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LETICIA DE SOUZA DA ROSA

MARIA CECÍLIA KRUK


MICHELE DE O. C. MULLER
RAFAELA GOMES DA SILVA
TAIS OLBERTZ TOEWS

NEUROPSICOLOGIA

CURITIBA
2020
LETICIA DE SOUZA DA ROSA
MARIA CECÍLIA KRUK
MICHELE DE O. C. MULLER
RAFAELA GOMES DA SILVA
TAIS OLBERTZ TOEWS

NEUROPSICOLOGIA

Tralho apresentado à disciplina Projeto


Integrador I – Áreas de Atuação do
Psicólogo, do curso de Psicologia do
Unibrasil Centro Universitário, como
requisito parcial de avaliação

Orientador: prof. Loivo José Mallmann

CURITIBA
2020
Sumário
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................4
2. NEUROPSICOLOGIA.................................................................................................................5
2.1. Aspectos históricos e objeto de estudo......................................................................5
2.2. Aplicações Clinicas...........................................................................................................5
2.3. Neuropsicologia e a DA....................................................................................................7
3. DOENÇA DE ALZHEIMER........................................................................................................8
3.1. O que é DA?........................................................................................................................8
3.2.Tratamento e Reabilitação Neuropsicológica..................................................................8
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................11
5. REFERÊNCIAS.........................................................................................................................12
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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo possui como tema central a neuropsicologia, que é uma


área dentro da psicologia cujo objetivo é o estudo das relações entre o cérebro e as
manifestações comportamentais e cognitivas. Como o nome indica é uma junção da
psicologia com a neurologia, sendo também um tópico dentro da neurociência. Um
dos objetivos dessa área de estudo é a investigação de lesões cerebrais que afetam,
principalmente, a cognição.
O Objetivo geral do presente trabalho é explorar a neuropsicologia abordando
seu contexto histórico, bem como objetos de estudos; áreas de aplicação e
formação necessária do profissional; explorar Doença de Alzheimer e contribuições
da neuropsicologia para o diagnóstico e técnicas de reabilitação da pessoa com
patologias neuronais.
A metodologia adotada para tal foi baseada nas pesquisas bibliográficas
obtidas através do Portal Unibrasil, Scielo. Também, a técnica de fichamento de
citações, colaborou para uma melhor apresentação e argumentação relacionada ao
artigo presente.
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2. NEUROPSICOLOGIA

2.1. Aspectos históricos e objeto de estudo.

Para entender a neuropsicologia, é preciso entender que seu conhecimento


faz parte de um dos campos fundamentais da Neurociência, cujo objetivo é o estudo
do Sistema Nervoso normal e patológico e pretende explicar os processos
neurológicos das doenças neurológicas e mentais.
Conforme Katia Dumard, 2016, explica, existem três campos fundamentais
de estudo na Neurociência:
• a Neurofisiologia, que investiga as funções específicas do Sistema
Nervoso;
• a Neuroanatomia, que investiga a questão estrutural do Sistema
Nervoso, buscando detalhes, macro e microscópio, do cérebro, dos
nervos etc.;
• a Neuropsicologia, que investiga as relações entre o comportamento
humano e o cérebro, buscando definir que campo especifico desse
órgão domina as tarefas psicológicas.

Neste artigo, a ênfase será na Neuropsicologia. Tal termo foi utilizado pela
primeira vez em 1913 por sir William Osler (1849-1919), considerado o “pai” da
medicina moderna, em uma conferência na Universidade de Yale, EUA.

Entretanto, o primeiro uso oficial foi em 1949 por Donald Olding Hebb (1904-
1985), psicólogo canadense considerado o “pai” da neuropsicologia e das redes
neurais, em sua obra clássica The Organization of Behavior: a Neuropsychological
Theory (A organização do comportamento: um estudo neuropsicológico).

Vale lembrar que a Neuropsicologia requer conhecimento de várias outras,


como neuroanatomia, neurologia, neuroquímica, neurofisiologia e ciência do
comportamento. Portanto a Neuropsicologia se solidificou como uma ponte entre a
Psicologia e a Neurologia, com o objetivo de estudar e analisar alterações
comportamentais causadas por lesões, doenças e malformações, procurando
reabilitar funções cognitivas.

2.2. Aplicações Clinicas

Os capítulos anteriores deste artigo mostraram que a neuropsicologia avalia


questões relacionadas à parte cognitiva e a utilização de tal termo, contudo, no
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presente capítulo serão exploradas um pouco mais as aplicações clínicas e


habilidades necessárias a um neuropsicólogo.

A primeira habilidade é que um neuropsicólogo precisa de um bom


conhecimento neurológico, visto que não é possível avaliar possíveis danos
cerebrais que afetam a cognição. Outra particularidade é ter um bom desempenho
na questão comportamental, pois as investigações de um neuropsicólogo são feitas
a partir de entrevistas com o paciente e auxílio de imagens (tomografia) do cérebro.
Portanto é imprescindível que o neuropsicólogo tenha um preparo nessas duas
áreas.

Quanto às áreas de aplicação são destacadas, atualmente, seis situações


em que a neuropsicologia se faz presente, conforme citado em MALLOY-DINIZ;
MATTOS; ABREU; FUENTES, 2016:

1 – Quando a cognição leva ao diagnóstico de demências, deficiência


intelectual etc.

2 – Quando já existe um diagnóstico, a neuropsicologia contribui para


complementá-lo. Ocorre em casos de síndromes disexecutivas, existência de déficit
de memória etc.

3 – Quando é difícil diagnosticar certas patologias, como transtorno bipolar,


a avaliação comportamental é importante, daí a neuropsicologia.

4 – Em casos de algum traumatismo ou prejuízo cerebral que acarretam em


dificuldades cognitivas, afetivas e até sociais.

5 – Quando a eficiência neuropsicológica está comprometida, não leva a um


desenvolvimento normal, geralmente quando há alguma deficiência intelectual.

6 – Quando ocorre alguma desregulação bioquímica ou elétrica no


funcionamento do cérebro.

Um neuropsicólogo, para atuar como tal, necessita de uma formação em


psicologia, ou seja, é necessário obter uma graduação nessa área. Porém só a
formação em psicologia não é suficiente, pois como visto, este profissional precisa
de um bom conhecimento em neurologia, para isto seria necessária uma
especialização em neuropsicologia que pode ser através de pós-graduação, ou
mesmo durante o curso de psicologia, cuja ênfase seja voltada para a neurociência.
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2.3. Neuropsicologia e a DA

O Comportamento Cognitivo Leve é a transição do envelhecimento normal


para o início da doença de Alzheimer, que se distingue quando ocorre a mudança do
nível leve para grave ou mediano. Um dos sintomas que comprova a progressão do
nível é com base nos testes neuropatológicos e exame de neuroimagem, sendo o
principal fator a identificação familiar do déficit de memória, pois a taxa de conversão
para DA é de aproximadamente 10 a 15% ao ano.

Analisar os grupos que podem desenvolver a DA é importante para um


diagnóstico precoce e um tratamento que auxilie no retardo da doença. Mesmo
sendo uma doença incurável, esse diagnóstico em mais pacientes colaboram para
os avanços no campo científico. Conforme CHARCHAT-FISHMAN, 2005:

Os idosos com DCC (declínio do comportamento cognitivo) dividem-se em


dois grupos. Um com trajetória cognitiva estável e benigna e outro com
declínio da memória episódica anterógrada associado à disfunção do lobo
temporal medial, decorrente de um estágio incipiente ou de transição para
DA. A caracterização clínica destes grupos é fundamental para prática
clínica e pesquisa. (pg.3)
Ainda, com base nos estudos de CHARCHAT-FISHMAN, as imagens
cerebrais de pessoas com DA apresentam placas senis, ou seja, inflamações, que
comprovam a existência da demência. Também foi possível verificar através dos
estudos da autora, que há um certo padrão em pacientes com DA.

Estudos neuropatológicos mostram que idosos com CCL, especialmente na


forma amnésica, apresentam placas senis no neocórtex e emaranhados
neurofibrilares nas regiões dos lobos temporais mediais. A maioria dos
estudos neuropatológicos de pacientes com CCL (amnésico) verificou a
presença de padrão neuropatológico semelhante ao observado na DA .
(CHARCHAT-FISHMAN, 2005, pg.3).
Basicamente, o diagnóstico em DA é feito através de testes que verificam o
comportamento cognitivo, mas também através da tomografia que mostra as placas
senis. Tais avaliações sinalizam a presença e se o quadro é leve, moderado ou
grave. Vale lembrar que o fator genético também colabora para o aparecimento da
doença (assunto que será abordado no próximo capítulo).
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3. DOENÇA DE ALZHEIMER

3.1. O que é DA?


A doença de Alzheimer é neurodegenerativa e é uma das principais
demências que atinge a população, atualmente. Ela afeta principalmente a memória
episódica, incapacita as pessoas de lembrarem dos fatos e acontecimentos, muitas
vezes corriqueiros.

Em geral, o primeiro aspecto clínico é a deficiência da memória recente,


enquanto as lembranças remotas são preservadas até um certo estágio da
doença. Além das dificuldades de atenção e fluência verbal, outras funções
cognitivas deterioram à medida que a patologia evolui, entre elas a
capacidade de fazer cálculos, as habilidades Visio-espaciais e a capacidade
de usar objetos comuns e ferramentas. (LINDEBOOM & WEISTEIN 2004,
apud SERENIKI & VITAL, pg. 1)

Esses sintomas podem apresentar, por vezes, alguns distúrbios que os


acompanham, como agressividade, irritabilidade, depressão, conforme apresentado
em BLOOM FE, 1995 (citado por SERENIKI & VITAL, pg. 2).

A doença de Alzheimer só passou a ser vista como uma demência após o


século XIX, quando, na década de 70, pesquisadores começaram a perceber a
semelhança desta demência com demências senis. Mas, até então, era considerada
uma demência pré-senil rara.

Além disso, foi-se percebendo de maneira gradual que a antiga demência


senil e a DA pré-senil partilhavam o mesmo quadro clínico e, como já dito,
as mesmas características histopatológicas. Por essa razão, optou-se por
aglutinar os dois conceitos em um só, a partir de 1976, com o termo
“demência senil do tipo Alzheimer”.(CAIXETA, Leonardo, cap 1, pg 26).
Conforme SOUZA & TEIXEIRA, 2013, não há uma comprovação sobre o
desenvolvimento da doença, contudo, a questão genética somada às questões
ambientais pode colaborar.

Considera-se que, na maioria dos casos, a etiopatogênese da DA seja


multifatorial, resultando da interação entre múltiplos fatores genéticos e
ambientais. (cap. 5, pg. 10).

Quanto à questão genética, a probabilidade é aumentada caso haja grau de


parentesco muito próximo. Segundo SOUZA & TEIXEIRA, 2013, o risco é de 4 a 10
vezes maior para estes casos. O torna imprescindível um diagnóstico precoce, uma
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vez que, quanto antes descobrir a doença mais fácil será a reabilitação, mesmo
sendo incurável, é possível reduzir.

3.2.Tratamento e Reabilitação Neuropsicológica

O tratamento da doença de Alzheimer atualmente é multidisciplinar,


associando fármacos a terapias essencialmente ligadas ao estímulo cognitivo do
paciente, principal recurso afetado e que em declínio desencadeia outros sintomas
comprometedores.

A reabilitação neurológica total é impossível no caso de lesões e disfunções


cerebrais, no entanto, através da neuropsicologia ocorrem esforços afim de
melhorar a vida do demenciado em face as crescentes debilitações cognitivas,
adaptando-o para que mantenha com qualidade sua autonomia após avaliação e
investigação dos métodos mais adequados de acordo com as disfunções
apresentadas por cada paciente.

Nos estágios iniciais da doença a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é


uma opção indicada como método de entrada para o tratamento pois contribui no
manejo dos sintomas presentes neste estágio:

O modelo de terapia cognitivo-comportamental (TCC) foi


desenvolvido por Aaron T. Beck na década de 60, e segundo ele
mesmo descreve, a TCC surge como “[...] uma psicoterapia breve,
estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a
resolver problemas atuais e modificar os pensamentos e os
comportamentos disfuncionais. (SILVA & SOUZA, p. 14 apud SAFFI
& NETTO, 2007)

Há de se frisar que independentemente das terapias auxiliares escolhidas, a


participação da família é muito importante, levando em conta que deve reestruturar-
se para o acolhimento e auxílio, bem como para a convivência com o membro
portador de Alzheimer, tendo as estratégias terapêuticas escolhidas a função de
amenizar os encargos advindos do progresso da doença.

A seguir são listadas algumas estratégias utilizadas no acompanhamento do


portador de Alzheimer:

- Treino Cognitivo: Traz consigo a possibilidade de proporcionar repertório


comportamental para resolução de problemas. Entendendo como cognição a
capacidade de pensar e tomar decisões, esta técnica visa treinar o uso dessas
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capacidades para resolução de tarefas antes desempenhadas pelo paciente no


momento em declínio de memória.

- TOR (terapia de orientação da realidade): Utiliza-se do uso de informações


atualizadas em associação com fatos da vida do idoso em processo de associação
para localização temporal.

-Ludoterapia: Como sugere o nome, se baseia na utilização de recursos


lúdicos (brinquedos como bonecas e carrinhos, pintura). Há de ser lançada mão da
atenção em relação ao estágio da doença no paciente, evitando assim que o
paciente em estágios ainda muito iniciais se sinta ridicularizado ou inferiorizado, o
que pode agravar o quadro depressivo que acompanha o desenvolvimento da
doença de Alzheimer.

-Arte terapia: Busca através dos desenhos e pinturas estimular através da


autoexpressão a capacidade de escolha do paciente em relação às cores, formas e
materiais utilizados.

-Musicoterapia: Tem como objetivo explorar através da música algumas


lembranças bem como estimular a atenção do paciente e suas percepções através
da musicalidade.

-Terapia da validação: Uma terapia emocional-orientada busca compreender


através do reconhecimento de sentimentos a percepção do demenciado em relação
a sua situação atual sem questionamentos acerca da realidade ou julgamentos por
parte do terapeuta.

Embora não seja possível reverter os danos causados pelo Alzheimer, a


família, acompanhada de equipe multidisciplinar pode traçar estratégias para
acompanhar cada estágio de desenvolvimento da doença com a finalidade de
melhorar a qualidade de vida do paciente para que o mesmo possa estender sua
autonomia no dia a dia.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a elaboração deste artigo, pôde-se inferir que a Neuropsicologia exige


do especialista mais do que um conhecimento básico em psicologia ou neurologia. É
uma área bastante complexa que envolve diversas áreas do conhecimento
relacionadas à mente humana, sobretudo no que se refere à parte cognitiva.
Existem diversos tipos de demências que podem ser tratadas com o auxílio
de um neuropsicólogo, porém a DA é hoje a que mais afeta pessoas acima de 60
anos, o que levou o grupo de elaboração do presente trabalho a enfatizar essa
doença, bem como apresentar as situações em que a possibilidade em desenvolvê-
la seja maior, como o fator genético.
Apesar de ser de conhecimento geral que não há ainda uma cura para as
doenças senis, em geral, é possível uma reabilitação do paciente e também há a
possibilidade em retardar o progresso da doença. Contudo, para que essa
reabilitação seja satisfatória o diagnóstico precoce é de suma importância.
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5. REFERÊNCIAS

CAIXETA, Leonardo & colaboradores. Doença de Alzheimer. Porto Alegre: Artmed, 2012. Pg. 23-32;
189. Disponível em
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536327020/cfi/1!/4/4@0.00:44.5> Acesso em
13 de março de 2020.

CHARCHAT-FICHMAN, Helenice et al. Declínio da capacidade cognitiva durante o


envelhecimento. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, v. 27, n. 1, p. 79-82, março de 2005. Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462005000100017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 11 de março de
2020.  https://doi.org/10.1590/S1516-44462005000100017 

DUMARD, Katia. Neuropsicologia. (pg. 10-14). Unidade 1, capítulo 1. São Paulo, SP: Cengage,
2016. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522122547/cfi/0!/4/2@100:0.00> Acesso em:
15 de março de 2020.

INSTITUTO NACIONAL DE PSICOLOGIA E NEUROCIÊNCIA. Neuropsicologia. Disponível em<


http://www.inpn.pt/neurop.htm> Acesso em: 15 de março de 2020.

SERENIKI, Adriana; VITAL, Maria Aparecida Barbato Frazão. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos
e farmacológicos. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre ,  v. 30, n. 1, supl.   2008 .   Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082008000200002&lng=en&nrm=i

SILVA, Claudemir Bispo da; SOUZA, Edna Maria de. A demência de Alzheimer e suas
terapêuticas não farmacológicas: um estudo sobre as estratégias e intervenções em reabilitação
neuropsicológica. Recife, PE: Caderno Discente ESUPA, volume 1, nº 1, 2014. Disponível
em:<http://humanae.esuda.com.br/index.php/Discente/issue/view/10/showToc> Acesso em 12 de
março de 2020.

SOUZA, Leonardo Cruz de & TEIXEIRA, Antonio Lucio. Neuropsicologia do envelhecimento: uma
abordagem multidimensional. In: COSENZA, Ramon M.; FUENTES, Daniel; MALLOY-DINIZ, Leandro
F.(org.). Porto Alegre: Artmed, 2013. Pg. 100-101. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582710159/cfi/1!/4/4@0.00:41.4> Acesso em
13 de março de 2020.

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