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Resenha do Elogio do Riso

Estevão Balado

O texto Elogio do Riso me chamou muito a atenção, pois como o próprio autor fala, que textos
de pedagogia viriam falar do riso? Gosto de pensar sobre os diferentes tipos de riso, assim
como os diferentes tipos de silêncio, ou os diferentes tipos de fala, de gestos... E ainda não
havia parado para refletir dessa maneira sobre o riso.

Ele chamou a atenção para a minha seriedade, mas eu também fui forçado a rir de diversas
lembranças que tive sobre pessoas moralizando outras. Moralizando-me, ou as minhas
escolhas, ou minhas ações. Eu reparei em como o professor que acompanho no estágio de
PPE, e que também havia me dado aula, faz isso tão bem, isso de se vestir com o chapéu de
Guizos. De deixar-se, estupidamente, desmascarar e desconstruir as falsas seriedades que nos
cercam. A atmosfera ao redor dele é risível.

Minha postura em diversos aspectos alterou-se por conta da leitura deste texto, e minha visão
sobre muitas coisas sofreu o mesmo impacto. Eu reparei que eu possuía um tanto deste
orgulho de ser professor, desta postura engravatada entranhada profundamente no meu ser.
Não chegava a ser arrogância, mas um controle exacerbado e desnecessário sobre eu mesmo,
bastante característico de quem quer parecer sério, ou respeitável. Por isso tenho tentado não
me esquecer dos guizos.

Em contrapartida, as aulas que eu ministrava sempre foram permeadas deste riso,


estranhamente a minha toga de professor era mais para mim do que para meus alunos, e
ainda mais para aqueles que um dia foram meus tutores do que para eu mesmo, pois queria
provar algo que julgava necessário ser provado. Por isso rio.

E me dei conta de que aceitar um estado onde as coisas 'são' ao invés de 'poderem ser', é um
tanto perigoso. É duro. É insuficiente, para alcançar e abranger toda a magnífica gama de
possibilidades que perpassam as mentes dos indivíduos envolvidos na tal coisa, que pode ser
uma ou outra, o que eu penso, ou o que o outro pensa e até mesmo o que ninguém pensou
ainda. E isso altera minha relação com a família, com os amigos, com os alunos e com quem
não conheço também.

E ao notar que estes 'podem ser' aplicam-se a mim, e à minha existência, como a minha visão,
ou a de qualquer outro, sobre eu mesmo, fico vulnerável, mas ao mesmo tempo leve e
contente por saber que não sou algo permanente, que as expectativas não serão alcançadas,
que os planos traçados possuirão problemas, que minhas ideias vão mudar, e minhas visões
estarão em constante transformação, graças ao fato de não me deixar deter. De estar sempre
instigando um questionamento sobre eu mesmo, rindo sempre de mim mesmo, e duvidando.

Por isso inconstante no meu caminho, criança na minha vida adulta, e sonhador na minha
lucidez. Risonho nas minhas teorias, e feliz na minha liberdade e na minha constante
formação, como professor, como humano e como Estevão.

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