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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

JUIZADO ESPECIAL
COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES

Autos nº: 0105.17.036.293-0


Requerente: ADRIANA RIBEIRO DE OLIVEIRA
Requerente: SAMUEL PEREIRA PACHECO
Requerida: AIRBNB ACHE UM LUGAR PARA FICAR LTDA
Juizado Especial de Governador Valadares/MG-3ºJD.

SENTENÇA

Cuidam os autos de pedido via atermação, em que as partes autoras pretendem a


condenação da ré nos termos da inicial.
A requerida apresentou contestação, na qual pugnou pela improcedência dos
pedidos expostos na exordial.
Em síntese, o que importa.
Inicialmente, rejeito a preliminar de ausência de documentos essenciais a
propositura da ação, suscitada pela ré, porquanto, os demandantes juntaram documentos que
permitem a análise de mérito da presente demanda.
Rejeito também a preliminar de impossibilidade de pedido genérico, dado que, os
requerentes pugnam pela condenação da demandada em indenização por danos morais a serem
determinados por este juízo.
Rejeito ainda, a preliminar arguida de ilegitimidade ativa do segundo demandante,
já que, compõe a lide como consumidor direto, considerando-se ter efetivado o adimplemento
do negócio jurídico por meio de seu cartão de crédito.
Por fim, rejeito a preliminar de ilegitimidade da ré Airbnb Brasil e legitimidade do
Airbnb Irlanda, posto que, a ré é representante da multinacional neste país.
Outrossim, é descabida a alegação de que a empresa demandada não é a prestadora
de serviços concernente à transação efetuada entre as partes, já que, por tratar-se de
representante da empresa multinacional no Brasil acumula diversos benefícios, dvendo,
portanto, responder pelas incorreções do mesmo grupo econômico.
No mérito, compulsando detidamente o feito, tenho que o pedido dos
requerentes não merece ser acolhido.
Aduziram os autores que efetuaram um negócio jurídico através da plataforma
virtual da demandada, alusivo a uma locação de um apartamento localizado em Vila Velha/ES,
no período de 15/06/2017 a 17/06/2017, no importe de R$226,00(duzentos e vinte e seis reais).

T
Explanaram que ao chegarem no imóvel alugado, foram informados pelo responsável do imóvel
que seriam transferidos devido a um vazamento.
Asseveraram que foram surpreendidos por pessoas desconhecidas no apartamento
o qual foram recolocados, e que após discussões foram informados por estes que o aludido
imóvel não se encontrava disponível para locação, vez que, o locador não possuía autorização
para o fazê-lo. Disseram que contataram Cleiton, o locador, foram atendidos tardiamente e que
aquele apresentava sintomas de embriaguez.
Por fim, arrazoaram que se hospedaram em uma pousada, no montante de
R$150,00(cento e cinquenta reais), bem como, ao comunicarem com a demandada, esta lhe
restituiu os danos materiais suportados.
A requerida, em contestação, sustentou a inexistência de má prestação de serviços,
eis que, ao ser contatada buscou efetuar todas as diligências necessárias para atenuar os danos
suportados pelos demandantes. Frisou ainda, que trata-se tão somente de uma plataforma de
anúncios, não podendo ser responsabilizada por conduta de seus hospedadores.
Constata-se que os requerentes esclareceram em sua exordial que após contatarem
a demandada, lhes foram restituídos os danos materiais suportados, quais sejam,
R$150,00(cento e cinquenta reais) atinentes aos gastos com hospedagem na Pousada Via do Sol,
R$226,00(duzentos e vinte e seis reais) referentes a locação efetuada em seu sítio eletrônico,
bem como, lhe proporcionou por mera liberalidade o importe de R$180,00(cento e oitenta
reais), para permanecerem mais um dia na cidade, hospedados no Hotel Plaza Mar.
Em detida análise ao feito, observa-se a inexistência de elementos ensejadores de
condenação da requerida, eis que, não restou evidenciado qualquer recusa imotivada pela parte
requerida em sanar o problema dos autores em âmbito administrativo, não havendo de se falar
em ocorrência de pretensão resistida. Assim sendo, não se verifica qualquer ato ilícito praticado
pela demandada capaz de ocasionar danos morais à personalidade dos consumidores.
Nesse sentido, colaciono o seguinte julgado:

RECURSO INOMINADO. DECISÃO MONOCRÁTICA (ART. 7º, X, DO


REGIMENTO INTERNO DAS TURMAS RECURSAIS E ART. 557 DO CPC.).
TELEFONIA FIXA. SERVIÇOS NÃO CONTRATADOS. AÇÃO DE REPETIÇÃO
DE INDÉBITO CUMULADA COM DANOS MORAIS. COBRANÇA INDEVIDA.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO. OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO NO CASO
CONCRETO. APLICAÇÃO DO ART. 206, §3º, INCISO IV, DO NOVO CÓDIGO
CIVIL PARA A SITUAÇÃO EM EXAME. PRESCRIÇÃO TRIENAL
DECRETADA. DANO MORAL INOCORRENTE. AUSÊNCIA DE PRETENSÃO
RESISTIDA. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. 1 -
Negativa da parte autora quanto à solicitação dos serviços cobrados pela ré, cabendo
a esta comprovar a contratação ou a efetiva utilização dos mesmos. 2 - Não tendo a
empresa se desincumbido de tal ônus, reputam-se indevidas as cobranças, fazendo
jus à repetição dos valores comprovadamente pagos, conforme as faturas de fls.
17/25, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC, porquanto não é hipótese de
engano justificável. 3 - Preliminar de ilegitimidade passiva arguida pela ré que não
pode prosperar, pois, ao cobrar pelo produto em suas faturas, a ré OI se encontra
legítima a responder por estes. 4 - No entanto, para efeito de repetição de indébito,

T
os valores dos serviços pagos e que não foram utilizados efetivamente, anteriores ao
mês de novembro de 2009, encontram-se prescritos (fls. 13/15). Trata-se de novo
posicionamento adotado por esta Turma recursal quanto à prescrição nas ações de
cobrança indevida, devendo incidir o prazo de 3 anos, conforme disposto no art. 206,
§3º, IV, do Código Civil. 5 - Quanto aos danos morais, tenho-os como não
ocorrentes. Trata-se de uma alteração de posicionamento nos julgados desta
Turma Recursal, com a intenção de resgatar a ideia da pretensão resistida para
que seja possível a indenização como forma de punição da ré. Não tendo
aportado aos autos nenhuma comprovação da tentativa da autora em
solucionar a questão administrativamente, e não havendo qualquer outra prova
que indique a ocorrência de danos aos atributos de sua personalidade, não
restam configurados os danos morais. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71004484598, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: Adriana da Silva Ribeiro, Julgado em 02/07/2013)(grifei)

Isso posto e por tudo o mais que dos autos constam, julgo improcedente o pedido
inicial, com resolução de mérito, nos termos do art.487, I do CPC.
Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art.55 da Lei 9099/95.
Com o trânsito em julgado, em nada sendo requerido, procedam-se as devidas
anotações, e após, arquivem-se.
P.R.I.
Governador Valadares, _______/_______/2018.

CLÁUDIO ALVES DE SOUZA


Juiz de Direito

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