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Estudo da Atividade de Complexos de Cobre com Ligantes Peptídicos


na Oxidação de Proteínas
Forte, G.O.; Cerchiaro, G.

Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC, Laboratório de Bioquímica

Espécies reativas de oxigênio têm um papel importante na oxidação de proteínas dentro das células. Existem especulações de que estas
espécies chamadas de EROs (espécies reativas de oxigênio) causam danos oxidativo em proteínas , principalmente os radicais hidroxila
e superoxido, onde, o cobre, que é um metal de transição presente no organismo humano, é fundamental para catalisar a formação
destas espécies.

Palavras Chave - 1. Bioquímica, 2. Complexos de cobre, I. Universidade Federal do ABC. Centro de Ciências Naturais e Humana. , II.
Estudo da Atividade de Complexos de Cobre com Ligantes Peptídicos na Oxidação de Proteínas

molecular em condições fisiológicas, catalisada por íons de


I. INTRODUÇÃO metais de transição [13, 14], gerando intermediários oxidantes.
1) O cobre e sua participação nos danos redox Há evidencias claras da participação de íons de Cu2+ neste

O cobre é um dos mais abundantes metais de transição


em seres humanos, junto com o ferro e o zinco, é um
processo de glicoxidação de proteínas in vitro [15], como o
fato do aumento da taxa de oxidação dos açucares na presença
do metal, e o conseqüente aumento da oxidação de proteínas.
elemento que em meio biológico suas principais características
química são os dois estados de oxidação relevantes +1 e +2 Este projeto de pesquisa está focado em verificar o
[1]. Como metal de transição que contêm elétrons potencial de oxidação do cobre complexado com peptídeos de
desaparelhados, o cobre tem a tendência de iniciar reações baixa massa molecular (G3- Triglicina, G4- Tetraglicina,
radicalares [2-5]. GGH- Glicina, Glicina, Histidina), na oxidação de proteínas
O cobre é um metal fundamental para processos como a albumina, na ausência e na presença de
monosacarídeos, o que estimularia a glicoxidação.
bioquímicos em seres vivos. Porém, se não estiver em
concentração ideal no organismo, pode causar danos.
Alterações na homeostase deste metal pode aumentar o
estresse oxidativo, diminuindo a atividade da SOD1
II. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
(superoxido dismutase) e do citocromo c oxidase causando
aumento de produção de EROs mitocondrial [6, 7]. Os dois 1) Analise de formação de EROs por Cobre complexado
estados redox do cobre representam um excelente catalisador com peptídeos
do ciclo redox na presença de oxigênio [8] gerando Foram realizados ensaios de amostras separadas de G3, G4,
parcialmente as EROs que podem agir como oxidantes de e GGH da Sigma, complexados com Cu2+ (solução de sulfato
resíduos de aminoácidos [9]. de cobre), da Fluka, 12,5 μM; bicarbonato de sódio (25mM) -
preparado a partir de NaHCO3 da USB-, peróxido de
2) Química dos danos nas proteínas [10, 11] hidrogênio (3mM) -preparado a partir de solução de 9,5M da
O ataque de radicais hidroxila (OH•) em proteínas pode gerar Merck-, tampão fosfato (pH=7,4; 25mM) preparado com
uma multiplicidade de produtos finais, como uma grande Na2HPO4 e NaH2PO4 da USB e sonda DHR em concentração
variedade de proteínas carboniladas. Radicais alcoolxil de 80 μM da Sigma para identificar formação de espécies
posteriormente formados podem causar β-fragmentação da reativas de oxigênio.
cadeia carbônica, liberando grupos carbonílas das proteínas. As analises foram realizada no Espectrômetro UV-1800 da
Peróxidos podem se formar sobre a cadeia principal dos Shimadzu utilizando a sonda DHR (dihidrorodamina 123),
peptídeos, e nas cadeias-laterais de resíduos de aminoácidos. composto que serve para detectar alguns RS (OH• e espécies
Uma vez que muitas proteínas vinculam íons metálicos, derivadas da peroxidase) a qual é altamente fluorescente
(principalmente ferro e cobre), subseqüentemente à exposição (emite em 500 nm) quando oxidada por estas espécies [16].
de RO• e RO2• ao H2O2 gera OH•, que danifica seletivamente
os resíduos de aminoácido no local da ligação. 2) Eletroforese e Western Bloting, Analise
imunoquímica de oxidação de aminoácidos da BSA em
3) O cobre e a glicoxidação de proteínas solução de D-Glucose + GGHCu2+ / G4Cu2+.
Sabe-se que na presença de íons cobre os monossacarídeos Os ensaios foram preparados com as seguintes
agem como pró - oxidantes potentes através das espécies concentrações: BSA (100μM), Peptídeos (G4 ou GGH; 125
reativas de oxigênio [12]. A glicose, como outros α- μM), Cu2+(100 μM), D-Glucose (25 mM), HCO3- (25 mM),
hidroxialdeídos, pode se enolizar e reduzir o oxigênio H2O2 (10 mM) em tampão fosfato, encubados por 6 h em
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banho à 37ºC. Os géis utilizados na eletroforese foram de 12% EROs para a oxidação da proteína, se contrapondo aos
acrilamida/bisacrilamida. A derivatização das amostras e a resultados obtidos no estudo da formação de EROs através da
detecção de proteínas carboniladas foram feitas segundo oxidação da sonda DHR, o que leva a acreditar que co o
procedimentos do kit “OxyBlot Protein Oxidation Detection excesso de formação de EROs pelo complexo G4Cu2+, acaba
Kit (Chemicon)”. por inativar o mesmo, assim causando menor dano na
proteína.

III. RESULTADOS E DISCUSSÃO BSA BSA- 1 1- 2 2- 3 3- 4 4-

A. Analise de formação de EROs por Cobre complexado


com peptídeos
Como já é sabido, o cobre pode gerar EROs em presença de
peróxido de hidrogênio devido ao seu potencial de redução e
essas EROs são fortes oxidantes protéicos [9, 10].
De acordo com a analise dos dados obtidos no espectrômetro,
foi possível constatar que em curto período de tempo, o cobre
complexado com GGH produz menor quantidade de EROs,
enquanto o cobre complexado com G4 produziu maior
quantidade de EROs dentre as demais amostras, removendo os
valores anômalos (gráfico), assim, foi possível focar nos Figura I: ensaio de carbonilação de BSA as analises com
pontos extremos das amostras, para a analise imunoquímica. índices “-“ são controle negativo de anti-Dinitrofenilhidrazona
para cada amostra para comprovar funcionamento da
derivatização com dinitrofenilhidrazina, analise corrida em gel
12% SDS-Page com corrente de 25 A e voltagem livre, onde:
BSA (100 μM)em tampão Pi (pH=7,4 e 25 mM) (controle),

1: BSA (100 μM) em tampão Pi (pH=7,4 e 25 mM) com HCO3-


(25 mM) e H2O2 (10 mM) tratada com glicose (25 mM) e
GGH (125 μM), Cu2+ (100 μM);
1 - : controle negativo, com inativador da derivatização.

2: BSA (100 μM) em tampão Pi (pH=7,4 e 25mM) com HCO3-


(25 mM) e H2O2 (10 mM) tratada com GGH (125 μM), Cu2+
(100 μM)
2 - : controle negativo, com inativador da derivatização.
Gráfico 1: Media e Desvio no gráfico: [Rodamina] x
Amostras(todos os ensaios continham em sua composição: 3: BSA (100 μM) em tampão Pi (pH=7,4 e 25mM) com HCO3-
peptídeos(G3, G4, GGH) (12,5 μM), Cu2+(10 μM), HCO3- (25 (25 mM) e H2O2 (10 mM) tratada com glicose (25 mM) e G4
mM), H2O2 (3mM), DHR (80 μM), a amostra de CuSO4 não (125 μM), Cu2+ (100 μM);
possui os peptídeos e o controle não tem os peptídeos e o 3 - : controle negativo, com inativador da derivatização.
Cu2+, todas as soluções estavam em tampão fosfato (pH=7,4 e
25 mM),para cinética em 15 minutos , em espectrômetro 4- BSA (100 μM) em tampão Pi (pH=7,4 e 25 mM) com HCO3-
configurado para λ=500 nm. (25 mM) e H2O2 (10 mM) tratada com G4 (125 μM), Cu2+ (100
Dados estatísticos :ANOVA **α=0,001 com p < α; e #α=0,05 μM);
com p < α 4 - : controle negativo, com inativador da derivatização.
obs.: o peroxido e a sonda sempre são adicionados por ultimo.

B. Eletroforese e Western Bloting, Analise


imunoquímica de oxidação de aminoácidos da BSA em
solução de D-Glucose + GGHCu2+ / G4Cu2+. IV. CONCLUSÃO
Na Analise imunoquimica da BSA em meio patológico de Com estes ensaios foi possível constatar a funcionalidade
peróxido de hidrogênio D-Glucose com GGHCu2+/G4Cu2+, o dos complexos em questão para gerar EROs e assim oxidar
complexo GGHCu2+ mostrou-se mais eficiente na formação de proteínas, e a partir desses dados será possível fazer testes em
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extrato celular para verificar seu efeito em células.

REFERENCIAS
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