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RESUMO – ARON

Democracias cultivam muitas vezes a ideologia pacifista, nem sempre sendo


pacíficas. Este recurso (democracia) envolve uma abordagem mais ampla e estratégica para a
resolução de conflitos que uma simples negociação.
A estratégia formula-se considerando capacidades e limitações do Estado e ameaças e
oportunidades do Sistema Internacional. É a arte de aplicar o poder de um Estado para
alcançar seus objetivos na Política Externa, podendo se apresentar pelas abordagens clássicas,
da escola de pensamento de sistemas e processos.
A diplomacia é a arte de negociar acordos e resolver conflitos entre Estados, podendo
ser coercitiva, de cooperação e construção de confiança. Deve trabalhar junto à estratégia para
que a Política Externa de um país seja eficaz. Deve ser usada para alcançar os objetivos da
estratégia.
A guerra define-se como ato de violência causada não pela hostilidade, mas por uma
intenção hostil, e cujo objetivo não se limita a desarmar o adversário, mas forçar o inimigo a
subjugar-se à vontade de seu oponente. Somente se ganha uma guerra quando o adversário se
submete ao opressor, mas só se perde uma guerra quando o derrotado se reconhece como tal.
Não é um fim em si mesma. A guerra não acaba quando se abaixam as armas; é um real
instrumento da política.
“A guerra é a continuação da Política por outros meios”, sendo duas atividades
interdependentes. Ela é uma forma extrema de política, e esta é uma forma de evitar a guerra.
Com isso, a Política Externa deve ser baseada em uma combinação de força e diplomacia.
Sempre existiu e sempre existirá em todos os cantos, seja com machados, canhões, bombas ou
flechas. Costuma-se dizer que “reina a paz” quando o intercâmbio entre as nações não se
manifesta por meio de formas militares de luta.
A guerra é inevitável nas Relações Internacionais, mas a paz é possível e desejável. A
primeira é uma forma extrema e violenta de política, que deve ser evitada sempre que
possível. Para o autor, as guerras podem ser justas, isto é, moralmente justificáveis, quando se
a usa para fins legítimos e para a proteção da liberdade, o que é irrelevante em um mundo
nuclearizado.
Diferente das guerras por antecipação, que ocorrem em resposta a uma crise iminente,
a guerra preventiva inicia-se no momento mais favorável, para evitar uma deterioração da
relação de forças ou para aproveitar circunstâncias favoráveis.
Os aliados podem ser ocasionais ou permanentes, onde o crescimento do primeiro
pode ser uma ameaça a longo prazo por um Estado, unindo-se apenas por hostilidade a um
inimigo em comum. Aliados, objetivos e inimigos por si só não bastam para definir uma
vitória.
A vitória não pode ser um objetivo exclusivo, pois nem sempre traz vantagens
políticas, não sendo necessariamente a melhor forma de alcançar esses objetivos (poder e
segurança). Contudo, ela acaba sendo o objetivo final em qualquer conflito armado.
O poder é a capacidade real de fazer, produzir, destruir ou influenciar e impor a
vontade própria a outras unidades políticas. Já á potência é a capacidade real de agir, de ser
eficaz ou ter influência, sendo atribuído apenas às unidades políticas, e podendo ser defensiva
ou ofensiva. Ou seja, é o conjunto de forças ou recursos realmente mobilizados para a conduta
da política externa. É o potencial dos recursos ou capacidade de mobilizá-los à vista da
rivalidade externa; a capacidade que têm os Estados de influir sobre os outros.
A potência pode ser dividida entre fatores políticos (posição geográfica, dimensões do
Estado, fronteiras...), psicológicos (adaptação, flexibilidade, perseverança...) e econômicos
(recursos minerais, indústria...).
O direito é frequentemente violado pelo uso do poder, mas também pode ser usado
para limitá-lo. Além disso, o poder pode ser usado para fins bons ou maus, mas a moralidade
deve ser levada em consideração ao se usar o poder.
Já o direito internacional reconhece apenas as unidades políticas como sujeitos de
direito. A militarização do espaço e a competição militar neste pode levar a uma escalada do
conflito e á corrida armamentista.
A força é um conjunto de meios de pressão ou de coação de que servem os Estados.
Recurso de que dispõem os atores para obter seus objetivos, através do poder, ou seja,
aplicação da força, que pode ser física, militar, econômica, além de potencial (conjunto de
recursos materiais, humanos e morais de que cada unidade teoricamente dispõe) ou real (parte
efetivamente utilizada para condução da Política Externa).
A glória é a busca por reconhecimento e prestígio, levando a riscos e agressões. Já a
ideia busca difundir valores e ideologias próprias, podendo levar a comportamentos
proselitistas e intervencionistas.
O sistema internacional é um conjunto de unidades políticas que interagem entre si
de acordo com regras e normas estabelecidas, cujas estruturas podem ser unipolares,
bipolares ou multipolares. Neste há a presença de várias unidades políticas com poder e
influência semelhantes, sendo menos propensos a conflitos e guerras, graças ao equilíbrio
entre as partes. Há tendencia há formação de alianças e coalizões que buscam o equilíbrio de
poder e evitar a dominação de um Estado. É mais estável, porém mais propenso a conflitos
regionais, mas com impacto internacional reduzido.
Nos sistemas bipolares, há apenas duas unidades políticas com poder e influência
semelhantes. Há tendencia ao alinhamento com um ou dois blocos de poder, com maior
chance de conflito entre os blocos. É mais instável e propenso a conflitos internacionais.
Já os sistemas unipolares caracterizam-se pela presença de uma unidade política única
com poder e influência dominantes. São os mais propensos a guerras, pois o ator dominante
tende a impor sua vontade ante os demais.
Num sistema heterogêneo, o reconhecimento é um meio de ação diplomática ou
militar, que visa a reforçar moralmente as organizações improvisadas ou revolucionárias.
Nas políticas de poder, os Estados não admitem árbitros, tribunais ou leis superiores à
sua vontade, devendo sua existência a si e seus aliados. O funcionamento de um sistema
esquemático se dá por seis meios:
1. Aumento das capacidades;
2. Dever lutar para não deixar de aumentar sua capacidade;
3. Dever abandonar a luta para não eliminar um ator principal nacional;
4. Dever agir de modo a se opor a qualquer coalizão que tente assumir posição de
predominância com relação ao resto do sistema;
5. Dever obrigar os atores que aceitem um princípio supranacional de
organização;
6. Dever permitir aos atores nacionais que participem do sistema como sócios.
Os sistemas de equilíbrio podem limitar as guerras, mas nunca as cessar. Com isso, há
atores que lideram coalizões; são obrigados a tomar partido e os que podem e querem
permanecer foram de conflitos internacionais.
A paz não é a ausência de guerra, mas um Estado positivo de relações internacionais
baseado na cooperação, na negociação e no respeito mútuo. Estes mecanismos, somados à
diplomacia, podem resolver conflitos de forma pacífica.
Até os dias atuais, a ordem internacional tem sido territorial, com acordos entre
soberanias e compartilhamento de espaço. Com a tecnologia espacial, este se tornou um novo
domínio para a competição internacional. O autor vê a cooperação internacional no espaço
como mecanismo fundamental contra a proliferação de armas, promovendo a exploração
pacífica do espaço.
O número é uma questão fundamental nas Relações Internacionais, pois está
relacionado ao poder e à influência dos Estados. Contudo, este não é um fator que determina
uma vitória automática em embates, visto que a qualidade relativa de homens também é um
fator fundamental e às vezes muito mais determinante que o número.
Basicamente, o crescimento demográfico equilibrado é uma das maiores armas que um
Estado tem em tempos de guerra. Em outras palavras, quantidade e qualidade são dois pontos
fundamentais na mobilização de recursos e reprodução do poder, potência e influência. As
nações estão empenhadas em uma competição permanente e algumas delas precisam crescer
rapidamente para não perder sua posição relativa.
Os recursos têm uma tendencia maior a atrair embates e conflitos que o espaço e a
população. Além disso, permitem que os Estados mobilizem recursos para a guerra e à
manutenção de poder. Estados que dependem de recursos estrangeiros estão em desvantagem
em relação àqueles que possuem recursos próprios.
Marcando o início do terceiro bloco, o autor traz que a natureza humana é a mesma em
todos os tempos e espaços, sendo a história determinada por essa natureza. Com isso, a nação
é um tipo histórico de construção política e social, cuja importância nas Relações
Internacionais é uma questão de debate, podendo ser fonte de coesão e identidade ou conflito
e exclusão. Além disso, os regimes políticos afetam a política externa dos Estados, tendo uma
tendencia a haver regimes democráticos mais pacíficos e cooperativos, mas que isso nem
sempre é respeitado.
Organizações militares afetam a capacidade dos Estados projetarem poder e influência
no cenário internacional. Suas diferenças (tamanho, estrutura e capacidade) afetam a forma
como os Estados se relacionam uns com os outros.
A história é fundamental para entender as Relações Internacionais, pois fornece uma
compreensão mais profunda dos eventos e processos que moldaram o mundo atual. É uma
linearidade contínua, e não uma série de eventos isolados. Uma análise das RI requer uma
abordagem interdisciplinar que combine teoria com história. Até a busca por uma ordem
histórica é um processo contínuo que rege tal abordagem.
Não há nação de primeira ordem que seja constantemente pacífica ou sempre belicosa.
A natureza pacífica ou belicosa do homem sempre foi questão comum entre os
filósofos que recorriam à natureza para fundamentar ou explicar os fenômenos sociais. Para
muitos, a guerra não é inevitável, e que uma ordem internacional baseada na cooperação e na
resolução pacífica de conflitos é sim possível.
O autor entende que em 1945, o sistema internacional heterogêneo passou a abranger
toda a humanidade e todos os continentes, a partir da polarização definitiva entre os blocos.
Esta divergência é que causou os conflitos e as desavenças do mundo. Ainda nesta linha, a
interdependência é uma fonte de estabilidade no sistema internacional e que a busca por uma
ordem mundial deve levar em conta tal recurso.
A dissuasão é essencial para evitar a guerra, dada a necessidade dos Estados em se
armar para enfrentar as ameaças à sua segurança, onde estes precisam ter capacidade de
retaliar em caso de ataque. Já a dissuasão nuclear é baseada na ameaça de retaliação, ou seja,
na ideia de que um ataque nuclear seria respondido com outro ainda mais devastador, ainda
que esta não seja capaz de impedir conflitos de menor intensidade, como guerras
convencionais ou conflitos regionais. Contudo, pode levar a uma escalada de armas, na
medida em que cada lado busca desenvolver armas mais avançadas para garantir sua
capacidade de dissuasão. Esta é uma estratégia arriscada e que a única maneira de garantir a
paz duradoura é através da construção de uma ordem internacional baseada na cooperação e
na resolução pacífica de conflitos.
O sistema internacional bipolarizado pela Guerra Fira era caracterizado pelo duopólio
termonuclear e pela extensão mundial do sistema diplomático. A diplomacia no interior era
marcada por uma tensão constante entre a lealdade ao bloco e a busca por interesses
nacionais. Assim também, os aliados de cada bloco possuíam uma margem limitada de
manobra para buscar seus próprios interesses, marcada por uma tensão constante entre a
lealdade ao bloco e a busca por interesses nacionais.
A diplomacia entre os blocos durante os momentos mais quentes da Guerra Fira foi
marcada por tensões constantes, com cada lado buscando expandir sua influência e limitar a
do outro. Sempre foi um jogo empatado, onde cada superpotência buscava manter o status
quo e evitar uma guerra direta.
A busca por uma ordem internacional mais estável e pacífica exigia a construção de
pontes entre os blocos e a busca por soluções negociadas para os conflitos internacionais.
Com a onda de descolonizações na África e Ásia até o colapso do socialismo, o mundo esteve
dividido entre os blocos ocidental e socialista e os não-alinhados. A diplomacia entre estes
dois blocos era marcada por uma tensão constante entre a persuasão e a subversão. A primeira
era uma forma de influenciar os países não-alinhados a se juntarem a um dos blocos, enquanto
o segundo mecanismo era uma forma de minar a influência do outro bloco nestes países ainda
não-alinhados.
O autor entende que os Estados Unidos e a União Soviética são nações inimigas,
porém irmãs. Se uma não existisse, a outra reinaria sozinha, visto que pertencem à “mesma
zona de civilização”. Além disso, a rivalidade entre as superpotências sempre apresentou
traços originais que se são nos seguintes pontos:

 Avaliar o mundo com base em ideologias opostas e que busquem expandir sua
influência global, e;
 Manter uma consideração mais ambígua que seus observadores, que os
reputam como inimigos, apesar de seu parentesco, opinião que não e
compartilhada pelos próprios grandes.
A praxeologia é o estudo da conduta humana que tem como objetivo entender as
causas e as consequências das ações do indivíduo, de forma a poder controlar ou induzir
comportamentos que beneficiem a sociedade como um todo. “De que vale o testemunho dos
cidadãos que depositam uma cédula na urna, comparado com o dos soldados que vertem seu
sangue?” Qual é a conduta moral em um mundo onde não há lei e onde a sombra da guerra
paira sobre as decisões dos estadistas?
A moralidade não pode ser ignorada, mas a realidade política também não pode ser
negada. Isto constitui a dualidade entre idealistas e realistas. A diplomacia é uma forma de
aplicar a moralidade na política internacional, e que os estadistas e cidadãos precisam estar
dispostos a ouvir e a compreender os pontos de vista de outros países.
As previsões de Lord Russell discutiam que a vida humana desapareceria do planeta,
quer por uma diminuição drástica da população ou sua submissão ao monopólio de um
governo único. Daí que entram a convicção e a responsabilidade, dois princípios
fundamentais à realidade de estadistas e cidadãos para construir uma ordem internacional
justa e pacífica.
A rivalidade entre os dois blocos da Guerra Fria manteve-se de forma irreconciliável
sendo necessário esboçar uma estratégia que oferecesse as melhores possibilidades de atingir
os objetivos propostos pelo Ocidente: evitar a guerra total e sobreviver.
A desarmamentização é um objetivo desejável, mas que é difícil de alcançar na prática,
dada a importância da verificação e da transparência na política de desarmamento, e a
necessidade estatal de disposição a abrir mão de suas armas em troca de garantias de
segurança.
Segundo o autor, os Estados precisam se armar para enfrentar as ameaças à segurança,
mas que a diplomacia e a cooperação internacional são essenciais para evitar a guerra.
O objetivo do Ocidente não é apenas evitar a guerra, mas também vencer e não ser
vencido. Com isso, a solidariedade internacional é essencial para a construção de uma ordem
internacional justa e pacífica. Os Estados precisam se unir para enfrentar os desafios globais,
além de estar dispostos a resistir e a lutar por seus valores e interesses.
A política internacional sempre foi uma política de poder, exceto à vista daqueles que
confundem sonhos e fantasias com a realidade, no próprio campo das RI. Para o autor, os
juristas deploram a necessidade de ignorar ou legalizar a guerra e os moralistas impressionam-
se com o fato de uma conduta que, mesmo em tempos de paz, torna como referência a
eventualidade da guerra.
O autor encerra a obra argumentando que a solução para as crises do sistema
bipolarizado deveria ser um império universal. Existe a importância de unificar zonas de
civilização para pôr fim a conflitos entre soberanias rivais com o intuito de englobar a
humanidade.

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