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Teoria do Conhecimento

Piaget não propôs um método de ensino, ele apenas elaborou uma teoria do conhecimento e
desenvolveu muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e
pedagogos. Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpretações que se
concretizam em propostas didáticas diversas, cujas implicações para a aprendizagem ditam
que:

• Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do


aluno.
• Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumento que
servem ao desenvolvimento evolutivo natural
• A primazia de um método deve levar o aluno ao descobrimento.
• A aprendizagem é um processo construído internamento
• A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito
• A aprendizagem é um processo de reorganização cognitivo
• Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem
• A interação social favorece a aprendizagem
• As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiaram a
colaboração, a cooperação e o intercâmbio de pontos de vista, na busca conjunta do
conhecimento

Concepção construtivista da formação da inteligência

Segundo Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou


mentais sobre objetos que ao provocarem desequilíbrios, resultam em assimilação ou
acomodação, que por sua vez, geram a construção de esquemas ou conhecimento. Dessa
foram, sempre que o equilíbrio é rompido, o indivíduo age sobre o que o afetou, para se
adaptar e se organizar, visando o reequilíbrio. No caso de uma criança, quando ela não
consegue assimilar o estímulo, há uma tentativa de acomodação e após, uma assimilação,
que restabelece o equilíbrio. Observe essas definições:

ESQUEMA - Analogicamente, pode-se comparar o esquema ás fichas de um arquivo de


dados implantados na cabeça do ser humano já que ele possue as estaturas mentais
cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente organizam o meio. Considerando que
essas estruturas se modificam com o desenvolvimento mental , elas também se tornam mais
refinadas na medida em que a criança se torna mais apta, para generalizar os estímulos,
através dos processos de mudanças que envolvem a assimilação e acomodação.

ASSIMILAÇÃO – É o processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambientem,


classifica novos eventos e incorpora elementos do meio (objeto acontecimento ...) em
esquemas ou estruturas que já possua.

ACOMODAÇÃO – É a modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das


particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodação pode ocorrer de duas formas:
pela criação de um novo esquema, no qual , se torna possível se encaixar o novo estimulo;
ou, pela modificação de um esquema já existente para que o estímulo possa ser encaixado
nele. Como a acomodação não é determinada pelo objeto, mas pela atividade do sujeito,
que tenta assimilado , o balanço entre a assimilação e a acomodação é chamado de
adaptação, no caso de uma criança após a acomodação, ela tenta novamente encaixar o
estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação e equilibração.

EQUIIBRAÇÃO – Considerando que o desequilíbrio ocorre quando se espera que uma


situação se desenvolva de determinada maneira e isso não acontece, o equilíbrio surge
durante o processo da passagem de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior
equilíbrio

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO

Sensório-motor (de 0 a 2 anos)


Neste estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir
esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio (LOPES, 1996). Também é marcado
pela construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo (MACEDO,
1991). Segundo LOPES, as noções de espaço e tempo são construídas pela ação,
configurando assim, uma inteligência essencialmente prática. Conforme MACEDO (1991,
p. 124) é assim que os esquemas vão "pouco a pouco, diferenciando-se e integrando-se, no
mesmo tempo em que o sujeito vai se separando dos objetos podendo, por isso mesmo,
interagir com eles de forma mais complexa." Nitzke et alli (1997b) diz-se que o contato
com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.
Exemplos: O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o
que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e
levá-lo a boca.

Pré-operatório (de 2 a 7 anos)


É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou acontecimento
por uma representação (PIAGET e INHELDER, 1982), e esta substituição é possível,
conforme PIAGET, graças à função simbólica. Assim este estágio é também muito
conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.
Contudo, MACEDO (1991) lembra que a atividade sensório-motor não está esquecida ou
abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois verifica-se que ocorre uma crescente
melhoria na sua aprendizagem, permitindo que a mesma explore melhor o ambiente,
fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções intuitivas. A criança
deste estágio:
• É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar
do outro. • Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por
quês"). • Já pode agir por simulação, "como se". • Possui percepção global sem discriminar
detalhes. • Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a
forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas
são diferentes. Não relaciona as situações.
Operatório-concreto (de 7 a 11 anos)
Conforme Nitzke et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo,
espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então capaz de relacionar diferentes
aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação
imediata, depende do mundo concreto para abstrair. Um importante conceito desta fase é o
desenvolvimento da reversibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma ação no
sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada.
Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a
criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a
criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.

Operatório-formal (de 12 anos em adiante)


Segundo WADSWORTH (1996) é neste momento que as estruturas cognitivas da criança
alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A representação agora permite à
criança uma abstração total, não se limitando mais à representação imediata e nem às
relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular
hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da realidade.
Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de
desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de
problemas.
Exemplos: Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha
enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de
uma galinha comendo grãos.

Interacionismo, construtivismo seqüencial e fatores que interferem no


desenvolvimento

Piaget concebeu a criança com ser dinâmico que a todo momento, interage com a
realidade , operando ativamente com objetos e pessoas .Com essa interação , ela constrói
estruturas mentais a adquire maneiras de fazê-las funcionar , por meio de dois processos
simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio ,funções exercidas pelo
organismo ao longo da vida .A adaptação definida por ele como próprio desenvolvimento
da inteligência , ocorre pela assimilação e acomodação .Nesse processo os esquemas de
assimilação vão se modificando ,configurando os estágios de desenvolvimento ,que a
influenciam por fatores como a maturação(crescimento biológico dos órgãos), exercitação (
funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos ) ,aprendizagem
social (aquisição de valores ,linguagem, costumes e padrões culturais e sociais ) e
equilibração ( processo de auto-regulação interna do organismo ,que constitui na busca
sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido).

Com base nesses pressupostos, considerando que a educação deve possibilitar um


desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório – motor até operatório
abstrato, a escola deve partir dos esquemas de assimilação da criança ,propondo atividades
desafiadoras que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas ,promovendo a
descoberta e a construção do conhecimento .Para construir esse conhecimento ,as
concepções infantis combinam-se ás informações advindas do meio ,na medida em que o
conhecimento não é concebido apenas como uma descoberta espontaneamente nem
transmitido de forma mecânica pelo meio exterior ou pelos adultos ,mas como resultado de
uma interação ,na qual , o sujeito é sempre um elemento ativo , que procura compreender o
mundo que o cerca para resolver as interrogações que ele provoca.

Por definição ,o elemento ativo de Piaget é aquele que compara , exclui, ordena,categoriza,
classifica, reformula, comprova e formula hipóteses, em ação interiorizada ( pensamento)
ou em efetiva (segundo seu grau de desenvolvimento ).Como os principais objetivos da
educação é a formação de homens “criativos ,inventivos e descobridores , que buscam
constantemente a construção da autonomia ,aqueles que realizam materialmente ,seguindo
um modelo ou copiando ,não são habitualmente sujeitos intelectualmente ativos .

Um conceito essencial da epistemologia genética é o egocentrismo, que explica o caráter


mágico e pré-lógico do raciocínio infantil. A maturação do pensamento rumo ao domínio
da lógica consiste num abandono gradual do egocentrismo. Com isso se adquire a noção de
responsabilidade individual, indispensável para a autonomia moral da criança.

Segundo Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o


estágio sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, as crianças adquirem a
capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou
vantajosas. É um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de
si mesmo e dos objetos a sua volta.

O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da


capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A
criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de
outra pessoa.

O estágio das operações concretas, dos 7 aos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição da
noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a
habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode
dominar conceitos de tempo e número.

Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada
na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento
lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras
coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.

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