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SOLOS
.0.
1. DEFINIÇÃO DE SOLO E DE SUBSOLO
Solo
O solo é a formação natural resultante de uma superfície com estrutura móvel e
espessura variável, resultante da transformação da rocha - mãe subjacente sob
a influência de diversos factores físicos, químicos e biológicos. (A. Demolon)
Solo agrícola
Parte da crosta terrestre susceptível de assegurar o desenvolvimento da
planta.
Camada arável
É a zona mais superficial do terreno e na qual se desenvolvem grande parte
das raízes das plantas cultivadas. É a mais atingida e modificada pelos
trabalhos de lavoura, de mobilização ou de pastoreio. Não ultrapassa em regra
os 30 cm.
Subsolo
Constituído pela camada ou camadas subjacentes. Só excepcionalmente é
modificado por mobilizações mais ou menos profundas ou por raízes de maior
porte e sistema mais profundante.
Rochas
As rochas podem definir-se como grandes massas naturais, pertencentes
ao reino mineral, de características mais ou menos constantes e que
entram na constituição da crusta terrestre.
.1.
2. ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS AGRÍCOLAS
◘ Desagregação física
◘ Alteração química
◘ Processos biológicos
◘ Movimentos de elementos ou migrações
Estes fenómenos por sua vez são influenciados por diversos factores:
◘ Clima
◘ Rocha mãe
◘ Vegetação
◘ Relevo
◘ Homem
◘ Tempo
A superfície da Terra é formada por vários tipos de rocha. Mesmo duras, essas
rochas podem quebrar-se, dando origem ao solo que pisamos. Além de outros
factores, a água tem um papel muito importante nesse fenómeno. Ela
pode modificar os minerais presentes nas rochas e desmanchá-las,
formando estratos ou camadas. As variações de temperatura, ao provocarem
diferenças de dilatação, originam a fissuração das rochas. A água penetra
nessas fissuras
e, sob a acção do gelo, provoca o seu alargamento. O vento e as águas
de escoamento asseguram a erosão das rochas.
Uma estreita camada de solo pode demorar séculos - milénios até - para
formar-se e estar pronta para ser usada. É por causa da lentidão desse
processo que os homens precisam encontrar meios de proteger os solos dos
danos provocados pela erosão, um fenómeno que, se não for controlado, pode
ser bastante destrutivo.
Em todos os solos encontram-se estes diferentes tipos de acção, mas
com intensidade diferente segundo a intervenção de vários factores: clima,
rocha mãe, vegetação, relevo, Homem, tempo.
a) Clima
Em climas diferentes a mesma rocha pode dar solos diferentes. Em
climas semelhantes rochas diferentes podem originar solos semelhantes.
A rocha exposta aos raios solares e à água da chuva vai sofrendo alterações no
seu aspecto físico e na sua composição química.
b) Rocha mãe
A rocha é um factor passivo, ou de resistência, na formação do solo e sobre o
qual vão actuando outros factores.
Intervém pela sua duração e pela sua permeabilidade, por um lado e por outro
pela sua natureza química.
Uma rocha permeável (areia) será favorável a uma evolução mais rápida
do
que uma rocha impermeável (granito).
c) Vegetação
Com o início da desagregação da rocha surgem fendas e aí aparecem logo as
primeiras plantas – musgos, líquenes, etc..
d) Relevo
O relevo atesta bem a acção construtiva e destrutiva dos vários agentes
atmosféricos e está directamente relacionado com as diversas formações
rochosas.
À medida que cultiva o solo, o Homem poderá ir fazendo mais ou menos solo,
exemplo típico são as vinhas do Douro implantadas em rochas de xisto
cuja decomposição o homem vai acelerando com máquinas e alfaias.
f) Tempo
Os processos de formação e evolução do solo decorrem ao longo do tempo,
sendo de esperar que independentemente de outros factores , quanto maior o
período de exposição aos agentes atmosféricos, tanto maior a espessura
(profundidade) do solo. E sobretudo melhor se diferenciam as diferentes
camadas.
▪ Aluvissolos
São solos pouco evoluídos sem horizontes claramente diferenciados,
praticamente reduzidos ao material originário. São constituídos por
depósitos estratificados de aluviões (depósitos junto às margens dos rios).
▪ Podzóis
São solos evoluídos de perfil ABC.
A matéria orgânica ácida produzida na charneca ou sob floresta de resinosas,
decompõe-se lentamente formando um horizonte escuro na superfície. Os
produtos de degradação desta matéria orgânica atacam a argila e
os elementos solúveis muito finos são arrastados. Forma-se um horizonte A
muito pobre, constituído por grãos de quartzo finos e cinzentos. Por
baixo, o horizonte B é muito compacto pelos elementos tirados de A.
São medíocres solos de cultura, pobres e ácidos.
▪ Hidromórficos
São solos sujeitos a encharcamento temporário ou permanente que
provoca intensos fenómenos de redução em todo ou em parte do seu perfil
Solos:
Distinguem-se grosso modo duas grandes manchas de solos:
Paisagem agrária:
Sequeiro onde predominam as culturas de cereais (trigo, aveia e cevada),
algumas consociações de aveia x leguminosas, cultura do grão de bico, olival,
vinha, algumas manchas de sobreiral, eucaliptal e pinhal. Este último
mais concentrado a norte dos concelhos de Rio Maior e Santarém.
Esta zona tem sofrido modificações com a reconversão do olival, tendo surgido
zonas de terra limpa que têm vindo a ser ocupadas com culturas regadas com
água proveniente de furos, utilizando modernos sistemas de rega. Também a
transferência da vinha do CAMPO para o BAIRRO proporcionou algumas
modificações.
Além das zonas cultivadas existe também prados espontâneos e uma pequena
parte de floresta.
CAMPO
Solos
No vale do Tejo há a considerar.
- A montante da Azambuja até Abrantes, os aluviossolos modernos calcários
de textura mediana, alguns ligeiros e outros pesados, sujeitos na maioria a
cheias no Inverno. Surgem também nesta zonas pequenas manchas
de solos mal drenados.
- A jusante da Azambuja os solos são salgados, em aluviões normalmente de
textura pesada, com ou sem calcário.
Paisagem agrária:
Culturas regadas (tomate, melão, milho e pimento), pomares e vinha.
Além dos solos cultivados surgem algumas pastagens, notando-se ainda uma
certa vocação florestal dos solos pela presença do pinheiro, eucalipto e
sobreiro.
CHARNECA
Solos
É uma extensa zona de solos arenosos com poucos declives e recortada por
alguns vales aluvionares.
Os solos provém de depósitos grosseiros, consolidados ou não, quase sempre
com calhau rolado. De referir ainda os estreitos e frequentes vales ao
longo dos quais se desenvolvem solos hidromórficos de textura ligeira.
Paisagem agrária:
Zona de transição para a serra onde se encontram espécies arbustivas,
arbóreas (pinhal e eucalipto) e olival. Na serra são dominantes as
espécies arbustivas e pastagens naturais, com algumas manchas de
solos com capacidade agrícola.
4. ESTUDO FÍSICO DO SOLO
A terra fina compreende não só a areia, limo e argila como também o calcário e
a matéria orgânica.
Calcário: é definido pela sua natureza química – carbonato de cálcio. Não está
presente em todos os solos (ex. os solos de origem granítica estão totalmente
desprovidos de calcário).
Matéria orgânica: é definida pela sua origem viva, animal ou vegetal. Passa
por várias fases de decomposição desde a sua incorporação até à formação de
húmus estável. Existe em todos os solos, mas geralmente, em
fraca quantidade (2% a 5%).
Os outros constituintes de origem siliciosa são definidos pela dimensão
das suas partículas (ver quadro em cima).
Argila: Formada por partículas muito finas, pode permanecer muito tempo em
suspensão no estado disperso. Pode também apresentar-se no
estado floculado ( ex. na presença de cálcio a argila junta-se, formando uma
espécie de flocos; diz-se que há floculação). Esta característica confere à
argila propriedades importantes:
¤ As partículas de argila retêm os alimentos da planta: cálcio, potássio,...
¤ As partículas de argila são um elemento de coesão no solo: os flocos
de argila ligam os grãos de areia entre si – importante na estrutura do
solo.
¤ A argila absorve muita água, tornando-se impermeável.
¤ A argila contrai-se ao secar – os solos argilosos fendem-se no verão.
¤ A argila é plástica – quando está húmida é possível amassa-la e dar-
lhe a forma que se quiser, conserva esta forma ao secar.
areia
90%
limo
5%
argila
5%
Mediana
verifica-se um certo equilíbrio entre areia, limo e argila. Solos
francos. Normalmente férteis e fáceis de trabalhar.
limo
25%
argila
30%
areia
45%
Pesada ou fina
Predomina a argila. São solos pesados, difíceis de trabalhar. Conservam bem a
água, mesmo com tendência para o encharcamento. Fendilham na época seca.
Podem ser muito férteis.
argila
60%
limo
25%
areia
15%
Sem estrutura – Os grãos de areia são livres. Ex. solos muito arenosos.
Estrutura grumosa – Os agregados são arredondados e dispostos em grumos
de alguns milímetros. Há assim espaço para a circulação da água e do ar. Ex.
Solos francos
Estrutura prismática – Os agregados tem forma de prismas justapostos
deixando muito menos intervalos entre si. Ex. Solos argilosos
Porosidade
30% 20%
Sólido Água Ar
50% 50%
porosidade
infiltração
A água de infiltração é a única importante para nós. A sua proporção
em relação à agua recebida depende de vários factores:
Microrelevo – A água escorre mais facilmente sobre um solo liso do que sobre
um solo lavrado (salvo se a lavoura for efectuada no sentido de maior declive)
Cobertura vegetal - A água infiltra melhor num solo coberto de vegetação que
num solo nu.
Regime da chuva – Numa chuvada muito violenta a água não tem tempo para
se infiltrar. Numa chuvada muito fraca, a água é em grande parte evaporada. A
chuva mais eficaz é aquela que cai com uma intensidade de cerca de 1mm/h.
Uma terceira parte não é retida pelo solo. Desloca-se apenas nos macroporos
sob a acção da gravidade. Chama-se água gravitacional.
Nem todos os solos retêm a mesma quantidade de água. Por exemplo um solo
argiloso retém mais água que um arenoso. Quanto mais finos são
os elementos do solo, mais água eles retém. A sua superfície específica é
maior, portanto têm mais água higroscópica e deixam mais espaços capilares
em que a água pode ficar retida.
Existem vários conceitos que se podem estabelecer, tendo em conta a
capacidade dos solos para reter água. Esses conceitos são:
Minerais de argila
Fracção coloidal dos
Matéria orgânica (humus)
solos:
Hidróxidos de Fe e Al
2+ 2+ + + 3+ +
Ca ; Mg ; K ; Na ; Al e H
Bases de troca
2+
Em solos de reacção alcalina e neutra os catiões dominantes são Ca ;
2+ + +
Mg ; K ; Na
3+ +
Em solos de reacção ácida os catiões dominantes são Al e H
Todos os solos têm capacidade para reter elementos nutritivos para as plantas
(catiões).
Estes elementos são retidos pela argila e pelo húmus, que se ligam formando o
chamado complexo argilo-húmico.
+
Em solos ácidos os catiões que existem em maior quantidade são: H e
3+
Al . À soma destes catiões chama-se também acidez de troca.
+
Nos solos ácidos há pois excesso de iões H no complexo de adsorção,
enquanto que nos solos alcalinos predominam as bases de troca.
Ex.:
pH ÁCIDO pH ALCALINO
+ ++
O complexo retém mais H O complexo retém mais Ca
++ +
do que Ca do que H
0 6,5 7 8 14
Solos neutros
Acções do pH sobre o solo:
inconvenientes da acidez
Degradação da estrutura
++
Fenómenos de troca catiónica afectados (devido à falta de Ca )
inconvenientes da alcalinidade
++
Bloqueio de certos micronutrientes pelo ca
Espécies Valores de pH
cultivadas
4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7 7,5 8
Tremoço
Arroz
Centeio
Aveia
Tomateiro
Milho
Alface
Trigo
Oliveira
Girassol
Cevada
Luzerna
6.3. Composição química
Carbono (C)
Oxigénio (O) São extraídos do ar e da água
Hidrogénio (H)