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FATO GERADOR

Conceito e Espécies
1 FATO GERADOR
 A designação fato gerador, introduzida pelo publicista
Gaston Jèze, é vocábulo de múltiplas significações.
 Na primeira delas, bastante utilizada, “fato gerador”
significa a hipótese de incidência tributária, isto é,
aquela classe de acontecimentos que compõe o
antecedente da regra matriz de incidência tributária.
Assim, diz-se que o fato gerador do Imposto Sobre
Serviços é a prestação de serviços, para indicar que a
“prestação de serviços” é a classe de acontecimentos
que faz irradiar a incidência do tributo.
1 FATO GERADOR
 Em uma segunda acepção, o termo “fato gerador” indica o
acontecimento concreto que se subsome à hipótese de
incidência tributária, dando vez ao surgimento da obrigação
tributária. Assim, enquanto a primeira acepção lida com a
abstração, a classe, a segunda já convive com a dimensão do
concreto, do individual.
 Há ainda um terceiro sentido da designação fato gerador,
bastante utilizado, que é o critério temporal da regra matriz de
incidência. Assim, diz-se que o fato gerador do ICMS é a saída
da mercadoria do estabelecimento contribuinte, podendo dar
a errada impressão que tal saída se confundiria com a hipótese
de incidência do tributo, que, na verdade, tem como hipótese a
realização de operação de circulação de mercadorias.
1 FATO GERADOR
 Nesse sentido, nota-se que o vocábulo sofre da polissemia, apto a
gerar problemas a quem pretende imprimir um discurso com maior
precisão e univocidade, razão pela qual, parte significativa da
doutrina passou a utilizar termos aptos a desfazer a ambiguidade.
 Assim, por exemplo, Geraldo Ataliba utiliza o termo “hipótese de
incidência”1 para designar a previsão abstrata do antecedente da
norma tributária e “fato imponível” para se referir à situação
concreta.
 Já Paulo de Barros Carvalho emprega o termo “hipótese tributária”
para indicar o antecedente da norma geral e abstrata e “fato jurídico
tributário” para designar “os enunciados proferidos em linguagem
competente do direito positivo, articulados segundo a teoria das
provas”,2 na viva ideia inspirada pelo giro linguístico de que a
linguagem constitui a realidade.
1 FATO GERADOR NO CTN
 O fato gerador é uma situação definida em lei como necessária e suficiente à
ocorrência da obrigação tributária. Portanto, o fato gerador tem como objetivo
estabelecer uma obrigação tributária principal por meio de um vínculo jurídico (art.
113, §1º do CTN).
 “ § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador”
 O fato gerador é definido no art. 114 do Código Tributário Nacional como a
situação definida em lei como necessária e suficiente para a ocorrência da
obrigação tributária.
 Já o art. 116 do mesmo Código carrega relevantíssima disposição, tanto no caput
como em seu § único.
 A disposição do caput indica que salvo disposição em lei em contrário, considera-se
ocorrido o fato gerador e ocorrido seus efeitos:
 I– tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe
são próprios;
 II – tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
1 FATO GERADOR NO CTN
 Para que se compreenda a diferença acima é preciso considerar que, por vezes, a
norma tributária atua como uma norma de “sobreposição”. Isso significa que ela
colhe institutos regulados por outras normas jurídicas. Outra vezes, contudo, a
norma tributária descreve, em sua hipótese de incidência, situações que não são
alvo de disposição por outras esferas normativas.

 A título de exemplo, quando a legislação prevê que incide o Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza sobre a prestação de serviços, está colhendo uma atividade
própria do direito civil, que é a prestação de serviços, como alvo de tributação.
Como a prestação é uma situação jurídica, isto é, um tipo de atividade regulado
pelo direito civil, é preciso examinar quando se dá um serviço pela lei civil para que
o “fato gerador” seja reputado como ocorrido.
2 CLASSIFICAÇÃO DO F.G.
 tendo em vista o momento em que se completam (ou sua duração de tempo), em
instantâneos, complexivos e continuados.
 fatos geradores instantâneos são aqueles que se completam numa só unidade de
tempo ou em curto intervalo de tempo. Neles, o fato imponível se constitui de um
só fato= Ex. ICMS. a importação de certo bem – no II
 gerador complexo ou complexivo é aquele cuja formação se completa durante
determinado período de tempo e que “consiste num conjunto de fatos,
circunstâncias ou acontecimentos globalmente considerados = EX. IR.
 Fatos geradores continuados são fatos instantâneos que se repetem a
determinados intervalos de tempo ou em datas fixadas em lei. São aqueles impostos
que se renovam a cada exercício financeiro, como IPTU, IPVA e ITR.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento pessoal ou subjetivo - é a determinação dos sujeitos da obrigação
tributária, ou seja, que pessoas figurarão nos seus pólos ativo e passivo.
 O sujeito ativo é o credor, quem tem o poder de cobrar ou exigir o tributo, ou seja,
quem tem a capacidade tributária ativa. O sujeito ativo tem as funções de fiscalizar,
arrecadar e executar a legislação tributária e só pode ser pessoa jurídica de direito
público, conforme art. 7º, do CTN.
 Sujeito passivo da obrigação jurídica tributária é a pessoa que tem capacidade
tributária passiva (dever jurídico de pagar o tributo). É o devedor do tributo. “É a
pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária” (art. 121 do
CTN).
 O conceito de sujeito passivo é gênero, do qual contribuinte e responsável são
espécies. O contribuinte realiza concretamente o fato gerador da obrigação
tributária (sujeito passivo direto), enquanto que o responsável tributário – cujas
especificidades serão enfrentadas mais adiante – apesar se não realizar o fato
gerador, possui obrigação decorrente de disposição expressa de lei (art. 121,
parágrafo único, II, CTN), a rigor, é aquele que, de alguma forma, está relacionado
com a situação que constitui o fato gerador. O responsável, assim, é o que se pode
classificar como sujeito passivo indireto.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento pessoal ou subjetivo - é a determinação dos sujeitos da obrigação
tributária, ou seja, que pessoas figurarão nos seus pólos ativo e passivo.
 O sujeito ativo é o credor, quem tem o poder de cobrar ou exigir o tributo, ou seja,
quem tem a capacidade tributária ativa. O sujeito ativo tem as funções de fiscalizar,
arrecadar e executar a legislação tributária e só pode ser pessoa jurídica de direito
público, conforme art. 7º, do CTN.
 Sujeito passivo da obrigação jurídica tributária é a pessoa que tem capacidade
tributária passiva (dever jurídico de pagar o tributo). É o devedor do tributo. “É a
pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária” (art. 121 do
CTN).
 O conceito de sujeito passivo é gênero, do qual contribuinte e responsável são
espécies. O contribuinte realiza concretamente o fato gerador da obrigação
tributária (sujeito passivo direto), enquanto que o responsável tributário – cujas
especificidades serão enfrentadas mais adiante – apesar se não realizar o fato
gerador, possui obrigação decorrente de disposição expressa de lei (art. 121,
parágrafo único, II, CTN), a rigor, é aquele que, de alguma forma, está relacionado
com a situação que constitui o fato gerador. O responsável, assim, é o que se pode
classificar como sujeito passivo indireto.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento pessoal ou subjetivo - O responsável é uma terceira pessoa vinculada
indiretamente ao fato gerador, mas não uma vinculação econômica, porque esta
quem tem é o contribuinte. O vínculo pode ser, por exemplo, por sucessão,
substituição ou infração. Ademais, a responsabilidade tem como objetivo facilitar
a fiscalização e a arrecadação do tributo devido.
 Por Substituição – ICMS-ST - A responsabilidade por substituição surge com a
ocorrência do fato gerador, porque ela já está previamente estabelecida em lei.
(para frente é a mais usual)
 Por Transferência - A responsabilidade por sucessão empresarial, prevista nos arts.
132 e 133 do CTN, tem como objetivo evitar a elisão fiscal, ou seja, impedir que
uma empresa, por meio de maquiagens jurídicas, consiga burlar o pagamento do
tributo devido;
 Por Infração - há uma responsabilidade solidária e direta das pessoas indicadas no
art. 135 do CTN, podendo o fisco exigir a execução contra ambos ou contra
apenas uma delas. A responsabilidade é pessoal quando o terceiro agir com infração
à lei, contrato social ou estatuto, ou com excesso de poder.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento temporal - Diz respeito ao momento em que ocorre o fato gerador.
Trata-se de aspecto importante para a identificação da previsão legal que vai incidir
sobre determinado fato, ou seja, se mostra importante para solucionar eventuais
conflitos de leis no tempo, principalmente com relação ao princípio da
anterioridade tributária. (Decreto 9101/2017, aumentou alíquotas de pis/cofins
importação sobre combustíveis) - O critério temporal, segundo Leandro Paulsen (2011, p. 25), é o
registro da declaração da importação

 Elemento espacial - Fato (gerando a conseqüência da obrigação de pagar tributo)


que ocorra no âmbito espacial de competência do legislador que editar a norma
tributante. A correta delimitação do aspecto espacial do fato gerador pode dirimir
eventuais conflitos, por exemplo, entre municípios que se julguem competentes para
cobrar o ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) incidente sobre a
prestação de determinado serviço. No RS, quando houve a divisão de municípios,
houve muitas discussões de IPTU, pra qual município era devido.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento material - Trata-se do núcleo ou materialidade do fato gerador, ou seja,
a própria situação fática descrita pelo legislador, apta a gerar a obrigação tributária.
Normalmente se expressa por meio de um verbo e complemento (v.g. “auferir
renda”, “adquirir imóvel”) ou uma situação jurídica em que se encontra o
contribuinte (v.g. a situação de ser proprietário de um imóvel urbano faz nascer a
exigência de pagamento de IPTU em favor do Município no qual se encontra
localizado o imóvel).
 Para definição do tipo que constituirá a hipótese de incidência, o legislador
necessita fazer uma escolha pré-jurídica: eleição das bases econômicas de imposição,
que, em sistemas como o brasileiro, que constitucionalizaram o princípio da
capacidade contributiva, devem ser fatos indiciários dessa capacidade
 Aspecto Qualitativo e Aspecto Quantitativo.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento material – Qualitativo - Definidas as bases econômicas da imposição
(fase pré-jurídica), passa o legislador à construção do tipo, ou seja, à descrição
normativa precisa e determinada, com elementos fixos e objetivos, do fato objeto
da hipótese de incidência. Esta, a construção do elemento material qualitativo da
hipótese de incidências.

 Quantitativo - Fixa o valor da obrigação tributária – o quantum debeatur. Existem


dois elementos na fixação da obrigação tributária: a base de cálculo e a alíquota. A
base de cálculo – ou base imponível – é a expressão legal e econômica do fato
gerador; a grandeza sobre a qual incide a alíquota. Algumas bases de cálculo se
confundem com o próprio fato gerador do tributo, como é o caso do Imposto
sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, em que o fato gerador é a renda
e, também, a sua base de cálculo.
2 ELEMENTOS OU ASPECTOS DO F.G.
 Elemento material - Quantitativo - Deve-se acrescentar que os tributos fixos
não têm base de cálculo, porque a sua quantificação está previamente definida na lei,
ou seja, aquelas hipóteses em que o valor do tributo é fixado pela própria previsão
normativa, não havendo nem base de cálculo, nem alíquotas individualizadas, sendo
exemplo claro o ISS incidente sobre os serviços prestados por profissionais liberais.

 Base imponível em dinheiro: é a base de cálculo comum e está sempre relacionada à


alíquota ad valorem.
 Base imponível técnica: é uma unidade de medida qualquer que não seja dinheiro.

 A alíquota ad valorem se expressa sobre a forma de percentual e incide sobre base


de valor;
 A alíquota específica, por sua vez, é utilizada quando o legislador define a base de
cálculo por outro critério diferente da pecúnia

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