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Direito Administrativo
Direito Administrativo
Pública.
OS REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS
Conceito
Classificação
elaborar regulamentos sem que uma lei prévia a habilite a fazê-lo (artigo
136º nº1 CPA).
O grau de dependência em relação à lei não é sempre o mesmo!
Em caso de conflito na aplicação dos vários regulamentos ele deve ser resolvido de acordo
com a regra da prevalência dos regulamentos de eficácia territorial mais ampla.
Procedimento Regulamentar
OS ATOS ADMINISTRATIVOS
Ato administrativo – ato jurídico (por contraposição às ações materiais) unilateral (por
oposição aos contratos) e concreto (distinto dos regulamentos) subordinado ao direito público
(distinguindo-se dos atos de direito privado)
últimos.
Para Rogério Soares, o ato administrativo é uma “estatuição autoritária, relativa a um caso
individual, manifestada por um agente da Administração no uso de poderes de direito
administrativo, pela qual se produzem efeitos jurídicos externos, positivos ou negativos”.
situações jurídicas.
Esta definição pode ser decomposta em vários elementos, que se
podem estudar individualizamente.
Ao contrário do que acontece no direito privado, a recusa da produção de efeitos que apenas a
Administração pode conceder tem de ser considerada como ato administrativo.
ordem jurídica.
O procedimento administrativo
Falamos de procedimento decisório de primeiro grau, que se destina a tomar uma decisão
que incide pela primeira vez sobre uma situação da vida
prática do ato principal) ou não oficiosos (quando indicados por outro órgão
que não é o competente para a prática do ato principal).
Utilizando um critério relativamente diferente, os procedimentos podem
ser classificados como de autoiniciativa (os oficiosos) ou de heteroiniciativa,
que tanto pode ser pública como privada. Relativamente à iniciativa
particular, a forma normal de o particular se dirigir à Administração é
através de um requerimento, que deve preencher os requisitos
estabelecidos no artigo 102º CPA. Deve também destacar-se a importância
dos artigos 65º a 68º CPA.
O artigo 102º nº2 CPA estabelece a regra da unicidade do pedido. As
regras sobre a apresentação dos requerimentos estão previstas nos artigos
103º a 108º CPA. Perante um requerimento que lhe seja apresentado, a
Administração fica constituída no dever de decidir, desde que se preencham
alguns requisitos. Estes requisitos designam-se por pressupostos
procedimentais e desdobram-se nas seguintes espécies: subjetivos
(competência do órgão e legitimidade do requerente) e objetivos
(inteligibilidade, tempestividade do pedido, inexistência de decisão sobre
igual pedido do requerente há menos de 2 anos – artigo 13º nº2).
Não existindo tais pressupostos, também não existe o dever de decidir,
mas mantém-se o dever genérico de pronúncia (artigo 13º nº1 CPA). A
apreciação da verificação, em concreto, desses pressupostos costuma
ocorrer numa fase inicial do procedimento que se designa de saneamento
(artigo 108º e 109º CPA), a qual pode dar lugar a um despacho de
aperfeiçoamento do pedido ou a um despacho de rejeição liminar.
Nesta primeira fase do procedimento já se nota a importância da
participação dos particulares (artigo 110º CPA).
Após o início do procedimento o interessado adquire uma posição jurídica
constituída por um conjunto de direitos e de deveres. Quanto aos
direitos: à decisão e à sua notificação (artigo 13º e 114º); à participação
(artigo 12º); à informação (artigo 82º a 85º); de ser ouvido antes da decisão
final (artigo 121º e ss); de conhecer as razões de uma eventual denegação
da sua pretensão (artigo 152º), etc.
Quanto aos deveres: de cooperação (artigo 60º); de prestar informações
e de apresentar provas (artigo 116º); de provar factos (artigo 115º); de
pagamento de taxas que estiverem legalmente fixadas (artigo 133º).
No caso de uma lei prever um parecer, mas nada estabelecer em relação à necessidade ou não
de ele ser pedido e à obrigatoriedade ou não de ele ser seguido, considera-se que o parecer é
obrigatório e não vinculativo (artigo 91º nº2 CPA)
Daí que eles sejam vinculantes num só sentido: impedem uma decisão positiva se o parecer
for negativo ou impedem uma decisão negativa se o parecer for positivo
Os atos contextuais não perdem a sua individualidade: são atos funcionalmente autónomos, o
que tem grande relevo prático em face da possibilidade de impugnação autónoma de cada um
desses atos
conteúdo diferente, mas que são reunidos numa mesma forma).
Ainda sobre a fase constitutiva deve destacar-se a sua ligação
com a fase preparatória: é preciso não esquecer que o procedimento é
uma sucessão ordenada de atos e formalidades, que visa a produção de um
resultado jurídico unitário e, como tal, não se podem estabelecer “cortes”
radicais entre as diversas fases.
Deve também destacar-se a existência, no CPA, de regras que
disciplinam esta tomada de decisão administrativa (artigo 21º ss). Surgiu
uma inovação no artigo 128º nº6 CPA que estabelece um regime de
caducidade.
A distinção entre estes dois planos é extremamente importante, podendo haver, na prática, atos
válidos, mas ineficazes e atos inválidos, mas eficazes!
operatividade do mesmo.
Quanto à situação dos atos válidos ineficazes (não operativos, não
produtores de efeitos jurídicos externos), é tipicamente o que se passa com
os atos de eficácia diferida, condicionada ou suspensa. Atos de eficácia
diferida (a que falta a fase integrativa da eficácia ou sujeito a termo
suspensivo) - artigo 157º, alíneas a) e c) do CPA. Atos de eficácia
condicionada (sujeitos a condição suspensiva) - artigo 157º, alíneas B) do
CPA. Atos de eficácia suspensa (por decisão administrativa, por decisão
judicial ou por determinação da lei: no recuso hierárquico necessário).
A situação oposta (atos inválidos, mas eficazes) também é possível, no
caso de atos anuláveis. Como este tipo de invalidade é determinada por
vícios menos graves, a ordem jurídica consente que tais atos produzam
normalmente os efeitos para que tendem, até serem anulados pela
Administração ou por um tribunal administrativo (artigo 163º nº2 CPA). E se
bem que agora o ato anulável possa ser anulado pela administração mesmo
depois de passado o prazo da respetiva impugnação judicial, ela tem um
prazo limite para ocorrer (artigo 168º CPA); expirando esse prazo, o ato não
deixa de ser inválido, mas ele estabiliza-se na ordem jurídica, continuando a
produzir normalmente os seus efeitos.
Também às situações de facto decorrentes de atos nulos podem ser
reconhecidos, por força do decurso do tempo e do cumprimento de
princípios jurídicos, efeitos putativos.
Por estas razões, e sobretudo para tornar bem cara a diferença entre a
validade e a eficácia do ato administrativo, deve ser-se rigoroso ao usar os
dois termos, reservando o conceito de eficácia para os atos que produzam
os efeitos para que tendem.
Tipos de eficácia:
Eficácia instantânea e eficácia duradoura: na instantânea, os efeitos
do ato produzem-se num determinado momento, esgotando aí a sua
eficácia, ou seja, a sua operatividade esgota-se no momento em que
se tornam eficazes (ato de nomeação). Na duradoura, os atos
prolongam a sua operatividade no tempo, não sendo apenas a
situação por eles criada que se prolonga no tempo (concessão);
Eficácia imediata e eficácia diferida: na imediata, a produção dos
efeitos do ato dá-se exatamente no momento constitutivo (artigo
Embora todos os atos inválidos sejam ilegítimos, nem todos os atos ilegítimos são, por isso,
inválidos
administrativo (vícios de legalidade – artigo 3º CPA).
É que, ao lado dos designados vícios invalidantes (vícios de mérito e
vícios de “legalidade”), podemos também encontrar vícios não
invalidantes. Estamos, nestes casos, perante as designadas
irregularidades do ato administrativo, ou seja, vícios que não relevam para
efeitos de validade, ainda que possam ter relevo para outros efeitos
(exemplo de responsabilidade disciplinar).
Continua a impor-se aos operadores jurídicos, não obstante as recentes alterações legislativas,
colmatar a injustiça que derivaria da aplicação estrita do princípio da legalidade e da
O conteúdo do ato anulável não possa ser outro, por o ato ser de
conteúdo vinculado ou a apreciação do caso concreto permita
identificar apenas uma solução como legalmente possível;
O fim visado pela exigência procedimental ou formal preterida tenha
sido alcançado por outra via;
Se comprove, sem margem para dúvidas, que, mesmo sem o vício, o
ato teria sido praticado com o mesmo conteúdo.
invalidades.
Não está aqui em causa o objeto imediato, que é constituído pelo conteúdo do ato
O agente administrativo está obrigado a apor ao ato administrativo uma declaração na qual
demonstre a verificação em concreto dos pressupostos abstratamente definidos na lei
No caso de o ato ser vinculado, não haverá motivos, uma vez que o agente se limitou a atuar de
Os diversos tipos de vícios serão determinados para cada um dos momentos estruturais do ato
administrativo, em função dos requisitos de validade
Garantias administrativas
O CPA fixa o regime geral (comum) e o regime específico (reclamação, recurso hierárquico e
recursos administrativos especiais)
(nº1 c).
A reclamação não suspende a eficácia do ato, exceto quando se trate de uma reclamação
necessária. Tratando-se de reclamação de atos ou omissões sujeitas a recurso administrativo
necessários ela suspende o prazo de impugnação judicial (artigo 190º CPA)
prejudicados pela sua procedência (artigo 192º CPA).