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MORESCHINI, Claudio. História da filosofia patrística. Trad. Orlando Soares Moreira.

São
Paulo: Loyola, 2008.

p. 455 –
O Um neoplatônico e o Deus do crente são o princípio do ser, do bem, do belo; estão
para além do ser.
Agostinho – influenciado pelo neoplatonismo a ele acessível [...], que tinha aceito
elementos de neopitagorismo – abraça a concepção neoplatônica do ser. É a unidade, com
efeito, segundo Plotino, que permite ao real ser e ser pensado [...]. Essa mesma concepção de
Deus como Um é retomada por Agostinho [...]. É a mesma consideração que fará depois
Boécio [...]. O ser de todas as coisas existentes depende da unidade: “O ser não é mais que ser
um” [...].
Mas somente até este ponto Agostinho se aproxima da filosofia plotiniana do Um. Ele
abandona Plotino já quando define “o verdadeiro ser” [...], quando afirma que Deus é o puro
“é”, aquele que simplesmente “é” [...]. Somente Deus é o ser no verdadeiro sentido da
palavra, pois apenas ele não muda e fica sempre igual a si mesmo [...].
O Um de Plotino e o pensamento de Aristóteles, mediante Porfírio, chegam a uma
identificação que depois, de modo totalmente natural, Agostinho aplicará à ontologia do
Antigo Testamento, fazendo do idipsum esse o um e a inteligência suprema. Mas essa
tendência não é somente de Agostinho, e sim de todos os platônicos cristãos posteriores à
Porfírio. O comentário ao Parmênides atribuído a Porfírio tende a aproximar entre si as duas
formas do um do homônimo diálogo platônico, quer dizer, o um que é um e o um que é. [...]
Porfírio movimenta-se com isso numa linha de crítica a Plotino, derivada da sua intenção de
conciliar platonismo e aristotelismo. Pois bem, isso também se vê a interpretação agostiniana
de uma passagem bíblica famosa.
p.456 –
“Eu sou aquele que sou” indica o modo como Deus é chamado e o verdadeiro nome de
Deus; o versículo inaugura a tradição medieval do “próprio ser” como marca de Deus [...]. o
significado ontológico do nome revelado por Deus a Moisés não suscitou particulares
problemas no decurso da sua história entre os escritores cristãos [...].
A identificação de Deus com o ser não é uma criação do pensamento bíblico-cristão,
inspirada por aquele versículo veterotestamentário, mas é uma doutrina também do
platonismo (por exemplo, é encontrada em Plutarco [...]). A exegese agostiniana, portanto,
baseia-se num conceito tipicamente porfiriano, o da imutabilidade eterna e da liberdade em
relação ao devir [...]. Ao ser de Deus não falta nada, ele não é comparável ao ser das coisas
criadas, que são quase nada [...]. O ser é “o nome de Deus” [...]. De uma parte, essa totalidade
do ser parece pensada como pura e absoluta identidade sem determinações; de outra, a
tradição neoplatônica impõe à substância divina ser uma unidade que possui relações, um ser
em relação ao movimento, unidade na diferença e não obstante a diferença. Ora, Plotino
aplicou essa prerrogativa à segunda hipóstase, não ao Um. Portanto [...], as ideias, estão
presentes em Deus [...], mas não se anulam nele, conservam a determinação delas sem perder
a característica dos seus conteúdos diferentes [...]. Para Plotino, a segunda hipóstase é uma
unidade da diversidade; diversidade que permanece distinta e compreensível justamente
porque não é unidade. Para Porfírio, porém, e, portanto, também para Mario Vittorino, o Um e
movimento que identifica as oposições sem anulá-las [...].
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