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19/09/2020 Estudo das bases neuropedagógicas e o papel do educador na construção da aprendizagem frente à educação emocional e cogni…

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Estudo das bases neuropedagógicas e o papel do educador
na construção da aprendizagem frente à educação
emocional e cognitiva do aluno
Estudio de las bases neuropedagógicas y el papel del educador en la construcción
del aprendizaje frente a la educación emocional y cognitiva del alumno
*Professor Bacharel e licenciado em Educação Física, Mestre em Educação, Organização e Avaliação para o ensino, Ricardo De Mattos Fernandes*
docente da unidade Cabo Frio da Universidade Veiga de Almeida, Cabo Frio, Rio de Janeiro
ricardofernandesvela@gmail.com
**Especialista em Neurociências Pedagógicas, Docente e Orientador Pedagógico e Educacional,
Secretaria Municipal de Educação de Araruama, Universidade Cândido Mendes, Araruama, Rio de Janeiro José Hélito Nunes de Marins**
(Brasil) zehelito@globo.com

Resumo
O atual estudo visou abordar a relação interpessoal professor e aluno no que tange o processo de ensino e aprendizagem através da ótica da
neuropedagogia. Com o passar do tempo o homem, intrigado com o funcionamento do cérebro, vem cada vez mais pesquisando e estudando este tão importante
órgão. Multiplicam-se as tentativas do entendimento deste mecanismo biológico e muitos progressos foram feitos até os dias atuais. Neste contexto encontramos o
desenvolvimento dos estudos e pesquisas da neurociência e seu novo ramo de pesquisa a neuropedagogia. O desenvolvimento social e as novas tendências
educacionais geraram demandas que anseiam por novas ações educacionais que permitam o aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem e a relação
interpessoal professor e aluno. Com a Neuropedagogia pode-se ter uma visão científica que gere subsídios sobre o assunto e sinalize para as ações que se fazem
necessárias para o sucesso deste processo educacional.
Unitermos: Educação. Educação Escolar. Neurociência. Neuropedagogia.

Recepção: 03/02/2015 - Aceitação: 08/03/2015

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 202, Marzo de 2015. http://www.efdeportes.com/

1/1

Introdução

Os estudos neurocientíficos vêm alargando os horizontes da compreensão em torno do encéfalo. Esta pesquisa
emerge da necessidade de entender como o cérebro aprende, vislumbrando a sinergia educando e educador na
construção do saber, permeando as nuances psicológicas, emocionais, cognitivas e sociais que o assunto suscita.

O século XXI conclama os investigadores do processo educacional a se afastar do processo reducionista e arcaico
do aprendizado, permitindo uma aproximação com os novos paradigmas que surgem no bojo da neurociência,
apresentando o cérebro como mecanismo de potencialidade biológica ampla e reorganizador.

Já vem sendo apregoado com ênfase, que o prazer deverá estar vinculado ao ato de construir o conhecimento,
para tanto o sistema límbico canaliza sua ação vigorosa nos centros de memória, fazendo com que o nível de interesse
viabilize o armazenamento da informação.

Esta pesquisa trilhou pelo caminho investigativo, através do olhar da neurociência, gerando a visão de que o
ambiente, a estrutura biológica, o perfil emocional e neural, na relação interpessoal professor e aluno podem, de
acordo com a sua natureza, estabelecer o êxito da concretização cultural.

A neurociência e a educação

Ao longo do tempo o homem sempre esteve intrigado com o funcionamento do cérebro. As análises se
multiplicaram, ora aproximadas à lógica, em outros instantes absurdas, mas todas se enveredando pela busca do
entendimento deste mecanismo biológico.

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Hipócrates, nas cogitações médicas, afirmou que através do cérebro o indivíduo experimentava as emoções
primárias, como também ensejava o aprendizado. Ideias diversificadas eram apresentadas nos círculos pensantes da
época. Foi assim que, no século XVIII, veio à baila o postulado de que a ação do encéfalo se dava pela presença de
espíritos no interior do mesmo.

O notável médico e neuroanatomista austríaco Franz Joseph Gall elaborou estudos interessantes sobre a estrutura
cortical, expondo que determinadas áreas aumentam de acordo com atividade exercida (LENT, 2010). Segundo Lent
(2010, p. 26): “Gall acreditava que o cérebro é uma máquina sofisticada que produz comportamento, pensamento e
emoção, e que o córtex cerebral é na verdade um conjunto de órgãos com diferentes funções”. Tempos depois novas
descobertas surgirão apresentando uma nova configuração do cérebro.

Nas atividades levadas a efeito pelo córtex, podemos entrever desde mensagens para inibir o metabolismo, até
comandos para produzir substâncias químicas importantes, objetivando a manutenção da homeostase. Estudos vêm
sondando a intimidade do telencéfalo, esboçando sua arquitetura biológica, desvendando seu universo de funções,
onde o ser humano passa a perceber a realidade de estímulos, que altera o conduzimento no cotidiano.

O neurologista Francês Pierre-Paul Broca se dedicou a analisar o comportamento do Monsieur Laborgne, depois que
o mesmo foi acometido de um acidente vascular cerebral. Constatou o renomado cientista que Laborgne não
conseguia falar. Ao falecer, seu cérebro foi submetido a pesquisas acuradas, quando ficou confirmada uma lesão na
terceira circunvolução esquerda frontal, que passou a se chamar área de broca ou região da fala. Inúmeros estudiosos
passaram a trazer contribuições substanciais para o entendimento do comportamento humano, como Carl Wernicke,
que descobriu a área da compreensão da fala. Cajal verificou que as células nervosas transmitem informações para o
corpo, estabelecendo ações essenciais na manutenção da vida.

Na complexidade do cérebro o sistema límbico possui aspecto singular, uma vez que supervisiona e coordena as
emoções, substrato biológico de real valor em todas as atitudes do indivíduo. Observa-se, então que o mecanismo
cognitivo apresenta forte expressão de afetividade, a fim de emergir a matriz intelectual.

O educador, para ensinar com eficiência precisa se assenhorear do conhecimento em torno do cérebro, em virtude
da especificidade que lhe é peculiar. Segundo Relvas (2012, p. 54):

O novo caminho que o professor poderá percorrer, a fim de despertar o interesse do estudante diante
das novas aprendizagens é por meio das conexões afetivas e emocionais do sistema límbico, sendo
estas ativadas no cérebro de recompensa. Por isso, precisam ser preservadas e respeitadas, pois são
centelhas energéticas que provocam a liberação de substâncias naturais, os mensageiros químicos
conhecidos como serotonina e dopamina, pois estão relacionados à satisfação, ao prazer e ao humor.

Nas unidades escolares, muitas vezes, os ensinantes comunicam atitudes radicais, autoritárias e antipedagógicas
aos alunos, não visualizando que ali está um conglomerado de indivíduos, que vem a configurar uma biologia cerebral
com suas múltiplas peculiaridades.

Cabe ao professor perceber, que o aspecto emocional constitui em elemento primordial no desencadear e
consolidação do saber. Estudiosos como o Prof. Machado (2008, p. 98) expõe: “Quando se envolve o sistema límbico
no ensino e aprendizagem, isto é, deliberadamente envolvem-se as emoções, dominam-se forças poderosas, que
formam a aprendizagem mais eficaz” .
Diante destes argumentos o educador, através de uma análise meticulosa, detectará as variáveis da personalidade
e as características afeto-psicomotoras, objetivando empregar precisa diretriz pedagógica, viabilizando o dilatar do
conhecimento. Para tanto, o aprofundamento no estudo do telencéfalo é urgente, a fim de aparelhar os profissionais
de educação, tendo como escopo o desenvolvimento de uma educação de qualidade.

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A neuropedagogia possui apontamentos científicos significativos, que fornecem ferramentas preciosas aos
docentes, oportunizando ações educativas dinâmicas. Segundo Relvas (2012, p. 53):

O conhecimento e a aplicação da neuropedagogia na educação perpassa por uma visão


neurocientífica do processo de ensinar e aprender. Contribui na identificação de uma análise
biopsicológica e comportamental do educando por meio dos estudos de anatomia e da fisiologia do
sistema nervoso. Explica, modela e descreve os mecanismos neuronais que sustentam os atos
perceptivos, cognitivos, motores, afetivos e emocionais da aprendizagem.

Conhecer como o aluno aprende, perpassa pela reflexão acurada do córtex encefálico com todas as suas
estruturas, com desdobramento nos estímulos ambientais e nas ações neurais. Após pesquisas demoradas, constatou-
se que a célula nervosa é que veicula mensagens cognitivas durante o processo de aprendizagem. Através das redes
neurais, o impulso elétrico conduz ideia de um neurônio para outro, facultando o registro na memória.

As escolas basearam, durante décadas, sua metodologia num diapasão tradicional, em que o aluno recebia as
informações de maneira passiva, onde o professor era o senhor do conhecimento e o aprendente alguém destituído da
esteira do saber. Estes postulados vigoram até o momento presente, subtraindo no contexto da formação a realidade
social, comunitária, ética, afetiva, emocional e cognitiva do educando.

Os currículos escolares alinham procedimentos estanques e estranguladores da criatividade, como também da


aprendizagem significativa. Não considera o ser humano com o perfil heterogêneo e características particulares,
estabelecendo um padrão único de ensino para todos. As consequências advindas deste mecanismo educativo têm
sido nocivo, alargando os horizontes da segregação cognitiva.

Vários teóricos trouxeram expressiva contribuição ao processo educacional, no entanto, o cérebro como elemento
essencial no aprender recebeu considerações superficiais.

Estudiosos como Piaget alinham, que o desenvolvimento da inteligência se devia às interações sociais, onde o
indivíduo vai construindo a percepção dentro de faixas etárias especificas, tendo o contributo do sentimento. O
ambiente desencadeava estímulos que geravam a inserção do ser humano na realidade circundante. Piaget (1967,
apud LA TAILLE, 1992, p. 11) aborda que “a inteligência humana somente se desenvolve no indivíduo em função de
interações sociais, que são, em geral, demasiadamente negligenciadas”.

As escolas ministram suas tarefas dentro do modelo arcaico, estanque e segregatório, não valorizando o
intercâmbio de ideias, o debate, o desafio, instigando o aprendente na construção do saber. Existem algumas
mudanças neste horizonte cultural, no entanto, as elites dirigentes, através de certa maquiagem nas políticas públicas,
mantêm as classes populares alijadas da educação de qualidade. Fatores variados se conjugam para a manutenção do
sujeito cerebral no primarismo das concepções, sem a elaboração do cidadão reflexivo-crítico.

A educação é uma prática que interfere no cotidiano, alterando a estrutura da sociedade, podendo essa alteração
estabelecer ações castradoras ou libertadoras. Caberá, em parte, aos profissionais de educação, aliados a outros
segmentos do conglomerado humano, operacionalizar uma escola dinâmica, criativa, prazerosa, afetuosa e
progressista, em que o indivíduo na dimensão de construtor do conhecimento o faça de maneira substancial. La Taille,
ao citar Vygotski (1992, p. 76):

Coloca que o pensamento tem sua origem na esfera da motivação, a qual inclui inclinações,
necessidades, interesses, impulso, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão última do pensamento
e, assim, uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende sua
base afetivo-volitiva.

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A neurociência oferece à educação contribuição relevante, que pode favorecer a diminuição dos mecanismos de
discriminação cognitiva. Ao tempo que desvela o cérebro, explica o seu funcionamento, elucidando questões tidas
como mitos na aprendizagem. Por exemplo, comenta-se que o homem só utiliza 10% (dez por cento) do cérebro,
porém de acordo com Della Chiesa (2012, p. 49):

As descobertas da neurociência agora mostram que 100% do cérebro é ativo. Na neurocirurgia,


quando é possível observar funções cerebrais em pacientes com anestesia local, estímulos elétricos não
revelam área inativa alguma, mesmo quando não há movimento, sensação ou emoção sendo
observados. Nenhuma área fica completamente inativa, mesmo durante o sono; se ficasse isso indicaria
um sério distúrbio funcional.

Os apontamentos de estudiosos atualizados e em acordo com as descobertas mais recentes vêm demonstrar o
movimento permanente do encéfalo, no seu quimismo pensante, que veicula emoção e ideias. Como expressa Kolb &
Whishaw (2002, p.79), “no sistema nervoso humano existem aproximadamente 100 bilhões de neurônios e talvez um
número dez vezes maior de células da glia”.

O professor necessita se apoderar destes conceitos científicos para melhor realizar as atividades docentes. Observar
o alunado, conhecer as diversas personalidades que ali estão, verificar os limites e capacidades, visando potencializar
a cerebração.

O ato de lecionar não pode se fixar dentro de ações imóveis, radicais e imobilizadoras. Ensinar reclama apaixonar-
se pelo labor professoral, entendendo esta perspectiva como atitude profissional criativa e libertadora. Se o
movimento é libertador, essa mediação docente deverá romper com o estilo “bancário” de ensinar, oportunizando o
desenvolvimento das competências e habilidades.

Cérebro, emoção e aprendizagem

No século XX que, no lastro dos ambientes perquiridores, Paul Maclean começa a estudar a neurologia das
emoções. Este pesquisador percebe, então, a importância de certas estruturas, como o hipotálamo para o registro
emocional e o córtex cerebral para a decodificação e vivência das matrizes afetivas. Tal pesquisa acentuava que os
estímulos ambientais facultam o eclodir de comportamentos emocionais, que são canalizados para o cérebro, onde
iram ser decodificadas, se exteriorizando, inclusive, transitando como bioenergia nos sistemas orgânicos.

No ano de 1952 Maclean cria a nomenclatura sistema límbico, para substituir a expressão cérebro visceral. Durante
as elucubrações levadas a efeito, o cientista, demonstra que as estruturas do sistema límbico agem de maneira
integrada, permitindo entrever que o encéfalo não é uma máquina biológica estanque. Ainda na rota dos conteúdos
Ledoux (1998, p. 93) afirma que “as emoções foram qualificadas como funções cerebrais atuantes na sobrevivência do
indivíduo e da espécie”.

Os registros acima demonstram a interdependência do sistema que controla as emoções, como também, seu
aspecto singular na preservação da espécie humana. William James proclamou que as emoções eram coordenadas
pelas áreas sensoriais e motoras do cérebro. Estas ideias penetraram o tecido social-científico, tendo sido, tempos
depois, contestadas por Cannon e Bard, que sustentavam serem as emoções produzidas pelo hipotálamo.

O dedicado anatomista James Papez produz reflexões demoradas sobre o encéfalo, objetivando entender as
reações humanas na expressão múltipla dos estados emocionais. Assim, Correa (2010, p. 288) argumenta que:

Papez foi muito além de Cannon e Bard na compreensão da comunicação entre hipotálamo e córtex,
assim como as regiões corticais que participam do processo. Papez propôs uma série de conexões do
hipotálamo para o tálamo anterior e o córtex do cíngulo. As emoções ocorreriam quando o córtex do

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cíngulo integra sinais do córtex sensorial (parte do córtex lateral evolucionariamente mais recente) e do
hipotálamo. Informações partidas do córtex do cíngulo para o hipocampo e depois para o hipotálamo
permitiriam que os pensamentos situados no córtex cerebral controlem as reações emocionais.

Descartes estabeleceu uma dualidade mente e corpo, no entanto, com o passar dos anos, novas ideias emergiram
das fontes científicas a proclamar, que mente e corpo interagem sobre o permear das moléculas da emoção. Só existe
aprendizado quando se mantém um trânsito de atenção, querer, prazer e bem-estar que emerge e consolida. Segundo
Relvas (2012, p. 35):

Antonio Damásio, neurocientista, em seu livro “O erro de Descartes”, razão e emoção estão
intimamente ligadas, e a ausência de sentimentos e de emoção não constrói a racionalidade. Segundo
alguns autores, utilizar apenas a razão para a solução de problemas não é a melhor forma para um
mundo mais saudável nem mais feliz.

A cerebração e o pensar para aprender, de maneira positiva, se constroem com emoção saudável, pois ela produz
serotonina, dopamina, glutamato, que viabilizam o ato de assimilar saberes. Logo, o homem que se elabora,
percebendo sua intimidade através do viés do conhecimento, ressignificando diretrizes, desconstruindo conceitos, para
assimilação de conteúdos mais criativos e fecundos, se endereça na materialização de uma sociedade mais ética e
fraterna.

O metabolismo obedece às suas orientações acoplado a sistemas coadjuvantes. Verifica-se que o cérebro possui
dois hemisférios, o direito e o esquerdo, cada qual com sua função específica. O primeiro está relacionado à
criatividade, às artes, às relações espaciais e quantitativas. O segundo tem função nas áreas dos cálculos
matemáticos, da escrita, da fala, da leitura, da compreensão linguística, etc. Os neurônios, unidades funcionais do
sistema nervoso, estabelecem a mensagem bioquímica, fazendo com que a informação alcance as estruturas cerebrais
pertinentes.

O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e tronco cerebral, sendo que, no primeiro, temos o lobo frontal
responsável pela capacidade de pensar, decidir, planejar. O lobo parietal possui vínculo com o sistema motor,
somatossensitivo, espacial, efetuando a integração e interpretação, integrando e interpretando os estímulos oriundos
dos canais neurais. O lobo temporal se vincula a olfação e a gustação, como também ao sistema límbico. O lobo
occipital capta os estímulos do meio ambiente pela visão, passa pelas estruturas do córtex e é decodificada, tomando
o indivíduo consciência do que ocorre.

No telencéfalo encontra-se a substância cinzenta, onde uma miríade de corpos celulares imprime a coloração
especifica. Nos corpos celulares estão presentes várias organelas celulares, como ribossomos, mitocôndrias, retículo
endoplasmático e complexo de golgi, responsáveis pela ação metabólica.

A substância branca esta localizada na parte interna do cérebro, sendo composta pelos axônios que dão esta
coloração esbranquiçada. Existem no córtex encefálico membranas cognominadas de meninges, que protegem o
encéfalo, sendo elas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. Com esta matriz biológica de proteção, o cérebro possui os
impactos amortecidos, através do líquido cefalorraquidiano ou líquor, que se movimenta entre a aracnoide e a pia-
máter.

O sistema límbico é um sistema extremamente importante no contexto do sujeito pensante, pois ele controla as
emoções além de outras funções pertinentes. Ai se encontra localizado o centro da memória, o hipocampo, que
registra os acontecimentos, que foram significativos para o indivíduo. Como expressa Corrêa (2010, p. 303):

O hipocampo é quase inteiramente dependente das áreas para-límbicas devido à sua rede de
recepção sensorial cortical. Outras conexões importantes da formação hipocampal incluem o hipotálamo

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e outros componentes do sistema límbico, especialmente a amígdala e área septal. O hipocampo está
envolvido nos fenômenos de experiência comportamental, no controle endócrino e na imunorregulação,
mas suas funções fundamentais estão ligadas à memória e aprendizagem.

Desta forma, se percebe a importância do hipocampo no ato de aprender. Dentro do sistema citado o tálamo
exerce ação substancial, distribuindo as informações para as regiões específicas e eliminando as inexpressivas. O
hipotálamo é uma estrutura que atua no controle da fome, da sede, do impulso sexual e homeostase. Aciona
determinadas glândulas na produção de hormônios necessários a vida humana.

Conforme expressa Ratey (2002, p. 255):

O sistema límbico compreende a amígdala, o hipocampo, o tálamo medial, o núcleo acumbente e o


prosencéfalo basal: todo este conjunto está ligado ao giro cingulado anterior, o qual constitui a principal
porta de acesso ao córtex frontal. Este sistema é o ponto de partida das emoções e o responsável pela
conexão emocional com o córtex pré-frontal cognitivo.

Importante assinalar que o disparar dos sentimentos desencadeia movimentos motores. O lobo parietal é articulado
a área da motricidade e somatossensorial em que as expressões da face, mãos, membros superiores e inferiores
manifestam oscilações corporais. Inclusive os sentimentos interferem no metabolismo orgânico, no batimento
cardíaco, na produção de adrenalina, demonstrando a influência exercida sobre o indivíduo.

As emoções como irritação, medo, alegria, tristeza, ódio, amor produzem efeitos diversos no organismo humano,
carreando suas ações bioquímicas. Neurotransmissores são elaborados e oferecem o tom de sentimentos oriundos dos
mecanismos que envolvem o ser humano.

O aluno que apresenta um perfil negativo tem profundas conturbações para se escolarizar. Trabalhos de
pensadores têm trazido à baila apontamentos interessantes sobre essa relação aluno e escola. Segundo Relvas (2011,
p. 118): “as pesquisas mostram que as crianças que tem dificuldades de relacionamento na escola têm oito vezes
mais oportunidade de fracassar em suas ambições”.

Neste contexto, diversas substâncias neuronais surgem em virtude dos estímulos internos e externos. Quando o
sentimento é tocado pelo prazer à dopamina é destilada no mundo físico do indivíduo, oportunizando a
experimentação saudável. Produzida na substância negra, se faz presente no aprendizado, como também, a
serotonina e a noradrenalina, a primeira produzida no núcleo da raf e a segunda no locus ceruleus.

Através do conhecimento que a neurociência veicula, informações preciosas chegam ao educador para que o
mesmo instrumentalize o ato de lecionar com mais eficiência.

A decifração das funções do cérebro permite aperfeiçoar ações docentes, educativas e pedagógicas. A sala de aula
passa a ser ambiente neuroeducativo, pois o aprendizado é neurobiológico. O professor, em suas tarefas cotidianas,
deverá estar mobilizado na motivação para instigar no aluno o prazer pelo assunto desdobrado. Sua atividade não
poderá ser melancólica, sem empolgação, pois tal procedimento arruinará o ato de lecionar e, consequentemente, de
aprender.

O aluno que não recebe estímulos adequados para o aprendizado produzirá neurotransmissores como o cortisol e
adrenalina, que bloqueiam o mecanismo de assimilação de conteúdos. Os neurônios passam a ter o processo da
sinapse interrompido devido à ausência do prazer e bem-estar que as moléculas da emoção geram.

O sistema de recompensa propicia experimentação de autoestima, tornando prazeroso o pensar. Através dos
neurônios piramidais e fusiformes, que se encontram no neocórtex, o ser humano produz o pensamento. Desta forma
Relvas afirma que (2012, pág. 93):
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O núcleus accumbens participa muito ativamente na fisiologia do prazer e emite projeções nervosas
para o córtex pré-frontal que prepara toda dinâmica do nosso comportamento emocional. Ao conjunto
neural formado pelo VTA (área tegumentar ventral) – feixe neural – núcleus accumbens – damos o
nome de circuito de recompensa.

No ato de aprender, as estruturas neuronais e cerebrais atuam com interdependência, comunicando-se os lóbulos
frontal, parietal, temporal e occipital para elaboração da leitura e escrita, em síntese do saber.

O educador, percebendo os limites e possibilidades do seu alunado, utilizará métodos que construam a rota para o
crescimento, observando as construções neurais facilitadoras.

O sistema nervoso atuará nas sinapses, propiciando o conhecimento da informação, que, chegando ao hipotálamo,
será armazenada se o conteúdo for importante.

Não existe aprendizado sem a participação da emoção, pois ela vitaliza o ato de assimilar ou rejeita os elementos
cognitivos. Caberá ao professor ter habilidade, adicionando as ideias das ciências às características do alunado. Os
estudiosos do assunto apontam que, além de desejar querer, existem outros procedimentos que propiciam um bom
aprendizado, tais como: exercício físico regular, boa alimentação, contato com ambiente desencadeador da cultura.

Todos os recursos devem ser empregados pelo ensinante para contagiar sua aula, dinamizando-a, para que o saber
seja algo desejável. O aluno, ao chegar à escola, necessita estar num ambiente estimulante, agregador, fascinante, no
qual os estímulos externos gerem o dilatar da neuroaprendizagem. A equipe de suporte pedagógico da instituição
escolar, buscando aperfeiçoar seu fazer laboral, assimilará os informes da pedagogia da afetividade, como dispositivo
essencial à atividade docente.

Sentimento e emoções vigem na essência do mecanismo de ensino. Relvas (2012, p. 38) afirma que:

O processo de aprendizagem é acompanhado por sentimentos, envolvendo o domínio de


conhecimento na forma de fatos, figuras e pensamentos. A emoção ativa a atenção (o acompanhamento
primário e mais vital de qualquer ato de aprendizagem ou processamento da informação), que depois
desencadeia a memória de curto e longo prazo e, eventualmente, torna o processo de aprendizagem
possível. Para se ter aprendizagem, é preciso que ocorra excitação emocional”.

O sistema de ensino precisa se aparelhar, objetivando oferecer aos professores condições adequadas para a
realização do trabalho pertinente. O estabelecimento de ensino requer uma equipe multiprofissional, que venha
auxiliar o educador em seu ofício. A presença de neuropedagogos, psicomotricistas, psicólogos, fonoaudiólogos,
neurologistas, nos dias atuais, se faz importante, por ser o ato educacional processo integrador. O educador deverá se
valer de implementos pedagógicos dentro de uma visão neurocientifica, que, sem sombra de dúvida, facilita o
processo de aprendizagem.

Inteligências, habilidades, cognição e emoção

Ao longo do percurso dos estudos científicos o homem tem buscado entender a realidade de suas características. O
cérebro tem sido foco de observações frequentes e as descobertas vêm proporcionando à comunidade humana
significativa percepção de si mesmo.

O encéfalo, coordenando e supervisionando as atividades no sistema biológico, possui na sua intimidade estruturas
que acionam o eclodir de habilidades. Estas habilidades precisarão ser fomentadas num ambiente notadamente
estimulador e agradável, gerando a atmosfera potencializadora.

Assim se expressa Relvas (2012, p.137):

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A escola é constituída por profissionais que precisam cada vez mais estudar e se aperfeiçoar em
saberes do contexto da escolarização e da educação, não bastando apenas lançar e transmitir
conteúdos. É preciso fazer o educando perceber e reconhecer suas habilidades e competências,
principalmente ter autoconfiança.

Num ambiente escolar em que o educando se vincula para o aprendizado, carreia consigo sua personalidade, onde
limitações e avanços emergem no cotidiano da empreitada cultural.

O ensinante, dentro das ações pedagógicas e educativas, fará movimentar processos dinâmicos que viabilizarão a
construção de um ambiente disparador da confiança nas realizações pessoais. Levar o aprendente a refletir que
capacidade intelectiva se conquista com empenho, dedicação, ética, disciplina e compartilhamento. A neurociência
possui um vasto conteúdo para auxiliar o professor.

Hoje a ciência afirma que o telencéfalo possui dois hemisférios cerebrais. O hemisfério esquerdo está ligado à
razão, o cálculo, à escrita, à fala, à compreensão linguística, enquanto o hemisfério direito se comunica com a arte, a
música, a criatividade, a intuição. Estes dados são expressivamente relevantes para o educador, que já não é o
profissional do passado, exclusivamente municiador de informações e sim, articulador de saberes numa visão clara da
matriz biológica.

Relvas ao citar Lent (2008, p. 78) diz:

[...] o hemisfério esquerdo controla a fala em mais de 95% dos seres humanos, mas isso não quer
dizer que o direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do hemisfério direito que confere à fala
nuances afetivas essenciais para a comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também
responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo comando da escrita e pela
compreensão dela através da leitura. Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e
no reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de aspectos gerais.

Uma sociedade onde as competências serão vislumbradas na vocação cognitiva do indivíduo, aliadas a percepções
pedagógicas no contexto da neuroaprendizagem, em que a ética seja considerada, conseguirá resultados exitosos.

Ao se alfabetizar, o aluno recebe o estímulo do ambiente, que chega ao lobo occipital, sendo dirigido ao tálamo,
que remete ao córtex frontal e este, por sua vez, faz chegar ao hipotálamo para fixar na memória.

A repetição do processo de ensinar constrói as redes celulares específicas, nas quais surge o aprendizado. As
habilidades são desenvolvidas à medida que este sujeito cerebral vai sendo cativado por uma aula instigante e
transformadora. A capacidade para aprender está ao alcance de todos.

Relvas (2012, p. 43) expõe:

Todos os alunos podem aprender. Isto tem se tornado cada dia mais claro, porém a aprendizagem de
cada um é diferente, acontece em tempos e etapas diferentes e se desencadeia a partir de estímulos
diferentes. Estas diferenças todas demarcadas em suas atividades neurocerebrais. Há um trajeto
químico no cérebro que mantém e que operacionaliza cada ação executada por nossos alunos.

Quando o educador conhecer a neuroaprendizagem, a natureza cognitiva e emocional dos neurotransmissores


poderá alavancar a construção do conhecimento, despertando as habilidades intrínsecas a cada educando.

Metodologia

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O processo metodológico constituiu-se de pesquisa bibliográfica, aprofundada em vários livros, revistas e E-book,
onde coletou-se informações substanciais para efetuar o estudo. De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 183):

Para Manzo (1971, p. 32), a bibliografia pertinente ‘oferece meios para definir, resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram
suficientemente’ e tem por objetivo permitir ao cientista ‘o reforço paralelo na análise de suas pesquisas
ou manipulação de suas informações’ (TRUJILLO, 1974, p. 230). Dessa forma, a pesquisa bibliográfica
não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um
tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Neste contexto elegeu-se falar sobre o cérebro e o mecanismo de influência da emoção em torno das ações
cognitivas. A matriz de reflexão foi fecunda, na qual, após análise realizada, trouxe a demonstração inequívoca que
sem emoção não há cognição. Algumas obras se constituíram em elementos base desta investigação científica, dentre
elas destacam-se as obras: “Cem bilhões de Neurônios? Conceitos Fundamentais de Neurociência” cujo autor é
Roberto Lent; e “Neurociência na Prática Pedagógica e Que cérebro é esse que chegou a escola? As Bases
Neurocientíficas da Aprendizagem” tendo como autora Marta Relvas. Os demais livros e revistas estão alinhados na
bibliografia.

Conclusão

O tema sobre análise do encéfalo é sobremaneira fascinante. Sua pesquisa é fundamental, uma vez que o cérebro
é o órgão da aprendizagem. O estudo científico é necessário, sobretudo com a vertente pedagógica. Buscar os
eventos investigativos, que demonstrem a relação visceral entre a matriz cognitiva e emocional é preponderante.

A amplitude desta pesquisa a torna significativa no momento hodierno. Diante das segregações cognitivas, a
neuropedagogia oferece uma ferramenta ao educador capaz de melhorar o processo ensino-aprendizagem.

Na esteira das buscas de compreensão dos processos biológicos do conhecimento, depara-se o educador com fatos
dos mais significativos. Empreender reflexões demoradas em torno da importância da afetividade neste mecanismo de
assenhorear informações, adentrar com a sonda da observação nas estruturas cerebrais, que coordenam a emoção e
verificar suas reações nos atores sociais envolvidos na célula educacional, permiti compreender de maneira mais
abrangente o processo de aprendizagem.

Este trabalho acadêmico emerge como elemento de ciência a contribuir para a visualização de aspectos importantes
da rigidez educacional, que não poderão ser descurados, afim de que progressivamente os bolsões de exclusão sejam
diminuídos pelas descobertas da neurociência.

Nesta atividade de investigação científica os conteúdos apresentados, trazem o fator pensante, expressando a
capacidade presente no ser humano, que pode ser desenvolvida quando unimos ações pedagógicas e sentimentais de
valor saudável.

No bojo deste trabalho se verifica a importância da questão emocional na construção do saber, pois não há
aprendizado sem afetividade, portanto é por demais necessário adicionar a matriz de estudos pedagógicos a
neurociência, uma vez que ela apresenta o entendimento neurobiológico de como o aluno aprende, estendendo suas
reflexões para que o docente, também seja um mediador capaz de cativar o aluno pela afetividade dinâmica.

Referências

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Paulo: Atheneu, 2010.

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19/09/2020 Estudo das bases neuropedagógicas e o papel do educador na construção da aprendizagem frente à educação emocional e cogni…

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2012.

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LA TAILLE, I. de; KOLL, M. de O.; DANTAS, H. Piaget, Vygotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão.
São Paulo: Summus, 1992.

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MACHADO, L. Descubra e use a sua verdadeira inteligência emocional. Rio de Janeiro: E-book, 2008. 311 p.
ISBN 85-900222-2-6.

MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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RELVAS, M. P. Fundamentos Biológicos da Educação: Despertando Inteligências e Afetividade no processo de
aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2008.
__________. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: As múltiplas Eficiências para uma Educação
Inclusiva. Rio de Janeiro: Wak, 2011.
__________. Neurociência na prática pedagógica. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
__________ (org.). Que cérebro é esse que chegou a escola? As Bases Neurocientíficas da Aprendizagem. Rio
de Janeiro: Wak, 2012.

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· Año 19 · N° 202 | Buenos Aires, Marzo de 2015
Lecturas: Educación Física y Deportes - ISSN 1514-3465 - © 1997-2015 Derechos reservados

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