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Autonomia pela contradição: as políticas externa e nuclear de Vargas e JK

Diego Santos Vieira de Jesus

Energia nuclear (operação técnica)

Diego é doutor em Relações Internacionais pelo Instituto de Relações Internacionais da


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IRI / PUC-Rio). Atualmente, é docente e
pesquisador do Programa de Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa
(MPGEC) e professor dos cursos de Graduação em Comunicação Social – Publicidade e
Propaganda e em Administração de Empresas da Escola Superior de Propaganda e Marketing
do Rio de Janeiro.

Ele traz como objetivo no estudo de caso, explicar as contradições da política nuclear do
Brasil e as posições do país na segunda administração Vargas e no governo JK. É perceptível
o jogo de barganha entre as alas autonomistas do governo, tangentes aos setores de pesquisa e
membros do ITAMARATY.

O que será discutido aqui é toda a questão de Vargas e JK investirem em instituições para
maior centralização no desenvolvimento de uma política nacional autônoma de energia
nuclear, mas preservando canais de cooperação com os EUA nessa área para garantir aportes
de capital e apoio político.

Além do jogo de barganha, fica evidente toda a contradição que o Brasil estava submetido. A
criação e/ou desenvolvimento de instituições que visavam à conquista de maior autonomia no
setor nuclear, mas simultaneamente a assinatura ou a preservação de acordos com os EUA
que mantinham as assimetrias na relação com a grande potência e tolhiam a autonomia e o
desenvolvimento brasileiros quanto aos assuntos de política nuclear.

O marco teórico de referência desta pesquisa é o modelo da política burocrática


desenvolvido por Graham Allison, cientista político americano (1969; 1971), que explica o
comportamento do Estado pelo jogo de negociação, por meio de circuitos regularizados,
entre indivíduos situados na política burocrática.

O Estado não é entendido como um ator unitário ou uma soma de organizações, mas como
uma diversidade de indivíduos que se concentram não somente numa única questão
estratégica, mas nos múltiplos assuntos e nos diversos problemas intranacionais e
internacionais.

Desse modo, as ações do Estado são explicadas em termos de negociação entre jogadores
com poder distinto sobre questões particulares e com objetivos separáveis em subjogos
diversos.
Ele aponta que o PODER É entendido por Allison em uma combinação de três elementos: as
vantagens de barganha, a habilidade e a vontade de usá-las e as visões que outros jogadores
têm sobre esses elementos.

Na arena doméstica são considerados três tipos de atores: Líderes (presidentes e seus
ministros), as nomeações políticas dos líderes e os jogadores ad roc (membros do legislativo),
mais abrangentes.

Em relação às percepções metodológicas é aplicado o método qualitativo, pois ele busca lidar
especificamente com a particularidade e os aspectos bem-definidos do evento selecionado
para investigação. Para a análise interna dos casos ele utiliza o process tracing que verificar
se o caminho entre a causa hipotética e o efeito observado comportou-se como previsto pela
teoria. Em relação às fontes bibliográficas ele se prende, em certa medida, na construção de
autores específicos como Souza, Vizentini, Santos. É um texto simples, mas com uma dose de
densidade.

Considerações Finais:

O JK buscou a criação de instituições para a elaboração de uma política nacional mais


autônoma de energia nuclear a fim de atender às pressões autonomistas, mas
preservaram canais de cooperação com os EUA nessa área a fim de garantir verbas para
o desenvolvimento socioeconômico e apoio político, atendendo aos interesses de grande
parte dos membros do Itamaraty e setores menos nacionalistas, mesmo que em prejuízo da
autonomia para a implementação da política nuclear nacional.

O comportamento brasileiro – muitas vezes, contraditório – não resulta da escolha política de


um ator monolítico, mas é um resultado de jogos de barganha simultâneos.

Logo após JK, Goulart tentou defender a soberania nacional e buscar mais autonomia, mas
seu governo foi interrompido com o golpe militar de 1964, e seus planos mais ambiciosos na
esfera nuclear não foram implementados.

Só recapitulando: O segundo governo Vargas foi caracterizado pela coexistência entre o


nacionalismo econômico e o alinhamento externo para a manutenção das fontes de
investimento e equipamentos para a meta de desenvolvimento industrial. O de JK buscou
novas formas de atuação no nível externo, mas não em prejuízo de vínculos mais tradicionais
de inserção internacional do Brasil.

O país mostrou-se incapaz de definir diretrizes claras diante de novos dilemas externos, em
particular pela busca de JK pela conciliação no lugar de superação das contradições
brasileiras.
“Desenvolvimento associado” capital privado estrangeiro, governo liberal. Distinto de
Vargas por abrir a possibilidade de outros investimentos. JK deu ênfase à indústria de
bens de consumo, diferente de Vargas que era de base.

Aula do Comiran

É a partir de JK que se observa o multilateralismo. Ele marca, de certo modo, o DNA da


política externa brasileira.

Mudança no relacionamento com as demais nações cada vez mais pragmáticas e ampliadas.
Era necessário ampliar a capacidade de investimento no Brasil. Acessar maior tecnologia.

Grupos do governo que são nacionalistas e que vão de encontro com a ideia da influência dos
EUA.

Comissão econômica para América Latina. (CEPAL): Anos 1950 refletindo o problema
latinoamericano.

Política externa vista como ferramenta para a solução dos problemas.

“Desenvolvimento associado” capital privado estrangeiro, governo liberal. Distinto de


Vargas por abrir a possibilidade de outros investimentos.

JK como um grande líder na OEA.

Operação Pan-americana: proposta de cooperação internacional hemisférica.

Operação Pan-americana (OPA) é um movimento que o Brasil se coloca como protagonista


em dizer para os EUA que as situações não estavam corretas.

O foco da PE dos EUA a partir dos anos 1950 é a segurança.

Plano marshall para a América Latina (aliança para o progresso) 1961. É quando se vê na
américa latina uma ascensão dos governos de esquerda.

O segundo governo Vargas foi caracterizado pela coexistência entre o nacionalismo


econômico e o alinhamento externo para a manutenção das fontes de investimento e
equipamentos para a meta de desenvolvimento industrial. O de JK buscou novas formas de
atuação no nível externo, mas não em prejuízo de vínculos mais tradicionais de inserção
internacional do Brasil. Ele buscou a criação de instituições para a elaboração de uma
política nacional mais autônoma de energia nuclear a fim de atender às pressões
autonomistas, mas preservaram canais de cooperação com os EUA nessa área a fim de
garantir verbas para o desenvolvimento socioeconômico e apoio político, atendendo aos
interesses de grande parte dos membros do Itamaraty e setores menos nacionalistas, mesmo
que em prejuízo da autonomia para a implementação da política nuclear nacional.

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