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MERITÍSSIMO JUÍZO DA VARA FEDERAL DE _________________ - SEÇÃO

JUDICIÁRIA DE _________________

FULANO DE TAL, aposentado, já cadastrado eletronicamente, vem, com o devido


10respeito, por meio dos seus procuradores, perante Vossa Excelência, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE REVISÃO DE APOSENTADORIA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos


15fundamentos fáticos e jurídicos que ora passa a expor:

DA JUSTIÇA GRATUITA

Antes de se adentrar no mérito da presente lide, o(a) Segurado(a), ora Autor(a),


20requer lhes sejam deferidos os benefícios da Justiça Gratuita por não poder arcar com os ônus
financeiros da presente ação, sem que isso sacrifique o seu próprio sustento e o de sua família,
conforme declaração que segue em anexo.

DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS ANEXADOS À PEÇA


25
O(A)(s) advogado(a)(s) que subscreve(m) a presente peça declara(m) autênticas as
cópias reprográficas dos documentos anexados à peça prefacial, nos moldes do artigo 425, inciso
IV do CPC1.

30 DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E/OU MEDIAÇÃO

O(A) Segurado(a) Autor(a) declara não haver interesse na realização da audiência de


conciliação ou de mediação, conforme artigo 319, inciso VII do CPC 2, tendo em vista o fato do
INSS não reconhecer o pedido de considerar todo o período contributivo para os segurados
35filiados antes da publicação da Lei nº 9.786/99.

1
Art. 425. Fazem a mesma prova que os originais:
(...) IV – as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo
advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;
Art. 319. A petição inicial indicará::
2

5(...) VII – a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

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Assim, uma vez que não haverá interesse da Autarquia Ré pela conciliação, não há
interesse na realização da audiência.

40 DAS PUBLICAÇÕES

Requer que as intimações sejam publicadas em nome do(a) Dr(a)


_________________, inscrito(a) na OAB/__ nº __________, sob pena de nulidade.

45 DOS FATOS

O(A) Autor é titular do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (42) nº


__________, com início de vigência a partir de _____________, e Renda Mensal Inicial (RMI)
de R$ ______________ (conforme carta de concessão/memória de cálculo em anexo), sendo
50que, atualmente, sua renda mensal atualizada corresponde a R$ ___________________.

Como o(a) Segurado(a) filiou-se ao Regime Geral da Previdência Social – RGPS


antes de 29.11.1999 (data da publicação da Lei nº 9.876/99), ao apurar a Renda Mensal Inicial
(RMI) o INSS efetuou o cálculo do benefício de aposentadoria na forma do artigo 3º, caput da
55Lei nº 9.876/993, isto é, considerando a média aritmética simples dos 80% (oitenta por cento)
maiores salários-de-contribuição, mas incluídos apenas ao período contributivo decorrido desde
a competência de julho de 1994.

Entretanto, a metodologia de cálculo não pode ser aplicada ao(à) Autor(a), na medida
60em que referido cálculo se amolda extremamente desfavorável ao(a) Segurado(a), e, em se
tratando de regra de transição, deve ser oportunizado aos segurados a opção pela forma de
cálculo permanente, se esta lhe for mais favorável.

Assim é que, no caso do(a) Autor), considerando o número de contribuições


65vertidas no período anterior a julho de 1994, bem como o valor mais elevado destas,
constata-se que a regra definitiva do cálculo do benefício pela aplicação do artigo 29, inciso II da
Lei nº 8.213/914, lhe afigura mais favorável.

Art. 3o Para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que
3

vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores
10salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo
decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29
da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por esta Lei.
Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
4

(...) II – para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na média aritmética
15simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

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Neste sentido, Excelência, é imperioso que se revise o cálculo do benefício de
70aposentadoria por tempo de contribuição do(a) Autor(a), consoante demonstram as razões
jurídicas que abaixo passamos a colacionar.

DA CONSIDERAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS PELO(A)


AUTOR(A) EM TODO O PERÍODO CONTRIBUTIVO E NÃO APENAS
75 APÓS JULHO/1994

Na forma da redação original do artigo 202, caput, da Constituição Federal


promulgada em 05.10.19885, o período de apuração do benefício de aposentadoria (e demais
benefícios de prestação continuada) passou a corresponder à média dos 36 (trinta e seis) últimos
80salários-de- contribuição.

Ocorre que esse procedimento, pelo curto período de cálculo envolvido, não refletia
com fidelidade o histórico contributivo do segurado, advindo, então, a Emenda Constitucional nº
20/1998 que retirou o número de contribuições integrantes do Período Básico de Cálculo do
85texto constitucional e atribuiu essa responsabilidade ao legislador ordinário.

Para regular a questão, foi editada a Lei nº 9.876/1999, cuja entrada em vigor se deu
em 29.11.1999, instituindo-se o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias e ampliando-
se o período de apuração dos salários-de- contribuição.
90
Assim, para aqueles que se filiassem à Previdência a partir de sua vigência
(29.11.1999), o período de apuração envolveria os salários-de-contribuição desde a data da
filiação até a Data de Entrada do Requerimento – DER, isto é, todo o período contributivo do
segurado.
5
Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a média dos
trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês, e comprovada a
20regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus valores reais e
obedecidas as seguintes condições:
I – aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a mulher, reduzido em cinco
anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
25artesanal;
II – após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo inferior, se
sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em
lei;
III – após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de função de
30magistério.
§ 1º - É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, ao homem, e, após vinte e
cinco, à mulher.
§ 2º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de
35previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.

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95
No entanto, para os segurados filiados antes da edição da aludida lei, estabeleceu-se
uma regra de transição, de acordo com a qual o período de apuração passou a ser o interregno
entre julho de 1994 e a DER.

100 Como se pode notar, o intuito das novas regras foi, simultaneamente, garantir a saúde
do sistema e beneficiar os segurados, possibilitando-lhes a consideração de mais contribuições
para a base de cálculo de seu benefício de aposentadoria.

No caso do(a) Autor(a), conforme se depreende da Carta de Concessão, o benefício


105de aposentadoria foi concedido segundo a Lei nº 9.876/1999, sendo-lhe aplicável, pois, a nova
redação dada ao artigo 29, inciso I, da Lei 8.213/19 6, de acordo com a qual, para os benefícios de
aposentadoria por tempo de contribuição, o salário-de-benefício deve ser calculado através da
média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por
cento de todo o período contributivo.
110
Como o(a) Autor(a) se filiou ao RGPS antes do advento da Lei nº 9.876/99, o INSS
realizou o cálculo do benefício de acordo com a regra de transição prevista no artigo 3º, caput, da
referida lei, já acima citado.

115 Nota-se que, em seu caso, a consideração da regra de transição não lhe beneficia. Ao
contrário, diminuiu sobremaneira sua renda inicial. E isso se dá porque seu maior período de
contribuição está compreendido antes de julho de 1994.

Assim, ao ser considerada a regra de transição para o(a) Autor(a), não se observou a
120regra definitiva do artigo 29, inciso I, da Lei nº 8.213/91 (já citado acima), que é, precisamente, o
critério eleito pelo legislador tato para garantir a saúde financeira do sistema quanto para garantir
a consideração de mais contribuições do segurado.

Como consequência prática, o(a) Autor(a) sofreu um prejuízo na apuração de sua


125Renda Mensal Inicial, que foi calculada em patamar menor do que seria se considerasse o
próprio critério definitivo eleito pelo legislador.

Frise-se, nesse ponto, que a regra de transição foi estabelecida, justamente, para
proteger o segurado que, filiando-se na regra anterior à EC nº 20/1998, tivesse
130contribuições de baixa monta no período anterior, não fazendo o menor sentido aplicá-la
ao segurado que tivesse aportado contribuições maiores no passado, pois é ele, justamente,

Art. 29. O salário-de-benefício consiste: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)


6

I – para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos
maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,
40multiplicada pelo fator previdenciário; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

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quem, em um sistema de regime de caixa, contribuía efetivamente para o pagamento dos
benefícios que consideravam apenas os 36 meses do texto original da Constituição.

135 Em poucas palavras, o(a) segurado(a) que, como o(a) Autor(a), possuía suas
contribuições mais relevantes no período anterior a julho de 1994 apenas contribuiu para
pagar os benefícios concedidos a outros aposentados com critérios mais brandos, vendo-se
totalmente desamparado quando essas próprias contribuições de maior vulto descontadas
de seus salários foram retiradas do cálculo de sua Renda Mensal Inicial.
140
Repita-se: as alterações da Lei nº 9.876/99 têm como principal justificativa a
manutenção do equilíbrio atuarial dos cofres da Previdência e, ao trazerem regras mais rígidas
para o cálculo da renda mensal dos benefícios, justifica-se o estabelecimento de normas de
transição para aqueles que se filiaram ao Regime Geral da Previdência Social antes da vigência
145da lei. Este é o propósito do mencionado artigo 3º: estabelecer regras de transição que
garantam que os segurados não sejam atingidos de forma abrupta por normas mais rígidas
de cálculo dos benefícios.

A lógica da norma de transição é minimizar os efeitos de novas regras mais


150rígidas para aqueles que já eram filiados ao sistema, mas ainda não haviam adquirido o
direito de se aposentar pelas regras antes vigentes, mais benéficas. Fica, então, estabelecida
uma transição em que os segurados devem obedecer às regras transitórias, não tão benéficas
quanto às anteriores nem tão rígidas quanto às novas. É essa premissa lógica que deve nortear
a interpretação da regra estabelecida no artigo 3º da Lei nº 9.876/99.
155
No caso do(a) Autor(a), entretanto, a regra de transição estabelecida pela Lei nº
9.876/19 para o cálculo do salário-de-benefício considera como período contributivo apenas
aquele decorrido após o período de julho de 1994, o que não minimiza os efeitos da nova regra,
mas, muito ao contrário, reduz seu benefício de aposentadoria.
160
Frise, por outro lado, que o(a) Autor(a) não pleiteia a aplicação da regra
constitucional anterior que considerava a média das 36 (trinta e seis) últimas contribuições,
mas, apenas e tão somente, a aplicação da regra definitiva do artigo 29, inciso I, da Lei
8.213/91, apurando a média de 80% (oitenta por cento) dos maiores salários-de-
165contribuição, mas levando em consideração TODO O PERÍODO CONTRIBUTIVO do(a)
Autor(a), o que atinge plenamente ao objetivo do legislador de conferir saúde e equilíbrio às
contas da Previdência Social ao tempo em que protege o segurado que já era filiado ao sistema
antes do advento dessa nova regra.

170 Assim, simplesmente, a regra de transição não pode prevalecer em situação como a
dos autos em que o benefício a ser concedido despreza todo o histórico contributivo do segurado,
sob pena de contrariar, justamente, a finalidade da Lei nº 9.876/99.

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Não há nenhuma coerência na aplicação de uma regra transitória que seja mais
175prejudicial ao segurado que a própria regra definitiva. E a regra definitiva é a "verdadeira regra",
enquanto a regra de transição somente se justifica para amenizar seus efeitos deletérios. Se a
regra de transição é mais prejudicial que a definitiva, aplica-se esta última, evitando-se situações
de extremo prejuízo ou extremo benefício ao segurado.

180 Nesse exato sentido é a orientação jurisprudencial firmada ao interpretar a regra


transitória prevista no artigo 9º da Emenda Constitucional nº 20/1998, que estabeleceu, além do
tempo de contribuição, idade mínima e "pedágio", para obtenção de aposentadoria por tempo de
contribuição integral, enquanto o texto permanente (artigo 201, §7º, inciso I da Constituição
Federal de 19887) exige tão somente tempo de contribuição. A solução definida pela
185jurisprudência determina a aplicação da regra definitiva, já que a regra de transição é prejudicial
ao segurado, por exigir requisitos (idade mínima e "pedágio") não previstos no texto definitivo:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE


TEMPO ESPECIAL EM COMUM. TEMPO DE SERVIÇO
190 POSTERIOR À EC 20/98 PARA APOSENTADORIA POR
TEMPO DE SERVIÇO INTEGRAL. POSSIBILIDADE.
REGRAS DE TRANSIÇÃO. INAPLICABILIDADE. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. (...) 2. A Emenda Constitucional
20/98 extinguiu a aposentadoria proporcional por tempo de serviço.
195 Assim, para fazer jus a esse benefício, necessário o preenchimento
dos requisitos anteriormente à data de sua edição (15/12/98). 3.
Com relação à aposentadoria integral, entretanto, na redação do
Projeto de Emenda à Constituição, o inciso I do § 7º do art. 201 da
CF/88 associava tempo mínimo de contribuição (35 anos para
200 homem, e 30 anos para mulher) à idade mínima de 60 anos e 55
anos, respectivamente. Como a exigência da idade mínima não foi
aprovada pela Emenda 20/98, a regra de transição para a
aposentadoria integral restou sem efeito, já que, no texto
permanente (art. 201, § 7º, Inciso I), a aposentadoria integral será
205 concedida levando-se em conta somente o tempo de serviço, sem
exigência de idade ou "pedágio". 4. Recurso especial conhecido e
improvido. (STJ, REsp 797.209/MG, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 16.04.2009, DJe
18.05.2009).
210
Na mesma linha a orientação quanto ao embate entre a regra de transição e a regra
definitiva da Lei nº 9.876/99, aplicando-se esta quando aquela for desfavorável ao segurado:

Art. 201. (...) § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
7

obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)


45I – 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
observado tempo mínimo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

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(...) PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA URBANA POR
215 IDADE. REVISÃO. SALÁRIO DE BENEFÍCIO. MÉDIA
ARITMÉTICA SIMPLES. DIVISOR. NÚMERO DE
CONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. ART. 3º, § 2º, DA LEI
Nº 9.876/99. 1. A tese do recorrente no sentido de que, no cálculo
da renda mensal inicial de seu benefício previdenciário, deve ser
220 utilizado como divisor mínimo para apuração da média aritmética
dos salários de contribuição o número efetivo de contribuições, não
tem amparo legal. 2. Quando o segurado, submetido à regra de
transição prevista no art. 3º, § 2º, da Lei nº 9.876/99, não contribui,
ao menos, pelo tempo correspondente a 60% do período básico de
225 cálculo, os salários de contribuição existentes são somados e o
resultado dividido pelo número equivalente a 60% (sessenta por
cento) do período básico de cálculo. 3. Recurso especial a que se
nega provimento. (REsp 1114345/RS, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
230 27/11/2012, DJe 06/12/2012) 5. Todavia, a interpretação não deve
conduzir a um resultado que se afaste da própria razão de ser da
regra de transição. As relações previdenciárias desenvolvem-se por
um longo período da vida. Alguns direitos dentro dessa relação
podem ser tidos como de aquisição progressiva, uma vez que os
235 requisitos vão sendo adimplidos paulatinamente, até que,
adimplidos todos, opera-se a aquisição do direito. Dada essa
característica, as regras de transição, quando há sucessão normativa
que agrava as condições de aquisição ou mesmo as características
do direito ainda “em aquisição” são de suma importância e
240 homenageiam o princípio da segurança jurídica. Por esse
raciocínio, a regra de transição nunca pode ser mais gravosa que a
regra nova, sob pena de subversão dos princípios da isonomia
(onerando o segurado que merece maior prestígio) e da segurança
jurídica. 6. No caso dos autos, portanto, assiste razão apenas em
245 parte ao Recorrente. Para que a regra de transição cumpra a sua
finalidade, devem ser efetuados dois cálculos, um conforme a regra
de transição (art. 3°, parágrafo único da Lei 9876/99) e outro com a
atual relação do art. 29, I da lei de benefícios. Deverá se observar a
aplicação do fator previdenciário somente quando for maior que
250 1,00, exclusão autorizada pela norma art. 7º da Lei 9.876/99. Deve
prevalecer o que resultar em maior R.M.I. 7. Recurso provido em
parte para julgar o pedido procedente também em parte, de forma a
que, em fase de cumprimento de sentença, procedam-se aos
cálculos da forma aqui exposta. 8. Sem honorários eis que, ainda
255 que em parte, venceu o recorrente.

DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA À APURAÇÃO DA NOVA RENDA


MENSAL INICIAL DO(A) AUTOR(A)

260 Desincumbindo-se do seu ônus probatório, o(a) Autor(a) apresenta, além de seus
documentos pessoais, os demais documentos obtidos junto ao INSS com dados relativos ao seu
histórico (CNIS detalhado e extrato de pagamentos).

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Com relação ao histórico de contribuições, o(a) Autor(a) apresenta todos os
265documentos que englobam os salários-de-contribuição a partir de XXXX, informando que os
salários-de-contribuição dos períodos anteriores não são ora apresentados porque, de acordo com
a própria autarquia-ré, seu sistema não era informatizado e tais dados não podem ser localizados.

Assim, sem prejuízo de entender que essas informações podem ser apresentadas em
270eventual fase de liquidação de sentença, considerando que é apenas o INSS quem as pode deter,
o Autor pugna, nos termos do artigo 6º, VIII, da Lei nº 8.078/90 8 e do artigo 11, da Lei nº
10.259/019, que a autarquia-ré seja intimada para fornecer o histórico completo de salários-de-
contribuição do(a) Autor(a) até a instalação da audiência de conciliação, caso Vossa Excelência
entenda imprescindível para o julgamento da causa.
275
DO PREQUESTIONAMENTO

A fim de proporcionar que a presente discussão chegue até as mais elevadas Cortes,
desde já se prequestiona os seguintes dispositivos constitucionais e legais, sob pena de nulidade
280da decisão e ofensa ao artigo 5º, incisos LIV e LV 10 e ao artigo 93, inciso IX11, ambos da
Constituição Federal, bem como aos artigos 37112 e 48913 do CPC:

 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


8

50(...) VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;
9
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a documentação de que disponha para o
esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
5510 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
60contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
11

Magistratura, observados os seguintes princípios:


(...) IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes
65e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
12
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
7013 Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da
contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

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a) Artigo 5º, caput, incisos II e XXXVI, da Constituição Federal: Princípio da
isonomia, princípio da legalidade e correta interpretação do instituto do ato jurídico perfeito;
285 b) Artigo 201, caput e § 11, da Constituição Federal: Aplicação do princípio do
caráter contributivo e necessário reflexo das contribuições no benefício tendo em vista que boa
parte das contribuições vertidas pelo segurado não foram consideradas;
c) Artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal: Vedação ao confisco tributário;
d) Artigo 195, § 5º, da Constituição Federal: Regra da contrapartida;
290 e) Artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal: Eventual improcedência do
pedido inicial, sob o argumento de que sua concessão afrontaria o disposto o princípio da
isonomia, tendo em vista que para aquele segurado a utilização de todas as contribuições não
seria tão vantajoso, ofende o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, haja vista
que o direito do(a) Autor(a) não pode ser negado em função de um mesmo direito não ser
295vantajoso para outro segurado.

DA TUTELA ESPECÍFICA

Nas ações relativas as prestações de fazer, de não fazer e de entregar coisa o Código
300de Processo Civil prevê a possibilidade de concessão da tutela específica para efetivação
imediata do resultado prático da ação, nos termos do seu artigo 49714.

Sendo assim, requer seja concedida em sede de sentença a tutela específica


disciplinada pelo artigo 497 do Código de Processo Civil, para que já comece s surtir efeitos a
305partir da publicação, independente do recurso da parte contrária, conforme artigo 1.012, § 1º,
inciso V do CPC15 para readequar o benefício de aposentadoria nos moldes da exordial.

DOS PEDIDOS

310 Diante do exposto, conclui-se que o cálculo da RENDA MENSAL INICIAL do


benefício de aposentadoria do(a) Autor(a) não foi corretamente realizado pelo INSS, devendo ser
revisto, pelo que requer o(a) Autor(a):

II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;


75III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
14
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o
pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela
pelo resultado prático equivalente.
15
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
80§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação a sentença que:
(...) V – confirma, concede ou revoga tutela provisória;

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a) O deferimento, em sede de sentença, da tutela específica disciplinada pelo artigo
315497 do CPC, julgando-se totalmente procedente a presente ação;

b) A citação do INSS para, querendo, responder aos termos da presente ação;

c) O deferimento do pedido dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA;


320
d) A inversão do ônus da prova, na forma do artigo 6º, inciso VIII, da Lei nº
8.078/1990 e do artigo 11 da Lei nº 10.259/2001, intimando-se o INSS para fornecer ao Juízo a
documentação de que disponha para o esclarecimento da causa, apresentando-a até a instalação
da audiência de conciliação;
325
e) A total procedência da presente ação revisional para determinar a aplicação da
regra definitiva do artigo 29, inciso I, da Lei nº 8.213/1991, condenando o INSS a elaborar novo
cálculo da Renda Mensal Inicial do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição,
considerando a média aritmética simples dos maiores salários-de- contribuição correspondentes a
330oitenta por cento de todo o período contributivo, ou, alternativamente, de todo o período
contributivo cujos salários-de-contribuição foram fornecidos pelo INSS (isto é, desde XXXX até
a data do requerimento do benefício), sempre mantendo o valor original caso a renda revisada
seja inferior (artigo 122, da Lei nº 8.213/9116);

335 f) Condenar o INSS ao pagamento de todas as diferenças vencidas sobre os


benefícios de aposentadoria recebidos, observada a prescrição quinquenal, com correção
monetária pelos índices da Justiça Federal e juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação;

g) Condenar o INSS ao pagamento das custas e honorários advocatícios na base de


34020% do valor da condenação;

h) Requer que as intimações/notificações sejam publicadas em nome do(a) Dr(a)


_________________, inscrito(a) na OAB/__ nº __________, sob pena de nulidade;

345 i) Requer, ainda, seja deferida a utilização de todos os meios de prova admitidos em
direito, especialmente pela juntada dos documentos que acompanham a presente peça vestibular,
a oitiva de testemunhas e do representante legal do(a) Requerido(a) sob pena de confissão
perícias e vistorias e juntada de documentos novos, sob pena de cerceamento.

350 DO VALOR DA CAUSA

Art. 122. Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente
16

85previstas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado


que, tendo completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em
atividade. (Restabelecido com nova redação pela Lei nº 9.528, de 1997)

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Dá-se à causa o valor de R$ XX.XXX,XX, nos moldes do artigo 292, §§1ºe 2ºdo
CPC17

355 Cidade/Estado, 26 de October de 2020.

NOME DO ADVOGADO
NÚMERO DA OAB/ESTADO

17
Art. 292. (...) § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas
90e outras.
§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.

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