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P úblicas

de
P olíticas
Justiça
Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010
2 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 3
Sumário
Apresentação06

Prefácio10

Introdução 12

1. O cenário do desgoverno 21

2. A reconstrução político-administrativa 29

3. A transformação em curso  41

Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 5
Apresentação

N
as décadas finais do século XX e na virada do milênio, o Espí- A violência explode no País, e no mundo. As drogas, especialmente
rito Santo era um mosaico de problemas. Quando assumimos o crack, viraram epidemia. E temos também um aumento expressivo do
o Governo, em janeiro de 2003, o Estado estava falido. Dívida número de prisões de mulheres, quase sempre ligadas ao tráfico.
bilionária e funcionalismo com salários atrasados acentuavam a gravida- Lidamos com um problema de dimensão gigantesca e múltiplas origens.
de de uma estrutura de trabalho em ruínas. O desgoverno e a corrupção Não adianta apenas contratar mais policiais - e no Espírito Santo, o fizemos
grassavam, e o crime organizado estava infiltrado nas esferas governativas. como nunca. Desde 2004, 2.095 policiais novos já foram incorporados à
Passados oito anos, temos hoje um novo Espírito Santo. Restauramos a PM-ES, 1.021 estão em formação e foi autorizada seleção para mais mil no-
ética, reconquistamos a capacidade de investimentos e, com modernos instru- vos policiais militares. Ou seja, são 4.116 vagas criadas para o efetivo militar.
mentos de gestão, demos início à construção de uma nova era de nossa histó- Não adianta apenas construir mais presídios – e no Espírito Santo o fi-
ria. Colhemos bons resultados. Por exemplo, reduzimos as taxas de pobreza zemos como nunca. Proporcionalmente à sua população, tornamo-nos o Es-
(48%) e de extrema pobreza (54%), investimos como nunca em educação, tado brasileiro que mais investe nesse setor. São R$ 420,5 milhões de recur-
saúde, defesa social, justiça e infraestrutura, entre outras áreas prioritárias. sos próprios investidos na construção de 26 novas unidades prisionais. Com
Mas não se fez tudo. Nem se poderia fazê-lo, em função da pesada he- essas unidades serão criadas 9.984 vagas no sistema penitenciário capixaba.
rança recebida e também pelo dinamismo da história, que não para de ofe- No caso capixaba, esse pesado investimento se justifica, ainda, por uma
recer desafios à vida individual e coletiva. O sistema prisional, cuja gestão se agenda desafiante resultante de mais de 30 anos de descaso com o sistema
configura como a principal atividade da Secretaria de Estado da Justiça, que prisional. Para esse sério enfrentamento, além das obras, requalificamos o
presta contas de seu trabalho por meio deste relatório, é um exemplo de área trabalho de atenção aos apenados (educação, saúde, capacitação, reinserção
em que muito se construiu, mas que demanda mais e mais investimentos. no mercado de trabalho) e investimos em recursos humanos e atendimento.
Nesse sentido, o sistema prisional brasileiro requer análise ampla. A le- Em 2003, o Espírito Santo tinha apenas 92 agentes penitenciários efe-
gislação é arcaica. Prende-se muito, sem seletividade. O Judiciário fica abar- tivos, e a Polícia Militar era responsável pela guarda das unidades prisio-
rotado de processos. Felizmente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está nais. Com a realização de concursos e contratações, os policiais deixaram
tomando medidas para levar dinamismo e efetividade a essa área. É um bom as atividades em presídios. Atualmente, o Estado conta com 2.962 agentes
avanço, mas é preciso muito mais também no tocante à legislação penal. penitenciários entre efetivos, designados temporariamente e terceirizados.

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Um novo concurso com 800 vagas foi autorizado em outubro de 2010. fundados no consumismo, no individualismo e no egoísmo, conforman-
Um relatório do Ministério da Educação (MEC), divulgado em de- do uma realidade de desigualdades e gerando espaços para violências das
zembro de 2009, que trata da educação no sistema penitenciário brasi- mais distintas tipificações.
leiro revelou ser o Espírito Santo o Estado da Federação com mais deten- A partir de 2003, temos avançado em todas essas frentes. Trabalhamos
tos em sala de aula (21,7%). O índice capixaba superava o percentual do internamente, como se verá neste relatório, reconstruindo a área de Justiça
País, que era de 17,3%. O Estado era seguido por Pernambuco, com 18%, do Governo Estadual nos seus princípios de gestão, na sua capacidade de
e Rio de Janeiro, com 16,44%. O MEC teve como parâmetro dados do trabalho e ressocialização, na sua infraestrutura. Simultaneamente, investi-
Ministério da Justiça e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). mos com prioridade absoluta na área social, com destaque à Educação. Tam-
Destaque ainda para o fato de que empresas contratadas pelo Gover- bém caminhamos junto aos demais Poderes e instituições públicas, como
no estão obrigadas, por decreto, à contratação de egressos do sistema pe- nas parcerias com as prefeituras nas políticas para a juventude. E ainda pro-
nitenciário. Atualmente, mais de 1.300 internos trabalham dentro e fora movemos os valores da vida civilizada em todas as ações e políticas públicas.
das unidades prisionais. Oitenta e nove empresas são parceiras na oferta de Como salientamos no início, trabalhamos a partir de uma realidade que
oportunidades. A atenção à saúde também recebeu reforços importantes. acumulava mais de três décadas de déficits em investimentos no sistema pri-
Para o enfrentamento efetivo dos desafios existentes no âmbito da Se- sional, numa contingência de recursos escassos e de reconstrução da máqui-
cretaria da Justiça, é preciso determinação e clareza acerca dos fenôme- na pública, e em meio a uma situação de violência crescente.
nos socioeconômicos, seja no contexto dos Poderes Públicos e institui- Nesse cenário adverso, a partir da retomada da capacidade de inves-
ções, seja no quadro ampliado da sociedade. timento, com planejamento e definição de políticas públicas efetivas, so-
É preciso ação transversal, com medidas em diversas áreas – mais es- mamos muitas realizações. Mas temos consciência de que muito há por
colas, mais atividades de prevenção, mais centros de tratamento de de- fazer, até porque lidamos, nesse caso, com um problema complexo, de
pendentes químicos, mais oportunidades de emprego, melhores leis, efe- histórico desafiante e que diz respeito ao conjunto da sociedade, das ins-
tiva e dinâmica aplicação da legislação, entre outros –, envolvendo todas tituições e dos Poderes Públicos.
as esferas de ação institucional.
A sociedade precisa rever seus valores estruturantes, cada vez mais Paulo Hartung Governador do Estado do Espírito Santo

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Prefácio

O
cenário nacional revela que a população carcerária brasileira já nais e na proposição de um modelo de gestão que privilegia a construção
se aproxima de 500 mil e o déficit de vagas é de 194.650 mil. do conhecimento, os profissionais penitenciários e o tratamento penal.
Igualmente preocupante é a tendência de crescimento no nú- A mobilização do atual Governo se deu pela compreensão da magni-
mero de presos, pois, mantido o ritmo atual, dobrará em apenas sete anos. tude e da complexidade das mazelas do sistema prisional, marcado, en-
A presente publicação descortina a realidade do sistema peniten- tre outros, por ausência de vagas, superlotação e condições degradantes
ciário capixaba, e o esforço do Governo para transformar, em apenas das estruturas físicas. No entanto, algo mais significante moveu e esti-
oito anos, uma área que por mais de três décadas esteve abandonada mulou a tomada de decisões: a crença na capacidade de recuperação do
e invisível para todos. A consequência do abandono se revelava tam- ser humano, o desejo da paz social.
bém na destinação dos recursos orçamentários, sempre insignificantes Tudo isso impulsionou os investimentos que somam mais de R$ 420
e insuficientes. milhões na construção de 26 novas unidades. Detalhe: a soma de recur-
Registrar as ações realizadas até agora é, antes de tudo, um divisor de sos citada é proveniente exclusivamente dos cofres do Tesouro Estadual.
águas entre a ausência de informações e o abandono total de antes e os É nesse cenário de transformações e desafios que se revela a ação es-
caminhos trilhados na construção do novo sistema, os resultados alcan- tatal na reconstrução do sistema penitenciário capixaba, como se verá
çados até aqui e os desafios que ainda precisam ser superados. nas páginas que se seguem – um caminho trilhado à distância de solu-
É certamente uma contribuição para o futuro, pois a situação de to- ções mirabolantes e midiáticas.
tal abandono, encontrada no início deste Governo, vem sendo supera-
da pelos investimentos na construção de modernas edificações prisio- Ângelo Roncalli de Ramos Barros Secretário de Estado da Justiça

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Introdução

O
olhar sobre a realidade pode ser feito com observação em clo- submetidos a medidas de proteção e socioeducativas, em integração opera-
se ou visão panorâmica. Da aproximação descontextualiza- cional na forma da lei; a coordenação e promoção das políticas de preven-
da à perspectiva resultante da soma de fatos, pode-se produ- ção e educação, quanto ao consumo de drogas e à repressão ao narcotráfi-
zir versões diversas acerca do que existe de concreto – dependendo do co; entre outras ações voltadas para a ordem pública e o bem-estar huma-
que se quer ressaltar. no e da justiça social. O órgão responsável pela execução das medidas so-
O equilíbrio está justamente em contextualizar os acontecimentos e uti- cioeducativas é o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito San-
lizar os fatos para ilustrar o panorama. Até porque a história que se vive hoje to (Iases), autarquia vinculada à Sejus”.
é a história que se acumulou em séculos de experiência socioeconômica e Ressalte-se que à Secretaria da Justiça, na estrutura do Governo do Esta-
política. Da mesma forma que o futuro será o nosso legado. do do Espírito Santo, também se agrega o Procon Estadual, que juntamen-
A partir dessa compreensão da história, esta publicação trata de um tema te com o Iases, ganha um relato sucinto ao final desta publicação de pres-
complexo e delicado, apesar de sempre ser abordado de forma simplista e tação de contas da Sejus.
maniqueísta na maioria das vezes em que entra em debate público: a área Tendo em vista o objetivo de reunir dados e montar um panorama das ati-
da justiça. Versando sobre as políticas públicas desenvolvidas pela Secreta- vidades dessa área governamental, este livro foi estruturado em três capítulos.
ria de Estado da Justiça (Sejus), este relatório presta contas das atividades Na primeira seção, o leitor terá contato com a descrição do cenário que se en-
governamentais nessa área entre 2003 e 2010. controu em 1º de janeiro de 2003, marcado pelo caos e pelo desgoverno, exa-
Por definição institucional, a Sejus tem como competência “a coorde- tamente como se encontrava toda a estrutura governativa capixaba de então.
nação, a articulação, o planejamento, a implantação e o controle da Política O segundo capítulo traz informações sobre a reestruturação organiza-
Penitenciária Estadual; a supervisão da aplicação da Lei de Execução Penal cional da Sejus, com vistas à modernização da gestão e à consecução de po-
(Lei 7.210); a supervisão dos programas assistenciais aos reclusos e seus fa- líticas públicas eficazes e qualificadas no âmbito da Secretaria da Justiça.
miliares, com vistas a sua reintegração à sociedade, bem como às vítimas e No terceiro capítulo, estão reunidos os principais indicadores, dados e
suas famílias; a implementação da política pública de proteção a vítimas e informações acerca das principais realizações da Sejus, além, como se disse,
testemunhas de infrações penais; a promoção do atendimento ao indiciado, do relato sobre as atividades do Iases e do Procon-ES.
acusado ou condenado; o controle e supervisão da criança e do adolescente Para que se compreenda o quadro e sua evolução, com o mais amplia-

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do conjunto de informações possível, antes que se passe à fieira dos capítu- servidores, fornecedores, prestadores de serviços, entre outros, chegavam a
los, uma parada para o registro sobre a situação político-institucional a par- R$ 1,2 bilhão. Em 2005, todo esse passivo foi zerado. As estruturas gover-
tir da qual se iniciou o trabalho de reconstrução do Governo Estadual e tam- nativas estavam defasadas, quando não praticamente desarticuladas e des-
bém alguns dados sobre a questão carcerária no Brasil. Como já foi citado, montadas, principalmente em áreas essenciais, como justiça e segurança,
nada mais importante do que o contexto para entender questões complexas. além de educação, saúde.
O Estado também estava inadimplente com o contrato de renegociação
Desafios da travessia da dívida com a União, que fazia a retenção do Fundo de Participação do
A troca de milênio nas terras do Espírito Santo foi marcada por um tempo Espírito Santo. Hoje, o Estado é citado País afora como exemplo de equilí-
quase apocalíptico. Envolvidos num enredo em que se misturavam crime brio nas contas públicas. O Espírito Santo saiu da posição de um dos pio-
organizado, corrupção e instrumentalização da máquina pública, o capixa- res Estados da Federação no quesito das contas públicas para a dianteira do
ba, em geral, atravessou os anos finais do século XX e os primeiros anos do ranking do Tesouro Nacional.
século XXI tendo de experimentar toda a sorte de dificuldades, e algum de- Eliminaram-se privilégios fiscais e administrativos, iniciou-se um com-
sespero para conseguir viver com dignidade. bate sistemático e severo à sonegação, à corrupção e ao crime organizado, e
O basta a essa situação foi sacramentado nas urnas de 2002, prenun- investiu-se na modernização da máquina pública, com realização de vários
ciando uma nova história. Grande clamor dos cidadãos de bem na virada concursos, introdução do planejamento estratégico, incluindo instrumentos
do milênio, a constituição de um Governo Estadual a serviço do povo capi- de acompanhamento da sua aplicação, e a redução de gastos, entre outros.
xaba foi a primeira missão da atual administração. Com os choques ético e de gestão, fez-se um realinhamento governa-
E governar para todos os capixabas significava enfrentar desafios gigan- mental, recuperando-se a capacidade de investimento do Estado para rea-
tescos. A missão era monumental. E, pelo tamanho da herança, ainda con- lizar obras e prestar serviços essenciais. Resultado: o Espírito Santo saiu de
tinua oferecendo grandes desafios. Mas as vitórias foram muitas – conquis- menos de 1% de investimentos com recursos próprios em 2003 para o pa-
tas que permitem ao Estado avançar sem parar rumo à consolidação de um tamar de 16% nesses últimos anos.
novo tempo em terras capixabas. Com a ampliação da arrecadação, os serviços foram normalizados e abri-
Em 31 de dezembro de 2002, os restos a pagar, ou seja, dívidas com ram-se frentes de obras em todos os municípios capixabas. Esse trabalho tem

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levado melhorias a todos os 3,5 milhões de capixabas. Só em 2009 e 2010, Prisões
os investimentos somaram mais de R$ 1 bilhão por ano. Com um total de 494.598 presos, o Brasil registra a terceira maior popula-
A efetivação de uma nova realidade político-institucional a partir de ção carcerária do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da Chi-
2003 também dinamizou a economia estadual, inaugurando o terceiro ci- na1. A estatística, segundo informa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi
clo de desenvolvimento capixaba, após a predominância da agricultura e da apresentada em setembro de 2010, no Seminário Justiça em Números, pelo
primeira fase da industrialização voltada para o comércio exterior. coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização (DMF) do
O atual movimento se estabelece pela ampliação do comércio exterior, Sistema Carcerário do CNJ, Luciano Losekann.
pela dinamização dos arranjos produtivos locais, pela emergência do negócio Sempre de acordo com o informe do CNJ, “o juiz criticou a forma
ligado ao petróleo e gás. Deve-se ressaltar que este terceiro ciclo econômico como a Justiça Criminal é tratada dentro do Judiciário brasileiro”. “É como
se estabelece a partir de um novo modelo de desenvolvimento, socialmente o primo pobre da jurisdição. Uma área negligenciada, sobretudo pela Jus-
inclusivo, ambientalmente responsável e geograficamente desconcentrado. tiça Estadual. Os tribunais precisam planejar de forma mais efetiva o fun-
Como se pode notar, no ano de 2003, o Espírito Santo iniciou uma ca- cionamento da Justiça Criminal”, afirma Losekann, de acordo com a nota
minhada de travessia, do descontrole administrativo para uma nova fron- do Conselho Nacional de Justiça.
teira histórica, marcada pela estabilidade político-administrativa, pela nor- Por esse mesmo comunicado, “nos últimos cinco anos, o número de
malização, ampliação e qualificação dos serviços públicos e pela inaugura- pessoas presas no Brasil aumentou 37%, o que representa 133.196 pesso-
ção de uma nova era econômica. as a mais nas penitenciárias”. O texto do CNJ ressalta que “Losekann cha-
Este está sendo um tempo de superação, de arrumar a casa e estabele- mou a atenção para o elevado número de presos provisórios existentes no
cer as bases de um novo futuro. Mas é também um tempo de muitas con- País, 44% no total, segundo dados do Ministério da Justiça. Isso significa
quistas, até certo ponto inesperadas em função da gravidade do quadro en- que 219.274 pessoas aguardam na prisão o julgamento de seus processos”.
contrado há oito anos. “O uso excessivo da prisão provisória no Brasil como uma espécie de an-
Desde 2003, são muitas as vitórias. Muito se fez e é preciso avançar sempre, tecipação da pena é uma realidade que nos preocupa. Os juízes precisam
ainda mais em áreas críticas e complexas como as de atuação da Secretaria da
1 Cf. http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12150:brasil-tem-terceira-maior-
Justiça, como se vê a seguir, num pequeno relato da situação prisional no Brasil. populacao-carceraria-do-mundo&catid=1:notas&Itemid=675. Acesso 12 out 2010.

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ser mais criteriosos no uso da prisão provisória”, afirmou o coordenador do diciário pelos 91 presidentes de tribunais é a de reduzir a zero o número de
DMF, segundo a nota do CNJ. presos em delegacias. Ao traçar o perfil dos detentos brasileiros, Losekann
O comunicado, disponível no portal do CNJ, segue, abordando a destacou que o tráfico de drogas responde por 22% dos crimes cometidos
questão de vagas e do perfil dos apenados: “A superlotação nas unidades pelos presidiários. Entre as mulheres esse índice sobe para 60%”, ressalta o
prisionais foi outro ponto destacado pelo juiz. A taxa de ocupação dos comunicado do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
presídios brasileiros é de 1,65 preso por vaga, o que deixa o País atrás É a partir de um cenário de desgoverno, encontrado em 2003, e traba-
apenas da Bolívia, cuja taxa é de 1,66. ‘A situação nos presídios levou o lhando em uma área complexa, que não cessa de oferecer desafios, que o
Brasil a ser denunciado em organismos internacionais. Falta uma política Governo do Estado vem trabalhando nos últimos anos. O objetivo é mo-
penitenciária séria’, enfatizou Losekann. São Paulo é o estado com maior dernizar a atuação da Secretaria de Estado da Justiça, além de atuar trans-
quantidade de encarcerados, seguido de Minas Gerais, Paraná, Rio Gran- versalmente para que as causas socioeconômicas que constituem o cerne da
de do Sul e Rio de Janeiro”. questão da violência sejam superadas.
“Diante da insuficiência de vagas nas unidades prisionais, 57.195 pes- Concluída essa sumária contextualização, sempre necessária à compre-
soas estão cumprindo pena em delegacias, que não contam com infraestru- ensão da história, nos capítulos deste livro de prestação de contas, encon-
tura adequada. Uma das ações prioritárias estabelecidas este ano para o Ju- tra-se uma síntese da caminhada empreendida pela Sejus a partir de 2003.

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O cenário do
desgoverno 1
1 O cenário
do desgoverno
delegacias da Polícia Civil que também abrigavam presos, mas que não fa-
zem parte da estrutura da Secretaria da Justiça.
As 13 unidades prisionais apresentavam problemas tais como:
Instalações físicas depredadas pelos presos
Desenho arquitetônico inadequado
Superlotação

“B
em-vindos ao inferno – Uma viagem dantesca ao sistema car- Presos de regimes diferentes abrigados no mesmo espaço
cerário capixaba, considerado por especialistas a verdadeira Ausência de normas/procedimentos operacionais A Casa de
universidade do crime.” A capa da edição de 22 de agosto de Reduzido número de servidores (último concurso em 1994) Passagem,
2000 da Revista Opinião resume bem a configuração do sistema prisional Servidores despreparados e desmotivados implodida em
capixaba na virada do milênio. Em 2003, o sistema possuía 13 unidades, Ausência de um modelo de gestão março de 2009,
todas elas apresentando problemas graves, isso sem falar nas condições das retratava...

Unidades Prisionais em 2003

Unidade Prisional Inauguração Regime


1 Instituto de Readaptação Social 1924 Fechado
2 Penitenciária Agrícola 1978 Semiaberto
3 Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 1978 Med.Seg.
4 Casa de Custódia de Vila Velha 1991 Provisório
5 Penitenciária Regional de Linhares 1992 Fechado
6 Penitenciária Regional de Colatina 1994 Fechado
7 Penitenciária R. de Cachoeiro de Itapemirim 1995 Fechado
8 Penitenciária Estadual Feminina 1997 Fechado
9 Casa de Custódia de Viana 1998 Provisório
10 Casa de Passagem de Vila Velha 1999 Provisório
11 Penitenciária R. de B. de São Francisco 1999 Fechado
12 Penitenciária de Segurança Média I 2000 Fechado
13 Penitenciária de Segurança Máxima 2002 Fechado

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...a situação calamitosa e degradante das unidades prisionais Décadas e décadas de abandono e falta de investimentos levaram o
encontradas pelo atual Governo em janeiro de 2003 sistema carcerário à ruína, como mostra a Casa de Custódia de Viana...

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O sistema prisional vivia uma situação calamitosa. As unidades estavam semides-
truídas ou depredadas. As intervenções da Polícia Militar eram recorrentes, diante da in-
capacidade do Estado de gerenciar de forma eficaz o sistema. Não havia modelo de ges-
tão definido, e os servidores estavam desmotivados. As rebeliões eram uma constante.
Além dos problemas citados, havia ainda a questão do aumento da população
carcerária. Ou seja, era preciso recuperar um sistema encontrado em ruínas, aten-
der à crescente demanda por vagas e garantir a ampliação da capacidade de atendi-
mento. Tudo em meio à constituição de um novo paradigma de gestão e adminis-
tração penitenciária.
De acordo com o secretário de Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, eis o de-
safio colocado no processo de reconstrução do sistema carcerário: “Não é possível refor-
mar as prisões com os presos presentes; também não é possível removê-los para outras
prisões, pois a maioria apresenta superlotação; não é possível abrigá-los em ginásios, gal-
pões, acampamentos militares; nem tão pouco em hotéis; não é possível transferi-los para
unidades recém-construídas e ocupadas, pois superlotá-las resultaria em risco para a se-
gurança, facilitando a depredação das instalações físicas; não é possível soltá-los em fun-
ção da ausência de vagas nas prisões, pois não existe previsão legal.”
Resta salientar que o universo do sistema prisional também se complexifica pelo fato
de ele estar vinculado a outro Poder, o Judiciário, que é parte importante no controle
do processo judicial dos presos. Enfim, não se encontra solução fácil e rápida para uma
questão complexa como essa.
No entanto, se as dificuldades eram imensas e se os desafios se mantêm pelo di-
namismo da sociedade, o Estado do Espírito Santo avançou de maneira ímpar entre os
entes federados, a partir de 2003, conforme se verá neste relatório.
Só para se ter uma ideia, são R$ 420,5 milhões de investimentos com recursos pró-
...que teve de ser demolida por absoluta impossibilidade prios e 9.984 vagas criadas, além de toda uma reformulação no modo de trabalho da Se-
de uso ou recuperação de suas estruturas jus, este o tema do próximo capítulo.

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A reconstrução
político-administrativa
2
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2 A reconstrução
político-administrativa

R
eestruturar. Essa é a palavra-chave quando se trata do trabalho rumou-se a casa, ao mesmo tempo que se realizava muito, como reformas, ampliações e
desenvolvido pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), nos planejamento. O que se salienta é que também se investiu tempo, recursos e energias nes-
últimos anos. Modernização, renovação, inovação. Essas são as se processo de organização da instituição, que é basilar para o êxito de qualquer ação ad-
palavras-chave para descrever o movimento de reestruturação efetivado ministrativa e gerencial de prestação de serviços e realização de obras.
a partir de 2003. Passados os tempos iniciais de providências urgentes e emergenciais, o ano de 2005
Mas, antes de falar dos resultados mais visíveis ou observáveis desse já foi marcado por algumas ações decisivas: a criação do Programa de Melhoria da Ges-
movimento, como a ampliação de vagas e o atendimento direto aos apena- tão Prisional, em parceria com a Embaixada Britânica e o Ministério da Justiça; a elabo-
dos, objetivo do capítulo três, o destaque vai para as mudanças que susten- ração do Manual de Padrões Operacionais, utilizado em todas as unidades do sistema
tam as conquistas desses anos recentes: as transformações ocorridas na or- prisional; e a instituição de gestão de presídios em cogestão com a iniciativa privada e
ganização e na gestão da Sejus. com a sociedade civil no modelo da Associação de Proteção e Assistência aos Condena-
Sem essa mudança de base, nada poderia avançar. São melhorias no dos (Apac), coordenado pela Sejus.
processo e na configuração do gerenciamento da Secretaria, capacitações Entretanto, o enfrentamento da questão dos recursos humanos era primordial e inadi-
de servidores, realização de concursos para ampliação do quadro, supor- ável. A situação nesse quesito era tão ou mais precária quanto as condições físicas dos
tes e apoios diversos ao trabalho realizado pelo conjunto de funcioná- presídios, a maioria encontrada em ruínas. Foram várias iniciativas. Confira os detalhes.
rios da Sejus.
O foco inicial foi a busca da retomada da capacidade administrativa da
2.1 Recursos humanos
Sejus. Fazer obras sem uma política pública clara e eficaz para o sistema pri-
sional capixaba seria irresponsabilidade. Ademais, o objetivo de “arrumar a Como se vem afirmando, o foco da Secretaria da Justiça não está apenas na construção
casa” permeava todas as secretarias de Estado, tal a condição lastimável em de novas unidades prisionais. A Sejus também investe na gestão competente do siste-
que o Governo foi encontrado. ma penitenciário do Estado. E, para isso, foram e estão sendo contratados e capacita-
Destaque-se, no entanto, que não se parou tudo para arrumar a casa. Ar- dos novos servidores.

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Concurso
Com seu último concurso realizado em 1994, a Sejus fez seleção em 2007 ofertando 845
vagas, ocasião em que foram nomeados 185 agentes penitenciários e agentes de escol-
ta e vigilância. Logo em seguida, um novo concurso público foi promovido em 2009.
Dessa vez foram oferecidas 1.083 vagas, sendo que 990 candidatos foram aprova-
dos e nomeados no mês de julho. Um outro concurso público com 800 vagas foi auto-
rizado em outubro de 2010. Também foi autorizado concurso público para contratação
de seis médicos-peritos psiquiatras.
No ano de 2008, a Secretaria da Justiça deu início a um processo de melhoria da
carreira dos seus servidores. Atualmente, os agentes que atuam no sistema penitenciário
do Espírito Santo contam com plano de cargos e salários e recebem salário inicial de R$
1.956,24 e final de R$ 3.660,07.
Só para se ter uma ideia do avanço, em 2003, o Espírito Santo contava somente com
92 agentes penitenciários efetivos, e a Polícia Militar era responsável pela guarda das uni-
dades prisionais. Com a realização dos concursos, os policiais que atuavam em unidades
prisionais puderam voltar a atuar no serviço de policiamento ostensivo junto às comuni-
dades. Atualmente, o Estado conta com 2.962 agentes penitenciários entre efetivos, por
designação temporária e terceirizados.

Qualificação
Não basta contratar. É preciso contratar de acordo com a lei e capacitar sempre. Nessa Concursos e contratações
direção, várias medidas foram efetivadas. O sistema penitenciário era administrado por elevaram o número de agentes
pessoas que nem sempre apresentavam as habilitações necessárias para o trabalho, como penitenciários de 92, em
previsto na Lei de Execução Penal. 2002, para 2.962 em 2010,
Com a reestruturação, a Sejus passou a dedicar-se à constituição de um perfil de pro- um efetivo que passa por
fissional especializado na guarda e no serviço de ressocialização de apenados. qualificação e conta com
Quanto à capacitação, a partir de 2008, definiu-se que os agentes de presídio e de melhores condições de trabalho

32 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 33


escolta e vigilância passariam por um rigoroso processo de formação, segundo as exi- ca Tamanini, agente efetiva, assistente social e diretora da Penitenciária Feminina de Ca-
gências da Lei de Execução Penal. Só naquele ano, a Sejus destinou mais de R$ 6 mi- riacica (PFC); Quésia da Cunha Oliveira, psicóloga e diretora de Ressocialização do Sis-
lhões à formação em serviço. tema Penal; Milena Paraíso Donô, arquiteta; e Hermes Afonso Guimarães, diretor-geral
Os aprovados em concurso frequentaram um curso com 350 horas de duração, ela- de Engenharia e Arquitetura da Sejus.
borado de acordo com a matriz curricular do Departamento Penitenciário Nacional (De- Na conclusão do curso, foi apresentado o projeto arquitetônico de um complexo pe-
pen). A capacitação também incluiu os servidores que já trabalhavam no sistema. nitenciário e um protocolo de classificação de presos que determina as regras de separa-
Todos esses trabalhadores passaram a ser vistos e tratados como profissionais do ção de internos em unidades com variados níveis de segurança. A classificação de pre-
sistema penitenciário, no qual, anteriormente, dividiam funções com policiais mili- sos, prevista na Lei de Execução Penal, separa detentos de acordo com diversos critérios,
tares e civis, não recebiam capacitação e eram em número reduzidíssimo. Observa- como o grau de periculosidade, o crime cometido, o tempo de condenação e outros fa-
-se, então, que o ambiente de trabalho no sistema penitenciário mudou por comple- tores de ordem comportamental.
to, do número de trabalhadores, passando por condições infraestruturais e salariais, A comitiva do Brasil era formada por 20 profissionais do sistema penitenciário en-
até a formação e a capacitação. tre engenheiros, arquitetos, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de segurança.
Os participantes vão atuar como multiplicadores no Brasil, por meio de cursos de
Acordo Brasil-EUA capacitação que vão formar técnicos do sistema penitenciário de outros estados. Os pro-
Foi encerrada no início de novembro de 2010 a capacitação em arquitetura prisional de jetos apresentados na conclusão do curso vão servir como base para a aplicação do co-
servidores do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e dos estados do Espírito nhecimento no sistema prisional brasileiro.
Santo, Rio de Janeiro e Pernambuco, realizada no Complexo Penitenciário de Colorado
Springs, Colorado, nos Estados Unidos. Epen
O intercâmbio foi viabilizado por meio de uma parceria entre o Ministério da Justi- Um passo decisivo no processo de qualificação do trabalho desenvolvido pela Sejus foi a
ça – Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o Departamento de Estado Ameri- criação, em 31 de agosto de 2005, da Escola Penitenciária (Epen). É de competência da
cano e o Bureau Prisional Federal daquele país. Epen a realização de estudos, pesquisas e levantamento de necessidades de treinamento
O secretário da Justiça do Espírito Santo, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, parti- e aperfeiçoamento, visando à elaboração do programa permanente de treinamento dos
cipou da cerimônia de graduação acompanhado do diretor-geral do Depen, Airton Mi- servidores, bem como treinamento e estágio probatório de preparação para provimento
chels; do diretor de Políticas Penitenciárias do Depen, André Cunha; e do secretário de dos cargos da Secretaria de Estado da Justiça.
Ressocialização de Pernambuco, Humberto Viana. São realizados nas dependências da Epen ações como: treinamento, reciclagem, mo-
Representaram o Espírito Santo no intercâmbio os seguintes servidores: Marcelo de tivação e qualificação de servidores da Secretaria da Justiça. Dentre eles, destacam-se cur-
Araújo Gouvêa, agente efetivo e diretor do Instituto de Readaptação Social (IRS); Moni- so de formação para novos agentes aprovados em concurso; capacitação dos agentes pe-

34 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 35


nitenciários de designação temporária, contratados por meio de processo seletivo sim- O objetivo geral “é incentivar os servidores a mostrarem o seu talento, por meio de
plificado; curso de padronização das atividades operacionais do sistema prisional; fóruns trabalhos e/ou experiências operacionais que têm maior domínio, a fim de dar a conhe-
de assistência social e psicologia; capacitações para os profissionais de saúde; capacita- cer e poder contribuir com o ‘saber coletivo’ na organização”. Ao final de cada encontro,
ção para os professores da educação prisional; e capacitação na área de gerenciamento há discussões em grupo, envolvendo servidores, especialistas e comunidade.
de crise e negociação de reféns.
A Epen promove, desde 2005, o Projeto Quarta de Encontros. O objetivo é manter
2.2 Estrutura
discussões permanentes acerca do sistema penitenciário, envolvendo os servidores da Se-
jus e também representantes da sociedade civil. Uma das bases da reestruturação organizacional da Sejus, além dos investimentos em
Em 2009, foi realizado nas dependências da Epen o curso de pós-graduação, lato pessoal, é a reordenação gerencial da Secretaria. Em 2007, foram criadas as seguintes
sensu, Especialização em Sistema Prisional. Foram oferecidas 40 vagas para os servido- unidades administrativas: Diretoria de Assistência Jurídica do Sistema Prisional; Direto-
res efetivos e quatro vagas para servidores comissionados. O curso foi custeado pela Se- ria de Saúde do Sistema Penal; Núcleo de Tecnologia da Informação; Núcleo Educacio-
jus e pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen). nal do Sistema Penal; Núcleo de Enfermagem do Sistema Penal; Núcleo de Farmácia do
Um outro projeto da Epen é o Projeto Biblioteca Penitenciária. A ideia é garantir o Sistema Penal; e Núcleo de Nutrição do Sistema Penal.
acesso a informações relacionadas ao sistema penitenciário, levando aos servidores da A partir dessas mudanças, a Sejus passou a contar com assessores jurídicos para
Sejus literatura especializada em direito administrativo e história geral e do Espírito San- atuar em todas as unidades e acompanhar a situação jurídica dos presos do siste-
to, além disponibilizar coletâneas e dicionários, entre outras publicações de interesse es- ma penitenciário capixaba. Na área da saúde, a diretoria passou a ter coordenado-
pecífico ao trabalho. ria de enfermagem, nutrição, farmácia e atenção psicossocial. As unidades passa-
A biblioteca é resultado da parceria da Sejus com o Departamento Penitenciário Na- ram a contar com uma equipe multidisciplinar (assistente social, psicólogo e técni-
cional (Depen) e o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES). Localiza- co em enfermagem).
da no Complexo Penitenciário de Viana, a biblioteca também disponibiliza monografias Em 2010, novas mudanças foram realizadas na estrutura organizacional da Sejus, que
e trabalhos científicos ligados à área da segurança pública. conta também com: Assessoria Especial; Assessoria de Comunicação; Assessoria de Infor-
A Epen desenvolve, ainda, o Projeto Telepen - Formação básica em informática. A mações Penitenciárias; Diretoria de Inteligência Prisional; Diretoria de Inspeção e Con-
criação do curso, no final de 2008, foi viabilizada a partir da constatação de que a capa- trole de Unidades Prisionais; Gerência de Tecnologia da Informação; Gerência de Gestão
citação em informática era uma demanda importante dos servidores da Sejus. Administrativa; Gerência Financeira; Gerência de Gestão de Pessoas; Núcleo de Controle
Um outro projeto é o Projeto Prata da Casa – Um recurso que vale ouro. Criado em Interno; Núcleo de Manutenção Predial; Núcleo de Projetos de Arquitetura e Engenha-
2008, a partir de sugestão do servidor José Antonio de Souza Gomes, visa a destacar e ria; Núcleo de Materiais, Armamento e Comunicações Operacionais; Núcleo de Guarda,
compartilhar experiências bem-sucedidas de trabalho no âmbito da Sejus. Movimentação e Escolta; Núcleo do Trabalho do Preso e do Egresso.

36 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 37


A Secretaria da Justiça foi Plano Diretor
completamente reorganizada, O Governo do Espírito Santo passou a contar com um Plano Diretor, com metas para
tendo sido criada, entre outras, melhoria do sistema penitenciário do Estado. O Plano Diretor foi elaborado em 2007 e
a Diretoria de Saúde do relaciona 22 metas voltadas para áreas como educação e profissionalização, assistência
Sistema Penal, que organiza jurídica e saúde, geração de vagas, entre outras.
e coordena o atendimento nas O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) observa o cumprimento das me-
unidades prisionais capixabas, tas trimestralmente de maneira virtual e semestralmente in loco. A última visita de mo-
a exemplo do CDP da Serra nitoramento in loco aconteceu no último mês de maio.
O Depen destacou que o sistema penitenciário do Espírito Santo tem apresentado
significativos avanços nos últimos anos. Os desafios ainda são muitos, mas houve mui-
tas conquistas, como se viu neste capítulo e conforme se verá no próximo, dedicado ao
atendimento prestado pela Sejus.
São ligados à estrutura da Sejus seis conselhos estaduais, constituídos por formação
multissetorial e por representantes da sociedade civil: Conselho Estadual Sobre Drogas,
Conselho Estadual de Defesa do Consumidor, Conselho Estadual da Criança e do Ado-
lescente, Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Conselho Penitenciário Estadual e
Conselho Gestor do Fundo de Trabalho Penitenciário.

38 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 39


A transformação
em curso 3
40 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 41
3 A transformação
em curso

A
atenção e o trabalho relativos ao sistema penitenciário configu- da ampliação do quadro de pessoal e da capacitação e qualificação de servidores, como
ram um processo altamente complexo no mundo, no Brasil e no visto no capítulo anterior.
Espírito Santo, em particular. O Governo do Estado está realizando uma reestruturação completa no sistema peni-
Isso em função do quadro de abandono e decadência em que o siste- tenciário capixaba. Os projetos que estão sendo executados visam a erradicar os problemas
ma prisional capixaba foi encontrado em 2003, e também em função das de superlotação nas unidades prisionais do Estado, remover todos os presos das delegacias,
complexidades da sociabilidade contemporânea. Vivemos um tempo mar- substituir os policiais militares que trabalham nas unidades por agentes penitenciários, ex-
cado por violências diversas e um quadro desafiante de desigualdades, ego- pandir os programas de atendimento à saúde, educação e de trabalho, enfim, proporcio-
ísmo, individualismo, disseminação de drogas, entre outros fatores gerado- nar dignidade à pessoa presa. Confira os principais passos da caminhada dos últimos anos.
res de conflitos e demandantes de suporte das estruturas públicas de de-
fesa social e justiça.
3.1 Infraestrutura
No entanto, e apesar da situação de desgoverno encontrada em 2003, na
atual gestão, estão sendo construídas 26 novas unidades prisionais. A pre- Mesmo ao longo do processo de recuperação da capacidade de investimento com recursos
visão para o período 2003-2010 é a criação de 9.984 vagas. Ao todo foram públicos, que não chegava a 1% da arrecadação em 2003, logo nos primeiros anos da atual
investidos R$ 428,7 milhões, dos quais R$ 420,5 milhões do Tesouro Esta- gestão, foram realizadas reformas em unidades prisionais, de maneira a melhorar a condição
dual e R$ 8,2 milhões de verba federal. de abrigamento dos presos. Também foram concluídas as obras da Penitenciária de Seguran-
Mas o caminho que leva a esse número ímpar de realizações, tornando ça Média II (Viana), em 2004, e da Penitenciária de Segurança Média de Colatina, em 2005.
o Espírito Santo o Estado que mais investe, proporcionalmente à sua popu- O ano de 2007 foi marcado pelo reinício do funcionamento da Penitenciária de
lação, no sistema carcerário, é pleno de desafios. Segurança Máxima I, após a reforma no ano de 2006, com capacidade para 510 va-
Com a capacidade de investimento do Estado recuperada, teve início gas. Teve início a ocupação da Penitenciária de Segurança Máxima II, com 336 va-
um grande processo de estruturação do sistema prisional, com a construção gas. Ela foi construída num período de seis meses, com investimento próprio do Es-
de novas e modernas unidades prisionais, além da modernização da gestão, tado de R$ 10,8 milhões.

42 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 43


Nesse mesmo ano, foram desativadas, por não fornecerem mais condições mínimas Com a inauguração da Penitenciária Feminina de Cariacica, com 324 vagas e da Pe-
de habitabilidade e segurança, a Casa de Passagem de Vila Velha e a Penitenciária Regio- nitenciária Semiaberta Feminina, com 112, foi possível extinguir por completo a utiliza-
nal de Cachoeiro de Itapemirim. Foi realizado concurso público para os cargos de agen- ção de celas metálicas no sistema penitenciário do Estado.
te penitenciário e de agente de escolta e vigilância penitenciária, num total de 845 vagas. Também foram inaugurados o Centro de Detenção Provisória de Vila Velha Mascu-
Durante o ano de 2008 foram criadas 1.016 novas vagas em unidades prisionais. Foram lino (500 vagas) e a Penitenciária Regional de Vila Velha I (576 vagas).
entregues o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cachoeiro de Itapemirim (224 vagas), Portanto, com as inaugurações de unidades prisionais citadas, o atual Governo criou
o Centro de Triagem de Viana (176 vagas), a Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itape- 6.940 novas vagas no sistema penitenciário do Espírito Santo. Outras unidades estão sendo
mirim (432 vagas), o Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (184 vagas). construídas e serão inauguradas até março de 2011, disponibilizando mais 3.044 vagas.
Em 2009, foram inaugurados a Associação de Proteção e Assistência aos Condena- As unidades em construção são: Penitenciária Regional de São Mateus (534 vagas),
dos de Cachoeiro de Itapemirim – Apac (100 vagas), o Centro de Detenção Provisória de Centro Prisional Feminino de Colatina (318 vagas), Penitenciária Regional de Vila Velha
Aracruz (178 vagas), o Centro de Detenção Provisória de Marataízes (216 vagas), o Cen- II (576 vagas), Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (408 vagas), Peniten-
tro de Detenção Provisória de São Domingos do Norte (216 vagas), o Centro de Deten- ciárias Semiabertas Masculina de Vila Velha I e II (1.208 vagas).
ção Provisória da Serra (550 vagas), o Centro de Detenção Provisória de Guarapari (580 Com essas novas unidades será possível desativar as carceragens de delegacias e De-
vagas), o Centro de Detenção Provisória de São Mateus (350 vagas), o Centro de Deten- partamentos de Polícia Judiciária (DPJs) da Grande Vitória e abrigar todos os encarcera-
ção Provisória de Colatina (500 vagas). Somente neste ano foram criadas 2.690 novas dos em unidades prisionais da Secretaria da Justiça.
vagas no sistema penitenciário do Espírito Santo. A atual gestão está investindo recursos da ordem de R$ 420 milhões de recursos próprios
O ano de 2010 começou com a inauguração da primeira etapa do Centro de Detenção do Estado na construção de novas unidades prisionais. O compromisso do Governo do Esta-
Provisória de Viana II (432 vagas). Com esta entrega teve início o processo de desativação do com a estruturação do seu sistema prisional é evidenciado pelo tempo de construção das
da Casa de Custódia de Viana (Cascuvi). No mês de maio foi entregue a segunda etapa do novas unidades, entre a ordem de serviço e a ocupação das unidades tem sido gasto, em mé-
novo CDP, com mais 432 vagas, e foi possível então a demolição do prédio da antiga Cascuvi. dia, 9,4 meses. Está sendo construído no Estado um sistema prisional moderno e eficiente.
A Cascuvi foi a terceira unidade prisional demolida pela atual gestão, isto porque, além Além disso, remarcando o que já foi mencionado no início, com 24 unidades prisionais
de criar novas vagas, a Sejus também está substituindo aquelas unidades cujas estruturas inauguradas desde o início da atual gestão, o Espírito Santo se firma como o Estado brasileiro
físicas estão fragilizadas e onde foi utilizado método construtivo atualmente ultrapassado. que mais investe na estruturação do seu sistema prisional, proporcionalmente à sua população.
Em 2008, foi demolida a Penitenciária de Monte Líbano, em Cachoeiro de Itape- Confira nas próximas páginas o quadro dos presídios inaugurados a partir de 2003,
mirim, e no local foram construídas duas novas unidades consideradas por especia- com vagas, localização e regime de cumprimento de pena, incluindo os que serão aber-
listas as mais modernas do País na atualidade. Já em março de 2009, a Casa de Pas- tos nos próximos meses, atualmente em obras. Logo a seguir, estão as fotos de algumas
sagem, em Vila Velha, foi implodida. unidades prisionais inauguradas a partir de 2004.

44 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 45


Unidades prisionais inauguradas na atual gestão

UNIDADE INVESTIMENTO REGIME INAUGURAÇÃO VAGAS


Penitenciária de Segurança Média II de Viana R$ 4,3 milhões Fechado 2004 270
Penitenciária de Segurança Média de Colatina R$ 5,5 milhões Fechado 2005 264
Penitenciária de Segurança Máxima II R$ 10,8 milhões Fechado Jun/07 336
Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim R$ 5,3 milhões Provisório Mai/08 224
Centro de Triagem de Viana R$ 4,5 milhões Provisório Ago/08 176
Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itapemirim R$ 19,5 milhões Fechado Set/08 432
Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim R$ 7,5 milhões Fechado/Semiaberto/Provisório Out/08 184
Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Cachoeiro de Itapemirim R$ 1,9 milhão Semiaberto Fev/09 100
Centro de Detenção Provisória de Aracruz R$ 7,7 milhões Provisório Fev/09 178
Centro de Detenção Provisória de Marataízes R$ 9,7 milhões Provisório Mar/09 216
Centro de Detenção Provisória de São Domingos do Norte R$ 10,6 milhões Provisório Mai/09 216
Centro de Detenção Provisória da Serra R$ 22 milhões Provisório Jul/09 550
Centro de Detenção Provisória de Guarapari R$ 22 milhões Provisório Out/09 580
Centro de Detenção Provisória de São Mateus R$ 15,3 milhões Provisório Out/09 350
Centro de Detenção Provisória de Colatina R$ 24,8 milhões Provisório Dez/09 500
Centro de Detenção Provisória de Viana II R$ 41,9 milhões Provisório 1ª fase – Jan/10 2ª fase – Mai/10 864
Penitenciária Feminina de Cariacica R$ 16,5 milhões Fechado Ago/10 312
Penitenciária Feminina Semiaberta de Cariacica R$ 2,8 milhões Semiaberto Ago/10 112
Centro de Detenção Provisória de Vila Velha Masculino R$ 23,8 milhões Provisório Set/10 500
Penitenciária Regional de Vila Velha I R$ 31,2 milhões Fechado Nov/10 576
Penitenciária Regional de Vila Velha II R$ 33,6 milhões Fechado Dez/10 576
Centro Prisional Feminino de Colatina R$ 15,8 milhões Fechado/Semiaberto/Provisório Dez/10 318
Penitenciária Regional de São Mateus R$ 25,5 milhões* Fechado Dez/10 534
Penitenciária Semiaberta Masculina de Vila Velha I R$ 22,9 milhões Semiaberto Dez/10 604
Penitenciária Semiaberta Masculina de Vila Velha II R$ 22,9 milhões Semiaberto Mar/11 604
Centro de Ressocialização de Linhares R$ 19,8 milhões Fechado/Semiaberto 2011 408
TOTAL 428,7 milhões 9.984
* R$ 17,3 milhões verba estadual / R$ 8,2 milhões verba federal

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Penitenciária de Segurança Máxima II
e Centro de Detenção Provisória II
no Complexo Penitenciário de Viana

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Penitenciária de Segurança Média
de Colatina

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Penitenciária Regional e Centro Prisional
Feminino de Cachoeiro de Itapemirim

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Centro de Detenção
Provisória da Serra

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Centro de Detenção
Provisória de Guarapari

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Centro de Detenção Provisória
de São Domingos do Norte

58 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 59


Centro de Detenção Provisória
de São Mateus

60 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 61


Centro de Detenção Provisória
de Marataízes

62 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 63


Centro de Detenção Provisória
de Aracruz

64 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 65


Centro de Detenção Provisória
de Colatina

66 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 67


Penitenciária Feminina
de Cariacica

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Novo Complexo Penitenciário
de Vila Velha, com unidades já
inauguradas e em obras a serem
finalizadas em março de 2011

70 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 71


Finalização das obras do
Centro Prisional Feminino de Colatina

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3.2 Atenção
Por si só, o atendimento a apenados é altamente desafiante. Se este ocorre num sis-
tema que está em pleno processo de reconstrução, como já mencionado, e ainda de-
mandado crescentemente por novas vagas, a situação fica mais complexa ainda. Esse
é o caso do Espírito Santo.
No início do atual Governo, o Espírito Santo tinha uma população carcerária de
aproximadamente três mil presos. Atualmente são mais de 12 mil presos, sendo 90%
homens e 10% mulheres. Do total, 56% são presos condenados e 44% são provisórios
(dados referentes a setembro/2010).
O novo modelo de gestão que a Secretaria da Justiça está implantando em todas
as unidades prisionais contempla as assistências previstas na Lei de Execução Penal:
saúde, jurídica, material, educacional, religiosa e de trabalho. Também são oferecidos
cursos de qualificação profissional e realizados projetos que visam à ressocialização dos
egressos do sistema penitenciário.

Educação
Em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), a Sejus mantém em funcio-
namento, em 16 unidades prisionais, salas de aula onde funcionam turmas desde a al-
fabetização até o ensino médio, na modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA).
Aproximadamente 1.500 internos estudam nas dependências das unidades prisionais,
orientados por mais de 90 professores. Com a inauguração das novas unidades, esse nú-
mero deve chegar a 3.500 no primeiro semestre letivo de 2011.
Um relatório do Ministério da Educação (MEC), divulgado em dezembro de 2009,
que trata da educação no sistema penitenciário brasileiro revelou ser o Espírito San-
to o Estado da Federação com mais detentos em sala de aula (21,7%). O índice ca-
pixaba superava o percentual do País, que era de 17,3%. O Estado era seguido por Segundo o MEC, o Espírito Santo é o Estado com o
Pernambuco, com 18%, e Rio de Janeiro, com 16,44%. O MEC teve como parâmetro maior percentual de detentos em sala de aula

74 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 75


dados do Ministério da Justiça e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Numa iniciativa inédita no sistema penitenciário do Brasil, começaram a funcionar
em maio de 2010 as salas de aula do Programa Nacional de Integração da Educação Pro-
fissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – For-
mação Inicial e Continuada (Proeja FIC Apenado).
A união da educação básica com a qualificação profissional, proporcionada pelo pro-
grama, vai ao encontro da necessidade de rapidez que os internos do sistema prisional
têm. Após a participação do programa, eles terão mais chances de alcançar uma oportu-
nidade no mercado de trabalho, quando ganharem a liberdade.
A implantação do programa no sistema penitenciário capixaba foi viabilizada por
uma parceria entre as secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e da Educação (Sedu) com
o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
Inicialmente, o programa está beneficiando 125 internos que poderão, simultanea-
mente, concluir o ensino fundamental e se profissionalizar participando dos cursos de
bombeiro hidráulico, pintor, gesseiro e instalações elétricas. Toda a carga horária será
cumprida em 12 meses.
As cinco turmas iniciais do programa estão funcionando na Penitenciária de Seguran-
ça Média II e na Penitenciária de Segurança Máxima I, ambas em Viana; na Penitenciária
Regional de Cachoeiro de Itapemirim; e na Penitenciária de Segurança Média de Colatina.

Bibliotecas e Assistência jurídica

atividades culturais Em 2007, quando foi criada a Diretoria de Assistência Jurídica do Sistema Penal (Dirajusp),
dão suporte montou-se uma equipe com assessores jurídicos. Atualmente, essa equipe é composta por
ao trabalho de 31 profissionais, que dão suporte jurídico aos diretores de unidades prisionais, o que pos-
alfabetização, ensino sibilita um acompanhamento mais eficaz da vida processual dos internos. Todas as unida-
e formação no des prisionais do Estado contam com assessores jurídicos fixos, que atuam diariamente.
sistema prisional Além do atendimento cotidiano, foram realizados esforços concentrados, espécie de

76 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 77


mutirão jurídico, em todas as unidades prisionais, com o intuito de minimizar o percen-
tual da população penitenciária custodiada nos estabelecimentos penais, verificando, por
exemplo, possíveis excessos de prazo na instrução criminal dos internos.
A Sejus inaugurou em junho de 2010 a Central de Alvarás. A Central está localizada
no Complexo Penitenciário de Viana e funciona 24 horas. Ela concentra o recebimento
dos alvarás de soltura das unidades prisionais da Grande Vitória.
A Central de Alvarás centraliza e dá mais agilidade ao cumprimento das decisões ju-
diciais, possibilitando um controle efetivo da saída dos presos. O projeto da Central de
Alvarás é pioneiro no País.

Total de alvarás de soltura recebidos e cumpridos pela central

de alvarás no período de 05/07/2010 a 12/10/2010

Total de alvarás com restrição até o dia 12/10/2010 - 238

14%
Total de alvarás sem restrição até o dia 12/10/2010 - 1.468

86% Obs.: Os valores apresentados neste gráfico representam o total de Alvarás de


Soltura cumpridos pela Central de Alvarás, qual seja 1.706, que se referem
às Unidades Prisionais da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), bem como
aos Departamentos de Polícia Judiciária (DPJs), cuja responsabilidade é da
Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Pessoal (Sesp).

A Sejus criou a Diretoria de Assistência Jurídica do


Sistema Penal, possibilitando um acompanhamento
eficaz da vida processual dos internos

78 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 79


Saúde
Atualmente, a Sejus conta com 16 equipes multidisciplinares, formadas por médico, enfer-
meiro, técnico em enfermagem, psicólogo, assistente social, dentista e auxiliar de consultó-
rio odontológico. Aproximadamente 91% dos atendimentos de saúde aos internos do siste-
ma penitenciário do Espírito Santo são realizados nas dependências das unidades prisionais.
Somente nos primeiros seis meses de 2010, os profissionais de saúde da Sejus realiza-
ram mais de 95 mil atendimentos aos internos do sistema prisional. As unidades prisionais
que não têm equipe multidisciplinar completa contam com enfermeiros ou técnicos em
enfermagem, assistente social e psicólogo, e o atendimento médico é oferecido pelas redes
municipal e estadual de Saúde, de acordo com o nível de complexidade do atendimento.
A Sejus inaugurou em novembro de 2009 a Unidade de Saúde Prisional (USP), lo-
calizada no Complexo Penitenciário de Viana. A unidade foi completamente reformada
e equipada para prestar atendimentos de saúde, uma vez que, desde que ela foi constru-
ída, só havia funcionado como presídio. Foram investidos aproximadamente R$ 300 mil.
A unidade possui 17 leitos e é equipada com cadeira odontológica, raios X odonto-
lógico, eletrocardiograma, monitor cardíaco, aparelho de raio X, cadeiras reclináveis para A Sejus inaugurou,
medicação, equipamentos de esterilização, entre outros. no Complexo
A inauguração da USP integra as ações de reestruturação do sistema penitenciário do Penitenciário de
Estado. A unidade foi equipada seguindo normas e padrões rígidos e possibilitará que os Viana, a Unidade
internos do sistema prisional participem dos programas de promoção e assistência à saúde. de Saúde Prisional
Também no Complexo de Viana foi construído o Módulo de Acompanhamento de Tu- e a Unidade de
berculose, que conta com 30 leitos. O funcionamento da unidade segue as diretrizes esta- Acompanhamento
belecidas pela portaria de Normatização de Posturas Administrativas para Atendimento ao de Tuberculose
Preso com Tuberculose no Sistema Penitenciário. Além de receberem o tratamento nas uni-
dades prisionais onde cumprem pena, quando há necessidade, os presos são encaminha-
dos para o Módulo. Com essa política, é possível também controlar a transmissão da doen-
ça no interior das unidades prisionais, além de resguardar servidores, familiares e visitantes.

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Enfermaria, salas de atendimento odontológico
e de raio X fazem parte da estrutura montada
pela Sejus na área da saúde prisional

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A atenção aos internos inclui serviços de enfermagem,
fisioterapia, atendimento médico e social

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Trabalho
Atualmente, o Espírito Santo tem mais de 1.300 detentos trabalhando tanto dentro das
unidades prisionais do Estado quanto fora delas, e estão instaladas frentes de trabalho
em 11 unidades. Oitenta e nove empresas são parceiras da Sejus no oferecimento des-
sas oportunidades de trabalho.
Outra ação do Governo do Estado no aumento do oferecimento de vagas de traba-
lho para presos e egressos do sistema penitenciário foi a publicação no Diário Oficial,
do Decreto nº 2.460-R, que determina às empresas contratadas ou conveniadas aos ór-
gãos do Governo do Estado, a contratação de 6% da mão de obra total para a execução
da obra ou serviço advindos do sistema penitenciário estadual. Sendo que 3% deverão
ser presos e 3% egressos.
As empresas que já estejam contratadas pelos órgãos da administração direta ou pelas
entidades da administração indireta do município, em razão de convênio firmado com
o Estado, podem, a qualquer tempo, aderir voluntariamente às disposições do decreto.
Conforme determina o decreto, o salário pago aos presos e egressos não pode ser in-
ferior a um salário mínimo. O trabalho de detentos não está sujeito ao regime da Conso-
lidação das Leis do Trabalho (CLT) e, sim, à Lei de Execução Penal, o que faz com que a
empresa fique dispensada do recolhimento dos encargos trabalhistas.
O Estado também aderiu, no último mês de fevereiro, ao programa Começar de Mais de 1.300
Novo do CNJ, que visa a promover ações que estimulem a ressocialização e reinserção detentos
no mercado de trabalho de detentos e ex-detentos, além de jovens em conflito com a lei. trabalham em
Em outubro último, a Sejus deu início ao Projeto Viva Voz, resultado da parceria en- frentes instaladas
tre a Diretoria de Ressocialização do Sistema Penal (Diresp), o Centro de Estudos e Apli- em 11 unidades
cações para as Novas Tecnologias Educacionais (Ceante) e a MyData. Trezentas mulhe- prisionais e junto
res da Penitenciária Feminina de Cariacica (PFC), localizada no município de Cariacica, a 89 empresas
serão capacitadas para trabalhar no primeiro call center de unidade prisional do Brasil. parceiras da Sejus
Num primeiro momento, 80 detentas participam do curso, com carga horária de 240

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horas/aula. Ainda nessa etapa, as mulheres serão beneficiadas com remição de pena. Ao
fim das primeiras 40 horas de estudo, todas estarão aptas para o trabalho no call center,
com previsão de inauguração um mês após o início do curso. Ao fim do curso técnico
em telemarketing, as internas receberão certificado.
Ao todo, 120 mulheres receberão o salário base da categoria (R$ 600) para tra-
balhar em turnos de 6 horas – respeitando a legislação. A central funcionará em dois
turnos, totalizando 12 horas diárias de atendimento telefônico. Em um futuro pró-
ximo, de acordo com o interesse das empresas parceiras, o call center poderá fun-
cionar durante 24 horas.
Para garantir a segurança do projeto, o call center vai contar com monitores e um
moderno sistema de reconhecimento de voz. Há um sistema que permite notar qualquer
alteração vocal. Se a atendente mudar de tom durante a ligação, o sistema automatica-
mente cancela a ligação. A capacitação ajudará a formação das detentas.

Qualificação
Os diversos projetos de qualificação são uma iniciativa da Secretaria da Justiça em atendi-
mento à Lei de Execução Penal (LEP n° 7.210/84), que define como prioridade na assis-
tência aos apenados o atendimento à profissionalização como mecanismo de reinserção
social. A população encarcerada apresenta perfil de baixa escolaridade e precária profis-
sionalização, sendo necessário, portanto, a implementação de uma política de tratamen-
to penal voltada para a educação e qualificação do apenado.
Nesse sentido, são oferecidos cursos profissionalizantes dentro dos arranjos produ-
tivos do Estado, como forma de possibilitar a inserção dos internos no mercado de tra-
balho após o cumprimento da pena. Os cursos também contam com disciplinas de em-
preendedorismo, no intuito de despertar uma postura profissional que garanta a perma- A qualificação profissional também
nência dessas pessoas no mercado de trabalho. faz parte do dia a dia do novo
Já foram ministrados cursos profissionalizantes de confeiteiro, panificação, manicu- sistema prisional capixaba

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re, cabeleireiro, eletricista básico, bombeiro hidrossanitário, gesseiro, entre outros. As au- realidade pode levar décadas, ainda assim se a transformação dos fundamentos da socie-
las são ministradas por instrutores de instituições com expertise na área de qualificação, dade for uma prioridade da ampla maioria. No campo da punição, o Direito Penal pas-
como o Ifes (antigo Cefetes), Senac, Senai, Sesi, Sebrae. sou a ser o caminho para se tentar a resolução dos conflitos sociais e a prisão assumiu,
Destacam-se nessa área o Projeto Maria Marias, desenvolvido na Penitenciária Esta- equivocadamente, papel central nesse processo.
dual Feminina, vencedor do Prêmio Inoves 2008, na categoria Inclusão Social e, ainda, O certo é que a violência é um ato inaceitável diante do processo civilizatório. A pu-
o Centro de Formação Profissional da Penitenciária Agrícola (Cefop), com capacidade nição pelos erros cometidos é a regra escolhida desde os primórdios da caminhada hu-
para atender 120 alunos diariamente. mana. Em função de causas diversas, entre elas um grave processo de desigualdade so-
cioeconômica e cultural, a sociedade vem produzindo cada vez mais desvios de condu-
Assistência Religiosa tas punidos com prisão.
A assistência religiosa, com liberdade de culto, é garantida aos presos pela Lei de Execu- A cada minuto novos crimes são cometidos, com repercussão potencializada pela
ção Penal em seu artigo 24. A Sejus criou, em junho de 2008, o Grupo de Trabalho In- divulgação desses acontecimentos quase em tempo real, alimentando-se o medo e refor-
terconfessional do Sistema Prisional do Estado do Espírito Santo. O Grupo atua na nor- çando-se a descrença na recuperação. Nesse contexto, soa como algo distante e utópi-
matização da assistência religiosa e na qualificação dos voluntários. Somente em 2009, co falar em ressocialização, reinserção social do preso e do egresso penitenciário. Mudar
639 pessoas participaram dos seminários de capacitação. essa contingência é um desafio que deve unir todos os cidadãos.
O grupo é coordenado pelos Núcleos de Assistência Social e de Direitos Humanos “O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de exe-
da Sejus, mas, além da Secretaria, também estão representados a Federação Espírita do cução da pena e da medida de segurança”. O artigo 4 da Lei de Execução Penal (nº
Estado, a Arquidiocese de Vitória, a Convenção Batista do Espírito Santo, a Igreja Pres- 7.210/84) é um dos nortes mais importantes do trabalho da Sejus.
biteriana do Brasil e a Igreja Assembleia de Deus. Diante dessa realidade e em consonância com o que preconiza a Lei de Execução
Além de qualificar os voluntários que atuam nas unidades prisionais do Estado, o Penal, a Sejus tem buscado permanentemente o apoio da sociedade no oferecimento
Grupo Interconfessional também desenvolve ações relacionadas à ampliação da assistên- de oportunidades de trabalho, qualificação profissional, educação com vistas à reinte-
cia espiritual oferecida nos presídios e melhora da relação entre os voluntários e os ser- gração do preso à sociedade. A Sejus instituiu o Programa de Ressocialização com par-
vidores das unidades prisionais. O grupo se reúne semanalmente para avaliar o trabalho ceiros públicos e privados, criando oportunidades de trabalho para uma parcela dos
que é desenvolvido pelos voluntários que atuam nas unidades prisionais. presos dos regimes fechado e semiaberto.
Foi lançado no mês de outubro o selo social ‘Ressocialização pelo Trabalho’. O selo
Parcerias será concedido pela Sejus como forma de reconhecimento e estímulo do Governo do Es-
Em um País onde a desigualdade impôs por décadas a exclusão social de parcela dos seus tado às empresas que oferecem oportunidades de trabalho a detentos e egressos do sis-
filhos, a violência e a criminalidade assumiram um lugar de destaque. A superação dessa tema penitenciário.

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Programas Projeto Preso Trabalhador – Este programa visa a ajudar no gerenciamento dos
Estas e outras ações fazem parte do variado elenco de projetos desenvolvidos pela Sejus recursos financeiros obtidos pelos presos, tendo em vista a educação dos apenados, o
no processo de ressocialização dos apenados. São eles: sustento das suas famílias e o seu processo de reinserção social no pós-cumprimento da
pena. É uma parceria da Sejus com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e o Banco
Projeto Pintando a Liberdade – O projeto consiste em produzir bolas esporti- do Estado do Espírito Santo (Banestes).
vas de diversas modalidades, redes e uniformes de programas do Ministério do Esporte e da
Sejus. Existem várias áreas de atuação em nível de aprendizagem para o interno, manuseio Projeto Costurando o Futuro – O projeto propõe a capacitação de 90 presos,
de couro, serigrafia, costura de bolas, diversos setores de confecção, confecção de redes. Ao em modelagem e costura industrial e absorção de mão de obra de 40 presos na linha de
todo, cerca de 400 internos estão envolvidos no projeto, em sete unidades prisionais. produção industrial na Penitenciária de Segurança Média de Colatina (PSMECOL), ten-
do como foco a profissionalização por meio da metodologia do aprender fazendo. A li-
Projeto Xadrez que Liberta – Parceria com a Prefeitura de Santa Maria de Jeti- nha de produção irá confeccionar uniformes, para atender à demanda de oferta de uni-
bá, o projeto visa a desenvolver habilidades cognitivas, internalização de regras, normas formes no sistema prisional.
e disciplina por meio da didática do xadrez.
Projeto Dando Corda à Liberdade – Este projeto tem a música como instru-
Núcleo de Qualificação Profissional – Coordena a qualificação das pessoas em mento de socialização, interação e inclusão social do reeducando que cumpre pena na
privação de liberdade por meio de cursos profissionalizantes e dentro dos arranjos produ- Penitenciária de Segurança Média II.
tivos do Estado do Espírito Santo, de forma a possibilitar sua inserção no mundo do tra-
balho. Também busca despertar nos reeducados a importância da postura empreendedo- Projeto Plantando a Solidariedade – O projeto mantém uma horta, com o
ra pessoal e profissional para garantir a entrada e permanência no mercado de trabalho. plantio de olerícolas, em geral, e com a profissionalização dos internos nas áreas afins.
Eles participam de cursos profissionalizantes, conforme previsto na política de resso-
Projeto Maria Marias – O Projeto Maria Marias é uma parceria do Ministério cialização dos presos custodiados na Penitenciária Agrícola do Espírito Santo, localiza-
da Justiça/Depen com a Secretaria de Estado da Justiça. Dedicado a mulheres encarcera- da no Complexo Penitenciário de Viana. A produção da horta solidária é destinada para
das em todo o País, propõe uma articulação com o Sistema “S” Nacional. O projeto am- comercialização e doação.
plia o conceito de ressocialização focado no trabalho, no empreendedorismo e no forta-
lecimento do vínculo familiar, minimizando os efeitos do encarceramento e resgatando Projeto Núcleo de Inclusão ao Trabalhador – Visa a ressocializar as pesso-
o potencial da mulher na sua condição de mãe, trabalhadora, empreendedora, educado- as em privação de liberdade por meio de atividades produtivas intra e extramuros,
ra, administradora do lar, companheira e como cidadã de direitos. fomentando as atividades de inclusão social, propiciando o resgate da cidadania, a

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recuperação da autoestima dos internos, a redução do tempo de ociosidade. Busca
também desenvolver competências e habilidades que sejam capazes de gerar renda e
ampliar as condições de inserção social. Diversas modalidades de investimentos po-
dem ser adotadas pelas empresas que queiram apoiar a recuperação do preso. Entre
elas está a contratação do preso para trabalhos dentro dos estabelecimentos prisio-
nais, canteiro de obras ou oficinas que podem ser mantidas no interior das prisões.
Também é possível para as empresas a contratação de presidiários para trabalhar fora
da prisão, nos seus próprios estabelecimentos, mediante convênio entre a empresa e
a Secretaria de Estado da Justiça.

Programa Educacional Portas Abertas para a Educação – Desenvolvido em


parceria da Sejus com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), objetiva instituir e im-
plementar turmas especiais nas instituições penais do Estado do Espírito Santo. A meta
final é proporcionar à população carcerária a garantia do direito à educação, à inclusão e
à continuidade dos estudos no âmbito da educação básica regular para jovens e adultos.

3.2.1 Estrutura

O novo sistema prisional capixaba, constituído a partir de 2003, depois de décadas de


abandono dessa que é uma das mais complexas áreas de políticas públicas, tem um
novo padrão construtivo e também novos programas e serviços de educação e profis-
sionalização, assistência jurídica e saúde, entre outros, como se viu até aqui neste livro
de prestação de contas da Sejus.
Para finalizar esta seção, uma série de fotografias mostra a estrutura e as condições ga-
rantidas pelos novos presídios, onde se realizam os atendimentos à população carcerária O novo sistema prisional capixaba
no Estado. O objetivo é, além da ampliação de vagas, oferecer condições dignas de tra- tem altos investimentos em
balho, internação e convivência, além de estabelecer os necessários padrões de segurança. segurança externa...

94 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 95


... e interna, com total
controle da movimentação
da população carcerária

96 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 97


Um sistema de
monitoramento
eletrônico controla
todos os ambientes
dos novos presídios

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A Sejus oferece
novas condições de
internação, assim
como montou
estruturas dignas
de diálogo entre os
presos e suas visitas

100 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 101


3.3 Cidadania entre 2003 e 2010, os investimentos do Iases foram da ordem de aproximadamen-
te R$ 75,5 milhões.
Para além da questão prisional, a Sejus tem como atribuições o gerenciamento do
O ano de 2010 é marcado pelo reordenamento e regionalização da política de aten-
Iases, do Procon e do Balcão da Cidadania, entre outros. O Balcão da Cidadania, di-
dimento socioeducativo com as seguintes ações a destacar:
rigido pelo Núcleo de Direitos Humanos (NDH) da Secretaria da Justiça, é um in-
centivador da valorização da dignidade humana, com a missão de orientar todos os
Inaugurações de novas unidades e espaços para o atendimento ao adolescente
cidadãos na garantia de seus direitos individuais e coletivos, encaminhá-los às enti-
em conflito com a lei que visam a regionalizar o atendimento em meio fechado, e, assim,
dades governamentais e não governamentais e receber e encaminhar denúncias de
fortalecer vínculos familiares e comunitários do adolescente, requisitos previstos no Sis-
violações dos direitos humanos.
tema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase). Foram criadas 500 novas vagas
O Balcão da Cidadania está instalado no térreo do edifício Fábio Ruschi, no cen-
para o atendimento socioeducativo em meio fechado nas regiões Norte e Sul do Estado
tro de Vitória, e os atendimentos são realizados pessoalmente, por telefone ou on-line. e na Região Metropolitana da Grande Vitória.
São fornecidas informações como orientações e esclarecimentos nas áreas da Saúde,
Direito do Consumidor, Justiça, Infância e Juventude, documentos pessoais, forneci- Investimento e fortalecimento das medidas socioeducativas em meio aberto jun-
mento de atestados de pobreza, de contrato de união estável, atestado de bons ante- to aos municípios. No ano de 2004, apenas quatro municípios desenvolviam programas
cedentes, encaminhamento de atendimento à saúde, de denúncia de violação ao di- em meio aberto e, em 2010, o Iases firma convênios de cooperação técnica e financeira
reito, atendimento a vítima de violência, demandas sobre transportes, demandas em com 22 municípios.
trabalho/estágio e formação profissional, inserção escolar, confecção de documentos
pessoais, dentre outros. Investimento em recursos humanos com o plano de cargos e carreiras; realiza-
ção de concurso público com a oferta de 441 vagas e a inauguração da Escola de Forma-
ção do Iases.
3.3.1 Iases

O Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), autarquia da Se- Entregas


cretaria de Estado da Justiça (Sejus), é o órgão responsável por fazer a gestão e execução Em junho de 2010, o Iases inaugurou a Unidade de Internação Provisória e a Unidade
da política pública de atendimento ao adolescente em conflito com a lei e atua na estru- de Internação da Regional Norte, em Linhares. São 60 vagas de internação provisória e
turação de um novo sistema socioeducativo no Espírito Santo. 90 de internação para atender adolescentes do sexo masculino originários de municípios
Os recursos necessários para esse trabalho foram garantidos pelo atual Gover- das regiões Norte e Noroeste do Estado.
no com investimentos estruturantes e em ações de recursos humanos. No período Em agosto de 2010, foi entregue o novo Espaço Pedagógico do Iases, em Cariaci-

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ca-Sede, para atender os adolescentes da Unidade de Internação Socioeducativa (Unis). Unidade de Internação Provisória e uma de Internação na Regional Sul, em Cachoeiro
O local tem 2.150 metros quadrados de área construída com dois prédios que pos- de Itapemirim; da Unidade de Internação Provisória II (Unip II), em Cariacica-Sede; e
suem oito salas de aula, oito espaços multiuso para cursos (em um deles funciona uma da Unidade Metropolitana de Internação, em Vila Velha.
padaria), auditório, biblioteca, laboratório de informática, sala dos professores e peda- Esta gestão também licitou, em 2010, a obra para a construção do novo Centro In-
gogos, arquivo, copa e depósito. tegrado de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei (Ciase), onde funcionará
O espaço é destinado a atividades de escolarização, ao desenvolvimento de cursos o plantão interinstitucional da Grande Vitória com serviços do Iases, Defensoria Públi-
profissionalizantes e de capacitação, atividades pedagógicas, socioterapêuticas, socioco- ca, polícias Militar e Civil, Juizado da Infância e Juventude, e Ministério Público. O Cia-
munitárias, de cultura, lazer e de espiritualização. se será construído em Vitória.
Ainda no mês de agosto, foi realizada também a entrega do novo prédio de Admi-
nistração e Atendimento da Unis, em Cariacica-Sede. Gestão
No mês de setembro, foi entregue a Escola de Formação do Iases, localizada no bair- O ano de 2010 acumula uma série de conquistas viabilizadas pelos investimentos e
ro Ibes, em Vila Velha. A Escola de Formação é um espaço destinado à formação conti- trabalho realizados desde 2003. No ano de 2009, foi implantada a Gerência Peda-
nuada dos servidores e da rede socioeducativa. gógica, uma ação de gestão importante para a construção do Projeto Político-Peda-
Com essa entrega, os investimentos do Iases destinados à formação continuada dos gógico Institucional (PPPI), que simboliza a essência do atendimento socioeducati-
servidores e da rede socioeducativa entre os anos de 2004 e 2010 superaram R$ 1,5 mi- vo, organiza as ações de atendimento técnico, e é o instrumento ordenador da ação
lhão. Foram realizados vários cursos de capacitação e formação para servidores e para socioeducativa.
toda a rede. Vale destacar a realização do curso para profissionais dos programas de me- Neste ano, inicia-se a implantação do PPPI, que representa uma conquista signifi-
didas socioeducativas em meio aberto, ocorrido em 2010, em parceria com a Escola La- cativa, do ponto de vista do método, mas também um grande desafio, pois é um ins-
caniana de Psicanálise de Vitória (ELPV) e a Faculdade de Direito de Vitória (FDV), a trumento que impacta diretamente na consolidação de uma cultura da socioeducação.
partir de uma iniciativa financiada por meio de convênio entre o Governo do Estado e a No ano de 2010, ocorreu também a implantação do Sistema de Informação do Aten-
Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Secretaria Es- dimento Socioeducativo e a construção do Regimento Interno Institucional.
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Ainda no ano de 2010, o Iases celebra um ano de funcionamento do Centro So-
Nos anos anteriores, foram realizados outros dois projetos de capacitação deno- cioeducativo de Atendimento ao Adolescente em Conflito com a Lei (CSE), locali-
minados Re-Significar e Te-Sendo a Rede, para servidores e também para profissio- zado em Tucum, Cariacica. A gestão do local é realizada através de um contrato de
nais da rede de atendimento socioeducativo, a partir de iniciativas do Iases, em parce- gestão por resultados, inovador, firmado entre o Governo do Estado por meio do Ia-
ria com o Governo Federal. ses e uma organização social, a Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclu-
Nos quatro últimos meses de 2010, também foram realizadas as entregas de uma são Social (Acadis).

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O Centro Socioeducativo
de Atendimento ao
Adolescente em Conflito
com a Lei (CSE), em
Tucum, Cariacica, é um dos
exemplos do novo padrão
de trabalho do Iases

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Atendimento tação e a retirada de mais de 400 documentos de identidade, carteiras de trabalho, CPFs,
Com a entrega do novo Espaço Pedagógico, o Iases firmou uma nova parceria com alistamentos militar e títulos de eleitor. As ações de cidadania foram realizadas nas uni-
a ArcelorMittal Tubarão para o desenvolvimento de uma oficina multimídia de cine- dades de atendimento, pela equipe do Núcleo de Abordagem Familiar e Comunitária do
ma. Além disso, o projeto de lançamento de um CD profissional gravado em estú- Iases, em parceria com o Departamento de Identificação da Polícia Civil, com a Secreta-
dio pelos socioeducandos também foi concretizado, sendo o CD lançado em agos- ria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e com a Junta Militar, que ga-
to de 2010. A ArcelorMittal Tubarão também é parceira no desenvolvimento do Pro- rantiram a isenção de taxas para a retirada dos documentos.
jeto de musicalização Cantando a Vida, desenvolvido com os adolescentes em todas As ações de inclusão social, profissionalização e cidadania também se destacaram no
as unidades do Iases. ano de 2010 com a participação de adolescentes em eventos como o concurso do “Padei-
Além dessas atividades, também foi criado em 2010 o Projeto Canto Coral, Ofici- ro Nota 10”, em que um adolescente de 17 anos conquistou o 1º lugar do prêmio concor-
nas de Teatro e, no novo Espaço Pedagógico, iniciou-se de forma permanente, ofici- rendo com profissionais da área de panificação e confeitaria. Alunos do Projeto Lutando
nas pedagógicas de artesanato, tecelagem, informática, padaria, manutenção e mon- pela Vida, do CSE, também conquistaram os primeiros lugares no campeonato estadual
tagem de computadores, além de cursos profissionalizantes realizados por profissio- de Judô. Os adolescentes da Unis e as meninas da UFI também participaram do Projeto
nais do Sesi, Senai, Senac, e a escolarização em parceria com a Secretaria de Estado do Trote Solidário, promovido pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV).
da Educação (Sedu). Parcerias com a Faculdade de Música do Estado do Espírito San- Quanto ao atendimento em saúde, o Iases, em parceria com a Secretaria de Estado
to (Fames) e com a Secretaria de Estado de Esportes, Cultura e Lazer (Sesport) tam- da Saúde e o Instituto Solidário, garantiu serviços de atendimento de consultas médi-
bém foram firmadas para o desenvolvimento de atividades de musicalização, além de cas, dentista, dentre outros, além de promover programas de promoção e prevenção,
projetos esportivos. censo, pesquisas e palestras de sensibilização voltadas para o combate ao tabaco e uso
Também foi criado o Programa de Egressos, em parceria com a Fundação Dadalto, e abuso de drogas.
com o oferecimento de curso de capacitação para o mercado de trabalho para meninos Outra conquista no âmbito do atendimento neste ano de 2010 foram as audiências de
e meninas que deixaram o sistema de atendimento socioeducativo. revisão de medidas de internação ocorridas dentro das Unidades. Como resultado das au-
A profissionalização e a capacitação de adolescentes com foco no mercado de tra- diências houve aproximadamente 70 liberações. A ação ocorreu de forma articulada entre
balho também foi um dos resultados alcançados com um ano de funcionamento do o Executivo Estadual, por meio do Iases, o Judiciário, a Promotoria e a Defensoria Pública.
Centro Socioeducativo (CSE). Dos 80 adolescentes atendidos no CSE, 50% deles se Vale ressaltar ainda os investimentos em segurança e recursos humanos. O sistema
encontram inseridos no mercado de trabalho com carteira assinada nos ramos de pa- de segurança das Unidades foi aprimorado, houve a implantação de serviço de inteli-
nificação, confeitaria, mecânica, cozinhas industriais, ainda durante o cumprimento gência, e o Iases priorizou investimentos na contratação e capacitação de agentes socio-
da medida socioeducativa de internação. educativos, nas equipes técnicas e também na aquisição de equipamentos de trabalho,
O Projeto Cidadania também foi realizado no ano de 2010 e garantiu a regulamen- entre outras iniciativas.

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3.3.2 Procon-ES Fiscalização
O Procon Estadual desempenha importante papel no âmbito fiscalizatório em todo o
O Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Estadual), autarquia
território do Espírito Santo. Para se ter uma ideia, em 2009 foram realizadas 399 ações
integrante da administração indireta, destina-se à proteção e defesa dos interesses dos
em 13 municípios do Estado, além do trabalho desenvolvido nos sete municípios que
consumidores, mantendo contato direto com os cidadãos e seus pleitos, competindo-
compõem a Região Metropolitana da Grande Vitória, resultando na lavratura de Au-
-lhe, basicamente, as funções de acompanhamento e fiscalização das relações de consu-
tos de Infração, Termos de Apreensão, Autos de Constatação e palestras educativas. Em
mo entre fornecedores e consumidores.
2010 já foram realizadas mais de 180 ações de fiscalização.
Segundo dados do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (Sindec), o Procon
Estadual registrou, no ano de 2005, 11.731 atendimentos; em 2006 esse número foi de
18.146; em 2007 subiu para 25.110; em 2008 foram registrados 27.322 atendimentos.
No ano de 2009, foram realizados 26.070 atendimentos e, em 2010, até 30 de agosto,
O Procon-ES investiu no
já somavam mais de 16.700. atendimento às demandas da
Esse crescimento é reflexo das novas ferramentas de atendimento desenvolvidas população, inclusive intensificando
pelo Instituto (Atendimento Eletrônico, Consulta Eletrônica e CIP Eletrônica), que de- as ações de fiscalização
ram mais agilidade e praticidade aos serviços, uma vez que consumidores e fornecedo-
res passaram a consultar processos, tirar dúvidas e fazer denúncias, sem precisar se des-
locar até a sede do Procon Estadual.
Em 2009, houve uma mudança estratégica no setor de atendimento que fez com que
os consumidores comparecessem menos vezes ao Procon Estadual para solucionar seus
problemas. Um exemplo que demonstra claramente essa mudança estratégica é o cres-
cimento do número de cartas de informação preliminar (CIPs). Em 2008, foram expe-
didas 3.591 cartas de informação preliminar, em 2009 esse número foi de 9.475 e, em
2010, até 30 de agosto, o total era de 7.077 CIPs.
Em julho de 2010, o Procon Estadual passou a utilizar como forma padrão de re-
messa a CIP Eletrônica, fato que deu celeridade e eficiência aos procedimentos, melho-
rando a vida dos consumidores e fornecedores que, além de contar com uma podero-
sa ferramenta de gestão, puderam eliminar custos com Correios e pessoal terceirizado.

110 Políticas Públicas de Justiça 111


Conciliação des e crescente nível de resolutividade apresentado. O instituto está sempre distribuin-
Além dos atendimentos pessoais e das tentativas imediatas de solução de conflitos, o Pro- do cartilhas informativas e realizando eventos educativos, servindo, portanto, como en-
con Estadual realiza audiências de conciliação, oferecendo a oportunidade de interme- treposto estatal à disposição dos consumidores para fazer frente às suas demandas jus-
diação de conflitos dentro do processo administrativo. Em 2007 foram realizadas 3.868 tas perante o fornecedor.
audiências dessa mesma natureza. Já em 2008 esse número elevou-se para 6.275, e o ano Reflexo direto desse movimento está no resultado da pesquisa de Confiança nas Institui-
de 2009 fechou com 8.492 audiências de conciliação. Em 2010, até 30 de agosto, já ha- ções, realizada pelo Instituto Futura na Grande Vitória, em que o Procon-ES aparece em 2º
viam sido realizadas 6.658 audiências. lugar entre as instituições públicas analisadas, ficando atrás somente do Corpo de Bombeiros.

Jurídico Fundo Estadual de Defesa do Consumidor


Todos os processos não solucionados no setor de atendimento e nas audiências de con- Revela-se também como consequência positiva do trabalho que o Procon Estadual vem
ciliação do Procon Estadual, bem como todos os autos de infração lavrados pela fiscali- realizando a considerável elevação do saldo com que hoje conta o Fundo Estadual de
zação do instituto, são encaminhados ao departamento jurídico, que emitiu, em 2009, Defesa do Consumidor (FEDC).
457 decisões administrativas.
Além disso, nesse mesmo ano, o Procon Estadual entrou com 10 ações civis públicas, nove Pronasci
contra planos de saúde pelo reajuste por mudança de faixa etária e uma contra uma empresa Foram aprovados pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pro-
de gás, por publicidade abusiva. Em 2010, foram proferidas 166 decisões administrativas. nasci) três projetos desenvolvidos pelo Procon Estadual. São eles: Procon Itinerante,
Consumidor Cidadão e Municipalização do Sindec. O Procon Itinerante irá dinami-
Cadastro zar o atendimento ao público com a aquisição de uma unidade móvel de atendimen-
Em 11 de setembro de 2009, o Procon publicou o Cadastro de Reclamações Fundamenta- to para levar às comunidades instrumentos de proteção e defesa do consumidor e for-
das 2008/2009, que é um importante instrumento de consulta para o consumidor e para talecimento da cidadania, através de orientações, esclarecimentos e atendimentos pre-
todo o ambiente consumerista. O documento apresenta nomes fantasias, razões sociais liminares aos consumidores.
e outros dados de 292 fornecedores, englobando desde grandes empresas nacionais até Já o Projeto Consumidor Cidadão tem como objetivos produzir e difundir conheci-
pequenos fornecedores do Estado. O Cadastro 2008/2009 registrou 1.364 reclamações. mentos básicos sobre direito do consumidor, educar para o consumo consciente de pro-
dutos e serviços e formar multiplicadores da defesa do consumidor. O Projeto Munici-
Credibilidade palização do Sindec, por sua vez, irá proporcionar aos Procons dos municípios a implan-
Importante destacar que o Procon atingiu junto à sociedade capixaba alto nível de credi- tação do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor. O valor total dos
bilidade, pelos trabalhos que vem realizando e pela constante ampliação de suas ativida- três projetos será de R$ 2.440.579,38.

112 Políticas Públicas de Justiça Governo do E s ta d o do E s p í r i t o S a n t o 2003-2010 113


Políticas Públicas de Justiça
G overno do E stado do E spírito S anto 2003-2010

Paulo Hartung
G overnador do E stado do E spírito S anto

Ricardo Ferraço
V ice -G overnador do E stado do E spírito S anto

Ângelo Roncalli de Ramos Barros


S ecretário de E stado da J ustiça

A ssessoria de C omunicação – Rhuana Ribeiro, Rafael Porto


A gência de P ublicidade – Aquatro Comunicação e Marketing
A utoria , conceito , pesquisa , texto , edição : José Antonio Martinuzzo
F otografia : Alair Caliari, Arquivo Sejus, Arquivo Secom
P rodução : Estúdio Zota
P rojeto gráfico e diagramação : Allan Ost, Roges Morais
R evisão : Márcia Rocha
T ratamento de imagens : Fabio Hentz
I mpressão : GSA Gráfica e Editora

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