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O dilema dos prisioneiros

Edmar Jean Xavier de Sousa1


Resumo
O equilíbrio de Nash é uma situação em que ambos os jogadores de um jogo estático
possuem uma estratégia dominante. Esta ideia, concebida por John Nash é ilustrada por meio
do dilema dos prisioneiros que demonstra de uma maneira simples como é que a busca do
auto- interesse pode levar os agentes económicos a tomar decisões que não maximizam os
seus próprios resultados.
Palavras-chaves: decisão, equilíbrio de Nash e auto- interesse.
Abstract
Nash equilibrium is a situation in which both players in a static game have a dominant
strategy. This idea, created by John Nash is illustrated through the prisoners' dilema that shows
in a simple way how the search for self-interest can lead economic agents to make decisions
that do not maximize their own results.
Keywords: decision, Nash equilibrium and self-interest.

INTRODUÇÃO

O dilema dos prisioneiros é uma ilustração utilizada para demonstrar o Equilíbrio de


Nash, cuja principal lição é a de que em situações de concorrência a busca racional dos agentes
económicos pelo auto- interesse leva cada parte envolvida a tomar uma decisão que no fim é
prejudicial ao interesse colectivo.
Assim sendo, jogos de dilema dos prisioneiros são aqueles em que a escolha dominante
não é aquela em que o resultado maximiza os ganhos colectivos dos envolvidos no jogo.

TEORIA DOS JOGOS

Segundo Besanko & Braeutigam (2004) a teoria dos jogos é o ramo da microeconomia
que se preocupa com a análise da tomada de decisão óptima em situação de concorrência, em
que as acções de cada tomador de decisão possuem um impacto significativo sobre a situação
dos tomadores de decisão concorrentes.

1
Mestrando em Economia Monetária e Financeira, na Faculdade de Economia da Universidade Agostinha Neto,
6ª Edição, 2020. Grupo A.
2

Para além desta teoria ser aplicada à Economia, ela também é aplicada em áreas como
Ciências políticas, Sociologia e Estratégia militar.2
Segundo Vasconcellos (2002) no estudo da teoria dos jogos podemos considerar como
um jogo como um conjunto de regras em que estão presentes os seguintes elementos: os
jogadores ou agentes económicos; o conjunto de acções disponíveis para cada um dos
jogadores; as informações disponíveis que são relevantes aos resultados dos jogos; e os
resultados, que são comumente denominados de payoffs.

O EQUILÍBRIO DE NASH

Para Besanko & Braeutigam (2004) a teoria dos jogos busca responder a seguinte
questão: qual é o resultado mais provável de um jogo? Para tal muitas vezes os teóricos de jogos
utilizam o conceito de Equilíbrio de Nash, no qual cada jogador escolhe uma estratégia que o
dá o maior payoff, em função das escolhas dos outros jogadores.
Para melhor se perceber o conceito de Equilíbrio de Nash é utilizado um exemplo de
jogo estático denominado por “Dilema dos prisioneiros”.
O Dilema dos prisioneiros foi enunciado pela primeira vez em 1950 por Merrill flood
e Melvin Drescher durante os anos 1950, mas só algum tempo depois o problema foi
devidamente formulado e foram incluídos os anos de prisão que cada um dos prisioneiros
deveria cumprir em cada caso por Albert Tucker na mesma década3.
Albert W. Tucker, por sua vez concebeu a versão final da ilustração, durante um
seminário na Universidade de Stanford, onde era docente4.
Considere a seguinte situação: dois Prisioneiros (A e B) cometeram determinados
crimes juntos. Para obter a confissão o agente da polícia separa os dois, tomando-os
incomunicáveis e propõe as seguintes alternativas para cada um:
Alternativa 1: se um prisioneiro confessar e o outro não, o que confessou obtém a
liberdade imediata e o outro é “condenado” a 10 anos de prisão;
Alternativa 2: se os dois prisioneiros confessarem, são ambos “condenados” a três anos
de prisão cada um;
Alternativa 3: se ambos não confessarem, cada um é “condenado” a um ano de prisão
apenas.
A figura abaixo represente as alternativas elencadas anteriormente, sendo os números
entre parêntesis o número de anos de prisão com que cada prisioneiro é condenado,
representando o primeiro número entre parêntesis o número de anos com que o prisioneiro A é
condenado e o segundo trata-se do número de anos com que o prisioneiro B é condenado. Usam-

2
VASCONCELLOS (2002)
3
CARVALHO (2008)
4
CARDOSO (2008)
3

se números negativos por representarem uma redução nos anos de liberdade para os
prisioneiros.

Figura 1. Matriz de resultados do Dilema dos prisioneiros


Do ponto de vista do Prisioneiro A o raciocínio será o seguinte: se o Prisioneiro B
confessar a melhor escolha para mim será confessar pois serei condenado a 3 anos de prisão em
vez de 10. Por outro lado, se o Prisioneiro B não confessar a melhor alternativa também será
confessar pois serei posto logo em liberdade em vez de ser condenado a 1 ano de prisão. Logo,
para o Prisioneiro A a estratégia dominante é confessar.
Do ponto de visto do Prisioneiro B o raciocínio será exactamente o mesmo. Assim
sendo, os dois prisioneiros chegam à conclusão que independentemente da escolha do
“oponente” estarão em melhor situação caso confessarem.
Neste exemplo, obviamente a Alternativa 3 (ambos os prisioneiros não confessarem) é
a melhor para os dois reclusos uma vez que são condenados a apenas 1 ano de prisão em vez
de 3, conforme escolha feita. Mas, se se considerar que nenhum consegue ter a certeza de que
o outro de facto não irá confessar, a estratégia dominante para os dois será confessar, uma vez
que independentemente da resposta do outro cada um estará em melhor situação.
Assim sendo, o payoff do jogo é a Alternativa 2, a estratégia dominante.
Este resultado conhecido como “Equilíbrio de Nash” (em homenagem ao seu
formulador John Nash, Prêmio Nobel de economia) decorre da idéia geral de que cada
prisioneiro nesta ocasião adopta a estratégia óptima, em função da estratégia adoptada pelo
outro jogador5.
A principal lição que se pode tirar do dilema dos prisioneiros é que a busca racional do
autointeresse leva cada parte a tomar uma decisão que no fim das contas é prejudicial ao
interesse colectivo.

5
VASCONCELLOS (2002)
4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluindo, a teoria dos jogos estuda situações em que as escolhas dos concorrentes
numa determinada situação são afectadas pelas escolhas dos oponentes, exigindo que cada um
adopte estratégias de maneira que a decisão que tomar não o prejudique.
Segundo o conceito criado por John Nash, existe uma situação em que os agentes
económicos encontram uma alternativa, que os proporciona os melhores resultados
independentemente da escolha dos seus oponentes – a chamada estratégia dominante.
Esta ideia é ilustrada por meio do exemplo do dilema dos prisioneiros, sendo o qual
enquanto dois prisioneiros têm a possibilidade de não confessar um determinado crime e fic8ar
encarcerados apenas 1 ano, eles escolhem confessar o crime e ficar presos durante 3 anos cada,
dada a busca racional pelo interesse individual.
5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BECK, Vinicius Carvalho & AFONSO, Reginaldo Fabiano da Silva. Sobre o dilema do
prisioneiro. XVII Congresso de Iniciação Científica X Encontro de Pós-Graduação, 2008.
Acessado aos 17/10/2020. Disponível em
http://viniciusmatematica.50webs.com/Sobre%20o%20dilema%20do%20prisioneiro.pdf.
BESANKO, David & BRAEUTIGAM, Ronald R. Microeconomia: uma abordagem completa.
Rio de Janeiro: LTD Editora, 2004.
CARDOSO, Roger Maia. Teoria dos Jogos: a aplicação da teoria como ferramenta estratégica
para tomada de decisões em instituições de ensino, Minas Gerais: Faculdades Integradas de
Pedro Leopoldo, Dissertação, 2008.
VASCONCELLOS, Marco A. S. de. Economia Micro e Macro. 4ª edição. São Paulo: Editora
Atlas, 2002.

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