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2.2.

1 - Iconicicidade (talvez, este ponto sairá)

Para entendermos o que é iconicidade, precisamos antes explicar a


noção de arbitrariedade. Os estudos estruturalistas tendem a se apegar a
estrutura da língua ignorando a motivação para a construção dos itens lexicais,
os linguistas dessa vertente não concebem correlato natural entre o que se fala
e o objeto em si, para eles o nome que é dado as coisas é arbitrário, de acordo
com Martelotta (2015):

Essa posição parece dever-se ao fato de os


estruturalistas (sobretudo os norte-americanos)
tenderem a não trabalhar com entidades mentais
vagas e pouco acessíveis à análise empírica,
chegando mesmo a negar a existência de
pensamento, ou qualquer estrutura mental
organizada, preexistente à linguagem (Martelotta,
2015, p. ).

Assim, para boa parte dos estruturalistas não existe a motivação para a
criação de determinado item lexical, trata-se de algo arbitrário. De acordo com
Martelotta (2015), quando se analisa a palavra de forma isolada não se
percebe, realmente, a relação entre significante e significado. Isso muda
quando altera-se o foco da pesquisa para o uso da língua em si, “observa-se a
existência de mecanismos recorrentes, que refletem um processo mais
funcional de criar rótulos novos para novos referentes.” (MARTELOTTA et al,
2015, p. 16). Acontece que para criar novos rótulos o falante se utiliza de
palavras já existentes: “o falante não inventa arbitrariamente sequências novas
de sons, mas tende fortemente a utilizar material já existente na língua,
estendendo o sentido das palavras”. (Ibid., p. 16) Isso pode acontecer de
diversas formas, por exemplo: alocar palavras que carregam um certo valor
semântico para nomear outras coisas que não tem um nome específico ou não
se sabe o nome específico como “céu da boca”, “perna do óculos”, Ullman
(apud MARTELOTTA, 2015) chama isso de motivação semântica. O falante
simplesmente utiliza palavras de seu conhecimento para dar nomes a coisas
que não conhece, por exemplo, em céu da boca, o falante desconhece o termo
palato, então utiliza palavras de seu vocabulário para completar a lacuna da
falta de palavra, e para isso se utiliza de palavras que conhece, no caso céu.
Ullman (apud MARTELOTTA, 2015) também destaca mais dois
mecanismos chamados de motivação morfológica e motivação fonética, tendo
como exemplos respectivamente palavras criadas por derivação e composição
(leiteiro, cachaceiro, aguardente, girassol, etc.) e as chamadas onomatopeias
(bang, pow, cocorocó) nas quais as palavras imitam as coisas designadas.

Esses três mecanismos têm em comum o fato de


serem motivados no sentido básico do termo: a
palavra assume uma forma específica por um
motivo determinado. Assim a palavra, pé por
exemplo, apresenta uma relação semântica com as
partes da mesa, destinadas à sua sustentação, ou o
termo apagador deve-se ao fato de tratar-se de um
instrumento utilizado para apagar algo no quadro,
normalmente em uma sala de aula.
(MARTELOTTA, 2015, p. 16)

A esses processos, isto é, essas motivações, os funcionalistas chamam


de iconicidade. Há outros processos que também são descritos pelo princípio
da iconicidade, ou não arbitrariedade, como alguns estruturalistas gostam de
chamar, mas para não nos alongarmos demais, tais definições serão
suficientes ao nossos objetivos com essa pesquisa.

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