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Produção do som “p” da palavra “papai” com fechamento do mecanismo velofaríngeo (“porta fechada”)
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2 COMO A CRIANÇA COM FISSURA VAI FALAR?
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Durante o banho, por exemplo, podemos nomear as partes do corpo
falando enquanto vamos ensaboando cada parte: “Agora vamos lavar os pés, a
perna, a barriga,...”. Durante a alimentação podemos chamar atenção para os
nomes dos alimentos, a temperatura, a cor, etc: “Hummm! Que feijão gostoso!
Ai, tá quente,... olha a folha de alface que é verde...” No inicio devemos usar
frases curtas com o nome dos objetos ou pessoas e a ação, como: “a boneca
caiu” e conforme a criança vai crescendo e entendendo mais as coisas,
podemos construir frases maiores, como: “coitada da boneca, ela caiu no chão”
(expressar o sentimento de acordo com a vivência da situação).
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Problemas com a audição, mesmo sendo
imperceptíveis e de grau leve, são bastante
comuns nas crianças com fissura de palato. E,
portanto, a audição destas crianças precisa ser
monitorada com freqüência desde o primeiro ano
de vida.
A grande maioria dos bebês que nasce com fissura no palato tem
problemas com a “porta” que separa o ouvido da garganta e devido a estes
problemas, o ouvido se enche de secreção (catarro). O mesmo catarro que sai
pelo nariz pode parar dentro do ouvido. Às vezes, devido a essa secreção, o
ouvido pode inflamar e o bebê pode chorar muito, pois tem dor. São as
chamadas otites (inflamações do ouvido). Muitos dos bebês com fissura no
palato têm otites de repetição. Isto é, mal termina uma inflamação do ouvido,
logo vem outra.
Nem todos os bebês com fissura têm otite. Mas a grande maioria tem
catarro dentro do ouvido. Como nem sempre o ouvido inflama, alguns bebês
não têm dor e às vezes nem sabemos que o ouvido está cheio de catarro.
Porém, quando o ouvido está cheio de catarro, pode haver uma perda pequena
da capacidade da criança escutar e a criança pode sentir um desconforto,
parecido com o desconforto que sentimos quando entra água no buraquinho da
orelha. Esta pequena perda de audição não costuma causar problemas para as
pessoas que já aprenderam a falar. Entretanto, para um bebê, esta diminuição
da audição pode privá-lo de escutar os sons da fala e aprender corretamente.
Portanto, a perda repetida e temporária (não é para sempre) e mesmo pequena
da audição, com a entrada de catarro dentro do ouvido, pode ser uma das
razões para aquele atraso de fala e linguagem que descrevemos
anteriormente.
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médico são essenciais para garantirmos um desenvolvimento auditivo
adequado às crianças com fissura.
Bem, não é tão simples assim. Pode acontecer da criança com fissura
de palato continuar com dificuldades para produzir os sons da fala, mesmo
após a cirurgia e mesmo sendo bem estimulada. Por quê? Isto pode ocorrer
porque mesmo após a cirurgia no palato, a porta (velofaringe) que separa o
nariz da boca pode não funcionar corretamente durante a fala, e assim o ar e
os sons podem escapar pelo nariz resultando numa fala fanhosa (hipernasal)
e/ou numa fala difícil de entender (cheia de “soquinhos”, por exemplo). O nome
que damos a esta condição é disfunção velofaríngea.
Velofaringe normal após cirurgia de palato, Disfunção velofaríngea após cirurgia de palato
ar e som saem somente da boca durante ar e som saem da boca e do nariz durante
produção da palavra “papai” produção da palavra “papai”
A fala fanhosa acontece quando o som que deveria sair somente pela
boca, sai também pelo nariz, aumentando a nasalidade da fala, por isso
chamamos esta condição de hipernasalidade. Se o ar escapa pelo nariz, a
criança também pode ter dificuldades para produzir os sons orais e então para
evitar o escape de ar, ela pode desenvolver uma fala diferente, que muitas
vezes é difícil entender. Parece que ela fala com “soquinhos” ou “raspadinhos”
na garganta. Aos sons feitos deste jeito “diferente” damos o nome de
articulação compensatória.
GARGANTA
“raspadinhos”
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Articulação compensatória, portanto, corresponde a essa maneira
diferente de falar na qual a criança produz os sons usando “soquinhos” ou
“raspadinhos” feitos na garganta (ou na parte de trás da boca). As crianças
não fazem os soquinhos ou raspadinhos porque querem ou porque não
podem mover os lábios e a língua adequadamente. Na verdade, elas não
encontram outra forma de produzir os sons orais, pois perdem muito ar pelo
nariz, já que aprendem a falar quando a porta que separa o nariz da boca não
funciona adequadamente (ou não está operada). Recomendamos que vocês
conversem com um fonoaudiólogo sobre a articulação compensatória e
esclareçam todas as dúvidas que tiverem quanto aos aspectos relacionados à
fala, linguagem e audição.
Josiane F. D. A. Neves
Jeniffer Dutka-Souza
Roberta Ribeiro Ortelan
Maria Inês Pegoraro-Krook
CONTATOS:
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São
Paulo – HRAC/USP (“Centrinho”)
Rua Silvio Marchione, 3-20 Caixa Postal: 1501 CEP: 17012-900