Você está na página 1de 112

0

CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA LIMA

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIA DO Allium

sativum L. IN VITRO E IN VIVO

JOÃO PESSOA –PB

2011
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SINTÉTICOS BIOATIVOS

CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA LIMA

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIA DO Allium

sativum L. IN VITRO E IN VIVO

JOÃO PESSOA-PB

2011
2

L732i Lima, Caliandra Maria Bezerra Luna.

Investigação da atividade antiparasitária do Allium sativum L. in vitro e in vivo./


Caliandra Maria Bezerra Luna Lima.- João Pessoa, 2011.
90f.
Orientadora: Profsª Dr ª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz.
Co-orientadora: Profsª Dr ª Liana Clébia Soares Lima de Morais.
Tese (Doutorado) – UFPB/LTF

1. Allium sativum L. (Alho) – aspectos terapêuticos 2. Allium sativum L. (Alho)


– efeitos antiparasitários. 3.Coproparasitologia. 4. Parasitoses.

UFPB/BC CDU 615


3

CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA LIMA

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIA DO Allium

sativum L. IN VITRO E IN VIVO

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Laboratório
de Tecnologia Farmacêutica da Universidade Federal da
Paraíba, em cumprimento às exigências para obtenção do
título de Doutor em Produtos Naturais e Sintéticos
Bioativos (Farmacologia)

Orientadora: Profª Drª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Co-orientadora: Prof. Drª. Liana Clébia Soares Lima de Morais

JOÃO PESSOA

2011
4

CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA LIMA

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIA DO Allium

sativum L. IN VITRO E IN VIVO

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profª Drª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Orientadora

_________________________________________________

Profª. Drª. Liana Clébia Soares Lima de Morais

Co-orientadora

_________________________________________________

Profª. Drª. Edeltrudes de Oliveira Lima

Examinadora interna

_________________________________________________

Prof. Dr. José Pinto de Siqueira Júnior

Examinador interno

_________________________________________________

Profª. Drª. Francisca Inês de Sousa Freitas

Examinadora externa

_________________________________________________

Profª. Drª.Temilce Simões de Assis

Examinadora externa
5

O dia mais belo? Hoje

A coisa mais fácil? Equivocar-se

O obstáculo maior? O medo

O erro maior? Abandonar-se

A raiz de todos os males? O egoísmo

A distração mais bela? O trabalho

A pior derrota? O desalento

Os melhores professores? As crianças

A primeira necessidade? Comunicar-se

O que mais faz feliz? Ser útil aos demais

O mistério maior? A morte

O pior defeito? O mau humor

A coisa mais perigosa? A mentira

O sentimento pior? O rancor

O presente mais belo? O perdão

O mais imprescindível? O lar

A estrada mais rápida? O caminho correto

A sensação mais grata? A paz interior

O resguardo mais eficaz? O sorriso

O melhor remédio? O otimismo

A maior satisfação? O dever cumprido

A força mais potente do mundo? A fé

As pessoas mais necessárias? Os pais

A coisa mais bela do mundo? O amor

Madre Teresa de Calcutá


6

Dedico:

Ao meu amado esposo Marcilio, pelo carinho,

amor e compreensão em todos os momentos.

Ao meu pequeno grande homem, Marcilio

Júnior, exemplo maior de perseverança, por me

permitir sentir o valor da vida.

Aos meus pais, Carlos e Cida, pelos

ensinamentos de amor e honestidade.


7

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu maior amigo nos momentos mais difíceis, pela força e amor
demonstrados nos caminhos da minha vida.

À Profª Drª Margareth de Fátima formiga Melo Diniz, pelas orientações durante
toda esta caminhada acadêmica. A você, minha gratidão, amizade, respeito e admiração.

À Profª Drª Liana Clébia Soares Lima de Morais, minha co-orientadora, pelos doces
momentos de paciência, amizade e companheirismo. Obrigada pelos conselhos e incentivos
nos momentos difíceis.

À Profª Drª Francisca Inês de Sousa Freitas, pela valiosa amizade construída, apoio,
dedicação e confiança. Obrigada por contribuir com veemência na construção deste trabalho.

À Profª Drª Marília Gabriela dos Santos Cavalcanti, por sua atenção, amizade e
incentivo. Obrigada pela contribuição na realização deste trabalho.

Aos colaboradores do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Lânia Ferreira da


Silva, Rafael José Ribeiro Padilha, Fábio André Brayner dos Santos e Luiz Carlos Alves
pela gentileza e apoio na construção deste trabalho.

Aos amigos e bioquímicos, Uytacira Veloso Castelo Branco e Francisco Simão de


Figueiredo Júnior pela competência e apoio nas atividades laboratoriais.

Aos funcionários do Laboratório de Parasitologia Clínica da UFPB, em especial


Graça, pelo apoio.

Ao meu amado pai e médico, Carlos Alberto do Rego Luna, por me ajudar na
realização dos exames físicos.

A minha funcionária e amiga, Tatiana Nascimento, pela dedicação a minha família


nas minhas ausências.

Aos voluntários do PSF do Renascer III pela importante contribuição.

Aos meus amados irmãos, Alana e Gabriel, pelo estímulo e amor.

Ao Laboratório Herbaium, pelo apoio e confiança.

Aos meus familiares e amigos que contribuíram de alguma forma para a consolidação
deste sonho.
8

LIMA, CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA. Investigação da Atividade


Antiparasitária do Allium sativum L. in vitro e in vivo. Orientadora: Profª Drª Margareth de
Fátima Formiga Melo Diz. UFPB, 2011. Tese (Doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos
Bioativos, área de concentração farmacologia)

RESUMO

Introdução: O alho (Allium sativum L.) tem sido utilizado há milhares de anos para diversas
finalidades terapêuticas, entre elas a atividade antiparasitária. Objetivos:Pretende-se com este
trabalho, analisar os possíveis efeitos antiparasitários do Allium sativum através de estudos in
vitro por microscopia eletrônica de varredura utilizando o Schistosoma mansoni e investigar
as atividades do Allium sativum L. em portadores de ascaridíase, ancilostomíase, giardíase e
amebíase, bem como determinar o perfil coproparasitológico de uma comunidade em
Cabedelo-PB, local de seleção dos pacientes. Metodologia: Para a realização dos ensaios in
vitro, vermes adultos machos de Schistosoma mansoni obtidos de camundongos Swiss
Webster infectados foram tratados com óleo de Allium sativum L. nas concentrações de 0, 5,
10, 15, 20 mg/mL. Em seguida, foram analisados por microscopia eletrônica de varredura.
Para os testes in vivo, os estudos foram conduzidos com a seleção de voluntários parasitados,
sendo o PSF do Renascer III em Cabedelo-PB, o local apto a execução do projeto. Na
primeira etapa do trabalho foram feitas palestras educativas e após a assinatura do
consentimento livre e esclarecido foram distribuídos coletores de fezes. Os exames
coproparasitológicos foram realizados no Laboratório de Parasitologia Clínica/CCS da
Universidade Federal da Paraíba. Na etapa seguinte, selecionaram-se mulheres portadoras de
ascaridíase, ancilostomíase, giardíase e amebíase sem tratamento antiparasitário.
Posteriormente, realizaram-se exames físicos e exames de análises clínicas para determinação
de parâmetros bioquímicos e hematológicos com a finalidade de selecionar indivíduos aptos a
participar da nossa investigação. Após a seleção, as voluntárias foram submetidas ao
tratamento diário, pela manhã, durante 15 dias, com as cápsulas de óleo de Allium sativum L.
(Óleo de Soja -247,4mg e óleo essencial de Allium sativum L.2,6mg) e foram acompanhadas e
monitoradas quanto a ingestão. Em datas previamente agendadas, as fezes foram coletadas no
8º e 16º dia após o início da ingestão das mesmas para a realização de exames pelos métodos
de Hoffman, Kato-katz e Ritchie. Resultados: Nos testes in vitro, O tratamento com óleo de
Allium sativum L. promoveu danos no tegumento do verme em todas as concentrações. O
produto na concentração de 5 mg/mL causou formação de projeções no tegumento; na
concentração de 10 mg/mL resultou em danos no tubérculos e os espinhos tornaram-se
menores em tamanho além de haver redução na quantidade e nas concentrações de 15 e 20
mg/mL permitiram verificar um aumento no dano ao tubérculo com formação de úlceras,
expondo a musculatura do verme. O perfil coproparasitológico da comunidade do Renascer
III revelou os seguintes resultados: das 130 amostras analisadas, 104 (80%) foram do sexo
feminino e 26 (20%) do sexo masculino. Houve 64 (49,2%) amostras negativas e 66 (50,8%)
positivas. A freqüência dos enteroparasitas foi: A. lumbricoides 13,1%; T. trichiura 3,8%;
Ancylostomidae 2,3%; S. stercoralis 0,7%; S. mansoni 0,7%; E. nana 30,8%; E.
histolytica/E. dispar 13,8%; E. coli 10,0%; G. intestinalis 3,1%; I. bustchlii 1,5%. Para o
tratamento com as cápsulas de óleo de Allium sativum L., durante 15 dias, foi selecionada
uma amostra de 23 pacientes parasitadas, das quais, 11 com amebíase, 9 com ascaridíase, 2
com giardíase e 1 com ancilostomíase. Nos testes in vivo, no 8º dia de tratamento, todas as
pacientes apresentaram exames positivos. No 16º dia, 2 pacientes apresentaram exames
negativos, estando parasitadas por E. histolytica/E. dispar.Conclusões: O Allium sativum age
9

sobre os vermes adultos de Schistosoma mansoni sem induzir a morte dos mesmos, mas sendo
capaz de promover alterações tegumentares importantes. A administração das cápsulas de
óleo de Allium sativum L., por via oral, não apresentou ação antiparasitária nas condições
experimentais deste estudo.

Palavras-chave: Allium Sativum L. Parasitoses. Coproparasitológico.


10

LIMA, CALIANDRA MARIA BEZERRA LUNA. Research Antiparasitic Activity of


Allium sativum L. In vitro and in vivo. Orientadora: Profª Drª Margareth de Fátima Formiga
Melo Diz. UFPB, 2011. Tese (Doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, área
de concentração farmacologia)

ABSTRACT

Introduction: Garlic (Allium sativum L) has been used for thousands of years for various
therapeutic purposes, including the anti-parasite activity. Aims: The aim of this work is, to
analyze the possible anti-parasite effects of Allium sativum through in vitro
studies by electron scanning microscopy using Schistosoma mansoni and investigates the
Allium sativum L activities in patients with ascariasis, ancylostomiasis, amebiasis
and giardiasis, as well to determine the profile of a coproparasitologic community
in Cabedelo-PB, location of patient selection. Methodology: To perform in vitro
tests, adult male worms of Schistosoma mansoni obtained from infected Swiss Webster mice
were treated with Allium sativum L oil at concentrations of 0, 5, 10, 15, 20 mg /ml. Then, they
were analyzed by scanning electron microscopy. For tests in vivo, studies were conducted
with the selection of infected volunteers, and the PSF III of Renascer in Cabedelo, a suitable
place to the project. The first step towards to the achievement consisted of educational
speeches and, after signing the free consent form, were distributed fecal-test cups. The fecal
examinations were performed at the Laboratory of Clinical Parasitology at the Federal
University of Paraíba. In the next step we selected women with ascariasis, ancylostomiasis,
giardiasis and amebiasis without anti-parasite treatment. Later, physical examinations
and medical tests were performed to determine the biochemical and hematological
parameters in order to select individuals able to participate in our research. After selection, the
volunteer subjects were treated daily in the morning during 15 days with Allium sativum L
oil capsules (Soybean Oil 247.4 mg and 2.6 mg of Allium sativum L essential oil) and were
followed and monitored for ingestion. In previously scheduled dates, the feces were
collected at the 8th and 16th days after the initial intake for the examinations using the
methods of Hoffman, Kato-Katz and Ritchie. Results: In vitro tests,
treatment with Allium sativum L oil caused damage to the integument of the worm at
all concentrations. A concentration of 5 mg/mL caused wrinkling in the tegument; a
concentration of 10 mg/mL resulted in changes to tubercles and loss or modification of
spines. With 15 and 20 mg/mL increasing damage to the tegument could be seen, such as
vesicle formation and the presence of ulcers. The profile of
the coproparasitology community of Renascer III revealed the following results: Of 130
samples analyzed, 104 (80%) were female and 26 (20%) were male. There were 64 (49,2%)
negative end 66 (50,8%) positive. The frequency of intestinal parasites were: A. lumbricoides
13,1%; T. trichiura 3,8%; Ancylostomidae 2,3%; S. stercoralis 0,7%; S. mansoni 0,7%; E.
nana 30,8%; E. histolytica/E. dispar 13,8%; E. coli 10,0%; G. intestinalis 3,1%; I. bustchlii
1,5%. For treatment with Allium sativum L oil capsules during 15 days, was selected a sample
of 23 infected patients, of whom 11 with amebiasis, 9 with ascariasis, 2 with giardiasis and
with 1 ancylostomiasis. In vivo tests on the 8th day of treatment, all patients had positive
results. On the 16th day, 2 patients had negative results, being parasitized by
E. histolytica / E. dispar. Conclusions: Allium sativum acts on the adult worms of
Schistosoma mansoni without inducing their death, but being able to promote major skin
disorders. Oral administration of Allium sativum L oil capsules, showed no anti-parasite
action in the experimental conditions of this study.

Keywords: Allium Sativum. Parasitosis. Coproparasitologic.


11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01- Trofozoíto de Entamoeba histolytica. ........................................................................... 31

Figura 2- Trofozoíto de Giardia lamblia. ............................................................................................. 33

Figura 03: Vermes adultos de S. mansoni em cópula. ..................................................................... 35

Figura. 04- Verme adulto de Ascaris lumbricoides......................................................................... 38

Figura 05: Verme adulto de Ancylostoma duodenale............................................................... 40

Figura 06: Verme adulto de Necator americanus ..................................................................... 48

Figura 07: Vermes adultos Schistosoma mansoni obtidos de camundongos infectados .......... 46

Figura 08: Microscópio eletrônico de varredura ...................................................................... 48

Figura 09- Fluxograma referente ao delineamento do estudo para a investigação da


atividade antiparasitária in vivo- seleção dos pacientes............................................................ 49

Figura 10- Fluxograma referente ao delineamento do estudo para a investigação da


atividade antiparasitária in vivo- Parte II ................................................................................. 50

Figura 11- Palestra educativa desenvolvida no PSF do Renascer III em Cabedelo-PB ........... 54

Figura 12 (A-D)- Vermes adultos machos de Schistosoma mansoni processados


por Microscopia eletrônica de varredura-Grupo controle ........................................................ 69

Figura 13 (A-H)- Vermes adultos machos de Schistosoma mansoni após o tratamento


com 5, 10, 15 e 20 mg/mL de óleo de alho processado por microscopia eletrônica
de varredura .............................................................................................................................. 69
12

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01- Freqüência das amostras de enteroparasitas e enterocomensais em adultos


do Renascer III em Cabedelo (n= 130)..................................................................................... 70

Gráfico 02- Freqüência das amostras quanto ao sexo de enteroparasitas e enterocomensais


em adultos do Renascer III em Cabedelo. (n=130 para os participantes; n=66 para os
parasitados) ............................................................................................................................... 71

Gráfico 03- Freqüência de helmintos, protozoários e da associação de helmintos e


protozoários das amostras de fezes obtidas dos pacientes adultos do Renascer III em
Cabedelo (n=66) ....................................................................................................................... 72

Gráfico 04- Freqüência do grau de exposição das amostras de fezes obtidas dos pacientes
adultos do Renascer III em Cabedelo (n=66) ........................................................................... 72

Gráfico 05- Freqüência de helmintos nos pacientes (n=130) do PSF no Renascer III
em Cabedelo-PB ....................................................................................................................... 73

Gráfico 06- Freqüência de protozoários nos pacientes (n=130) do PSF no Renascer III
em Cabedelo-PB ....................................................................................................................... 74
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Compostos não sulfurados do alho ............................................................................ 24

Tabela 2-Compostos sulfurados de alho ................................................................................... 25

Tabela 03 – Faixas do Índice de Massa Corporal (kg/m2), adotados para classificação do


estado nutricional ...................................................................................................................... 56

Tabela 04 – Classificação da pressão arterial (> 18 anos)........................................................ 57

Tabela 05- Média e desvio padrão das variáveis: peso (Kg), altura (m) , IMC (Kg/m2),
Pressão Arterial Sistólica (PAS), Pressão Arterial Diastólica (PAD), temperatura das
voluntárias submetidas ao tratamento com as cápsulas de óleo de alho .................................. 58

Tabela 06 – Valores de referência no Hemograma com os referidos métodos adotados no


HULW ...................................................................................................................................... 60

Tabela 07-Média e desvio padrão das variáveis: hemácias, hemoglobina e hematócrito das
voluntárias submetidas ao tratamento com as cápsulas de óleo de alho .................................. 61

Tabela 08- Média e desvio padrão da média das variáveis: leucócitos (mm3), mielócitos
(mm3), metamielócitos (mm3), segmentados (mm3), bastonetes (mm3), basófilos (mm3),
monócitos (mm3) e eosinófilos (mm3) das voluntárias submetidas ao tratamento com as
cápsulas de óleo de alho ........................................................................................................... 62

Tabela 09-Média e desvio padrão da variável: contagem de plaquetas das voluntárias


submetidas ao tratamento com as cápsulas de óleo de alho ..................................................... 62

Tabela 10 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica geral com os referidos


Métodos adotados no HULW/UFPB ........................................................................................ 63

Tabela 11 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica (área hepática) realizada


no soro, com os referidos métodos adotados, no HULW/UFPB .............................................. 63

Tabela 12 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica (área renal) realizada no


soro, com os referidos métodos adotados, no HULW/UFPB ................................................... 64

Tabela 13- Média e desvio padrão da média das variáveis: Glicemia, colesterol total,
triglicerídios, AST, ALT, Fosfatase alcalina, uréia, creatinina das voluntárias submetidas
ao tratamento com as cápsulas de óleo de alho ........................................................................ 64

Tabela 14-Métodos utilizados para diagnóstico das doenças parasitárias ................................ 65

Tabela 15- Distribuição das associações entre enteroparasitas e comensais detectadas em


adultos atendidos no PSF do Renascer III em Cabedelo-PB .................................................... 74

Tabela 16- Relação das 23 voluntárias tratadas com as cápsulas de óleo de alho e os
resultados das avaliações pelos exames parasitológicos de fezes no 8º e 16º dia de
tratamento ................................................................................................................................ 76
14

LISTA DE SIGLAS

CpqAM-Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães

UFPB- Universidade Federal da Paraíba

UFPE-Universidade Federal de Pernambuco

CNS/MS- Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde

HULW-Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB

PSF-Programa de Saúde da Família

EPF-Exame Parasitológico de Fezes

IMC-Índice de Massa Corporal ou Índice de Quetelet

PA-Pressão Arterial

PS-Pressão Sistólica

PD-Pressão Diastólica

AST- aspartato transaminase

ALT- alanina transaminase

FAL-fosfatase alcalina

OMS-Organização Mundial da Saúde

PZQ-Praziquantel
15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17

2 OBJETIVO .......................................................................................................................... 20

2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 21

2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 21

3 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................ 22

3.1 Allium sativum L................................................................................................................. 23

3.2 Parasitoses abordadas ......................................................................................................... 29

A) Entamoeba histolytica ......................................................................................................... 29

B) Giardia lamblia ................................................................................................................... 32

C) Schistosoma mansoni........................................................................................................... 35

D) Ascaris lumbricóides ........................................................................................................... 38

E) Ancylostomidae ................................................................................................................... 40

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 44

4.1 Avaliação in vitro da atividade antiparasitária do Allium sativum .................................... 45

4.1.1 Local da pesquisa............................................................................................................. 45

4.1.2 Fitoterápico avaliado ....................................................................................................... 45

4.1.3 Animais............................................................................................................................ 45

4.1.4 Métodos ........................................................................................................................... 46

4.1.4.1 Obtenção de vermes adultos de S. mansoni.................................................................. 46

4.1.4.2 Determinação da suscetibilidade in vitro do S. mansoni frente ao óleo ...................... 47


16

4.1.4.3 Avaliação da Motilidade............................................................................................... 47

4.1.4.4 Avaliação ultra-estrutural por meio da microscopia eletrônica de varredura ............... 47

4.2 Avaliação in vivo da atividade antiparasitária do Allium sativum ...................................... 48

4.2.1. Local da pesquisa............................................................................................................ 51

4.2.2 Fitoterápico analisado ...................................................................................................... 51

4.2.3 Amostragem dos voluntários. ......................................................................................... 51

4.2.4 Critérios de exclusão ....................................................................................................... 51

4.2.5Critérios de inclusão ......................................................................................................... 52

4.2.6 Métodos ........................................................................................................................... 52

A) Características individuais Exame físico (Antropometria, pressão arterial e temperatura) 55

A.1) Antropometria .................................................................................................................. 55

A.2) Pressão arterial ................................................................................................................. 56

A.3)Temperatura....................................................................................................................... 57

B) Parâmetros hematológicos ................................................................................................... 59

C) Parâmetros bioquímicos ..................................................................................................... 63

D) Administração das cápsulas de óleo de Allium sativum L................................................... 65

4.2.7 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................................ 66

4.2.8 Análise estatística dos dados ........................................................................................... 66

5 RESULTADOS .................................................................................................................... 67

5.1 Efeitos in vitro da atividade antiparasitária do Allium sativum. ......................................... 68

5.1.1 Avaliação da motilidade .................................................................................................. 68

5.1.2 Avaliação Ultra-estrutural por meio da microscopia eletrônica de varredura ................. 68

5.2 Perfil coproparasitológico da comunidade Renascer III..................................................... 70

5.2.1 Frequência de enteroparasitas e enterocomensais dos voluntários parasitados............... 73


17

5.3 Efeitos antiparasitários das cápsulas de óleo de Allium sativum L..................................... 74

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 77

7 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 89

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91

ANEXOS ............................................................................................................................... 105


17

1 INTRODUÇÃO
18

As parasitoses intestinais - helmintíases e protozooses- são doenças cosmopolitas com

maior prevalência em regiões tropicais. Os parasitos intestinais mais freqüentemente

encontrados em seres humanos são: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os

ancilostomídeos: Necator americanus e Ancylostoma duodenale, dentre os protozoários,

destacam-se a Entamoeba histolytica e Giardia intestinalis. Os danos que os parasitos

intestinais podem causar aos seus portadores incluem, entre outros agravos, a obstrução

intestinal (Ascaris lumbricoides), a desnutrição (Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura), a

anemia por deficiência de ferro (ancilostomídeos) e quadros de diarréia e má absorção de

nutrientes (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia), sendo que as manifestações clínicas são

usualmente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo (TEIXEIRA;

HELLER, 2004).

A literatura referencia a existência de diferentes plantas medicinais para o tratamento

de parasitoses intestinais. Entre as mais conhecidas, popularmente, encontra-se: o Allium

sativum L. (alho), as folhas de Mentha x villosa (hortelã miúda), e também é bastante comum

o uso do Chenopodium ambrosioides (mastruz) (DINIZ et al., 2006). Das diferentes plantas

indicadas, o alho foi escolhido como objeto de estudo para esta pesquisa. O Allium sativum L.

é utilizado, há vários séculos, para o tratamento de diversas enfermidades (AGRAWAL,

1996). No que concerne à história do seu uso, é interessante observar a utilização por

diferentes culturas e para diversas finalidades. O alho era utilizado desde os tempos antes de

Cristo pelos babilônios, chineses, gregos e romanos (CARVALHO, 2004). Há evidências de

que, durante as olimpíadas na Grécia antiga, os atletas utilizavam Allium sativum L. como

alimento para aumentar a força (LEDZMA; APITZ-CASTRO, 2006). Na medicina chinesa,

foi prescrito para o tratamento de diarréia e verminoses. Na Europa, era prescrito para o

tratamento de desordens digestivas, renais e parasitoses e, ainda, para ajudar durante o

trabalho de parto. Na Inglaterra, era usado para combater a dor de dente e a constipação
19

(BANERJEE; MAULIK, 2002). Entretanto, foi somente há três décadas que as propriedades

do Allium sativum L. foram cientificamente investigadas (LEDZMA; APITZ-CASTRO,

2006).

O alho é uma das plantas medicinais mais pesquisadas e também é frequentemente

utilizado como alimento e especiaria. Vários estudos clínicos e experimentais utilizam o alho

para diversas finalidades, tais como, redução da pressão arterial, antineoplásico,

antimicrobiano e hipoglicemiante. No entanto, evidências clínicas ainda estão longe de

comprovar as suas atividades (AVIELLO et al., 2009). Embora o alho seja extensamente

avaliado, as pesquisas na literatura demonstram que as atividades antiparasitárias do alho são

pouco pesquisadas, estando os principais estudos focados em análises in vitro, in vivo em

animais e poucos estudos clínicos em seres humanos.

A resolução RE nº 89, de 16 de março de 2004, publicada pela ANVISA-Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, determina a “Lista de registro simplificado de fitoterápicos”,

em que constam 34 espécies de plantas, entre elas o Allium sativum L. Nessa resolução, há

indicação do uso do Allium sativum L. como coadjuvante no tratamento da hiperlipidemias,

hipertensão arterial leve e prevenção da aterosclerose, não havendo nenhuma indicação como

antiparasitário, o que motivou esta pesquisa. De acordo com a ANVISA, o Allium sativum L.

é recomendado em três formas padronizadas: tintura, óleo e extrato seco, tendo como

padronizador/marcador a alicina ou aliina.

Pretende-se com este trabalho, investigar a atividade antiparasitária do Allium sativum

L. in vitro e in vivo. Este estudo contou com o apoio do Laboratório Herbarium, que cedeu as

cápsulas de óleo de Allium sativum L., além do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães

(CpqAM), situado no campus da Universidade Federal de Pernambuco, local foram foram

realizadas as avaliações in vitro.


20

2 OBJETIVOS
21

2.1 Objetivo Geral

 Investigar a atividade antiparasitária do Allium sativum L. in vitro e in vivo.

2.2 Objetivos Específicos

 Avaliar a atividade antiparasitária do Allium sativum L. in vitro por microscopia

eletrônica de varredura utilizando o Schistosoma mansoni;

 Determinar o perfil coproparasitológico dos usuários do Programa de Saúde da

Família (PSF) do Renascer III em Cabedelo-PB, local de seleção dos pacientes.

 Investigar as atividades do óleo de Allium sativum L nas seguintes patologias:

ascaridíase, ancilostomíase, giardíase amebíase em humanos parasitados, cumprindo

com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa em Seres Humanos da

Resolução nº 196/96 do CNS/MS.


22

3 CONSIDERAÇÕES GERAIS
23

3.1 Allium sativum L

Allium sativum L. é uma planta herbácea bulbosa, pertencente à família Liliaceae

(LEDZMA; APITZ-CASTRO, 2006). O termo Allium, significa queimar, quente, enquanto

sativum significa cultivada. Provavelmente originário das estepes da Ásia Central, de onde se

espalhou para o leste para alcançar a China e a oeste para a Europa, o Allium sativum L. é o

mais importante dos “condimentos-remédios” (GARCIA-GÓMEZ; SÁNCHEZ-MUNIZ,

2000; CARVALHO, 2004).

Allium sativum L.foi classificado pelo Conselho da Europa como aromatizante natural,

podendo ser utilizado como alimento sem nenhuma restrição (NEWAL; ANDERON;

PHILLIPSON, 2002). Tradicionalmente é reconhecido em muitas culturas como um

importante agente profilático e terapêutico. Na medicina moderna, atraiu uma atenção

especial, pois é bastante utilizado ao redor do mundo como um agente capaz de manter a boa

saúde e o vigor. As respostas biológicas do Allium sativum L. têm sido largamente atribuídas

a fatores como: redução dos fatores de risco para doenças cardiovasculares e o câncer;

estimulação da resposta imune; hepatoproteção; efeito antimicrobiano; ação antioxidante,

combatendo os radicais livres, sendo esses altamente reativos, prejudicando a estrutura celular

e o funcionamento normal do metabolismo da célula (BANERJEE; MAULIK, 2002).

Na medicina popular, bulbos do Allium sativum L. usados na forma de infusão ou de

óleo têm sido amplamente empregados no tratamento das doenças do sistema respiratório.

Ainda na forma de extratos aquosos e alcoólicos, apresenta efeito antifúngico, antibacteriano,

hepatoprotetor, anticancerígeno, antiagregante plaquetário e hipolipidêmico (AMAGASE et

al., 2001; KASUGA et al., 2001). É bastante utilizado para o tratamento de parasitoses

intestinais, prevenção de disenterias amebianas e no uso tópico. Encontram-se nas

informações populares as indicações para dermatomicoses, parodontopatias e hiperqueratoses


24

(DINIZ et al., 2006).

Na composição química do Allium sativum L. são encontrados altos níveis de fósforo,

potássio e zinco, níveis moderados de selênio, vitamina A e C; baixos níveis de cálcio,

magnésio, sódio, ferro, manganês e vitaminas do complexo B (AGARWAL, 1996). São

descritos ainda, compostos não sulfurados (tabela 1) e compostos sulfurados (tabela 2)

(GARCIA-GÓMEZ; SÁNCHEZ-MUNIZ, 2000). Os constituintes mais importantes que

foram descritos são os sulfurados, os quais estão presentes no Allium sativum L. em

quantidades três vezes maiores do que em outros vegetais também ricos nestes compostos,

como o brócolis e a cebola (GARCIA-GÓMEZ; SÁNCHEZ-MUNIZ, 2000; CARVALHO,

2004).

Tabela 1: Compostos não sulfurados do Allium sativum L.

Compostos Possível atividade biológica

Vasodilatadora, hipotensora, miorelaxante. Estimula a síntese de


Adenosina
hormônios esteróides, estimula a liberação do glucagon
Fructanos (Escorodosa) Efeitos cardioprotetore
Fração protéica Estimula o sistema imune
Quercetina Exerce efeitos benéficos na asma e nas alergias
Saponinas (gitonina F,
Hipotensora, a gitonina F é antiviral, eurobósio B é antifúngico
eurobósido B
Escordinina Hipotensora, antibacteriana
Selênio Antioxidante
Ácidos fenólicos Antiviral e antibacteriana
Fonte: García-Gómez & Sánchez-Muniz (2000)
25

Tabela 2: Compostos sulfurados de Allium sativum L.

Compostos Possível atividade biológica


Aliina Hipotensor, hipoglicemiante
Prevenção de coágulos, antiinflamatório, vasodilatador,
Ajoeno (ajocisteína)
hipotensor, antibiótico
Alicina e tiosulfinatos Antibiótica,antifúngica, antiviral
Alil maercaptano Hipocolesterolemiante
S-alil-cisteína e compostos Hipocolesterolemiante, antioxidante, anticancerígeno, previne
γ-glutâmico os danos químicos ao DNA
Sulfeto dialil Hipocolesterolemiante , antioxidante, anticancerígeno,
Fonte: García-Gómez & Sánchez-Muniz (2000)

A enzima alinase é considerada um importante produto no bulbo de Allium sativum L.

fresco e sua quantidade é elevada, pelo menos 10% do teor de proteína total (10 mg/g de peso

fresco). É responsável pela conversão da aliina em alicina, precursora de diversos compostos

contendo enxofre, responsável pelo sabor, odor e propriedades farmacológicas do Allium

sativum L. (ANKRI; MIRELMAN, 1999).

O bulbo de Allium sativum L. quando esmagado, triturado ou processado, permite que

a alinase interaja com a aliina. A hidrólise e imediata condensação do intermediário reativo

(ácido allilsulfênico) forma a alicina. Um miligrama de aliina equivale a 0,45mg de aliicina,

que é um composto instável e sofre reações adicionais para formar outros derivados, por

exemplo, (E)-ajoeno, (Z)-ajoeno e dialiltrisulfeto (CARVALHO, 2004).

Estudos têm indicado que a aliina e allinase estão localizadas em compartimentos

diferentes. Esta organização única confere um mecanismo de defesa contra patógenos

presentes no solo. A invasão dos bulbos de Allium sativum L. por fungos e outros patógenos

do solo promove uma destruição da membrana, que inclui os compartimentos que contêm a

enzima alinase e o substrato aliina. A interação entre a aliina e a alinase produz rapidamente a
26

alicina que é capaz de inativar o invasor, garantindo a defesa do bulbo. Esse mecanismo é

ativado apenas em um pequeno local e por um período curto, enquanto os restos da aliina e da

alinase permanecem preservados em outros compartimentos estando disponíveis para novos

ataques (ANKRI; MIRELMAN, 1999).

Os efeitos terapêuticos do Allium sativum L. têm sido atribuídos principalmente à

presença da alicina, considerada o principal componente biologicamente ativo presente no

bulbo de Allium sativum L., produzida a partir da interação da aliina com a aliinase,

conferindo ao Allium sativum L. o odor característico (KATZUNG, 2003; VIMAL; DEVAKI,

2004; SANTOS et al., 2009). O Allium sativum L. fresco contém aproximadamente 0,5-1% de

sulfóxido de cisteína, sobretudo aliina. Quando o bulbo de Allium sativum L. é cortado em

pequenos pedaços ou esmagados, a lesão das células permite que a aliina entre em contato

com a enzima aliinase e leve a formação do composto volátil alicina. Este composto formado

tem odor aromático, mas é instável em solução aquosa ou oleosa e se degrada em vinilditiinas

e ojoeno em poucas horas (HANSEL; SCHULZ; TYLER, 2002). Há evidências que alguns

constituintes do Allium sativum L. exercem uma larga variedade de efeitos nos diferentes

sistemas biológicos. Contudo, o ajoeno é o composto relatado com ampla atividade biológica,

tais como, antitrombótica, antitumoral, antifúngica e efeito antiparasitário (LEDEZMA;

APITZ-CASTRO, 2006).

A toxicidade do Allium sativum L. está documentada em vários estudos. A avaliação

da toxicidade aguda do extrato de Allium sativum L. foi avaliada em ratos e camundongos e os

resultados mostraram efeitos tóxicos após a administração de 30 mL/kg após a administração

oral, subcutânea e intraperitoneal (NAKAGAWA et al., 1984). Em seres humanos, os

principais efeitos adversos observados são náuseas, vômitos, diarréia e ardor na boca

(NEWALL; ANDERON; PHILLIPSON, 2002). O consumo de Allium sativum L. em grande

quantidade pode resultar em diferentes manifestações clínicas como anemia, alergia e úlcera
27

gástrica. Não foi encontrado na literatura nenhum valor conciso sobre o uso excessivo de

Allium sativum L. (LEONÊZ, 2008).

As atividades farmacológicas do Allium sativum L. têm sido evidenciadas através de

estudos clínicos e etnofarmacológicos (HARRIS et al., 2001). As análises de alguns estudos

mostram que as espécies de Allium têm poderosa atividade antioxidante devido a sua alta

concentração total de flavonóides, ao seu elevado conteúdo de carotenóides e clorofila e

muito baixa concentração de radicais tóxicos do oxigênio (STAJNER et al., 2006). A

atividade anticarcinogênica do Allium sativum L. é documentada através de estudos

epidemiológicos que relacionam o consumo de Allium sativum L e uma atividade protetora,

reduzindo a incidência de câncer de estômago (SETIAWAN et al., 2005).

Estudos mostram que o Allium sativum L. afeta a bioquímica do sangue quando

administrado por via oral, sendo capaz de promover a diminuição dos níveis de glicose,

colesterol total, triglicerídeos, uréia, ácido úrico, creatinina, AST e ALT, ao mesmo tempo em

que aumentou os níveis sanguíneos de insulina em ratos diabéticos sem afetar ratos normais

(EIDI; EIDI; ESMAELI, 2006).

Apesar de vários estudos terem documentado os efeitos cardioprotetores do Allium

sativum L., muitos resultados sobre a real atividade terapêutica dessa planta ainda são bastante

questionados. No período de 1993-2002, dezoito estudos clínicos foram publicados relativos

ao seu efeito hipocolesterolêmico. Desses, em nove não se evidenciou efeito significativo

(BANERJEE; MAULIK, 2002).

Os efeitos antihipertensivos também foram investigados sendo sugerido que o Allium

sativum L. não tem uma atividade como antihipertensivo, porém pode ser usado como

complemento alimentar e/ou fitoterápico para casos de hipertensão associada a problemas

vasculares (AL-QATTAN; ALNAQEEB; ALI, 1999).

Steiner et al. (1996), analisando a atividade do Allium sativum L. sobre colesterol,


28

lipoproteínas e pressão arterial, realizou um estudo Duplo-cego, cruzado, com homens

moderadamente hipercolesterolêmicos, utilizando extrato de Allium sativum L. (7,2g), durante

6 meses e teve como resultado a redução de 6% no colesterol total, 4% na LDL e 5,5% na

pressão sistólica. Em outro estudo, realizado na Índia, demonstrou-se que pacientes

portadores de doença coronariana que receberam 0,25 mg/kg de óleo durante 10 meses

tiveram redução de LDL e lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) e elevação

progressiva de HDL (LAU et al., 1983).

De um modo geral, a alicina in vitro demonstrou ter atividade antimicrobiana, atuando

contra bactérias gram-negativas, gram-positivas, fungos, vírus e protozoários. O mecanismo

primário de ação envolve a inibição de enzimas contendo tiol, necessária a sobrevivência de

tais microorganismos. No entanto, o efeito antimicrobiano do Allium sativum L. não foi

extensamente pesquisado em estudos clínicos (KATZUNG, 2003).

Estudos realizados com o óleo de Allium sativum L. para o tratamento de micoses em

humanos provocadas por fungos do gênero Trichophyton mostrou um aumento na atividade

antifúngica quando combinado com cetoconazol (PYUN; SHIN, 2006). O Allium sativum L.

revelou uma gama de atividades também contra outros fungos, inclusive para Candida

albicans (LEMAR et al., 2005; AMIRRAJAB et al., 2006).

Estudo realizado in vitro com o extrato liofilizado na concentração de 0,3 mg/mL

demonstrou atividade do Allium sativum L. contra o protozoário Giardia lamblia (HARRIS et

al., 2000). Na medicina popular, o Allium sativum L. tem sido utilizado no tratamento de

parasitoses intestinais provocada por helmintos, tais como Ascaris lumbricoides, Ancylostoma

e Necator americanus (CARVALHO, 2004). Estudos in vitro relativos a atividade anti-

helmíntica do suco de Allium sativum L. em caprinos demonstraram sua elevada eficácia

sobre as larvas do gênero Haemonchus (BATATINHA et al., 2004).

A associação entre medicamentos e suplementos contendo Allium sativum L. é


29

desaconselhável em uso de saquinavir (anti-retroviral inibidor da protease) (PISCITELLI et

al., 2002), paracetamol, a warfarina e a clorpropramida (IZZO; ERNST, 2001).

3.2 Parasitoses Abordadas

O parasitismo é uma associação entre seres vivos com unilateralidade de benefícios,

sendo o hospedeiro um dos associados e o prejudicado na associação, pois fornece o alimento

e o abrigo ao parasito; assim, a parasitose é o estado de infecção cuja agressão repercute

prejudicialmente sobre o hospedeiro (NEVES, 2005).

As enteroparasitoses apresentam determinantes ambientais, sociais e elevada

frequência em regiões com deficiências sanitárias, educacionais e condições inadequadas de

habitação (CARVALHO-COSTA et al., 2007). No Brasil, encontram-se, ainda, bastante

disseminadas e constituem afecções com grandes repercussões na saúde do indivíduo,

especialmente devido a sintomas como diarréia, anemia e outras disfunções gastrointestinais,

sendo uma ameaça constante à saúde pública (ROCHA et al., 2000; JARDIM-BOTELHO et

al., 2008)

As transmissões e disseminações de enteroparasitoses ocorrem, de um modo geral,

através de águas, alimentos e solos contaminados com fezes humanas e de animais

(CAMPOS; SOARES, 2003).

A) Entamoeba histolytica

A amebíase ou disenteria amebiana é classicamente definida como a infecção

sintomática ou assintomática provocada pelo protozoário Entamoeba histolytica (Figura 1)


30

(SILVA et al., 2005). Entre as sete espécies de amebas encontradas no trato gastrointestinal, a

Entamoeba histolytica é a única que causa doença invasiva, designada de amebíase intestinal

ou extraintestinal (DOURADO; MACIEL; ACA, 2006). Em 1925, Brumpt, sugeriu a

existência de outra espécie de ameba, Entamoeba díspar, com infecção assintomática, mas

somente durante a década de 1990, evidências acumuladas confirmaram a existência de duas

amebas morfologicamente idênticas, sendo a E. díspar não patogênica e a outra a forma

patogênica (E. histolytica) (STAUFFER; RAVDIN, 2003). As duas espécies só podem ser

diferenciadas por métodos de biologia molecular, imunológicos ou bioquímicos (CLARK;

ZAKI; ALI, 2002).

Entamoeba histolytica, parasito do intestino grosso, pode viver como comensal ou

provocar invasão nos tecidos, conduzindo as formas intestinal ou extra-intestinal da doença.

Clinicamente, a amebíase pode cursar assintomática, estando nesse grupo a maioria dos

indivíduos e a infecção é detectada pelo encontro de cistos nas fezes, fato que torna os

portadores assintomáticos potentes disseminadores da doença (NEVES, 2005). Pacientes com

colite amebiana apresentam principalmente diarréia sanguinolenta e dor abdominal

(CORDEIRO; MACEDO, 2007). O comprometimento extraintestinal é considerado uma

complicação grave da amebíase que está associada com mortalidade aumentada e ocorre

quando o parasito, que reside no intestino grosso, penetra na submucosa, alcança o fígado e, a

partir desse ponto pode se disseminar para outros órgãos. O abscesso amebiano do fígado é a

mais grave seqüela da amebíase extra-intestinal, e se não tratada é geralmente fatal

(SHAMSUZZAMAN et al., 2000a; SHAMSUZZAMAN et al., 2000b).


31

Figura 01- Trofozoíto de Entamoeba histolytica.


Fonte: http://www.k-state.edu/parasitology/625tutorials/FIGhistolytica06.jpg

O ciclo biológico do parasito apresenta os seguintes estágios morfológicos:

trofozoítos, pré-cisto, metacisto e cistos. A transmissão da amebíase é realizada através da

ingestão de cistos maduros que contaminam água e alimentos por um ciclo fecal-oral, formas

menos comum de transmissão incluem o sexo oral e anal (NEVES, 2005).

A amebíase é a segunda causa de morte provocada por protozoário no mundo.

Entamoeba histolytica é provavelmente uma das principais causas de diarréia em crianças

jovens e tem efeitos negativos significativos sobre a saúde deste grupo (STAUFFER;

RAVDIN, 2003). Estima-se que mais de 10% da população mundial estão infectados por E.

dispar e E. histolytica, sendo sua ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/ ano.

Em países em desenvolvimento, a prevalência da infecção é alta, sendo que 90% dos

infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses (BRASIL, 2010). A infecção pela E.

histolytica/E. dispar apresenta ampla distribuição geográfica, estando o maior número de

casos presentes na América do Norte (México), Central e do Sul, Índia, África, Iran e

Vietnam. Em países de clima temperado, com precárias condições de higiene, a prevalência

também é alta (DOURADO; MACIEL, 2006).

O diagnóstico parasitológico da amebíase intestinal é realizado através da pesquisa do

parasita nas fezes, realizando-se a busca de cistos em fezes consistentes e trofozoítos em fezes
32

diarréicas. Contudo, a inexperiência técnica, a eliminação intermitente do cisto de Entamoeba

histolytica/Entamoeba díspar e a não diferenciação morfológica com outras amebas

intestinais e artefatos podem promover erros no diagnóstico microscópico (PÓVOA et al.,

2000). Para o diagnóstico da amebíase extra-intestinal, os métodos sorológicos estão sendo

cada vez mais empregados, sendo o ELISA um dos mais solicitados, cuja metodologia é

baseada em anticorpos monoclonais específicos contra uma lectina própria para resíduos de

galactose e N-acetil galactosamina presentes na superfície do trofozoíto de E. histolytica

(CORDEIRO; MACEDO, 2007).

As principais drogas antiamebianas são derivadas dos 5-nitroimidazólicos,

destacando-se: secnidazol, metronidazol, tinidazol e ornidazol. O metronidazol é, sem dúvida,

um dos amebicidas mais utilizados (NEVES, 2005). Após a administração oral, é rápida e

completamente absorvido e amplamente distribuído pelo organismo. Liga-se fracamente

(menos de 20%) às proteínas plasmáticas, atinge concentração plasmática máxima dentro de 1

a 2 horas (KOROLKOVAS, 2008). O grupo nitro do metronidazol é quimicamente reduzido

no interior das bactérias anaeróbicas e protozoários sensíveis. Os produtos reativos da redução

parecem ser responsáveis pela atividade anti-microbiana (KATZUNG, 2005).

B) Giardia lamblia

A giardíase é a parasitose intestinal provocada pelo protozoário flagelado, extracelular,

parasita do intestino delgado, Giardia lamblia (sinonímias: Giardia intestinalis, Giardia

duodenalis) (Figura 02) (REY, 2003; GARDNER; HILL, 2001).


33

Figura 2- Trofozoíto de Giardia lamblia.


Fonte: http://treatingdiarrhoea.com/wp-content/uploads/2009/01/giardia.jpg

A doença cursa, na maioria dos casos de forma assintomática, sendo os casos

sintomáticos caracterizados principalmente por diarréias com dores abdominais, podendo

evoluir para os casos crônicos, que pode durar vários meses, determinando síndrome de má

absorção e perda de peso. Esta doença é referida na atualidade como uma das principais

causas de diarréia na infância, trazendo como conseqüências dificuldades no crescimento e

desenvolvimento, depauperamento físico e mental, dificuldade em ganho de peso (GOLDIN

et al., 1990; REY, 2003; NEVES, 2005).

O protozoário apresenta-se sob as seguintes formas: cisto (formas de resistência) e

trofozoítos (formas que colonizam o intestino delgado). A transmissão da giardíase ocorre,

predominantemente, através da ingestão de água ou alimentos contaminados com os cistos,

que podem ser viáveis por até dois meses (DE REGNIER et al., 1989). A giardíase é

considerada também uma doença transmitida através das relações sexuais (UNGAR et al.,

1984; NEVES, 2005). A OMS considera a giardíase uma zoonose onde os animais podem

contribuir para a contaminação e veiculação da protozoose.

A giardíase tem distribuição cosmopolita, sendo mais freqüente na infância

(MACHADO et al., 2001). Epidemias podem ocorrer, principalmente, em instituições

fechadas que atendam crianças, sendo o grupo etário mais acometido situado entre 8 meses e
34

10 a 12 anos (BRASIL, 2010). É a causa mais freqüente de surtos epidêmicos de diarréia,

relatados nos Estados Unidos. Trata-se de uma importante doença de veiculação hídrica, desse

modo, a giardíase tem destaque na saúde pública e desperta o interesse das empresas de

captação e fornecimento de água nos países desenvolvidos e em desenvolvimento

(THOMPSON, 2004). A G. lamblia é reconhecida como um dos agentes etiológicos da

“diarréia dos viajantes” em zonas endêmicas (BRASIL, 2010).

O diagnóstico laboratorial clássico da giardíase é realizado através da análise

parasitológica das fezes, em se tratando de fezes líquidas, os métodos mais utilizados são o

direto, que permite a observação do movimento da forma trofozoítica e a hematoxilina férrica,

que evidencia as estruturas citoplasmáticas e nucleares de ambas as formas da G. lamblia,

enquanto que, em material de consistência sólida o método de concentração de Faust e

colaboradores é o mais indicado. O método imunoenzimático qualitativo para a detecção do

coproantígeno específico para G. lamblia foi recentemente avaliado (MACHADO et al.,

2001).

Até recentemente, o tratamento da giardíase era feito com sucesso empregando-se a

furazolidona (Giarlam); entretanto, em vista da resistência ao medicamento, novos produtos

têm sido indicados. Entre esses, temos: metronidazol (Flagil), tinidazol (Fasigyn), omidazol

(Tiberal) e secnidazol (Secnidazol). Recentemente, alguns anti-helmínticos, do grupo dos

benzimidazóis (albendazol), têm sido empregados no tratamento da giardíase (NEVES, 2005).

No ano de 2002, uma nova droga foi licenciada para o tratamento das infecções

causadas por protozoários e helmintos. Nitazoxanida (Annita®) é um derivado nitrotiazólico

que apresenta atividade contra parasitos humanos e animais. O mecanismo de ação para os

protozoários descreve a inibição da enzima PFOR (Piruvato Ferredoxina Oxidoredutase),

indispensável ao metabolismo energético do parasito (CIMERMAN; LADEIRA; IULIANO,

2003; CEFACE, 2009).


35

C) Schistosoma mansoni

A esquistossomose é uma doença parasitária causada por trematódeos do gênero

Schistosoma, tais como S. mansoni, S. haematobium, S. intercalatum, S. japonicum e S.

mekongi. No Brasil, a doença é popularmente conhecida como "barriga d'água", "xistose" ou

"mal-do-caramujo", sendo ocasionada apenas pela espécie S. mansoni (COURA;AMARAL,

2004; JEZIORSKI; GREENBERG, 2006).

Schistosoma mansoni (Figura 03) é um endoparasita, que provoca uma helmintíase do

sistema vascular porta mesentérico, cujas formas evolutivas desenvolvem-se em dois

hospedeiros: definitivo, exemplificando-se o homem e intermediário, caramujos do gênero

Biomphalaria, citando-se três espécies de importância no Brasil, Biomphalaria glabrata,

Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila. As fases morfológicas são: ovo,

miracídio, esporocistos, cercária, esquistossômulo e verme adulto, sendo o miracídio e a

cercária as duas formas larvárias de vida livre no meio aquático. A transmissão da doença

ocorre através da penetração das cercárias na pele ou mucosas, sendo este mecanismos

facilitado por atividades domésticas, lazer ou trabalho, tais como banhos de rios ou lagoas,

pesca, lavagens de roupas, que facilitem o contato com as formas contaminantes (SILVA,

2008).

Figura 03: Vermes adultos de S. mansoni em cópula.


Fonte: http://www.weichtiere.at/images/andere_tiere/copulating_schistosomes.gif
36

A infecção humana pelo S. mansoni induz diferentes manifestações clínicas

características, que vão desde formas assintomáticas até sintomáticas. Os processos

patológicos básicos são decorrentes da resposta imune do hospedeiro aos ovos do parasito que

são depositados no sistema portal e, assim, são presos nos sinusóides hepáticos e conduzem a

formação dos granulomas (MAGALHÃES et al., 2004).

A penetração de cercárias na pele conduz a formação da “dermatite cercariana”,

caracterizada por micropápulas eritematosas e pruriginosas, até cinco dias após a infecção. Os

sintomas da fase aguda são linfodenopatia, febre, anorexia, dor abdominal e cefaléia. Esses

sintomas podem ser acompanhados de diarréia, náuseas, vômitos ou tosse seca, ocorrendo

hepatomegalia em alguns casos. A fase crônica caracteriza-se pelas seguintes formas:

intestinal, hepatointestinal, hepatoesplênica compensada e descompensada. A forma intestinal

é a mais leve da doença, caracterizada principalmente pelo quadro de diarréia com ausência

ou presença de sangue e muco. Na forma hepatointestinal, o fígado encontra-se palpável e os

quadros de diarréia ainda estão evidenciados. A forma hepatoesplênica é conseqüente ao

bloqueio do fluxo portal intra-hepático, provocado pelos ovos e granulomas que levam a uma

fibrose em torno dos ramos portais (Fibrose de Symmers) e ao hiperfluxo esplênico

secundário a esplenomegalia, é expressada clinicamente pelo aumento do fígado e do baço.

Na forma compensada, evidencia-se a hipertensão portal com formação de varizes de esôfago.

O estado geral do paciente é considerado bom. A forma descompensada é considerada grave,

caracterizada pela hematêmese, ascite, anemia, desnutrição e hiperesplenismo. O paciente

apresenta um estado geral precário e a doença pode se agravar quando associada ao

alcoolismo e hepatites (REY, 2003; NEVES, 2005; MELO-JÚNIOR, 2007; BRASIL, 2010).

Uma importante manifestação clínica da esquistossomose ectópica é a forma medular.

Apesar de apresentar uma prevalência baixa, é considerada a causa mais freqüente de

mielopatias não traumáticas. Trata-se de uma forma subdiagnosticada em áreas endêmicas


37

devido à deficiência de recursos disponíveis para o seu diagnóstico (PEREGRINO et al.,

2002).

A esquistossomose é uma doença relacionada à falta de infra-estrutura adequada e está

amplamente distribuída nas localidades onde a população utiliza águas, que apresentam o

hospedeiro intermediário, contaminadas com dejetos humanos para a realização de suas

atividade de lazer ou trabalho (KATZ; PEIXOTO, 2000).

Esta doença parasitária é uma das mais distribuídas em países tropicais, de acordo com

a OMS, setenta e quatro países apresentam distribuição da doença de maneira endêmica

(GUIMARÃES et al., 2010). Estima-se que 200 milhões de pessoas estão infectadas no

mundo, e cerca de 600 milhões estão em áreas de risco. No Brasil, representa um importante

problema de saúde pública, onde seis a oito milhões de pessoas estão infectadas e 26 milhões

estão sob o risco da infecção. Atualmente, a transmissão ocorre em 19 estados e no Distrito

Federal (MORAES et al., 2009). No Estado de Pernambuco, a esquistossomose é

historicamente endêmica na região rural (BARBOSA et al., 2001).

O diagnóstico da doença é classicamente realizado através da pesquisa de ovos nas

fezes, utilizando-se com freqüência o método Kato-katz. O diagnóstico imunológico pode ser

realizado utilizando o soro do paciente para pesquisa de anticorpos contra o S. mansoni, sendo

as técnicas mais utilizadas nos últimos anos ELISA e imunofluorescência (NEVES, 2005;

UECKER, 2007).

Atualmente, dois fármacos no Brasil são utilizados no tratamento da esquistossomose:

a oxamniquina e o praziquantel (PZQ). O PZQ é um derivado pirazinoisoquinoleínico que foi

descoberto na década de 70 na Alemanha em pesquisas que foram realizadas pelos

laboratórios Merck e Bayer, apresenta atividade para todas as espécies do gênero Schistosoma

e também para o cestódeos, sendo a droga de escolha para o tratamento (MOURÃO et al.,

2005). O praziquantel age seletivamente contra helmintos do filo Platyhlemninthes, mas não
38

apresenta atividade para nematódeos (ANDREWS, 1983), baseado nesta observação o alvo

molecular deste fármaco pode estar limitado a este filo (GREENBERG et al,2005).

D) Ascaris lumbricoides

A ascaridíase é a parasitose intestinal causada pelo helminto Ascaris lumbricoides

(Figura 04), espécie de nematódeo mais comum nos humanos, popularmente conhecido como

“lombriga” (CAMPOSA et al., 2002).

Figura. 04- Verme adulto de Ascaris lumbricoides.


Fonte: http://www.e-cleansing.com/wp-content/uploads/2009/12/ascaris.jpg

A parasitose pode cursar assintomática, mas pode manifestar-se por dor abdominal,

diarréia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de parasitos, pode ocorrer quadro de

obstrução intestinal. A sintomatologia está diretamente relacionada à carga parasitária

(NEVES, 2005; BRASIL, 2010). Embora a infecção seja geralmente assintomática, os seus

efeitos podem contribuir substancialmente para a morbidade infantil, quando associadas à

desnutrição, pneumonia, doenças intestinais e deficiência de vitamina A (CARNEIRO et al.,

2002). Localizações ectópicas, fora do habitat normal, foram descritas do helminto, tais como:

apêndice cecal (causa apendicite aguda), canal colédoco (sintomas hepatobiliares), canal de
39

Wirsung (pancreatite aguda), boca e narinas, trompa de Eustáquio (otite média), intra-

hepático (abcesso hepático), rim e uretra (pielonefrite e hidronefrose), cérebro (abcesso

cerebral) e ducto nasolacrimal, saco lacrimal e ducto lacrimal inferior (ARAÚJO;

GUIMARÃES, 2000).

Os vermes adultos apresentam sexos separados, medem de 15-40 cm, apresentam

coloração branco-leitosa e têm como habitat o intestino delgado humano. Os indivíduos

parasitados eliminam ovos nas fezes, que adquirem capacidade de infecção após 3-4 semanas

no meio externo, fato influenciado por condições ambientais favoráveis, tais como: umidade

alta, sombreamento e temperatura elevada (CAMPOSA et al, 2002, NEVES, 2005).

A transmissão se faz através da ingestão de ovos infectantes junto com água ou

alimentos contaminados ou mesmo material subungueal. Os ovos de Ascaris lumbricoides

apresentam grande capacidade de contaminação ambiental, tornando a ascaridíase uma das

parasitoses mais amplamente distribuídas. Cada fêmea adulta elimina em torno de 200 mil

ovos por dia, e este são resistentes a diversos fatores terapêuticos, químicos e ambientais,

além disso, apresentam alta capacidade de aderência a superfícies e assim, não são removidos

com facilidade no ambiente ou alimentos (MASSARA et al., 2001; MASSARA et al., 2003).

A ascaridíase é considerada um importante problema de saúde pública, a prevalência

elevada dessa parasitose é um importante indicador do estado de saúde da população, assim

como das condições sociais e sanitárias. As crianças são as mais acometidas, e apresentam as

formas mais graves e significativas da doença (COSTA-MACEDO et al., 1998, CAMPOSA

et al., 2002). A distribuição epidemiológica da ascaridíase está associada a fatores humanos

(sócio-econômicos e culturais), ambientais (temperatura, umidade, tipo de solo) e fatores

inerentes ao parasito (FORTES et al., 2004). No Brasil, a ascaridíase constitui uma das

parasitoses mais freqüentes, principalmente em áreas rurais, onde foi observada prevalência

de 75,2%, em Pernambuco (SILVA; ANDRADE; TAVARES-NETO, 2003). Nos estudos


40

realizados em crianças na cidade de Campina Grande (Paraíba), encontraram-se elevada

prevalência de Ascaris lumbricoides (56,3%) (SILVA et al., 2005).

O diagnóstico laboratorial da infecção por Ascaris lumbricoides baseia-se no encontro

de ovos em exame parasitológico de fezes, podendo ser identificados três tipos de ovos: fértil

com casca, fértil sem casca e infértil (NEVES, 2005).

E) Ancylostomidae

A ancilostomíase é definida como sendo a parasitose intestinal, ocasionada por

nematódeos da família Ancylostomidae: Ancylostoma duodenale (figura 05) e Necator

americanus (figura 06). A doença é popularmente conhecida como amarelão, opilação ou

doença do Jeca Tatu.

Figura 05: Verme adulto de Ancylostoma duodenale.


Fonte: http://www.nematode.net/IMAGES/duodenale.jpg
41

Figura 06: Verme adulto de Necator americanus


Fonte:http://www.medtech.mahidol.ac.th/mtthai/eLearning/Parasite/Para%20pic/Necator%20a
mericanus.jp

Os ancilostomídeos apresentam sexos separados, medem de 8 a 14mm de

comprimento, têm como hospedeiros habituais o homem e localizam-se no intestino delgado.

Quando parasitado, o indivíduo elimina ovos nas fezes, que no solo tornam-se embrionados e

encontrando condições apropriadas de temperatura e umidade há formação de larvas,

constituindo as formas infectantes. A infecção no homem, ocorre através da penetração das

larvas filarióides na pele, podendo também ocorrer transmissão oral (NEVES, 2005).

As manifestações clínicas são variadas, apresentando formas assintomáticas ou

sintomáticas. A penetração de larvas na pele pode provocar quadros de dermatite, prurido,

eritemas e edemas. As larvas ganham a corrente sanguínea chegando aos pulmões,

provocando geralmente um quadro benigno com febre baixa e tosse. A presença de vermes

adultos no intestino provoca náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal e flatulência.

A capacidade espoliativa de sangue do parasito ocasiona a manifestação clínica grave

da doença, a anemia ferropriva. Os ancilostomídeos fixam a cápsula bucal na mucosa do

intestino e a perda sanguínea está diretamente relacionada a carga parasitária, embora carga

parasitária de 40 a 60 vermes é normalmente suficiente para causar anemia (BROOKER;


42

BETHONY; HOTEZ, 2004). Em crianças com parasitismo intenso, pode ocorrer

hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental.

O diagnóstico parasitológico baseia-se na pesquisa de ovos nas fezes, destacando-se

nesse caso o método de Willis. Vários testes imunológicos e sorológicos (precipitação,

hemaglutinação, fixação do complemento, difusão em gel, floculação de látex,

imunofluorescência, ELISA) evidenciam reações mediadas por antígenos dos vermes, mas

não têm sido utilizados na prática. A intradermorreação pode ser útil em campanhas

profiláticas, mas possui o grande inconveniente de dar resultados falso-positivos em

indivíduos tratados (UECKER et al., 2007).

Nas regiões endêmicas, a presença de ancilostomídeos é considerada importante causa

de subnutrição e anemia (CHU et al., 2004). Sendo que a espécie Ancylostoma duodenale

apresentando maior capacidade espoliativa de sangue do que Necator americanus (HOTEZ et

al., 2004).

O tratamento das infecções helmínticas causadas por nematódeos, tais como Ascaris

lumbricoides e ancilostomídeos, é realizado principalmente com os benzimidazóis. Neste

grupo, citam-se os mais importantes: albendazol e mebendazol.

O albendazol é um anti-helmíntico de amplo espectro, atuando sobre nematódeos e a

maior parte dos cestódeos, sendo o fármaco de escolha nos Estados Unidos para o tratamento

da cisticercose. Administrado por via oral, é pouco absorvido no trato gastrointestinal, sofre

rápido metabolismo de primeira passagem no fígado, formando o metabólito ativo, o

sulfóxido de albendazol que se liga as proteínas plasmáticas, distribuindo-se pelos tecidos. O

albendazol exerce efeito vermicida, larvicida e ovicida. Atua inibindo a síntese de

microtúbulos (KATZUNG, 2003; KOROLKOVAS, 2008)

O mebendazol é um anti-helmíntico de amplo espectro e baixa incidência de efeitos

adversos. Administrado por via oral, é pouco absorvido no trato gastrointestinal, sofre
43

biotransformação hepática formando metabólitos inativos. Atua inibindo a síntese de

microtúbulos, sendo o fármaco original a forma ativa (KATZUNG, 2003; KOROLKOVAS,

2008).
44

4 MATERIAIS E MÉTODOS
45

4.1. Avaliação in vitro da atividade antiparasitária do Allium sativum L.

4.1.1 Local da pesquisa

A avaliação in vitro foi realizada no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CpqAM),

situado no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

4.1.2 Fitoterápico avaliado

As cápsulas de óleo de Allium sativum L. utilizadas no estudo foram fornecidas pelo

laboratório Herbarium. Cada cápsula era constituída por 247,4 mg de óleo de soja e 2,6 mg de

óleo essencial de Allium sativum L.

4.1.3 Animais

O Biotério Experimental do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães

(CPqAM/FIOCRUZ) forneceu camundongos Swiss webster, albinos, adultos e fêmeas,

pesando entre 25 e 30 gramas, para infecção dos animais e posterior realização dos ensaios in

vitro. Os animais foram agrupados em gaiolas de polietileno, mantidos sob condições

controladas de temperatura de 20± 2oC, sem uso de qualquer medicação, tendo livre acesso à

comida (tipo pellets de ração da marca Purina®) e água potável disponível em garrafas

graduadas de polietileno, colocadas nas grades metálicas das gaiolas na sua parte superior.
46

4.1.4 Métodos

4.1.4.1 Obtenção de vermes adultos de S. mansoni

Para a obtenção dos vermes adultos, os camundongos foram inicialmente infectados

no biotério experimental com aproximadamente 100 cercárias de Schistosoma mansoni.

Esperou-se 45-50 dias após a infecção e realizou-se o exame parasitológico das fezes dos

animais e o encontro de ovos confirmou a presença de vermes adultos nos animais. Após a

realização desta etapa, os vermes adultos foram obtidos através da perfusão do sistema porta-

hepático dos camundongos. Inicialmente os camundongos foram anestesiados, posteriormente

abertos e realizou-se um corte na veia porta. Inseriu-se o líquido de perfusão no ventrículo

esquerdo de modo que o líquido de perfusão foi até a veia cortada e os vermes foram

coletados no cálice de sedimentação e foram transferidos para placa de petri contendo meio de

cultura RPMI 1640.

Figura 07: Vermes adultos Schistosoma mansoni obtidos de camundongos infectados


47

4.1.4.2 Determinação da suscetibilidade in vitro do S. mansoni frente ao óleo de Allium


sativum L.

Os parasitos adultos machos de S. mansoni, obtidos dos hospedeiros definitivos, foram

lavados em meio RPMI-1640 e em seguida, os trematódeos em estudo foram transferidos para

placas de cultura de tecidos estéreis de 35 mm de diâmetro contendo 2 mL de meio. Cada

poço recebeu dois helmintos, os quais em seguida foram incubados a 37 ºC. Após um período

de adaptação ao meio os vermes foram adicionados em concentrações crescentes de 0, 5, 10,

15, 20 mg/mL de óleo de Allium sativum L. O ensaio com cada concentração foi feita em

triplicata. Os parasitos foram incubados por 2 horas e monitorados durante esse tempo quanto

a: motilidade, alterações no tegumento e taxa de mortalidade.

4.1.4.3 Avaliação da motilidade

A motilidade dos helmintos, no grupo controle e no exposto à medicação, foi analisada

durante 2 h através da microscopia de campo claro. Os vermes foram considerados inviáveis

quando não foi observado movimento após 3 minutos de observação em microscópico

estereoscópio.

4.1.4.4 Avaliação ultra-estrutural por meio da microscopia eletrônica de varredura

A análise da ultra-estrutura foi realizada nos vermes, em diferentes concentrações,

recuperados na análise in vitro. As amostras foram fixadas (glutaraldeído a 2,5%,

paraformaldeído a 4% em tampão cacodilato de sódio a 0,1M, pH 7,2) por 12 horas em


48

temperatura ambiente, lavadas no mesmo tampão e pós-fixadas em OsO4 a 1% em tampão

cacodilato de sódio a 0,1M, pH 7,2, por 1 hora. Após a pós-fixação, o material foi lavado no

mesmo tampão, desidratado em séries crescentes de etanol e posteriormente as amostras

seguiram para o ponto crítico. Após a montagem e metalização o material foi observado no

microscópio eletrônico de varredura JEOL - JSM 5600LV.

Figura 08: Microscópio eletrônico de varredura

4.2. Avaliação in vivo da atividade antiparasitária do Allium sativum L.

Um fluxograma para apresentar o delineamento do estudo é apresentado nas figuras 09

e 10.
49

Figura 09-Fluxograma referente ao delineamento do estudo para a investigação da atividade


antiparasitária in vivo- seleção dos pacientes
50

Figura 10- Fluxograma referente ao delineamento do estudo para a investigação da atividade


antiparasitária in vivo- Parte II

4.2.1 Local da pesquisa

A seleção dos pacientes foi realizada na Escola de Educação Básica e Profissional

Fundação Bradesco, localizada no Valentina Figueiredo, João Pessoa-PB e no Programa de


51

Saúde da Família (PSF) do Renascer III em Cabedelo-PB. A avaliação física dos pacientes foi

realizada pelo médico Carlos Alberto do Rego Luna no local da seleção dos pacientes. Os

exames laboratoriais foram realizados no Hospital Universitário Lauro Wanderley e as

análises de fezes no Laboratório de Parasitologia Clínica do Departamento de Ciências

Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba.

4.2.2 Fitoterápico analisado

O produto fitoterápico utilizado consistiu do óleo essencial de Allium sativum L na

forma farmacêutica de cápsulas cedidas pelo Laboratório Herbarium.

4.2.3 Amostragem dos voluntários.

A amostragem foi constituída por 202 voluntários, sendo que 72 eram estudantes da

Escola de Educação Básica e Profissional Fundação Bradesco e 130 são usuários do PSF do

bairro Renascer III.

4.2.4 Critérios de exclusão

Os voluntários que apresentaram alterações nos exames físicos, nos exames de

análises clínicas, e que revelaram disfunção hepática e renal, além dos portadores de diabetes

foram excluídos. Os portadores de hipertensão arterial e alterações cardíacas, grávidas,


52

alcoólicos (100 mg de álcool / dL de sangue) (GOODMAN; GILMAN, 2003) e pessoas em

uso de alguma medicação também foram excluídos com o intuito de se evitar interferências

nos exames laboratoriais.

4.2.5Critérios de inclusão

Voluntários com parasitoses intestinais (ascaridíase, ancilostomíase, giardíase,

amebíase), acometidos de forma mais leve da doença, ainda virgens de tratamento, de ambos

os sexos, de idade entre 18 e 59, e sem discriminação de cor foram incluídos no protocolo de

pesquisa.

4.2.6 Métodos

A primeira etapa do estudo consistiu na seleção dos voluntários parasitados realizada

nas duas instituições supracitadas. Foram elaborados planos para a sua execução que

incluíram desde a escolha do local, facilidades para o planejamento das ações, aceitação das

entidades envolvidas, características da população alvo e interação com a mesma.

O primeiro local escolhido foi a Escola de Educação Básica e Profissional Fundação

Bradesco. A escolha fundamentou-se na facilidade da pesquisadora, visto que, outros projetos

de educação em parasitologia eram desenvolvidos. A população alvo foi os estudantes do

EJA-Educação para Jovens e Adultos do turno noturno, com idade de 18-59 anos.

Inicialmente, foi agendada uma entrevista com a professora dos estudantes com a finalidade

de conhecer previamente os alunos e direcionar as atividades de execução. Foi apresentada


53

uma palestra sobre a prevenção das enteroparasitoses e explicação do projeto. A palestra teve

duração de 20 minutos, após a apresentação, a pesquisadora respondeu as perguntas realizadas

pelos alunos, constatando as necessidades, anseios e expectativas dos alunos para a realização

da pesquisa. Na ocasião, os participantes que expressaram o desejo de fazer parte da pesquisa

receberam coletores de fezes. Em data previamente agendada, as fezes dos participantes

foram coletadas na própria escola pela pesquisadora, sem ônus para os participantes e

encaminhadas para o Laboratório de Parasitologia Clínica da UFPB. Cada participante

forneceu uma amostra de fezes em coletores apropriados sem conservantes. As análises foram

realizadas pelo método de sedimentação espontânea, segundo Lutz (1934), fez-se três leituras

de cada preparação. No que concerne aos aspectos gerais da pesquisa, a busca por pacientes

na Fundação Bradesco não se mostrou satisfatória. Foram distribuídos 80 coletores de fezes

entre os estudantes. Destes, 72 (90,0%) atenderam à solicitação de colheita de material para

exame. Para os totais realizados, 27 (37,5%) das amostras foram positivas e destes apenas 5

pacientes foram selecionados, dos quais dois realizaram exames físicos e laboratoriais e não

expressaram desejo em continuar a pesquisa com o tratamento das cápsulas de óleo de Allium

sativum L alegando sintomatologias da doença e requerendo tratamento convencional.

Após a análise desse trabalho preliminar na Fundação Bradesco, o estudo prosseguiu

com a escolha de um novo local para a execução do projeto. O Renascer III em Cabedelo-PB

foi escolhida após um convite por parte da Igreja Mãe Rainha de Schoenstatt, localizada no

Bessa, para o desenvolvimento de atividades de caráter social.

O delineamento da pesquisa aconteceu na sede do Programa de Saúde da Família do

Renascer III. Inicialmente, a pesquisadora compareceu a sede do PSF para a apresentação e

discussão do projeto. Na ocasião, a palestra educativa foi marcada e os agentes de saúde

foram os responsáveis pela divulgação da mesma.

A palestra aconteceu da mesma forma como descrita na Fundação Bradesco, no


54

entanto, a presença dos participantes obteve índices menores. Ao contrário do observado na

Fundação Bradesco, no qual o público alvo eram estudantes, no PSF o público foi bastante

diversificado, com níveis de escolaridade diferentes. No PSF (figura 09), foram realizadas as

mesmas etapas de apresentação, explicação do projeto e distribuição dos coletores de fezes.

Embora o número inicial de participantes no dia da palestra tenha sido considerado pequeno, a

pesquisadora compareceu três vezes por semana durante quatro meses no PSF para fazer o

convite de forma individual. O comparecimento não foi diário, pois foram respeitados os dias

de atendimento de gestantes, crianças, idosos e diabéticos, grupo não viável para prosseguir

na pesquisa. Foram distribuídos 200 coletores de fezes, mas apenas 130 pessoas de ambos os

sexos realizaram o exame parasitológico de fezes.

Figura 11- Palestra educativa desenvolvida no PSF do Renascer III em Cabedelo-PB

Os resultados dos exames foram entregues a todos os voluntários da pesquisa em data

previamente agendada. Na ocasião da entrega, eles receberam, por parte da pesquisadora,

explicações referentes ao parasito encontrado no EPF. Todos os voluntários que se inseriam

nos critérios de inclusão foram convidados a continuarem na pesquisa, e os demais


55

parasitados foram encaminhados para tratamento.

No Renascer III, nenhum homem desejou continuar na pesquisa. Trinta e seis

voluntárias, que apresentaram exames positivos para ascaridíase, ancilostomíase, giardíase ou

amebíase, receberam o convite, sendo que 12 não quiseram continuar e 24 prosseguiram para

a realização da segunda etapa do estudo que constou na realização dos exames físicos e 23

realizaram exames laboratoriais.

A) Características individuais- Exame físico (Antropometria, pressão arterial e temperatura)

A.1) Antropometria

No diagnóstico nutricional foi utilizada a avaliação antropométrica (peso e altura) das

voluntárias, para a classificação do estado nutricional (grau pelo qual as necessidades

fisiológicas de nutrientes dos indivíduos estão sendo atendidas) (LABRUINE et al., 1997;

MAHAN; KRAUSE, 1998).

Os dados antropométricos (peso e altura) foram mensurados com o auxílio da balança

antropométrica onde os indivíduos ficam em posição ereta, descalços com os pés juntos e com

os membros superiores pendentes ao longo do corpo estando com o olhar dirigido para o

horizonte e em apnéia respiratória no momento do ajuste (MAHAN; KRAUSE, 1998).

O Índice de Massa Corporal ou Índice de Quetelet (IMC: razão entre peso e altura ao

quadrado) proposto por Lambert-Adolphe-Jacques-Quetelet em 1836, foi calculado segundo a

equação: IMC = P/A2 kg/m2, utilizando-se as faixas do IMC, adotados para classificação do

estado nutricional conforme tabela 3 (HALPERN, 1990; ORGANIZACION MUNDIAL DE

LA SALUD, 1998).
56

Tabela 03 – Faixas do Índice de Massa Corporal (kg/m2), adotados para classificação do estado
nutricional.
FAIXAS DE CLASSIFICAÇÃO
ESTADO NUTRICIONAL
Masculino Feminino

Magreza > 20,1 > 18,7

Adequado 20,1 a 24,9 18,7 a 23,8

Sobrepeso 25 a 29,9 23,9 a 28,5

Obesidade ≥ 30 ≥ 28,6
Fonte: Organizacional Mundial de la Salud, 1998

A.2) Pressão arterial

A medida da Pressão Arterial (PA) foi realizada pelo método indireto, utilizando-se a

técnica auscultatória, com o auxílio de um esfigmomanômetro e um estetoscópio Tycos. O

paciente foi colocado em posição cômoda, sem tensão emocional, relaxado. Em seguida

colocou-se o manguito no braço a 2 cm da fossa cubital com bolsa inflável de borracha na

face interna do braço, palpou-se o pulso da artéria braquial e aplicou-se o estetoscópio neste

ponto, fechou-se a válvula existente na pêra e inflou-se rapidamente o manguito até um valor

de cerca de 30 mmHg da pressão sistólica, abriu-se a válvula lentamente acompanhando o

esfigmomanômetro e observou-se o momento em que iniciaram os ruídos. A pressão em que

foi percebido o aparecimento dos ruídos foi Pressão Sistólica (PS), continuou-se a

descompressão até que os sons desaparecessem, anotando-se o valor da pressão neste instante,

obtendo-se a Pressão Diastólica (PD)

Esta medida foi realizada e contabilizada no protocolo experimental de todos os

pacientes. Os valores que permitiram classificar os indivíduos adultos de acordo com seus

níveis tensionais, estão ilustrados na tabela 04


57

Tabela 04 – Classificação da pressão arterial (> 18 anos)

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

CLASSIFICAÇÃO Pressão sistólica (mmHg) Pressão diastólica(mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130 – 139 85 – 90

HIPERTENSÃO

Estágio 1 (leve) 140 – 159 90 – 99

Estágio 2 (moderado) 160 – 179 100 – 109

Estágio 3 (grave) ≥ 180 ≥ 110

Sistólica isolada ≥ 140 < 90

O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo.


Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior
deve ser utilizada para classificação do estágio.
Fonte: Mcallister ; Straus, 2001; O’Brien et al., 2001.

A.3)Temperatura

Para medida da temperatura corporal foi utilizado um termômetro digital, modelo MC-

3BC-ORON/China. Esta medida foi realizada e contabilizada no protocolo experimental de

todos os voluntários, durante a avaliação física.

As voluntárias realizaram o exame físico no PSF do Renascer III, que apresenta uma

infra-estrutura adequada para a sua realização. O exame foi conduzido pelo médico Drº.

Carlos Alberto do Rego Luna, estando presentes a pesquisadora Caliandra Luna e a técnica

em enfermagem Rosângela Euflazino Rodrigues. O exame físico (anexo 01) foi composto

por: história familiar e médica, exame físico, aferição dos sinais vitais, determinação do peso,
58

altura, cálculo do índice de massa corporal (IMC) e temperatura.

Na tabela 05 estão descritos os valores para as avaliações supracitadas. Os valores

médios do peso foram 63,86 ± 2,67 Kg. A altura média das mulheres participantes foi 1,54 ±

0,01m. No diagnóstico nutricional, a média do IMC foi de 26,68 ± 1,08 Kg/m2. Quanto à

distribuição por faixas de adequação do IMC apresentadas na tabela 03, observa-se uma

classificação do estado nutricional em sobrepeso. Os resultados dos valores médios da

Pressão Arterial Sistólica (PAS) 114,5 ± 1,58 e Pressão Arterial Diastólica (PAD) 74,55 ±

1,27, apresentados na tabela 05 demonstram que as pacientes encontram-se em uma

classificação ótima para esses parâmetros. Quanto aos resultados obtidos da temperatura

corpórea, 36,54 ± 0,80ºC, as pacientes encontraram-se dentro da normalidade.

Tabela 05- Média e desvio padrão das variáveis: peso (Kg), altura (m) , IMC (Kg/m2), Pressão Arterial
Sistólica (PAS), Pressão Arterial Diastólica (PAD), temperatura das voluntárias submetidas ao
tratamento com as cápsulas de óleo de Allium sativum L (n=24).

Variável Peso Altura IMC PAS PAD Temperatura


63,86±2,67 1,54±0,01 26,68±1,08 114,5±1,58 74,55±1,27 36,54±0,80

Após a realização do exame físico, uma paciente com ancilostomíase desistiu,

desejando ser tratada. A pesquisa prosseguiu com 11 participantes infectadas com Entamoeba

histolytica/Entamoeba dispar, 9 com Ascaris lumbricoides, 2 com Giardia lamblia e 1 com

Ancilostomídeos. As voluntárias foram convidadas a realizarem o exame de análises clínicas,

que constou de avaliações nos parâmetros hematológicos e bioquímicos (anexos 2 e 3). Na

ocasião, algumas pacientes relataram a dificuldade de se deslocar do Renascer III para o

Hospital Universitário, devido as atividades domésticas e de trabalho. Para resolver esta

problemática, a pesquisadora solicitou toda a documentação das voluntárias, compareceu ao

Hospital Universitário e cadastrou todas as pacientes, obtendo, assim, o cartão de

identificação. Após este passo, em data previamente agendada com o HU e com as voluntárias
59

no PSF, o sangue das voluntárias foi coletado, pela manhã e imediatamente encaminhado para

o HU, onde se procederam as análises. As voluntárias que não demonstraram problemas

quanto a coleta, foram conduzidas ao HU com a pesquisadora.

B) Parâmetros hematológicos

As análises hematológicas constaram do estudo das séries vermelha (eritrograma) e

série branca (leucograma) e contagem de plaquetas. No eritrograma foi realizada a contagem

de hemácias, a determinação do hematócrito, da hemoglobina, do volume corpuscular médio

(VCM), da hemoglobina corpuscular média (HCM), e da concentração da hemoglobina

corpuscular média (CHCM). No leucograma foi feita contagem global dos leucócitos e a

contagem da diferenciação celular. As análises foram executadas no analisador celular

COBAS ARGOS 50 – ROCHE. Os esfregaços sanguíneos foram corados automaticamente

no HEMATEL 200 e analisados em microscópio Olympus, para confirmação e controle da

contagem das células. Os valores de referência adotados encontram-se ilustrados na tabela 06.

Os valores médios da avaliação das 23 pacientes são apresentados nas tabelas 07, 08 e 09 e

estavam dentro das faixas consideradas normais, conforme descrito na tabela 06.
60

Tabela 06 – Valores de referência no Hemograma com os referidos métodos adotados no HULW

HEMOGRAMA

Método Valores de referência

SÉRIE VERMELHA

M-4,5 a 6,0 milhões/mm3


Hemácias Citometria de Fluxo e Impedância
F-3,9 a 5,3 milhões/mm3

M-12,8-17,8 g/dL
Hemoglobina Citometria de Fluxo e Impedância
F-12,0-15,6 g/dL

M-40 -52%
Hematócrito Citometria de Fluxo e Impedância
F-36-48%

V.C.M. Citometria de Fluxo e Impedância M/F-82 a 98 µ3

H.C.M. Citometria de Fluxo e Impedância M/F-27 a 33 µµ

C.H.C.M. Citometria de Fluxo e Impedância M/F-32 a 36%

SÉRIE BRANCA

Leucócitos Citometria de Fluxo e Impedância 4.000 a 11.000 mm3

Mielócitos Microscópio 0 a 0 mm3

Metamielócitos Microscópio 0 a 100 mm3

Bastonetes Microscópio 0 a 5%

Segmentados Microscópio 45 a 70%

Basófilos Microscópio 0 a 1%

Eosinófilos Microscópio 1 a 6%

Linfócitos Microscópio 20 a 45%

Monócitos Microscópio 2 a 10%

CONTAGEM DE PLAQUETAS

Plaquetas Citometria de Fluxo e Impedância 150.000 a 400.000 mm3


61

Tabela 07-Média e desvio padrão das variáveis: hemácias, hemoglobina e hematócrito das voluntárias
submetidas ao tratamento com as cápsulas de óleo de Allium sativum L (n=23).
Variável

Hemácias
4,66 ± 0,08
3
(F-3,9 a 5,3 milhões/mm )

Hemoglobina
12,75 ± 0,17
(F-12,0-15,6 g/dL)

Hematócrito
38,85 ± 0,48
(F-36-48%)

VCM
83,78 ± 1,08
(M/F-82 a 98 µ ) 3

HCM
27,55 ± 0,41
(M/F-27 a 33 µµ)

CHCM
32,88 ± 0,15
(M/F-32 a 36%)
62

Tabela 08- Média e desvio padrão da média das variáveis: leucócitos (mm3), mielócitos (mm3),
metamielócitos (mm3), segmentados (mm3), bastonetes (mm3), basófilos (mm3), monócitos (mm3) e
eosinófilos (mm3) das voluntárias submetidas ao tratamento com as cápsulas de óleo de Allium
sativum L (n=23).
Variável

Leucócitos
7,23 ± 0,50
(4.000 a 11.000 mm3)
Mielócitos
0,00 ± 0,00
3
(0 a 0 mm )

Metamielócitos
0,00 ± 0,00
3
(0 a 100 mm )

Segmentados
54,07 ± 2,35
(45 a 70%)

Bastonetes
0,28 ± 0,09
(0 a 5%)

Basófilos
0,72 ± 0,13
(0 a 1%)

Monócitos
5,10 ± 0,51
(2 a 10%)

Eosinófilos
4,89 ± 0,68
(1 a 6%)

Linfócito típico
30,27 ± 3,07
(20 a 45%)

Tabela 09-Média e desvio padrão da variável: contagem de plaquetas das voluntárias submetidas ao
tratamento com as cápsulas de óleo de Allium sativum L (n=23).
Variável

Contagem de plaquetas
233,9 ± 14,90
(150.000 a 400.000 mm3)
63

C) Parâmetros bioquímicos

As análises bioquímicas foram realizadas em amostras de soro. As dosagens da

glicose, triglicerídios, colesterol total, aspartato transaminase (AST), alanina transaminase

(ALT), fosfatase alcalina (FAL), creatinina, uréia. Os métodos e valores de referência

adotados encontram-se ilustrados nas tabelas 10,11 e 12. As análises bioquímicas foram

realizadas em amostras de soro e foram apresentados os valores médios na tabela 13. Os

resultados demonstram que as voluntárias encontravam-se dentro dos limites da normalidade

e, assim, aptas a continuares no estudo.

Tabela 10 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica geral com os referidos métodos
adotados no HULW/UFPB.
Bioquímica Método Valor de referência

Glicemia Enzimático 60,0 – 110,0 mg/dL

Triglicerídios Enzimático < 200 mg/dL

Colesterol Total Enzimático Até – 200 mg/dL

Tabela 11 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica (área hepática) realizada no soro,
com os referidos métodos adotados, no HULW/UFPB.
Bioquímica Método Valor de referência

AST Cinético 7 a 45 U/L

ALT Cinético 0 a 40 U/L

Fosfatase alcalina Cinético Adulto 27 a 120 U/L


64

Tabela 12 – Valores normais de referência na dosagem bioquímica (área renal) realizada no soro,
com os referidos métodos adotados, no HULW/UFPB.
Bioquímica Método Valor de referência

Creatinina JAFFÉ 0,4 A 1,4 mg/dL

Uréia Enzimático 10 a 50 mg/dL

Tabela 13- Média e desvio padrão da média das variáveis: Glicemia, colesterol total, triglicerídios,
AST, ALT, Fosfatase alcalina, uréia, creatinina das voluntárias submetidas ao tratamento com as
cápsulas de óleo de Allium sativum L (n=23).
Variável

Dosagens Bioquímicas Gerais

Glicemia
91,41±9,25
(10,0 – 110,0 mg/dL)
Colesterol total
164,4±7,40
(Até – 200 mg/dL)
Triglicerídios
123,5±28,73
(< 200 mg/dL)
Dosagens bioquímicas (área hepática) realizada no soro

AST
23,32±1,01
(7 a 45 U/L)
ALT
20,08±1,59
(0 a 40 U/L)
Fosfatase alcalina
64,88±4,03
(Adulto 27 a 120 U/L)
Dosagens bioquímicas (área renal) realizada no soro
Uréia
20,28±0,97
(10 a 50 mg/dL)
Creatinina
0,71±0,30
(0,4 A 1,4 mg/dL)
65

D) Administração das cápsulas de óleo de Allium sativum L

A terceira etapa da pesquisa consistiu no tratamento e acompanhamento das

voluntárias selecionadas. Foram administradas duas cápsulas de óleo de Allium sativum L pela

manhã durante 15 dias.

Cada paciente recebeu 30 cápsulas de óleo de Allium sativum L. As voluntárias

receberam explicações verbais sobre a importância do tratamento, bem como o seu modo de

administração. Diariamente, pela manhã, as voluntárias confirmaram a ingestão das cápsulas

pela pesquisadora, bem como assinaram um termo de ingestão. A pesquisa contou com a

ajuda de uma agente de saúde do PSF, que colaborou no monitoramento das pacientes. Todas

as voluntárias foram orientadas a manter as suas atividades de rotina e mantiveram as suas

dietas normais. Os possíveis efeitos adversos ou indesejáveis relatados durante a ingestão

foram informados a pesquisadora.

A etapa final consistiu no monitoramento das voluntárias utilizando para tanto exames

coproparasitológicos específicos, conforme tabela 14, para cada espécie de parasito albergada

no 8º e 16º dia após o início do tratamento.

Tabela 14-Métodos utilizados para diagnóstico das doenças parasitárias


Formas parasitárias
Indicação Método
encontradas

Ascaris lumbricoides Sedimentação espontânea, Kato-katz Ovos

Ancilostomídeos Sedimentação espontânea; Willis. Ovos

Giardia lamblia Sedimentação espontânea, Ritchie. Trofozoítos; Cistos

Entamoeba histolytica Sedimentação espontânea, Ritchie. Trofozoítos; Cistos


66

4.2.7 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Todos os indivíduos selecionados para a pesquisa receberam explicação verbal dos

procedimentos e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 04), onde

consta todas as informações relativas ao estudo, bem como a autorização pelo paciente da

publicação dos resultados obtidos, sendo resguardada a sua identificação.

O documento foi redigido conforme as normas de pesquisa envolvendo seres humanos

(Resolução 196/96, do Conselho Nacional da Saúde/ Ministério da Saúde- CNS/MS) e foi

submetido à avaliação do Comitê de Ética do Hospital Universitário Lauro Wanderley da

UFPB (HULW/UFPB).

4.2.8 Análise estatística dos dados

Os dados foram analisados utilizando programas estatísticos como o programa

GraphPad Prism 4.03 (teste qui-quadrado) e o software EPIInfo versão 6.04.


67

5 RESULTADOS
68

5.1. Efeitos in vitro da atividade antiparasitária do Allium sativum L.

5.1.1 Avaliação da motilidade

Após o acompanhamento dos vermes adultos machos de Schistosoma mansoni nos

intervalos de 30, 60, 90 e 120 min não foi observado mortalidade em nenhuma concentração

estudada. Porém, foi identificado uma alteração da motilidade entre os grupos. Na

concentração de 20 mg/mL ocorreu uma maior agitação nos vermes em relação as outras

concentrações.

5.1.2 Avaliação Ultra-estrutural por meio da microscopia eletrônica de varredura

Os vermes adultos machos, sujeitos desta análise, foram analisados por microscopia

eletrônica de varredura e o grupo controle foi descrito conforme a literatura (Figura 12 A-F).

No grupo tratado, verificou-se que o óleo de Allium sativum L. promoveu danos na estrutura

do tegumento em todas as concentrações. A concentração de 5 mg/mL (Figura 13 A-B)

promoveu danos no tegumento; a concentração de 10 mg/mL (Figura 13 C-D) resultou em

perfurações nos tubérculos e os espinhos tornaram-se curtos e escassos, a concentração de 15

mg/mL (Figura 13 E-F) promoveu ulcerações no tegumento e projeções tegumentares que

podem se romper e expor o tecido abaixo e a concentração de 20 mg/mL (Figura 13 G-H),

pode indicar maior dano ao tegumento com formação de úlceras e bolhas


69

Figura 12 (A-D)- Vermes adultos machos de Schistosoma mansoni processados por Microscopia
eletrônica de varredura-Grupo controle. Tegumento (t), tubérculos (tu), espinhos (sp), ventosa oral (os) e
ventosa ventral (vs) e canal ginecófiro (gc)

Figura 13 (A-H)- Vermes adultos machos de Schistosoma mansoni após o tratamento com 5, 10, 15 e 20 mg/mL
de óleo de alho processado por microscopia eletrônica de varredura. 13 (A-B): 5 mg/mL de óleo de alho, observe
a formação de danos no tegumento. 13 (C-D): 10 mg/mL de oleo de alho, houve perfurações nos tubérculos e os
espinhos tornaram-se curtos e raros. 13 (E- F): 15 mg/mL de óleo de alho, houve ulcerações no tegumento. 13 (G-
H): 20 mg/mL de óleo de alho, esta concentração pode indicar maior dano no tegumento com formação de úlceras
e bolhas.
70

5.2 Perfil coproparasitológico da comunidade Renascer III

A etapa realizada no Renascer III contou com a participação de 130 pessoas para a

realização do exame parasitológico de fezes. Os resultados mostraram que 49,2% (64) das

amostras foram negativas e 50,8% (66) foram positivas (gráfico 01). Do total analisado, 80%

(104) foram do sexo feminino e 20% (26), do sexo masculino, com faixa etária entre 18 e 59

anos. Os maiores percentuais de positividade foram registrados nas amostras provenientes do

sexo feminino 55,8% (58). Encontrou-se um índice de positividade de 30,8% (8) no sexo

masculino (gráfico 02).

(64); 49,2%

Amostras negativas
Amostras positivas

(66); 50,8%

Gráfico 01- Freqüência das amostras positivas e negativas em adultos do Renascer III em Cabedelo
(n= 130)
71

120
104
100

80
58
60

40
26
20
8

0
Mulheres Mulhers Homens Homens
participantes parasitadas participantes parasitados

Gráfico 02- Prevalência de indivíduos parasitados por gênero em adultos do Renascer III em
Cabedelo. (n=130 para os participantes; n=66 para os parasitados).

Das amostras positivas (n=66), observou-se uma diferença quanto à distribuição de

helmintos e protozoários. As amostras de protozoários corresponderam a 57,6% (38), as de

helmintos, a 31,8% (21), e as de helmintos/protozoários, a 10,6% (7) (gráfico 03). No que

concerne ao grau de exposição aos enteroparasitos, 53% (35) das amostras foram

monoparasitado e 47% (31) apresentaram duas ou mais espécies de parasitos (biparasitados

ou poliparasitados) (gráfico 04).


72

(21); 31,8%

Helminto
Protozoário
Helminto/Protozoário

(7); 10,6%
(38); 57,6%

Gráfico 03- Frequência de helmintos, protozoários e da associação de helmintos e protozoários


obtidas das amostras de fezes obtidas dos pacientes adultos do Renascer III em Cabedelo (n=66)

(31); 47,0%

Monoparasitados

Biparasitados ou
poliparasitados

(35); 53,0%

Gráfico 04- Frequência do grau de parasitose obtida das amostras de fezes obtidas dos pacientes
adultos do Renascer III em Cabedelo (n=66)
73

5.2.1 Frequência de enteroparasitas e enterocomensais dos voluntários parasitados

A frequência de enteroparasitas e enterocomensais no Renacer III em Cabedelo

mostrou-se variada, como se observa nos gráficos 05 e 06. O protozoário Endolimax nana e o

helminto Ascaris lumbricoides foram os mais encontrados nas amostras fecais, apresentando

em conjunto um percentual de 43,9% . A tabela 15 mostra as associações mais frequentes e

verifica-se que, em praticamente todas, foi encontrada a presença de Endolimax nana.

Ascaris lumbricoides

(5); 3,80% Ancylostomidae

(1); 0,70%
Strongyloides
stercoralis
Schistosoma mansoni

Trichuris trichiura
(1); 0,70%

(17); 13,10%
(3); 2,30%

Gráfico 05- Frequência dos helmintos nas 130 amostras analisadas (negativas, monoparasitadas,
biparasitadas e poliparasitadas) do PSF no Renascer III em Cabedelo-PB
74

1,50%, 2 Entamoeba coli


(13); 10,0%
(4); 3,10% Entamoeba
histolytica/Entamoeba dispar
Endolimax nana

Giardia lamblia

Iodamoeba butschlii

(18); 13,80%
(40); 30,80%

Gráfico 06- Frequência dos protozoários nas 130 amostras analisadas (negativas, monoparasitadas,
biparasitadas e poliparasitadas) do PSF no Renascer III em Cabedelo-PB

Tabela 15- Distribuição das associações entre enteroparasitas e comensais detectadas em adultos
atendidos no PSF do Renascer III em Cabedelo-PB
Associações Número Percentagem
A. lumbricoides/ G. lamblia/ E. nana 1 3,2%
A. lumbricoides/ I. buitschlii/E. nana 1 3,2%
A. lumbricoides/ E. coli/E. nana 1 3,2%
A. lumbricoides/ E. nana 3 9,7%
Ancylostomidae/ E. nana 1 3,2%
G. lamblia/ E. nana 2 6,5%
E. coli/ E. nana 5 16,1%
E. histolytica/ E. coli/ E. nana 4 12,9%
E. histolytica/ I. bustchlii/E. nana 1 3,2%
E. histolytica/E. nana 11 35,5%
E. histolytica/ E. coli 1 3,2%
Total 31 100%

5.3 Efeitos antiparasitários das cápsulas de óleo de Allium sativum L.

Para a realização do tratamento com as cápsulas de óleo de Allium sativum L., a

amostra final foi constituída por 23 mulheres parasitadas. O padrão de acometimento variou

entre monoparasitada, biparasitada ou poliparasitada, conforme tabela 16, sendo tomado como

critério de inclusão os parasitos analisados na pesquisa.


75

Cada voluntária recebeu 30 cápsulas de óleo de Allium sativum L. e ingeriu duas

cápsulas por dia durante 15 dias. Uma paciente relatou desconforto gastrointestinal,

entretanto, questiona-se se tal efeito foi provocado pelo Allium sativum L. ou pela

enteroparasitose. Ressalta-se que todas as pacientes referiram insatisfação quanto ao

“gosto”ou “odor” de alho ocasionados pela ingestão, fato relatado com a expressão “arroto de

alho puro”.

Após o início do tratamento, os exames de fezes ocorreram em duas análises. A

primeira no 8º dia e a segunda no 16º dia, ou seja, um dia após a última ingestão. O perfil de

acometimento das pacientes, assim como os resultados das avaliações quanto ao tratamento

estão apresentados na tabela 16. Verifica-se que o tratamento com as cápsulas de óleo de

Allium sativum L. não tornou negativo o resultado das pacientes com ascaridíase,

ancilostomíase e giardíase. Os resultados foram negativos para duas pacientes com amebíase

no 16º dia, mas que não foram considerados estatisticamente significativos quando analisados

pelo teste do qui-quadrado.


76

Tabela 16- Relação das 23 voluntárias tratadas com as cápsulas de óleo de Allium sativum L. e os resultados das avaliações pelos exames parasitológicos de
fezes no 8º e 16º dia de tratamento.

8º dia de tratamento 16ª dia após o tratamento


Paciente Exame Inicial Hoffman Kato-katz Ritchie Willis Hoffman Kato-katz Ritchie Willis
1 Ascaris lumbricoides + + N N + + N N
2 Ascaris lumbricoides + + N N + + N N
3 Ascaris lumbricoides + + N N + + N N
4 Ascaris lumbricoides + + N N + + N N
5 Ascaris lumbricoides + + N N + + N N
6 Ascaris lumbricoides, Endolimax nana + + N N + + N N
7 Ascaris lumbricoides, Endolimax nana + + N N + + N N
8 Ascaris lumbricoides, Endolimax nana, Iodamoeba bustschlii, + + N N + + N N
9 Ascaris lumbricoides, Endolimax nana, Entamoeba coli + + N N + + N N
10 Ancilostomídeo + N N + + N N +
11 Giardia lamblia + N + N + N + N
12 Giardia lamblia, Endolimax nana + N + N + N + N
13 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N + N + N
14 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N + N + N
15 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N + N + N
16 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N + N + N
17 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N + N + N
18 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Endolimax nana + N + N - N - N
19 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli + N + N - N - N
20 Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli + N + N + N + N
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli,
21 + N + N + N + N
Endolimax nana
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli,
22 + N + N + N + N
Endolimax nana
Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli,
23 + N + N + N + N
Endolimax nana
Legenda: +: resultado positivo, -: resultado negativo, N: exame não realizado.
77

6 DISCUSSÃO
78

O propósito deste estudo foi avaliar a atividade antiparasitária do Allium sativum L in

vitro, com a utilização de vermes adultos macho de Schistosoma mansoni e, in vivo, com

voluntários que albergam Ascaris lumbricoides, Ancilostomídeos, Giardia lamblia e

Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar.

O tratamento da esquistossomose, doença provocada pelo Schistosoma mansoni, é

realizado através da administração de duas drogas que apresentam boa eficácia e baixa

toxicidade: oxamniquine e praziquantel (LESCANO et al., 2004). O praziquantel é a droga

mais utilizada, porém, pelo fato de nos últimos anos o S. mansoni apresentar tolerância ou

resistência ao medicamento, torna-se necessária a pesquisa e o desenvolvimento de novos

fármacos para a prevenção e cura da doença (EL SHENAWY; SOLIMAN; REYAD, 2008).

Como a medicação utilizada para esquistossomose apresenta dificuldade no

tratamento, vários pesquisadores buscam, nas drogas originárias de plantas, uma alternativa

para o tratamento desta importante helmintíase (MOSTAFA; SOLIMAN, 2002).

A atividade antiparasitária do Allium sativum L é conhecida desde a antiguidade

(ANKRI;MIRELMAN, 1999) e o seu efeito anti-Schistosoma tem sido reportado

(ZAKHARY, 1994; RIAD et al., 2007, RIAD et al., 2008). Neste estudo, buscou-se investigar

a atividade anti-Schistosoma do óleo de Allium sativum L através da microscopia eletrônica de

varredura. As investigações foram motivadas nas análises das alterações ultraestruturais, visto

que, as referidas análises foram documentadas para as drogas atualmente utilizadas no

tratamento da esquistossomose: oxamniquine (KOHN; LÓPEZ-ALVAREZ; KATZ, 1982;

POPIEL; ERASMUS, 1984; MAGALHÃES FILHO et al., 1987; AMIN; MIKHAIL, 1989;

FALLON; FOOKES; WHARTON, 1996) e praziquantel (BECKER et al., 1980;

MEHLHORN et al., 1981; SHAW; ERASMUS 1983; SHAW; ERASMUS 1987; SHAW;

ERASMUS 1988; FALLON; FOOKES; WHARTON, 1996; LIANG et al., 2002;

MOHAMED et al., 2006).


79

Várias funções e características do tegumento do S. mansoni têm despertado a

importância do seu estudo. Ele está envolvido com funções importantes para o helminto como

a absorção de nutrientes, presença de proteínas que são responsáveis pela manutenção ou

reparação de danos decorrentes da resposta imune do hospedeiro. Além disso, o tegumento

constitui a interface entre o parasita e o ambiente do hospedeiro. Portanto, esta estrutura do

parasita torna-se um alvo importante para drogas anti-Schistosoma (HOFFMANN; STRAND,

1996; XIAO et. al, 2002).

Os resultados demonstraram que o tratamento com Allium sativum L não resultou na

morte dos vermes de S. mansoni, mas observaram-se variações no tegumento dos grupos

tratados com Allium sativum. Análises ultraestruturais in vitro de vermes adultos de S.

mansoni revelaram que o tegumento é o alvo importante para o óleo de Allium sativum L.

Observações realizadas por meio de microscopia eletrônica de varredura em S. japonicum, S.

mansoni e S. haematobium em diferentes estágios de desenvolvimento obtidos de animais

tratados com Artemether, uma nova droga anti-Schistosoma, revelaram que o tegumento é

também o seu alvo de ação (XIAO et al., 2002). Os resultados viabilizam a realização de

novos estudos in vivo, visto que o tegumento deste verme é o alvo terapêutico para drogas

utilizadas no tratamento da esquistossomose.

Embora duas drogas possam ser utilizadas para o tratamento da esquistossomose, o

praziquantel é o fármaco de escolha. Seu mecanismo de ação envolve lesões no tegumento e

influxo de cálcio (GOODMAN; GILMAN, 2003). Os canais de cálcio voltagem dependentes

foram identificados como sítios de ação (KOHN et al. 2001a; KOHN et al. 2001b).

Evidenciou-se que vermes adultos machos expostos ao praziquantel in vitro e na presença de

cálcio radiativo sofriam uma rápida absorção deste íon, o que provocava uma paralisia

espástica da musculatura e alterações no tegumento (BECKER et al., 1980), sugerindo assim

que os mecanismos que alterem as concentrações de cálcio conferem o efeito do praziquantel


80

( DAY; BENNETT; PAX, 1992).

A avaliação ultra-estrutural foi realizada nos machos por dois fatores: as fêmeas não

estão em contato frequente com o microambiente do hospedeiro e os estudos descritos na

literatura mostram alterações tegumentares mais pronunciadas nos machos do que nas fêmeas

(MOSTAFA; SOLIMAN, 2002; NAHED; RIAD; YOMNA, 2009).

As principais alterações no tegumento dos vermes induzidas pelo tratamento com o

óleo de Allium sativum L em diferentes concentrações foram caracterizadas por: formações de

projeções na concentração de 5 mg/mL; mudanças nos tubérculos e modificação dos espinhos

na concentração de 10 mg/mL; formação de vesículas e presença de úlceras nas concentrações

de 15 e 20 mg/mL. Esses dados concordam com os achados de Nahed et al. (2009) onde os

mesmos verificaram que características do tegumento de vermes adultos machos obtidos de

camundongos infectados com cercarias de S. mansoni e submetidos ao tratamento com suco

de Allium sativum na dose de 50 mg/kg resultou em uma variedade de mudanças na estrutura

do tegumento dos vermes, incluindo destruição dos tubérculos, edemas e úlceras, além disso,

verificou-se alterações no número e volume de espinhos e modificação dos tubérculos.

A formação de úlceras nos vermes foi verificada nas concentrações de 15 e 20 mg/mL.

Essa observação também foi descrita em estudos com drogas anti-schistosoma descritos por

Voge & Bueding (1980); Mostafa & Soliman (2002) e Shaohong et al. (2006).

A análise por meio da microscopia eletrônica de varredura dos vermes adultos do S.

mansoni, tratados com praziquantel, demonstrou que na concentração de 0,8 mg/mL, a região

dorso-lateral do tegumento mostrou-se retorcido, tubérculos enrugado com espinhos

aparentemente deteriorados e numericamente reduzidos no canal ginecóforo. Na concentração

de 6,3 mg/mL, a região dorso-lateral mostrou perda do tegumento com exposição do tecido

sub-tegumentar e os tubérculos também demonstraram perda dos espinhos (BURGO et al.,

2009).
81

A análise in vivo da atividade antiparasitária do Allium sativum foi realizada em cinco

etapas: seleção das voluntárias, avaliação física, exames de análises clínicas, tratamento com

as cápsulas de óleo de Allium sativum L e avaliação do resultado.

A seleção dos participantes da pesquisa consistiu em uma das etapas mais difíceis e

importantes para a execução do projeto. O público alvo foi adulto de 18-59 anos que não

corresponde aos mais frequentemente parasitados. De acordo com Santos e Merlini (2010), as

infecções intestinais de origem parasitária podem atingir diversas populações, independentes

do sexo, mas com destaque importante para crianças em idade escolar e pré-escolar, que estão

mais susceptíveis aos fatores de risco.

A idade é um fator facilitador na aquisição das parasitoses, pois os hábitos higiênicos,

aglomerados como creches, escolas e orfanatos tornam a convivência mais próxima e a

resposta imunológica tornam as crianças mais aptas a adquirir tais doenças (TORRES, 2006).

A execução da palestra educativa representou uma boa estratégia para a interação

inicial com os participantes e teve como objetivos: informar a população alvo as principais

características clínicas, modos de prevenção e transmissão das principais enteroparasitoses e

sua relevância na saúde do indivíduo; compreender as características sociais, econômicas e

culturais da população alvo; conhecer as formas de acesso aos serviços de saúde da população

e discutir a importância desses serviços. Segundo Pereira (2003), a prática educativa em saúde

refere-se às atividades voltadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e

coletivas, visando à formação do ser sadio. As ações de saúde não são apenas processos de

intervenção sobre a doença, mas procedimentos destinados a fazer com que o indivíduo e a

coletividade disponham de meios para a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde,

em que estão relacionados os fatores orgânicos, psicológicos, sócio-econômicos e espirituais.

A seleção dos pacientes no Renascer III contou com uma maior participação de

mulheres , que pode ser justificada por fatores, como: menor procura dos indivíduos do sexo
82

masculino pelos serviços disponibilizados pelo PSF, conseqüência da menor preocupação

destes com a saúde e uma resistência em realizar exames parasitológicos de fezes, fato

evidenciado durante a realização da palestra educativa.

As enteroparasitoses sofrem variações conforme a região de cada país, as condições de

saneamento básico, o nível sócioeconômico, o grau de escolaridade, a idade e os hábitos de

higiene de cada indivíduo, e representam, assim, um importante problema de saúde pública

(GURGEL et al., 2005). A elevada frequência de enteroparasitos no Renascer III reflete a

precariedade das suas condições sanitárias e educacionais. Os fatores determinantes do

elevado parasitismo foram atribuídos à baixa renda familiar, famílias numerosas residindo no

mesmo domicílio, às baixas condições de higiene e ao pouco conhecimento da profilaxia de

protozoários e helmintos, fatos comprovados pelos questionários socioculturais respondidos

no dia da palestra educativa.

A presença simultânea de duas ou mais espécies de parasitas foi frequente e, em

praticamente todas as associações, foram encontradas a presença de Endolimax nana. Sabe-se

que esse protozoário é comensal, mas tem a mesma fonte de infecções que outros protozoários

patogênicos (ABRAHAM; TASHIMA; SILVA,2007).

Ascaris lumbricoides foi o helminto mais prevalente e consiste na espécie mais

conhecida entre os nematódeos (NEVES, 2005). Trata-se de uma parasitose que acomete mais

as crianças (CAMPOSA et al., 2002), o que difere dos nossos resultados, no qual a parasitose

se mostrou com elevada frequência. É popularmente conhecido como lombriga ou bicha e

causa a doença denominada ascaridíase (NEVES, 2005). Esse fato chamou a atenção na

pesquisa, pois a população participante conhecia o helminto como “verme comum”, nome não

referenciado na literatura, mas que pode ser justificado pela presença constante desse

helminto entre os adultos.

Trichuris trichiura, o segundo helminto mais prevalente, é responsável pela doença


83

conhecida como tricuríase. É uma parasitose cosmopolita, com maior incidência em climas

quentes e úmidos e é, frequentemente, associada ao Ascaris lumbricoides (IGLÉSIAS, 1997).

Acredita-se que a menor incidência de ancilostomídeos, verificada neste estudo, possa estar

relacionada ao fato de que os enteroparasitas mais encontrados sejam de transmissão oral. Os

baixos índices de Strongyloides stercoralis e a não ocorrência de Enterobius vermicularis e

Taenia sp, na amostra investigada, podem estar relacionados ao método coproparasitológico

utilizado. A escolha do método baseou-se na sua abrangência e no custo, no entanto

inespecífico para determinadas espécies de helmintos.

A presença de enterocomensais (E. nana, E. coli e I. bustchlii), apesar de não serem

causadores de doenças, apresenta o mesmo mecanismo de transmissão de outros protozoários

patogênicos, como Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, e podem servir como um

indicador das condições sócios-sanitárias, facilitando um melhor entendimento da

epidemiologia das enteroparasitoses (ROCHA et al., 2000; SATURNINO; NUNES; SILVA,

2003).

A frequência de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar foi considerada alta quando

comparada a outros estudos. Resultados obtidos por Braga et al. (2001) demonstraram uma

prevalência de 14,9 % para Entamoeba histolytica em uma comunidade na periferia de

Fortaleza. Esse estudo reforça ainda mais a endemicidade desse parasito na região Nordeste

do país.

Os resultados demonstraram uma baixa frequência de Giardia lamblia, que pode ser

justificada pela faixa etária escolhida para a pesquisa. Levantamentos parasitológicos já

realizados demonstraram que a giardíase é uma das principais parasitoses intestinais entre

crianças brasileiras (PITTNER et al., 2007). Estudos realizados por Tavares-Dias et al (1999)

demonstraram que a giardíase ocorreu predominantemente em crianças de 0 a 15 anos de

idade, e em indivíduos adultos não se evidenciou tal infestação.


84

Dados disponíveis na literatura apontam que a realização de um único exame

parasitológico de fezes pode ser insuficiente para realizar o diagnóstico preciso de Giardia

lamblia, pois esse protozoário apresenta o período negativo, ou seja, a eliminação de cistos

pelo indivíduo parasitado não é constante, podendo levar a resultados falso-negativos

(TASHIMA; SIMÕES, 2005) A obtenção de mais de uma amostra fecal por participante,

procedimento que poderia aumentar a sensibilidade de detecção de cistos de Giardia lamblia,

não foi realizada devido às dificuldades operacionais encontradas.

Os helmintos e protozoários mais encontrados apresentam o mesmo mecanismo de

transmissão, ou seja, ingestão de ovos e cistos, respectivamente. Esse fato pode ocorrer

principalmente através da ingestão de água ou alimentos contaminados, o que justifica uma

possível contaminação na comunidade.

Verifica-se, portanto que no delineamento do nosso estudo houve a participação

apenas das mulheres o que corrobora com outros estudos clínicos descritos na literatura, no

qual apenas um dos sexos participou. Cita-se como exemplo o estudo clínico realizado por

Gonçalves et al. (2006) para avaliar o efeito hipoglicemiante do extrato seco de berinjela

(Solanum melongena L.) que foi conduzido com 28 mulheres com dislipidemias. Outro

exemplo, foi o estudo clínico para avaliar a toxicidade do xarope de cumaru, conduzido com

24 voluntários do sexo masculino (SOARES et al., 2007).

O exame físico constitui uma etapa fundamental para ensaios clínicos por atestar a

higidez do paciente que será submetido ao tratamento. O referido procedimento faz parte de

protocolos experimentais para o delineamento de estudos toxicológicos e clínicos envolvendo

seres humanos, como descrito nos trabalhos de Marques et al. (2002), Gonçalves et al (2006).

Os valores médios referentes ao peso, altura, IMC, PAS, PAD foram compatíveis com os

limites da normalidade, demonstrando que as pacientes envolvidas encontram-se aptas a

participarem do estudo.
85

A análise laboratorial do sangue foi composta por avaliações referentes aos parâmetros

bioquímicos e hematológicos foram encontrados dentro dos limites normais, não havendo

alterações nas funções hepáticas e renais.

No delineamento do nosso estudo, cada voluntária parasitada atuou como o seu

próprio controle. Estudos realizados por Tavares et al. (2006) para avaliar a segurança clínica

do uso de uma formulação fitoterápica composta da associação de Mikania glomerata,

Mentha piperita, Eucalyptus globulus e Copaifera multijuga, incorporadas à própolis e mel

para tratar doenças respiratórias, utilizou 26 voluntários adultos de ambos os sexos, que

receberam quatro doses orais de 15 mL de Saratosse®, durante 28 dias ininterruptos. Neste

estudo, cada voluntário atuou como seu próprio controle, uma vez que seus próprios dados

coletados no período de pré-estudo foram comparados com os obtidos durante e após o

tratamento.

A última etapa do estudo in vivo foi à realização do tratamento das mulheres

parasitadas. Apesar dos resultados in vivo deste trabalho não terem sido estatisticamente

significativo, as possíveis propriedades antiparasitárias do Allium sativum não devem ser

descartadas, em concordância com o que é descrito em artigos publicados em revistas

científicas e considerando que o óleo essencial de Allium sativum L foi administrado na dose

de 5,2 mg. Ressalta-se que a dose administrada neste estudo está de acordo com a

recomendação proposta pelo Laboratório.

Embora seja recomendado no tratamento de parasitoses intestinais em humanos e

animais, os estudos reportados na literatura apresentam variações quanto à padronização da

dose e da forma em que o Allium sativum L é utilizado e, assim, os resultados apresentam-se

variados em testes in vitro e in vivo.

A atividade in vitro da alicina foi comprovada para Entamoeba histolytica em

diferentes estudos. Mirelman et al. (1987) demonstrou que a alicina na concentração de 30


86

mg/mL foi capaz de inibir o crescimento da ameba em cultura. Anos depois, Ankri et al.

(1997) demonstraram que a alicina (5 mg / ml) é capaz de inibir a ação destruidora dos

trofozoítos de Entamoeba histolytica sobre células de mamíferos, sendo essa atividade

desencadeada pela capacidade inibitória da alicina sobre a enzima cisteino proteinase, um

importante fator de virulência da ameba, além da álcool desidrogenase.

Amebas de vida livre do gênero Acanthamoeba podem causar uma infecção ocular

grave chamada ceratite, principalmente em usuários de lentes de contato. Foram realizados

estudos para investigar o efeito in vitro da subfração apolares do extrato de Allium sativum

sobre o crescimento de trofozoítos e cistos A. castellanii e também a sua citotoxicidade nas

células da córnea in vitro. Os resultados mostraram que o extrato de Allium sativum L com as

concentrações, variando de 0,78 a 62,5 mg / mL sobre a proliferação de trofozoítos de A.

castellanii foi eficaz de maneira dose-dependente. Além disso, não houve nenhuma

citotoxicidade para as células da córnea na concentração de 3,90 mg / mL. Estes resultados

indicam que subfração apolares dos extratos metanólicos de Allium sativum L tem atividade

amebicida (POLAT et al., 2008).

Os resultados obtidos por Harris et al. (2000) evidenciam a atividade giardicida do

Allium sativum. Neste ensaio, o extrato de Allium sativum L na concentração de 0,3 mg/mL

foi capaz de produzir modificações estruturais nos trofozoítos do parasita e, conseqüente

destruição.

O dialliltrisulfeto, importante composto produzido enzimaticamente a partir da alicina,

foi sintetizado em 1981 na China e usado para o tratamento das infecções bacterianas,

fúngicas e parasitárias. A sua atividade contra protozoários parasitas, tais como, Trypanosoma

sp, Entamoeba histolytica e Giardia lamblia foi investigada in vitro. Os resultados mostraram

que o IC50 (concentração que inibe o metabolismo ou o crescimento do parasita em 50%)

estava na faixa de 0,8-5,5 µg/ ml para Trypanosoma sp, 59 µg / mL para Entamoeba


87

histolytica e 14 µg / mL para Giardia lamblia. Os resultados obtidos in vitro indicam que o

Allium sativum L pode ser utilizado como antiprotozoário (LUN et al., 2004).

Como vermífugo para animais, o Allium sativum L apresenta diferentes resultados

descritos na literatura. BASTIDAS (1969) tratou um cão jovem, pesando 10 kg, infectado

com Ancylostoma caninum, com 7 a 10 g por dia de Allium sativum L cru, por um período de

5 dias, e não encontrou efeito na eliminação de ovos, mas verificou diminuição significativa

no número de larvas recuperadas nas coproculturas, no entanto, níveis normais foram

observados dentro de 2 dias após o término da ingestão de Allium sativum L. Este mesmo

autor tratou um homem pesando 80 kg e infectado com Necator americanus, com 9 a 14 g

diárias de Allium sativum L cru, no mesmo período, e os resultados encontrados foram os

mesmos do animal.

Em seres humanos, evidencia-se poucos relatos científicos da atividade antiparasitária

do Allium sativum L. O efeito anti-helmíntico do Allium sativum L foi avaliado em crianças

parasitadas pelo Ascaris lumbricoides. Elas foram tratadas durante cinco dias com oito

gramas de Allium sativum L por dia, durante 5 dias, na forma de infusão. Os resultados

demonstraram pouca eficácia no tratamento (CAMPOS et al., 1990).

A atividade antiparasitária do Allium sativum L foi avaliada em 10 crianças infectadas

com Hymenolepis nana e 26 com Giardia lamblia em duas preparações: 5 ml de extrato bruto

em 100 ml de água em duas doses por dia ou preparação comercial na dose de 2 cápsulas

(0,6mg/cápsula) durante 3 dias. Os resultados encontrados foram satisfatórios, seguros e

eficazes (SOFFAR; MOKHTAR, 1991).

Embora a alicina seja considerada o composto ativo mais importante do Allium

sativum L, evidências farmacocinéticas sugerem que é improvável que o seu efeito observado

in vitro seja o mesmo in vivo, devido a meia-vida curta da molécula em tecidos biológicos

(HARRIS et al., 2000).


88

A análise dos nossos resultados aponta para uma possível atividade anti-helmíntica in

vitro, demonstrada pelos resultados obtidos nos experimentos com Schistosoma mansoni.

Quanto aos ensaios in vivo os resultados também foram satisfatórios, demonstrando que não

há atividade antiparasitária do Allium sativum L para os helmintos e protozoários avaliados.

Um dos fatores que podem justificar a diferença de resultados in vivo e in vitro,

estabelece-se no fato de que, nos teste in vitro, há um contato direto do parasito com o óleo de

Allium sativum L, fato não observado nas análises in vivo. Os resultados obtidos justificam

estudos posteriores para investigar os possíveis mecanismos de ação do Allium sativum L in

vivo e in vitro, há portanto necessidade de estudos para comparar tais mecanismos.


89

7 CONCLUSÕES
90

A análise dos resultados nos permite concluir que:

 Allium sativum L. age sobre os vermes adultos de Schistosoma mansoni sem induzir a

morte dos mesmos, mas sendo capaz de promover alterações tegumentares

importantes;

 A administração das cápsulas de óleo de Allium sativum L., por via oral, não

apresentou ação antiparasitária nas condições experimentais deste estudo;

 Nas condições observadas neste estudo, não existe correlação entre as respostas

farmacológicas observadas in vitro com os resultados in vivo, no tocante a utilização

do óleo de Allium sativum L.;

 Por meio dos resultados avaliados, infere-se que, a administração das cápsulas de óleo

de Allium sativum L., durante 15 dias, nos termos do protocolo analisado e com o

número de voluntárias inseridas, o alho não promoveu ação antiparasitária, opondo-se

ao uso popular e a propaganda comercial.

 A comunidade apresentou considerável freqüência de enteroparasitas e

enterocomensais

 Os resultados demonstram a necessidade de políticas públicas que direcionem recursos

financeiros para que sejam implantadas ações que viabilizem o controle das

enteroparasitoses.
91

REFERÊNCIAS
92

ABRAHAM, R. S.; TASHIMA, N. T.; SILVA, M. A. Prevalência de enteroparasitoses em


reeducandos da Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira de Presidente Venceslau.
RBAC, São Paulo, v.39, n.1, p.39-42, 2007.

AGARWAL, K. C. Therapeutic actions of garlic constituents. Med. Res. Rev., v.16, n.1,
p.111-24, 1996.

Al-QATTAN, K. K.; ALNAQEEB M.A, ALI, M. The antihypertensive effect of garlic


(Allium sativum) in the rat two-kidney--one-clip Goldblatt model. J. Ethnopharmacol., v.66,
n.2, p.217-22, 1999.

AMAGASE, H. et al. Intake of garlic and its bioactive components. J. Nutr., v.131, n.62S, p.
955-, 2001.

AMIN, A. M.; MIKHAIL, E. G. Schistosoma mansoni: tegumental surface alterations


following oxamniquine treatment of infected mice. J. Egypt. Soc.Parasitol., v.19, n.2, p.815-
26, 1989.

AMIRRAJAB, N. et al. In vitro antifungal activities of Allium cepa, Allium sativum and
ketoconazole against some pathogenic yeasts and dermatophytes. Fitoterapia, v.77, n.4,
p.321-323, 2006.

ANDREWS, P. et al. Praziquantel. Med. Res. Rev. v.3, n.2, p.147-200, 1983.

ANKRI, S.; MIRELMAN, D. Antimicrobial properties of allicin from garlic. Microbes


Infect., v.1, n.2, p.125-129, 1999.

ANKRI, S. et al. Allicin from Garlic Strongly Inhibits Cysteine Proteinases and Cytopathic
Effects of Entamoeba histolytica. Antimicrob. Agents Chemother. v.41, n.1, p.2286-2288,
1997

ARAÚJO, E. H. P.; GUIMARÃES, S. S. Obstrução nasolacrimal em criança: Ascaris


lumbricoides como uma causa incomum. Arq. Bras. Oftalmol., v.63, n.5, p.391-393, 2000.

AVIELLO, G. et al. Garlic: empiricism or science? Nat. Prod. Commun. v.4, n.12, p.1785-
96, 2009.

BANERJEE, S. K.; MAULIK, S. K. Effect of garlic on cardiovascular disorders: a review.


Nutr. J.; v.19, n.1, p.4, 2002.
93

BARBOSA, C. S. et al. Epidemia de esquistossomose aguda na praia de Porto de Galinhas.


Pernambuco, Brasil- Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.17, n.3, p.725-728, 2001.

BASTIDAS, G.F. Effects of ingested garlic on Necator americanus and Ancylostoma


caninum. Am. J. Trop. Med. Hyg. v.18, n.6, p.920-923, 1969.

BATATINHA, M. J. M. et al. Effects of garlic juice (Allium sativum Linn.) on gastrintestinal


nematodes of goats. Cienc. Rural, v.34, n.4, p.1265-1266, 2004.

BECKER, B. et al. Light and electron microscopic studies on the effect of praziquantel on
Schistosoma mansoni, Dicrocoelium dendriticum, and Fasciola hepatica (Trematoda) in vitro.
Z. Parasitenkd., v.63, n.2, p.113-28, 1980.

BRAGA, L. L. B. C.et al. Entamoeba histolytica and Entamoeba dispar infections as


detected by monoclonal antibody in an urban slum in Fortaleza, Northeastern Brazil. Rev.
Soc. Bras. Med. Trop.v.34, n.5, p.467-471, 2001.

BRASIL Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RE


nº89, de 16 de março de 2004. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 de
março de 2004.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8.ed. Brasília, 2010.
(Série B. Textos Básicos de Saúde).

BROOKER, S.; BETHONY, J.; HOTEZ, P. J. Human hookworm infection in the 21st
century. Adv. Parasitol. v.58,P.197-288, 2004.

BURGO, A. M. M. et al. Ultrastructural evaluation of adult Worms of Schistosoma mansoni


after in vitro treatment with praziquantel. In: XXII Congresso da Sociedade Brasileira de
Microscopia e Microanálise, 2009, Belo Horizonte. Acta Microsc., 18(supl.B), 2009.

CAMPOS, C. M. S.; SOARES, C. B. The production of mental health services: the


conception of the workers. Cien. Saude Colet., v.8, n.2, p.621-628, 2003.

CAMPOS, R. et al. Treatment of ascaridiasis with garlic (Allium sativum). Rev. Hosp. Clin.
Fac. Med., Sao Paulo, v.45, n.5, p.213-215, 1990.
94

CAMPOSA, M. R. et al. Distribuição espacial da infecção por Ascaris lumbricoides. Rev.


Saúde Pública, v.36, n.1, p.69-74, 2002.

CARNEIRO, F. F. et al. The risk of Ascaris lumbricoides infection in children as an


environmental health indicator to guide preventive activities in Caparaó and Alto Caparaó,
Brazil. Bulletin of the World Health Organization, v.80, n.1, p.40-46, 2002.

CARVALHO, J. C. T. Fitoterápicos Anti-Inflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos


e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2004.

CARVALHO-COSTA, F. A. et al. Giardia lamblia and other intestinal parasitic infections


and their relationships with nutritional status in children in Brazilian Amazon. Rev. Inst.
Med. Trop., São Paulo, v.49, n.3, p.147-153, 2007.

CEFACE. CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ. Informações sobre a


nitazoxanida: Annita. Informe n.87. Maio 2009. Disponível em:
<http://www.gpuim.ufc.br/alertas/alertas09/alerta_nitazoxanida.pdf.>. Acesso em: 26 de
setembro de 2010.

CHU, D. et al. Molecular characterization of Ancylostoma ceylanicum Kunitz-type serine


protease inhibitor: evidence for a role in hookworm-associated growth delay. Infect. Immun.,
v.72, n.4, p.2214-2221, 2004.

CLARK, C. G.; ZAKI, M.; ALI, I. K. M. Genetic diversity in Entamoeba histolytica. J.


Biosci.(suppl. 3) n.27, p. 603–607, 2002

CIMERMAN, S.; LADEIRA, M. C. T.; IULIANO, W. A. Blastocistose: nitazoxanida como


nova opção terapêutica. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.36, n.3, p.415-417, 2003.

CORDEIRO, T. G. P.; MACEDO, H. W. de. Amebíase, 2007. Disponível em:


<http://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/viewFile/1784/1722.>. Acesso em: 28 de
setembro de 2010

COSTA-MACEDO, L. M. et al. Enteroparasitoses em pré-escolares de comunidades


favelizadas da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública. v.14, n.4, p.851-5,
1998.

COURA, J. R.; AMARAL, R. S. Epidemiological and control aspects of schistosomiasis in


Brazilian endemic areas. Mem. Inst. Oswaldo Cruz., v.99, n.5, Suppl 1, p.13-9, 2004.
95

DAY, T.A.; BENNETT, J.L.; PAX, R.A. Praziquantel: the enigmatic antiparasitic. Parasitol.
Today. v.8, n.10, p.342–344, 1992.

DE REGNIER, D. P. et al.Viability of giardia cysts suspended in lake. River, and tap water.
Appl. Enviromen. Microbiol. v.55,n.5, p.1223-1229, 1989.

DINIZ, M. F. F. M. et al. Memento de Plantas Medicinais: As plantas como alternativa


terapêutica, aspectos populares e científicos. João Pessoa: UFPB, 2006.

DOURADO, A.; MACIEL, A.; ACA, I.S. Ocorrência de Entamoeba histolytica/Entamoeba


dispar em pacientes ambulatoriais de Recife, PE. Rev. Soc. Bras. Med. Trop, v.39, n.4,
p.388-389, 2006.

EIDI, A.; EIDI, M.; ESMAELI, E. Antidiabetic effect of garlic (Allium sativum L.) in
normal and streptozotocin-induced diabetic rats. Phytomedicine. v.13, p.624-629, 2006.

EL SHENAWY, N. S.; SOLIMAN, M. F.; REYAD, S. I. The effect of antioxidant properties


of aqueous garlic extract and Nigella sativa as anti-schistosomiasis agents in mice. Rev. Inst.
Med. Trop., São Paulo, v.50, n.1, p.29-36, 2008.

FALLON, P. G.; FOOKES, R. E.; WHARTON, G. A. Temporal differences in praziquantel-


and oxamniquine-induced tegumental damage to adult Schistosoma mansoni: implications for
drug-antibody synergy. Parasitology., v.112, n.1, p.47-58, 1996.

FORTES, B. de P. M. D. et al. Modelagem geoestatística da infecção por Ascaris


lumbricoides. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.3, p.727-734, 2004.

GARCIA-GÓMEZ L, SÁNCHEZ-MUNIZ F. Revisión: Efectos cardiovasculares Del Ajo


(Allium sativum). Arch. Lat. Am. Nutr, v.50, n.3, p.219-27, 2000.

GARDNER, T. B.; HILL, D. R. Treatment of Giardiasis. Division of Infectious Diseases,


University of Connecticut Health Center, Farmington, Connecticut. Clin. Microbiol. Rev. v.
14, n.1, p.114-128, 2001

GOLDIN, A. J. et al. Efficient diagnosis of Giardiasis among nursery and primary school
children in Santiago, Chile by capture ELISA for the detection of fecal Giardia antigens. Am.
J. Trop. Med. Hyg., v.42, n.6, p.538-545, 1990.
96

GONÇALVES, M. da C. R et al. Modesto efeito hipolipemiante do extrato seco de Berinjela


(Solanum melongena L.) em mulheres com dislipidemias, sob controle nutricional. Rev. bras.
farmacogn., v.16, p.656-663, 2006.

GOODMAN, L.S.; GILMAN, A.G. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan. 7a ed., p. 248, 2003.

GREENBERG, R. M. et al. Are Ca2+ channels targets of praziquantel action? Int. J.


Parasitol., v. 35, p. 1-9, 2005.

GUIMARÃES, M. C. de A. et al. The effects of the experimental infection from a focus of


transmission of Schistosoma mansoni in a population of Biomphalaria tenagophila
(D'Orbigny, 1835) in the region of "Vale do Ribeira de Iguape", Brazil. Rev. Inst. Med.
trop., São Paulo, v.52, n.2, p.101-105, 2010.

GURGEL, R. Q et al. Creche: ambiente expositor ou protetor nas infestações por parasitas
intestinais em Aracajú, SE. Rev. Soc. Brás. Méd. Trop., v.38, n.3, p.267-269, 2005.

HALPERN, M. C. Como diagnosticar e tratar obesidade. Rev. Bras. Med., v. 47. Edição
Especial, p. 137-146, 1990.

HARRIS, J. C. et al. The microaerophilic flagellate giardia intestinalis: Allium sativum


(garlic) is na effective antigiardial. Microbiology, v.146, n.12, p.3119-3127, 2000.

HARRIS, J. C. et al. Antimicrobial properties of Allium Sativum (garlic). Appl. Microbiol.


Biotechnol., v.53, n.3, p.282-286, 2001.

HANSEL, R.; SCHULZ, V.; TYLER, V.E. Fitoterapia racional: um guia de fitoterapia
para as ciências da saúde. Rio de Janeiro: Manole, 2002.

HOFFMANN, K. F.; STRAND, M. Molecular identification of a Schistosoma mansoni


tegumental protein with similarity to cytoplasmic dynein light chains. Biol. Chem. v.271,
n.42, p.26117-23, 1996.

HOTEZ, P. J. et al. Hookworm infection. New England J. Med., v.351, p.799-807, 2004.

IGLÉSIAS, J. D. F. Aspectos médicos das parasitoses humanas. Rio de Janeiro: MEDSI,


1997.
97

IZZO, A. A.; ERNST, E. Interactions between herbal medicines and prescribed drugs: a
systematic review. Drugs, v.61, n.15, p.2163-2175, 2001.

JARDIM-BOTELHO, A. et al. Age patterns in undernutrition and helminth infection in a


rural area of Brazil: associations with ascariasis and hookworm. Trop. Med. Int. Health,
n.13, n.4, p.458-467, 2008.

JEZIORSKI, M. C.; GREENBERG, R. M. Voltage-gated calcium channel subunits from


platyhelminths: potential role in praziquantel action. Int. J. Parasitol., v.36, n.6, p.625-632,
2006.

KASUGA, S. et al. Pharmacological activities of aged garlic extract in comparision with other
garlic preparations. J. Nutr., v.131, p.1080-84S, 2001.

KATZ, N.; PEIXOTO, S. V. Critical analysis of the estimated number of schistosomiasis


mansoni carriers in Brazil. Rev. Soc. Bras. Méd. Trop., v.33, n.3, p.303-308, 2000.

KATZUNG, B.G. Farmacologia Básica e Clínica. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.

KOHN A.B. et al. Structure of three high voltage-activated calcium channel alpha 1 subunits
from Schistosoma mansoni. Parasitology. v.123, n. 5, p.489-97, 2001a

KOHN A.B. et al. Schistosome calcium channel beta subunits. Unusual modulatory effects
and potential role in the action of the antischistosomal drug praziquantel. .J. Biol. Chem.,
v.276, n.40, p.36873-6, 2001b.

KOHN, A.; LÓPEZ-ALVAREZ, M. L.; KATZ, N. Transmission and scanning electron


microscopical studies in the tegument of male Schistosoma mansoni after oxamniquine
treatment. Ann. Parasitol. Hum. Comp., v.57, n.3, p.285-91, 1982.

KOROLKOVAS, A. Dicionário terapêutico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

LABRUINE, M.C.L. et al. Controle dietoterápico ambulatorial. SOCESP, São Paulo. v.7,
n.4, p.113. 1997.

LAU B, H.S. et al. Allium sativum (garlic) and atheroselerosis: a review. Nutr. Res. v.3, n.1,
p.119-28, 1983.
98

LEDEZMA, E.; APITZ-CASTRO, R. Ajoene the main active compound of garlic (Allium
sativum): a new antifungal agent. Rev. Iberoam. Micol., v.23, n.2, p.75-80, 2006.

LEMAR, K. M. et al. Allyl alcohol and garlic (Allium sativum) extract produce oxidative
stress in Candida albicans. Microbiology., n.151, p.3257-65, 2005.

LEONÊZ, A. C. Alho: alimento e saúde. Monografia apresentada ao Centro de Excelência e


Turismo-CET. Universidade de Brasília-UNB, 2008.

LESCANO, S. Z. et al. Antischistosomal activity of artemether in experimental


schistosomiasis mansoni. J. Public Health., v.38, n.1, p.71-75, 2004.

LIANG, Y. S. et al. Adult worm tegumental damage and egg-granulomas in praziquantel-


resistant and -susceptible Schistosoma mansoni treated in vivo. J. Helminthol., v.76,n.4,
p.327-33, 2002.

LUN, Z. R. et al. Antiparasitic activity of diallyl trisulfide (Dasuansu) on human and animal
pathogenic protozoa (Trypanosoma sp., Entamoeba histolytica and Giardia lamblia) in vitro.
Ann. Soc. Belg. Med. Trop., v.74, n.1, p.51-59, 1994.

MACHADO, R. L. D. et al. Comparação de quatro métodos laboratoriais para diagnóstico da


Giardia lamblia em fezes de crianças residentes em Belém, Pará. Rev. Soc. Bras. Med.
Trop. v.34, n.1, p.91-93, 2001.

MAGALHÃES FILHO, A. et al. Schistosoma mansoni: structural damage after treatment


with oxamniquine. Mem. Inst. Oswaldo Cruz., v.82, n.4, p.347-52, 1987.

MAGALHÃES, A. et al. Cytokine profile associated with human chronic schistosomiasis


mansoni. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. v.99, suppl.1, p.21-26, 2004.

MARQUES, L. C. et al. Estudo clínico duplo-cego de extrato padronizado (BNT-08) das


raízes de Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen: avaliação do efeito tônico em atividade física.
Rev. Bras. Farmacogn., v.12, p.44-47, 2002.

MASSARA, C. L. et al. In vitro study on thiabendazole action on viability of Ascaris


lumbricoides eggs. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.34,n.4, p.319-322, 2001.

MASSARA, C. L. et al. Atividade de detergentes e desinfetantes sobre a evolução dos ovos


de Ascaris lumbricoides. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. v.19, n.1, p.335-340, 2003.
99

McALISTER, F.A.; STRAUS, S. E. Measurement of blood pressure: an evidence based


review. BJM.v.332, p.908-911, 2001.

MAHAN, L.K., KRAUSE, L.T.A. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 8ed. São Paulo:
Roca, 957 p., 1998.

MEHLHORN, H. et al. In vivo and in vitro experiments on the effects of praziquantel on


Schistosoma mansoni. A light and electron microscopic study. Arzneimittelforschung., v.31,
n.3a, p.544-54, 1981.

MELO-JÚNIOR, M. R. et al. Hipertensão porta na esquistossomose mansônica: repercussões


do tratamento cirúrgico no perfil histomorfométrico da mucosa gástrica. Rev. Soc. Brás.
Méd. Trop. v.40, n.1, p.71-75, 2007.

MIRELMAN D. et al. Inhibition of growth of Entamoeba histolytica by Allicin, the active


principle of garlic extract (Allium sativum), J. Infect. Dis. V.156, p.243–244, 1987.

MOHAMED, A. H. et al. Parasitological, hematological and ultrastructural study of the effect


of COX-2 inhibitor, pyocyanin pigment and praziquantel, on S. mansoni infected mice. J.
Egypt. Soc. Parasitol., v.36, n.1, p.197-220, 2006.

MORAES, J. et al. Schistosoma mansoni and other larval trematodes in Biomphalaria


tenagophila (Planorbidae) from Guarulhos, São Paulo State, Brazil. Rev. Inst. Med. Trop.,
São Paulo, v.51, n.2, p.77-82, 2009.

MOSTAFA, O. M.; SOLIMAN, M. I. Experimental use of black-seed oil against Schistosoma


mansoni in albino mice: II. Surface topography of adult worms. Egyptian J. Med. Lab. Sci.,
n.11, p.79-85, 2002.

MOURÃO, S. C. et. al. Improvement of antischistosomal activity of praziquantel by


incorporation into phosphatidylcholine-containing liposomes. Int. J. Pharm., v. 295, p. 157-
162, 2005.

NAHED, H. A.; RIAD, H. A. T.; YOMNA, I. M. Effects of garlic on albino mice


experimentally infected with Schistosoma mansoni: A parasitological and ultrastructural
study. Trop. Biomed., v.26, n.1, p.40-50, 2009.

NAKAGAWA, S. et al. Acute toxicity test of garlic extract. J. Toxicol. Sci. v.9, n.1, p.57-60,
1984.
100

NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11.ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

NEWAL, C. A.; ANDERON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. Plantas medicinais: Guia para


profissionais de saúde. São Paulo: Premier, . p.185-188, 2002.

ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD. Necesidades de energia y de proteinas.


Ginebra, 1998. 225p. (Informe de uma Reunion consultiva conjunta FAO/OMS/ONU de
expertos: Série de Informes Técnicos n. 724).

O’BRIEN, E. et al. Blood pressure measuring devices: recommendations of the Euopean


Society of Hipertension. BMJ, v.322, p. 531-536, 2001.

PEREGRINO, A. J. P. et al. Esquistossomose medular: análise de 80 casos. Arq.


Neuropsiquiatr., v.60, n.3, p.603-608, 2002.

PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde.


Cad. Saúde Pública, v.19, n.5, p.1527-1534, 2003.

PISCITELLI, S. C. et al. The effect of garlic supplements on the pharmacokinetics of


saquinavir. Clin. Infect. Dis., v.34, n.2, p.234-238, 2002.

PITTNER, E. et al. Enteroparasitoses em crianças de uma comunidade escolar na cidade de


Guarapuava, PR. Revista Salus, Guarapuava-PR, v.1, n.1, p.97-100, 2007.

POPIEL, I.; ERASMUS, D. A. Schistosoma mansoni: ultrastructure of adults from mice


treated with oxamniquine. Exp. Parasitol. v.58, n.3, p.254-262, 1984.

PÓVOA, M. M. et al. Diagnóstico de amebíase intestinal utilizando métodos coproscópicos e


imunológicos em amostra da população da área metropolitana de Belém, Pará, Brasil. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.16, n.3, p.843-846, 2000.

POLAT, Z.A. et al. In vitro evaluation of the amoebicidal activity of garlic (Allium sativum)
extract on Acanthamoeba castellanii and its cytotoxic potential on corneal cells. J. Ocul.
Pharmacol. Ther.v.24, n.1, p.8-14, 2008

PYUN, M. S.; SHIN, S. Antifungal effects of the volatile oils from Allium plants against
Trichophyton species and synergism of the oils with ketoconazole. Phytomedicine. v.13, n.6,
p.394-400, 2006.
101

REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan,
2003.

RIAD, N. H. et al The effect of garlic on some parasitological and on hepatic tissue reactions
in experimental schistosomiasis mansoni, J. App. Sci. Res., v.3, n.10, p.949–960, 2007.

RIAD, N. H. et al. The effect of garlic on murine Schistosomiasis mansoni: a histological and
ultrastructural study on the ileum, Res. J. Med. Med. Sci., v.3, n.2, p.188–201, 2008.

ROCHA, S. R. et al. Avaliação da esquistossomose e de outras parasitoses intestinais, em


escolares do município de Bambuí, Minas Gerais, Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.33,
n.5, p.431-436, 2000.

SANTOS, E. C. et al. Efeito quimioprotetor do alho (Allium sativum) em células de


medula óssea de roedores. Resumos do 55º Congresso Brasileiro de Genética, 30 de agosto
a 02 de setembro de 2009, Centro de Convenções do Hotel Monte Real Resort, Águas de
Lindóia: São Paulo, 2009.

SANTOS, S. A. dos; MERLINI, L. S. Prevalência de enteroparasitoses na população do


município de Maria Helena, Paraná. Ciênc. Saúde Coletiva. v.15, n.3, p. 899-905, 2010.

SATURNINO, A. C. R. D.; NUNES, J. F. L.; SILVA, E. M. A. Relação entre ocorrência de


parasitas intestinais e sintomatologia observada em crianças de uma comunidade carente de
Cidade Nova, em Natal - Rio Grande do Norte, Brasil. Rev. Bras. Anal. Clin. v.35, n.2, p.85-
87, 2003.

SETIAWAN, V. W. et al. Allium vegetables and stomach cancer risk in China. Pac. J.
Cancer Prev., v.6, p.387-395, 2005.

SHAMSUZZAMAN, S. M. et al. Socioeconomic status, clinical features, laboratory and


parasitological findings of hepatic amebiasis patients: a hospital based prospective study in
Bangladesh. Southeast Asian. J.Trop. Med. Public Health, v.31, p.399-404, 2000(a).

SHAMSUZZAMAN, S.M. et al. Evaluation of indirect fluorescent antibody test as enzyme-


linked immunosorbent assay for diagnosis of hepatic amebiasis in Bangladesh. J. Parasitol.,
v.86, p.611-615, 2000(b).

SHAOHONG, L. et al. Evaluation of the anthelmintic effects of artesunate against


experimental Schistosoma mansoni infection in mice using different treatment protocols.
Parasitol. Int., v.55, n.1, p.63-68, 2006.
102

SHAW, M. K.; ERASMUS, D. A. Schistosoma mansoni: dose-related tegumental surface


changes after in vivo treatment with praziquantel. Z. Parasitenkd., v.69, n.5, p.643-53, 1983.

SHAW, M. K.; ERASMUS, D. A. Schistosoma mansoni: structural damage and tegumental


repair after in vivo treatment with praziquantel. Parasitology., v.94, n.2, p.243-54, 1987.

SHAW, M. K.; ERASMUS, D. A. Schistosoma mansoni: praziquantel-induced changes to the


female reproductive system. Exp Parasitol., v.65, n.1, p.31-42, 1988.

SILVA, F. L. da. Resposta imune celular e patologia hepática de camundongos


desnutridos, infectados com Schistosoma mansoni. 2008. f.115. Dissertação (Mestrado em
Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife,
2008.

SILVA, J. R. M.; NEVES, R. H.; GOMES, D. C. Filogenia, Co-evolução, Aspectos


Morfológicos e Biológicos das Diferentes Fases de Desenvolvimento do Schistosoma
mansoni. In: Schistosoma mansoni e esquistossomose: uma visão multidisciplinar. Editora
Fiocruz-Rio de Janeiro, 2008

SILVA, M. C. de M. et al. Determinação da infecção por Entamoeba histolytica em residentes


da área metropolitana de Belém, Pará, Brasil, utilizando ensaio imunoenzimático (ELISA)
para detecção de antígenos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.21, n.3, p.969-973, 2005.

SILVA, M. T. N. et al. Prevalência de parasitas intestinais em crianças, com baixos


indicadores sócio-econômicos, de Campina Grande (Paraíba). Revista Baiana de Saúde
Pública, v.29, n.1, p.121-125, 2005.

SILVA, M. T. N.; ANDRADE, J.; TAVARES-NETO, J. Asma e ascaridíase em crianças de 2


a 10 anos de um bairro de periferia. J. Pediatr., Rio de Janeiro, v.79, n.3, p.227-32, 2003.

SOARES, A. K. A. et al. Clinical toxicology study of a herbal medicine formulation of


Torresea cearensis in healthy volunteers. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.55-60,
2007.

SOFFAR, S. A.; MOKHTAR, G. M. Evaluation of the antiparasitic effect of aqueous garlic


(Allium sativum) extract in hymenolepiasis nana and giardiasis. J. Egypt. Soc. Parasitol.
v.21, n.2, p.497-502, 1991.

STAJNER, D. et al. Exploring Allium species as a source of potential medicinal agents.


Phytother. Res. v.20, n.7, p.581-4, 2006.
103

STEINER M, et al. A double-blind crossover study inmoderately hypercholesterolemic men


that compared the effect of aged garlic extract and placebo administration on blood lipids.
Am. J. Clin. Nutr. v.64, n.6, p. 866 – 70, 1996

STAUFFER, W.; RAVDIN, J.I. Entamoeba histolytica: an update. Curr. Opin. Infect. Dis.
v.16, n.5, p.479-485, 2003.

TASHIMA, N. T.; SIMÕES, M. J. S. Parasitas intestinais; prevalência e correlação com a


idade e com os sintomas apresentados de uma população infantil de Presidente Prudente – SP.
Rev. Bras. Anal. Clin. v.37, n.1, p.35-39, 2005.

TAVARES, J.P. et al. Estudo de toxicologia clínica de um fitoterápico a base de associações


de plantas, mel e própolis. Rev. Bras. Farmacogn. v.16, n.3, p.350-356, 2006.

TAVARES-DIAS, M.; GRANDINI, A. A. Prevalência e aspectos epidemiológicos de


enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, São Paulo. Rev. Soc. Bras. Med.
Trop., v.32, n.1, p.63-5, 1999.

TEIXEIRA, J.C; HELLER, L. Fatores ambientais associados às helmintoses intestinais em


áreas de assentamento subnormal, Juiz de Fora, MG. Eng. Sanit. Ambient., v.9, n. 4, p.301-
305,2004

THOMPSON, R. C. The zoonotic significance and molecular epidemiology of Giardia and


giardiasis. Vet. Parasitol., v.9, n.126(1-2), p.15-35, 2004.

TORRES, J. V. P. Avaliação epidemiológica de parasitoses intestinais entre escolares


assistidos por microáreas de unidades de saúde da família em Campo Belo-MG (Brasil).
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde, área de concentração Saúde) - UNIFENAS,
Alfenas, 2006

UECKER, M. et al. Infecções parasitárias: diagnóstico imunológico de enteroparasitoses.


RBAC, v.39, n.1, p.15-19, 2007.

UNGAR, B. L. P. et al. Enzyme-linked immunosorbent assay for the detection of Giardia


lamblia in fecal specimens. J. Infec. Dis., v.149, p.90-97, 1984.

VIMAL, V.; DEVAKI, T. Hepatoprotective effects of allicin on tissue defense system in


galactosamine/endotoxin challenged rats. J. Ethnopharmacol, [s.l.], v.90, p.151-154, 2004.
104

VOGE, M, BUEDING, E. Schistosoma mansoni: tegumental surface alterations induced by


subcurative doses of the schistosomicide amoscanate. Exp. Parasitol., v.50, n.2, p.251-9,
1980.

XIAO S. et al. Ultrastructural alterations in adult Schistosoma mansoni caused by artemether.


Mem. Inst. Oswaldo Cruz., v.97, n.5, p.717-24, 2002.

ZAKHARY, N. I. Biochemical studies on the effect of garlic on liver and intestine of


schistosomal mice. Egypt. J. Bilharz., n.16, p.107–127, 1994.
105

ANEXOS
106

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS

BIOATIVOS

ANEXO 1

Investigação da atividade antiparasitária do Allium sativum

IDENTIFICAÇÃO: _________________________________________________________
PRONTUÁRIO: ___________________________________________________________
ENDEREÇO: ______________________________________________________________
TELEFONE: ______________________________________________________________
SEXO: _______________________________ IDADE: _____________________________
DATA DE NASCIMENTO: __________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE
PESO (Kg)
ALTURA (m)
IMC (Kg/m2)
ESTADO NUTRICIONAL
FAZ USO DE ALGUM TIPO DE CHÁ?
QUAL?

FAZ USO DE ALGUMA MEDICAÇÃO?


107

QUAL?
ALTERAÇÕES FISIOPATOLÓGICAS
ANTECEDENTES MÓRBIDOS
FAMILIARES
NÍVEL DE ESCOLARIDADE
P/A
ECG
TEMPERATURA
MANCHAS NA PELE
EVOLUÇÃO CLÍNICA
BASAL

8º DIA

16º DIA

OBS: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
108

ANEXO 02 E 03

PERFIL BIOQUÍMICO PARA AVALIAÇÃO DE POSSÍVEIS EFEITOS

CAUSADOS PELO USO DAS CÁPSULAS DE ÓLEO DE ALHO.

1 – ÁREA HEPÁTICA
1.1 – Aspartato-Transaminase (AST)
1.2 – Alanina-Transaminase (ALT)
1.3 – Fosfatase alcalina

2 – ÁREA RENAL
2.1 – Creatinina
2.2 – Uréia

3 – GERAL
3.1 – Glicemia
3.2 – Colesterol total e frações
3.3 – Triglicerídeos
109

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS

NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS

ANEXO 4

Investigação da atividade antiparasitária do Allium sativum.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado para participar de uma pesquisa científica,


intitulada “Ensaio Clínico para a investigação da atividade antiparasitária do Allium sativum”.
Esta experiência clínica visa estudar os efeitos das cápsulas de óleo de alho. A planta objeto
do estudo é usada por muitas pessoas no tratamento de hipertensão arterial, hiperlipidemias,
arteriosclerose, prevenção do tromboembolismo, coadjuvante no tratamento do diabetes,
afecções genitourinárias e afecções respiratórias como gripe, resfriado, sinusite, bronquite,
enfisema e asma, parasitoses intestinais, prevenção de disenterias amebianas , entre outros , e
que já foram desenvolvidos vários estudos científicos, os quais mostram que mesmo em doses
muito altas, não prejudicou a saúde de animais de laboratório. O número aproximado de
pacientes envolvidos no estudo será de 14 indivíduos do sexo feminino e 14 do sexo
masculino, entre 18 e 59 anos, virgens de tratamento, acometidos de formas mais brandas de
parasitoses intestinais, sem discriminação de cor. A duração estimada da participação no
estudo será 15 dias e os voluntários serão avaliados antes da primeira dose (basal), após 7 dias
de administração, e, se necessário, após 15 de administração . O estudo será do tipo
randomizado, com participação livre e espontânea. Serão considerados critérios de exclusão,
os indivíduos que demonstrarem alterações laboratoriais nos exames de análises clínicas, que
revelam disfunção hepática, renal, diabetes, alterações cardíacas, grávidas, alcoólatras
(80g/dia) ou em uso de alguma medicação. Os exames serão realizados gratuitamente, não
havendo nenhum ônus para os participantes, qualquer despesa extra será ressarcida pelos
110

pesquisadores. Sua contribuição é de extrema importância uma vez que o presente trabalho
objetiva resultados científicos sobre o uso do Allium sativum, a fim de que possamos
comprovar a segurança do uso deste vegetal no tratamento de parasitoses intestinais,
considerando que as drogas vegetais são práticas prevalentes em nosso meio. Durante todo o
curso dos experimentos, os voluntários serão instruídos a comunicarem aos pesquisadores,
qualquer sinal ou sintoma que porventura apresentem. Você poderá abandonar a experiência a
qualquer momento, se assim o desejar, bastando para isso comunicar a sua decisão. É
importante ressaltar que sua participação será voluntária.

Eu,________________________________________________________________________
__________, mediante esclarecimentos acima, aceito participar do estudo e autorizo a
divulgação dos resultados desta experiência, em eventos de divulgação científica.

Assinatura do paciente Assinatura do pesquisador

João Pessoa, _________ de ___________________ de ____________

Caliandra Maria Bezerra Luna Lima


Rua Maria Liosa Ferandes, 30-Bessa
CEP: 58036 – 383 João Pessoa/ PB

Você também pode gostar