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FACULDADE ANÍSIO TEIXEIRA

Colegiado de Comunicação Social

Análise dos Telejornais1


Mayana Macedo2

Os telejornais Jornal da Record (JR) e Jornal Nacional (JN) (edição de


24/09/2019) apresentam pontos em comum e pontos dissonantes. Ambos os
jornais tem o mesmo tema em sua primeira matéria: O Discurso do Presidente
Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas. No entanto, enquanto
o jornal da Record esporou os pontos positivos desse fato (ou interpretou-os de
modo positivo), o Jornal Nacional destacou o discurso como agressivo e
explorou a repercussão negativa que ele teve.
Um exemplo disso é que no Jornal da Record foi destacado que o Presidente
dos EUA, Donald Trump, elogiou o presidente brasileiro, enquanto o jornal
nacional não mencionou o fato, embora tenha mostrado trechos do discurso do
presidente americano. O Jornal da Record ainda apresentou uma entrevista
exclusiva com Bolsonaro, onde ele responde uma pergunta pessoal e reforçou
as mesmas críticas feitas no seu discurso.
Já a partir da segunda matéria, os telejornais começam a priorizar temas
diferentes. Enquanto o JR fala sobre o aumento na conta de energia elétrica
por causa da inflação, o JN exibe matéria sobre a entrada do inquérito de
impeachment de Donald Trump, tema que só vai ser tratado no JR no fim do
jornal. A linha editorial de cada um começa a ficar mais nítida a partir desse
ponto. A interpretação até aqui leva a crer que a emissora do primeiro apoia o
governo vigente e a segunda não.
A terceira matéria do JR é sobre os depoimentos de PMs que estiveram na
operação policial que resultou na morte de Agatha Félix. A matéria traz o
depoimento da mãe da criança, explorando o tom emocional. Já no JN o tema
da 3ª matéria foi novamente sobre política: O pedido de suspensão do
parlamento feito por Boris Johnson, Primeiro Ministro do Reino Unido, que foi
considerado ilegal pela a Suprema Corte.
Algumas diferenças são percebidas aqui entre os dois telejornais: Enquanto o
JN prioriza temas com mais seriedade, priorizando notícias sobre política, o JR
foca em temas mais próximos ao cotidiano e coloca um tom mais pessoal nas
matérias, o que não se vê no JN. Os dois jornais parecem ser destinados a
públicos diferentes, embora sejam exibidos em horários parecidos. O JN se
1
Atividade apresentada à Prof.ª Jorge Allan como requisito avaliativo parcial da disciplina Laboratório
de Telejornalismo I, semestre 2019.2 da Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana.
2
Discente do Curso de Jornalismo, 6º semestre, da Faculdade Anísio Teixeira de Feira de Santana.
dirige a público mais elitizado, enquanto o JR se destina ao público de classe
média, mais preocupados com o que lhe afeta diretamente no dia a dia.
Os demais temas tratados no JR, em ordem cronológica, foram: Prisão de
peruanos que roubavam malas em aeroporto, Pacote anticrime, arrecadação
da receita federal, derrubada de vetos do Presidente Jair Bolsonaro, segunda
temporada de programa da emissora, Requerimento de Boris Johnson
considerado ilegal, previsão do tempo, telenovela da emissora (Topíssima),
ataques no Ceará, impeachment de Trump e, por fim, o quadro Sabores do
mundo: refugiados encontram na culinária chance para recomeçar, totalizando
11 matérias, distribuídas em 3 blocos.
Já no JN, os demais temas tratados, em ordem cronológica, foram: ataques no
Ceará, suspensão da gratificação de policiais que reduzirem mortes em
operações e depoimento do PM no caso Agatha, aprovação na câmara de
regras mais rígidas para progressão do regime de prisão, adiamento da
votação do relatório da previdência, Indicações políticas para o CADE
aprovada pelo senado, 2ª reportagem sobre os limites de 2 florestas com
araucária, espaço favela no Rock in Rio, Olimpíada de Tóquio e por fim, futebol
(maratona do brasileirão, totalizando 12 matérias, distribuídas em 4 blocos.
No geral, uma das diferenças que podem ser notadas entre os dois é o fato de
o JR apresentar matérias mais longas, até mesmo um tanto cansativas,
enquanto o JN apresenta matérias mais bem elaboradas, tornando até mesmo
as matérias mais longas interessantes. O fato de contar com um bloco a mais
pode ter favorecido o JN nesse aspecto, pois assim as matérias são melhor
distribuídas entre os comerciais.
Outro fato notável é a presença de conteúdo promocional no JR, o que não se
mostra em momento algum no JN. Não satisfeito em apenas promover os
programas da emissora no telejornal, as matérias são longas, reduzindo
consideravelmente um tempo que poderia ser utilizado para apresentar notícias
de fato.
Embora possuam linhas editoriais diferentes, ambos trataram temas em
comum, mas a ordem em que foram apresentados diz muito sobre os objetivos
de cada telejornal. Ambos os jornais apresentaram as fontes necessárias para
as matérias e a linguagem utilizada também foi semelhante, não tão simples
mas também não tão formal. As diferenças mais notáveis entre os dois acaba
por ser a diferente priorização de temas e aspectos técnicos na produção das
notícias, como o tempo de cada matéria.

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