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Exigências da Geoestratégia
Seguem alguns elementos sobre as definições de geoestratégia e estratégia;
as tendências da estratégia; as consequências das caraterísticas e da posição
estratégia do Estado; as vulnerabilidades e as potencialidades dos Estados; e
os problemas inerentes às desigualdades dos Estados2.
1) As Definições de Geoestratégia e de Estratégia
a) A Definição de Geoestratégia
Sobre este assunto afirmo o seguinte:
“A Geoestratégia é a ciência que apresenta a relação entre os Fatores
Geográficos (analisados isoladamente) e os Fatores de Decisão Humana
(relacionados com a Estratégia e a Tática); existe uma relação profunda entre a
Geoestratégia e a Geopolítica; a Geoestratégia e a Geopolítica incidem sobre a
Geografia e analisam uma determinada área geográfica; esta área geográfica é
uma região possuidora de atributos geográficos que a caracterizam e a
diferenciam das outras áreas; a Geopolítica está incluída na Geoestratégia
quando se pretende que a Estratégia seja a Estratégia Total; na Geoestratégia
sobressai o fator “Projeção do Poder do Estado”, que concretiza a autêntica
capacidade do Estado para projetar internacionalmente algum dos seus tipos
de Poder numa determinada área geográfica; esta área geográfica deve ter
uma importância que justifique a utilização da força militar, num espaço que é
objeto de antagonismos profundos.
A. Tomé, insistiu afirmando que a Geoestratégia relaciona os fatores
geopolíticos com o fator militar e os problemas estratégicos com os fins
políticos; e que a diplomacia é o instrumento privilegiado para resolver os
problemas da política externa.
b) A Definição e os Objetivos da Estratégia
2) As Tendências da Geoestratégia
Atualmente os estudos sobre a geoestratégia mostram algumas tendências
(para a investigação e a análise) importantíssimas. Seguem alguns elementos
sobre este assunto.
A existência e a influência dos meios de informação e comunicação, geradores
de conhecimentos e comunicações em tempo real (esta realidade está
alicerçada na interdependência e no processo de globalização); o aumento do
fosso existente entre países ricos e países pobres (esta realidade -de entre
outras consequências possíveis- tem provocado a desintegração demográfica:
as migrações internacionais, etc.); e a multiplicação de inúmeros tipos de
armas e o acesso a elas (esta realidade –de entre outras consequências-
originou a proliferação descontrolada dos armamentos).
3) As Consequências das Características e da Posição Estratégica do
Estado
a) As Consequências das Características do Território”
Por isso, resumindo, os recursos principais do Estado, são a sua Idade, o seu
Meio Ambiente, os seus Recursos Naturais, a sua População, a sua Coesão
Social e Cultural, o seu Poder Económico, a sua Força Militar e a sua Estrutura
e Organização Coletiva. Apesar disso, também são importantes os níveis
civilizacional, tecnológico e científico; e a qualidade da sua intervenção
diplomática e estratégica, ao serviço do interesse nacional.
5) Os Problemas Inerentes às Desigualdades dos Estados
Não se esqueça que:
Os Estados são desiguais em relação ao seu poder, ao seu exercício da força,
e à sua capacidade de intervenção no ambiente internacional; a menor força
dos Estados, no cenário internacional, obriga-os ao exercício da diplomacia e
da estratégia; teoricamente, os Estados Pequenos são mais frágeis, devido às
suas inúmeras fraquezas e vulnerabilidades (particularmente nos assuntos
militares); os Estados Pequenos devem garantir que os seus interesses
nacionais sejam respeitados sem terem de utilizar a violência; os Estados
Pequenos devem fazer que os seus órgãos estaduais conheçam
convenientemente os dados estratégicos internacionais.
c. Exigências dos Tipos de Poder
Os poderes existentes são inúmeros. Apesar disto, estas páginas indicam
apenas alguns elementos sobre o poder funcional, o poder errático, o poder
económico, o poder tecnológico, o poder científico, o poder militar e o poder
marítimo.
1) O Poder Funcional
3) O Poder Económico
Seguem alguns elementos sobre a existência e a importância do poder
económico, a necessidade do desenvolvimento económico, o atraso e o
subdesenvolvimento de alguns países, a necessidade de repartir as riquezas, e
as relações entre o fator económico e o fator político.
a) A Existência e a Importância do Poder Económico”
“No âmbito das relações internacionais, o fator económico, ficou explicado nas
páginas precedentes, chegou a ser uma necessidade prioritária e uma arma
temível. O desenvolvimento económico passou a ser uma necessidade para as
sociedades e a posse da riqueza chegou a ser uma arma temível na
competição internacional.
Parece inegável que a posse e a utilização da riqueza constituem armas na
competição internacional! Essas armas servem para aumentar a riqueza
adquirida e são meios para fortalecer o poder militar e a influência política.
Frequentemente a ajuda (técnica ou financeira) até é um meio de pressão
política. Parece indiscutível que o poder económico e financeiro é um valor
importantíssimo para a competição internacional!
Mas, também não se pode esquecer, é ilusório pensar que todos os povos
podem desfrutar, simultânea e por tempo ilimitado, de taxas de crescimento
elevadas! E parece que a nova divisão internacional do trabalho (a
redistribuição dos rendimentos) exige que se repense a distribuição e o
exercício do poder político! Os problemas relativos ao lamentavelmente famoso
“conflito Norte-Sul” são complicados e as forças que procuram dominar o
“mundo (capitalistas, exportadores de petróleo, fundamentalistas, etc.) podem
aproveitar-se das tensões relacionadas com esses problemas. As ambições de
poder (económico e político) podem perturbar as necessidades de justiça. Por
isso, a redistribuição das riquezas perturba gravemente a segurança
internacional.
A. As Transformações na Diplomacia e na Estratégia Militar
O desenvolvimento científico-tecnológico forçou trans-formações remarcáveis
na diplomacia e na estratégia militar. De facto:
1. A diplomacia, devido ao desenvolvimento científico-tecnológico, evoluiu de
forma muito importante. O papel dos diplomatas (de ligação entre os
governantes de seu país e os governantes estrangeiros) diminuiu devido ao
aumento e ao aperfeiçoamento dos meios de comunicação. Estes meios
facilitaram os contatos diretos entre os governantes dos diferentes Estados.
B. A Necessidade da Cooperação Internacional
A cooperação internacional passou a ser uma necessidade premente. Os
problemas muito graves surgidos por causa do desenvolvimento científico-
tecnológico evidenciaram a necessidade de desenvolver a cooperação
internacional. Os efeitos negativos desse desenvolvimento exigem soluções
internacionais, elaboradas e postas em prática com a colaboração dos Estados
existentes. De facto, cada vez mais, parece evidente que a superação de
alguns problemas deve ser concretizada com o apoio de todos os países. A
proteção do ecossistema mundial, o tratamento de resíduos industriais, a
manutenção da camada de ozono, etc., não podem ser efectuados eficazmente
por um Estado isolado!
Algumas catástrofes industriais e nucleares enormes (Bhopal: 1984; Chernobil:
198629, etc.); inúmeras marés negras; etc., fizeram refletir sobre perigos
tecnológicos muito importantes, cuja prevenção e tratamento exigem a
colaboração de inúmeros Estados.
C. A Urgência de Transferir Tecnologias
5) O Poder Militar
Seguem algumas reflexões sobre o poder aéreo e aeroespacial; o armamento
dos países ricos e dos países pobres; a estratégia de dissuasão; e as
consequências da estratégia de dissuasão.
a) O Poder Aéreo e Aeroespacial
O poder militar manifesta-se sobretudo no Poder Aéreo, alargado ao Poder
Aeroespacial. Este poder inclui a aviação, apoiada em grandes porta aviões
nucleares de ataque. O poder aeroespacial inclui inúmeros recursos, meios e
instrumentos colocados ao serviço do Estado; e integra o poder aéreo e as
forças aéreas. É a esfera superior de todos os sistemas aeronáuticos e
astronáuticos, incluindo as infraestruturas e os meios da logística para apoiar
as plataformas aéreas (militares e civis) localizadas no espaço.
c) A Estratégia de Dissuasão
A estratégia de dissuasão é um processo que procura convencer um indivíduo
ou um grupo de indivíduos (agressor potencial) a renunciar à ação que está
inclinado a realizar ou que pode ser tentado a efetuar contra uma vítima
potencial.
A. A Corrida aos Armamentos
Até ao desmoronamento do bloco de leste, as duas superpotências (EUA e ex-
União Soviética) mostraram-se convencidas profundamente “de que as
transformações tecnológicas podiam possibilitar ao seu adversário ultrapassar
os perigos e os benefícios de suas armas; e de que as novas armas, por sua
vez, utilizando novas investigações e transformações, podiam também ser
superadas!
Além disso, as armas ligeiras eram (e são) muito mortíferas! Basta recordar o
acontecido no Ruanda para compreender e admitir esta verdade. Foram as
armas ligeiras, espingardas e granadas (distribuídas pelo Governo dominado
pelos hutus aos grupos paramilitares) que permitiram o genocídio de 1994.
Milhares de tutsis foram massacrados com facas, machados e armas
tradicionais; mas se não fossem as armas de fogo usadas para semear o
terror, a matança sistemática não teria sido realizada! Também se pode
lembrar o sucedido na Libéria. O líder rebelde Charles Taylor invadiu o país em
Dezembro de 1989, com apenas 100 homens armados com AK-47. Mas em
poucos meses esse líder apoderou-se de fontes de “recursos naturais,
conseguiu dinheiro para comprar mais armamento e (apesar de faltar o treino a
seus soldados) derrubou o governo de Samuel Doe e originou a guerra civil
prolongada durante sete anos.
6) O Poder Marítimo
O aproveitamento dos mares, como fator de poder alternativo aos poderes
continentais foi possível, afirmou Miguel Mattos Chaves, com o aparecimento
das técnicas de domínio da navegação e das técnicas de material de guerra.
No século XVII, continuou Mattos Chaves, dizia-se que quem dominasse o mar,
dominava o comércio mundial; quem dominasse o comércio mundial dominava
as riquezas do mundo; e quem dominasse as riquezas do mundo, dominaria o
próprio mundo.
Seguem algumas reflexões sobre os fatores de instabilidade internacional; a
utilização da força nas relações internacionais; a segurança internacional; a
eficácia dos mecanismos utilizados para conservar a segurança internacional e
obter o desenvolvimento dos povos; a globalização; a nova ordem e o novo
governo da sociedade internacional; e a liderança global dos E.U.A.
a. Os Fatores de Instabilidade Internacional
Este assunto atraiu as reflexões de inúmeros analistas. De facto, por exemplo,
Samuel Huntington afirmou que a sociedade internacional, após ter
desaparecido a chamada guerra-fria, deve ser analisada e interpretada,
atendendo ao paradigma explicativo no qual o conflito entre civilizações é e
será, cada vez mais, o fator estruturante das relações internacionais, que
condicionará, cada vez mais, a política dos Estados e dos grupos de
civilizações46.
Outros autores disseram que os novos conflitos internacionais, serão travados
no campo económico; outros, afirmaram que os assuntos ambientais, serão o
problema central da segurança internacional; e outros ainda, disseram que o
principal desafio à segurança internacional, será o aumento da população, que
originará migrações conflituosas e disputas pela sobrevivência, à volta de
recursos cada vez mais escassos.