade pugnar por indenização face ao sócio retirante, a
ser compensada nos mesmo autos da ação dissolutória (art.602 do NCPC). Tal dispositivo
consagra justamente a ideia que se pretende fazer prevalecer na presente demanda, ou seja, a
Documento recebido eletronicamente da origem

ideia de que do pagamento dos haveres devem ser abatidos os prejuízos causados pelo sócio
junto à sociedade. Como não foi possível formular pedido desta natureza nos mesmos autos desta
ação, é imperioso que seja aguardada a solução, nos outros autos, das demandas propriamente
ajuizadas para o fim indenizatório.

DOCS - 3968855v5 / 10539-75378 8


(e-STJ Fl.1828)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

27.-
Desta feita, não há que se cogitar o pagamento imediato, ainda que
parcial dos haveres (50%), como disposto na r. sentença, até porque o Apelado dá mostras de que
não detém condições financeiras de arcar com o prejuízo causado. Veja-se que, por meio da
petição de fls. 1.494/1.523, o Apelado informa passar por crise financeira e deter uma divida de
mais de R$ 1.491.288,21 junto ao Banco Bradesco, situação com base na qual pugna pelo
diferimento das custas processuais.

28.- Ora, Excelências, diante da situação confessa do Apelado, está


claro que se houver o pagamento dos haveres antes de serem ultimadas as ações que visam a sua
responsabilização pelos atos praticados frente à Companhia Apelante, os valores eventualmente
recebidos serão consumidos por suas dívidas ordinárias e, em especial, pela dívida existente
perante o Banco Bradesco no importe de mais de 1 milhão de reais!

29.-Com efeito, o Apelado releva uma situação próxima à insolvência,


o que reafirma a necessidade e adequação de que seja aguardado o encerramento dos litígios que
envolvem as partes para pagamento dos haveres, até porque, frise-se mais uma vez, decorrem
referidos litígios do vinculo societário aqui debatido.

30.-
Quanto à forma de pagamento dos haveres, não há outra forma que
não seja a dação em pagamento de bens da Companhia. Desde a primeira oportunidade que a
Apelante teve para falar nos autos, deixou-se claro que a Sociedade não possui liquidez para
saldar eventuais haveres sociais, pois suas atividades estão limitadas a administrar as locações de
seus imóveis, direcionando-se todo o faturamento para saldar as dívidas correntes e passivos
derivados dos atos irregulares praticados pelo Apelado e seu núcleo familiar (mulher e filho),
enquanto gestores da Sociedade Apelante.

31.- Essa situação econômico -patrimonial deficitária, apesar de ser até


mesmo fato incontroverso, restou evidenciada no laudo pericial produzido, que consignou
expressamente que a Sociedade Ré não aufere lucro há anos, tem fundo de comercio negativo,
sendo seu valor determinado pelo seu ativo imobilizado, conforme abordado anteriormente. Não
por outra razão, a I. Perita concluiu categoricamente que a Sociedade Apelante não detém
condição financeira de pagar, em dinheiro, os haveres que caberiam ao Apelado (vide resposta
Documento recebido eletronicamente da origem

ao quesito 27)

"Quanto a disponibilidades, a sociedade Ré, em 30/06/2010, possuía uma valor total de R$ 19.760,17
(dezenove mil, setecentos e sessenta reais e dezessete centavos), conforme Balanço Patrimonial
encerrado em junho de 2010 (anexo 1 deste Laudo pericial. Ou seja, valor insuficiente para
pagamento dos haveres do Requerente."

DOCS - 3968855v5 / 10539-75378 9


(e-STJ Fl.1829)

LACAZ MARTINS,
PEREIRA NETO,
yo.j
GUREVICH
& SCHOUERI
ADVOGADOS

Tal conclusão é corroborada pelos esclarecimentos prestados pela


32.-
I. Perita, notadamente pela planilha de fls. 1.120. Diante da peculiar situação, deve-se buscar
soluções alternativas para que se possa satisfazer os haveres do Apelado e ao mesmo tempo
preservar a Sociedade, evitando-se a completa dissolução, como escreve Henrique Cunha _

Barbosa: -

Para que o pagamento dos haveres se faça da forma mais indolor para a sociedade, preservando
igualmente seus credores, há de se buscar algumas saídas, evitando tanto quanto possível infortúnios
disso lutórios.1

Como bem ponderado pelo autor citado, a apuração e liquidação


33.-
dos haveres deve ocorrer da forma menos prejudicial às partes, notadamente à Sociedade,
evitando-se ao máximo que a saída do sócio promova a dissolução completa da Sociedade.
ler
34.- Isso porque, "a continuidade da empresa interessa à ordem
econômica e social. A sociedade que a explora só deverá dissolver-se, entrar em liquidação, por
motivos graves, previstos na lei ou no contrato "2.

Nesse sentido, é que passou a ser admitida a denominada


35.-
dissolução parcial, instituto que visa a evitar que a mera dissidência entre sócios possa
comprometer a existência da sociedade e bem assim preservar a atividade econômica da empresa
por ela explorada.

36.-
A preservação da empresa, há muito defendida pela doutrina e pela
jurisprudência, vem sendo objeto de intensa a atividade legislativa, que paulatinamente está
criando mecanismos para preservação de toda e qualquer atividade empresarial, pois representa
fonte de riqueza e emprego. Cita-se, por exemplo, as inovações trazidas pela Lei 11.101/2005,
que criou procedimento mais protetivo à atividade empresarial, com a possibilidade da superação
de situação de crise mediante Recuperação Judicial ou Extrajudicial.

Desse modo, considerando as peculiaridades do caso vertente, em


37.-
que a Sociedade Apelante inequivocamente não tem dinheiro disponível (ativos financeiros) para
Documento recebido eletronicamente da origem

pagamento dos haveres, é de rigor seja autorizado o pagamento em bens (dação em pagamento
via entrega de ativos), não havendo que se cogitar o pagamento mediante parcela do
faturamento, como referido na r. sentença.

Barbosa, Henrique Cunha. A exclusão do acionista controlador da sociedade anônima. Rio de Janeiro: Elsevier,
2009, p.112
2 Requião, Rubens. Curso de Direito Comercial, 2° volume. São Paulo: Saraiva, 2013, p.423

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(e-STJ Fl.1830)

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Tal solução, é importante destacar, além de estar em consonância


38.-
com os preceitos legais de preservação da empresa, tem previsão na própria Lei das Sociedades
Anônimas, notadamente nos artigos 210, inciso 1V3, e 215, §1°4, que tratam da utilização de bens
para pagamento dos haveres. Nesse sentido, leciona Celso Barbi Filho, em obra dedicada a tratar___
_ especialmente da dissolução parcial:

"As normas legais subsidiariamente aplicáveis à situação vêm da vigente Lei das Sociedades -
Anônimas (n. 6.404/1976). Nesse diploma, não mais vigora o art.140, V, do antigo Decreto -Lei n.
2.627/1940, que exigia, na liquidação, fosse todo o ativo reduzido a dinheiro para pagamento do
passivo e partilha do remanescente entre os acionistas. Hoje, pela regra dos arts.210, inciso IV, e 215,
§0, da atual lei, admite a atribuição de bens aos sócios na liquidação.
Dal assinalar Mauro Rodrigues Penteado que "não há mais a obrigação de o liquidante vender todos
os bens do ativo, de forma a pagar os credores ou distribuir o saldo remanescente aos acionistas em
moeda corrente, - embora na grande maioria dos caos seja esse o procedimento adotado, por ser o
mais prático e confortável para uns e para outros. O que leva notar é maleabilidade da solução legal
vigente, apta a tender situações em que a liquidação melhor se realiza com a dação de bens em
pagamento aos credores sociais, ou com a distribuição in natura do resíduo patrimonial aos
acionistas".
Com efeito, veja-se o exemplo de uma sociedade que possua grande estoque de baixa liquidez,
mas avaliado em seu preço médio de mercado na apuração dos haveres. Não conseguindo a
sociedade realizar tal estoque para pagamento ao retirante no prazo fixado em sentença, nada
mais lógico do que se lhe entregar parte do ativo. Para tais eventualidades, deve o juiz deixar
estabelecida na decisão a possibilidade , na existência de recursos líquidos, a dação de bens sociais em
pagamento dos haveres, entregando-se ao dissidente uma parte proporcional de cada conjunto de bens
sociais fungíveis ou que comportem divisão.
Ademais, destaque-se que, sendo a dissolução parcial stricto sensu uma variante da total,
ip procedida com os mesmo critérios contábeis, nada mais razoável do OU se lhe aplicarem regras
legais atinentes à liquidação do patrimônio social.
A não se admitir que a sociedade possa efetuar o pagamento dos haveres em bens, chegar -se -Ia à
absurda hipótese de que a dissolução parcial acarrete, como ultima consequência, a própria
falência da Pessoa jurídica, promovida pelo sócio que, executando a sentença dissolutória, não
consiga receber seu quinhão em espécie. Isso negaria a gênese do instituto da dissolução parcial,
que reside exatamente no objetivo de preservacão da empresa.
A execução judicial dessa dívida pecuniária, representada pelos haveres reconhecidos ao sócio na
sentença de dissolução parcial já liquidada, é o remédio extremo a última alternativa só cablve
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3 Art. 210. São deveres do liquidante:


(-)
IV - ultimar os negócios da companhia, realizar o ativo, pagar o passivo, e partilhar o remanescente entre os
acionistas.
4 Art. 215. A assembléia -geral pode deliberar que antes de ultimada a liquidação, e depois de pagos todos os

credores, se façam rateios entre os acionistas, à proporção que se forem apurando os haveres sociais.
§ P É facultado à assembléia -geral aprovar, pelo voto de acionistas que representem 90% (noventa por cento), no
mínimo, das ações, depois de pagos ou garantidos os credores, condições especiais para a partilha do ativ
remanescente, com a atribuição de bens aos sócios, pelo valor contábil ou outro por ela fixado.

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quando a sociedade recusa-se terminantemente a pagar, em dinheiro ou bens, os haveres do


retirante.5

_ -
Como bem apreendido pelo autor citado, negar a possibilidade do
39.-
pagamento em bens em hipóteses que, a semelhança da presente ação, não existe outro meio de - -

satisfação dos haveres, significa impor a dissolução total da sociedade, situação que, como _-
verificado, deve ser evitada ao máximo.

A possibilidade de utilizar bens/ativos sociais para pagamento dos


40.-
haveres, diante das peculiaridades do patrimônio da Sociedade, é também apoiada pela doutrina
de Priscila M. P. Corrêa Fonseca que afirma que "muitas vezes, tal modo [pagamento em bens]
de liquidação pode até se revelar mais conveniente para a própria sociedade, devido à falta de
liquidez suficiente para fazer frente ao valor da quota do retirante "6, o que só vem corroborar
o quanto já referido anteriormente.

Não se pode deixar de mencionar que, por força do artigo 668 do


41.-
Código de Processo Civil de 1939 (aplicável nos termos do artigo 1.218, inciso VII, do CPC/73,
vigente ao tempo da r. sentença) o Juiz tem o poder discricionário para determinar as
providências que entender cabíveis para a dissolução da sociedade, especialmente naquelas
hipóteses de omissão do contrato social e ausência de acordo entre as partes (exatamente a
hipótese aqui examinada). Preceitua o aludido artigo:

ikáginer Art. 668. Se a morte ou a retirada de qualquer dos sócios não causar a dissolução da sociedade, serão
mor apurados exclusivamente os seus haveres fazendo-se o pagamento pelo modo estabelecido no
contrato social, ou pelo convencionado, ou, ainda, pelo determinado na sentença.

42.- O dispositivo referido é de meridiana clareza ao dispor que cabe ao


Juiz, na hipótese de omissão do contrato social ou ausência de convenção entre as partes,
estabelecer o modo pelo qual será realizada a dissolução.
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43.-
Essa disposição legal, aliada ao espírito de preservação da empresa
hoje não mais objeto tão somente de construção doutrinária e jurisprudencial, mas também de
norma positivada, sem sombra dúvidas confere o poder/dever de se estabelecer a forma mais

5 Barbi Filho, Celso. Dissolução parcial de sociedades limitadas. Belo Horizonte: Mandamentos, 2004, p.514/515
6 Fonseca, Priscila M. P. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão. 4° edição. São Paulo: Atlas, 2007,
p.237/238

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(e-STJ Fl.1832)

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adequada para pagamento dos haveres nestes autos. E, como visto, não há outra possibilidade
que não seja o pagamento dos haveres mediante parcela dos bens imóveis da Sociedade Ré.

44.- Há, ainda, outra questão é suma relevância. É importante


ressaltar que a Apelante, em decorrência da iniciativa do próprio Apelado, está impossibilitada
de promover qualquer ato de disposição do patrimônio imobiliário que detém, em razão da -
indisponibilidade determinada nos autos do Agravo de Instrumento n.° 0256503- -
77.2011.8.26.0000. Dessa forma, a Ré nem ao menos tem condições de, por si própria, adotar
providencias para tentar viabilizar o pagamento em dinheiro dos haveres que seriam devidos ao

e
Autor.

Trata-se, com efeito, de item fundamental. A Apelante não tem


45.-
disponibilidade de seu patrimônio em função da iniciativa do próprio Apelado. Com isso, não
pode vender bens e, principalmente, ainda que pudesse, uma venda seria concretizada de maneira
incrivelmente desfavorável, considerando a desvalorização pelo mercado (que atravessa
momento muito ruim) e pelo conflito de sócios existente (a gerar insegurança a terceiros).

Diante disso, é inexorável a conclusão de que o pagamento dos


46.-
haveres do Apelante deve se dar, tão somente, mediante bem(ens) imóvel(eis) a ser(em)
destacado(s) do patrimônio da Sociedade Apelante.

47.- Vale acrescentar que, considerando a relação existente entre o


Apelado e os demais acionistas, deve-se evitar a constituição de condomínio sobre os bens, fato
que deve ser observado quando da determinação judicial a respeito da forma de pagamento dos
haveres. Nesse passo, examinando-se a lista e ativos, é plenamente possível que o pagamento
seja realizado com bens que findem por permanecer sob a propriedade isolada do Apelado.

48.- Pelo exposto, é imperiosa a reforma da r. sentença para (i)


determinar que o pagamento dos haveres fique suspenso até serem ultimadas as ações em que -
contendem as partes, em decorrência da relação societária estabelecida; e (ii) o pagamento dos
haveres ocorra apenas e tão somente mediante bens da sociedade Apelante.
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III.

DECLARAÇÃO DOS EFEITOS DOS ATOS PRATICADOS PELO AUTOR FRENTE À


COMPANHIA

49.- No que diz respeito aos atos praticados pelo Apelado frente à

1
Companhia após a sua retirada, restou consignado na r. sentença o seguinte:

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Dessa forma, mantenho a decisão de fls. 1414 a que antecipou parcialmente os efeitos da tutela,
decretando a dissolução parcial da sociedade requerida quanto ao autor.
Declaro como inexistentes todos os atos praticados pelo autor enquanto sócio da requerida desde a
prolação da referida liminar, ou seja, todos os atos praticados em face à Companhia a partir de
15.05.2015.

Como se verifica, restou confirmada a decisão de fls. 1.414 que


50.-
antecipou parcialmente os efeitos da tutela para considerar o Apelado retirado da sociedade.
Adicionalmente a isso, o D. Juízo a quo reputou inexistentes os atos praticados pelo Apelado
frente à Companhia apenas os atos posteriores à 15.05.2015 (data da prolação dar. decisão).

51.- Tal determinação, contudo, não se harmonizava com as


determinações pretéritas, o que possivelmente ocorreu por não ter sido observado que a referida
IP decisão de fls.1.414 havia sido objeto de dois declaratórios, julgados pelas decisões de fls.1.418
e 1.426, in verbis.

Fls.1.418
J. recebo os embargos de declaração, pois tempestivos. Contudo, inexiste omissão ou equívoco na
decisão, tendo em vista ser EVIDENTE que, tendo sido decretada a exclusão do autor, do quadro
societário, a partir da publicação ele não poderá participar de qualquer ato da sociedade requerida.
Rejeito, portanto, os embargos. Int.

Fls.1.426
Declaro a decisão de fls. 1414 a fim de constar que a retirada do sócio autor produzirá efeitos da
data do ajuizamento da ação, notadamente porque, quanto a tal pedido, a parte requerida não
apresentou qualquer oposição, em contestação. Intime-se.

Como se verifica das decisões de fls.1.418 e 1.426 (que integram a


52.-
decisão de fls.1.414), a retirada do Apelado da Companhia Apelante produz efeitos a partir da
data de ajuizamento da ação, ou seja, a partir de 19.07.2010. Porém, de maneira contraditória e
incompatível _com as decisões pretéritas atinentes à antecipação dos efeitos da tutela, a r.
sentença declarou inexistentes apenas os atos posteriores à 15.05.2015 (data da prolação da
decisão de fls.1.414) praticados pelo Apelado frente à Companhia, ao passo que, por consectário
lógico das decisões de fls. 1.418 e 1.426, deveriam ser declarados inexistentes todos os atos
Documento recebido eletronicamente da origem

posteriores à 19.07.2010. Diante disso, a Apelante manejou embargos de declaração que


restaram parcialmente acolhidos nos seguintes termos:

Vistos.
Conheço de ambos os embargos de declaração porquanto tempestivo.
Esclareço que o juiz sentenciante não se ateve aos embargos declaratórios de fls.
1426. Portanto, nesse particular, acolho os embargos para esclarecer que os efeitos da tutela

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(e-STJ Fl.1834)

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deverão retroagir à data da propositura da ação.


Os demais pontos abordados por ambas as partes devem ser refletidos em sede de
apelação, pois representam insatisfação com a sentença (inclusive o que tange a verba honoraria), o
que não é matéria de embargo.
Ficam estes embargos fazendo parte da sentença.

53.-
Como se vê, a inexistência dos atos praticados pelo Apelado frente
a Companhia não restou declarada com nitidez, limitando-se o D. Juízo a afirmar que a saída do
Apelado operam efeitos desde a propositura da ação.

Diante disso, requer o provimento do presente apelo para seja


54.-

*e declarado, expressamente, a inexistência de todos os atos praticados pelo Apelado frente à


Companhia desde 19.07.2010.

1V.
DA GRATUIDADE

55.- Consoante restou apurado no laudo pericial produzido nos


Presentes autos para aferição dos haveres, a Companhia Ré não vem auferindo lucros há anos
(pelo menos desde 2006), motivo pelo qual seu fundo de comércio é negativo. Ou seja, a
situação econômico -financeira da Ré é deveras deficitária e bem por isso não tem condições de
arcar com as custas processuais, notadamente com as custas recursais no importe de R$
70.650,00 (setenta mil e seiscentos e cinquenta reais).

56.-
Tal situação econômico -financeira deficitária é confirmada pelos
anexos extratos de conta -corrente e balancetes trimestrais do ano de 2015 (doc. 1). Note-se que
nos balancetes do ano de 2015, as demonstrações de resultado foram negativas nos 3 (três)
primeiros trimestres, em R$26.275.28 (fls. 4), R$42.251,01 (fls. 4) e R$40.291,81 (fls. 4),
respectivamente.

57.- Apenas no último trimestre a demonstração de resultado foi


positiva, entretanto, no valor irrisório de R$3.203,95 (fls.4). Referida quantia, a toda evidência,
não faz frente ao vultoso importe das custas recursais (R$70.650,00).
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58.- Mesmo porque, no primeiro trimestre deste ano, novamente a


Apelante apresentou resultado negativo, no importe de 54.180,30 (fls. 4 - doc. 2).

59.- Ademais disso, cumpre observar que, em decorrência da iniciativa


do próprio Autor, a Ré está impossibilitada de promover qualquer ato de disposição do
patrimônio imobiliário que detém, em razão da indisponibilidade determinada nos autos do

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(e-STJ Fl.1835)

LACAZ MARTINS, ne
PEREIRA NETO,
OUREVICH
& SCHOUERI -
St
AUVOGA DOS

Agravo de Instrumento n.° 0256503-77.2011.8.26.0000, o que lhe retira qualquer possibilidade


de auferir valores para viabilizar o recolhimento das custas.

60.- Desta feita, com fulcro no artigo 98 do NCPC ele art. 1° do _

Decreto 1.050/60, requer a concessão dos beneficios da justiça gratuita.

V.
CONCLUSÃO

61.- Pelo exposto, requer:

(i) sejam concedidos os beneficios da assistência judiciária gratuita, uma vez que a
Apelante não possui condições de arcar com as custas recursais, conforme
amplamente demonstrado na razões acima;

(ii) seja provido o presente recurso para determinar o abatimento dos débitos de
IPTU dos haveres apurados nos autos, sendo que o pagamento de tais haveres
deverá ficar suspenso até o término das ações em que contendem as partes, bem
como ser efetuado tão somente mediante bens da Apelante;

(iii) seja provido o recurso também para declarar, expressamente, a inexistência de


todos os atos praticados pelo Apelado frente à Companhia desde 19.07.2010.

Termos em que,
)
pede deferimento.
São Paulo, 12 de abril de 2016

Rodrigo Benevides de Carvalho


OAB/SP 139.494
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uardrique M. de Oliveira
OAB/SP 286.529

Alb o Luiz A. Santos


OAB/SP ,(270

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