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1- O projeto de pesquisa: funções e estrutura fundamental.

1.1- Por que escrever um Projeto de Pesquisa?

 Projeto de pesquisa como uma “viagem do conhecimento”, na qual o estudante se deve


trilhar seu próprio caminho, escolhendo deliberadamente um “lugar”, formar seus
materiais ou ferramentas e o uso que dará aos mesmos.

 Tal qual uma viagem no mundo real, o Projeto de pesquisa demanda um roteiro de
planejamento, visto que esse roteiro vai dar o estudante os meios pelos quais ele vai
construir sua episteme ou conhecimento, ao passo que essa construção é o papel do
Projeto de Pesquisa Científica.

 O Projeto de Pesquisa deve ser flexível, ou seja, passível de mudanças e alterações ao


longo de sua elaboração, visto que o conhecimento é uma inteiração entre o estudante
e seu objeto, as modificações podem ocorrer, pois a inteiração ocorre e transforma não
apenas o tema, mas o seu pesquisador idem. Assim, conforme o pesquisador precisa
alterar suas hipóteses, estudar novas fontes, ou enfrentar os estorvos intrínsecos na
pesquisa, o mesmo vai ter que conviver com a mudança, abandono de roteiros,
retardamento ou avanço das etapas, abandono de um instrumento de pesquisa de para
privilegiar outro, e repensar suas teorias usadas na orientação de seu pensamento. Neste
sentido, todo Projeto é temporário, inacabado e passível a mudanças. Por causa disso,
o pesquisador novato talvez veja a fase do Projeto como desperdício, e ache melhor seguir
com a monografia, e o mesmo ocorrendo com o aluno mestrando.

 O Projeto de Pesquisa visa a ser financiado pelas agências de fomento, empresas


privadas ou instituições dentro ou fora do território nacional, e o Projeto de Pesquisa
aparece como uma demanda necessária, e caso o estudante não cumpra com essa demanda
de maneira competente, isso pode resultar na perda de oportunidades profissionais
pertinentes.

 Longe de ser uma demanda formal e burocrática, ou um meio de seleção ou avaliação de


pesquisadores por parte da Universidade, o Projeto é uma necessidade de pesquisa, e
sem ele, o estudante faria uma viagem solitária e seus recursos vão findar em pouco
tempo por falta de planejamento. Com a ausência de um projeto, o pesquisador
avançado reconhece a inexistência de um “caminho”, já que esse caminho é concebido
com os materiais dele mesmo, e, assim, o Projeto é um agilizador da pesquisa, um
direcionador, e uma estratégia para conceber os recursos e técnicas precisos para se
chegar aos objetivos pretendidos.

 As funções do projeto aparecem da seguinte forma: uma “carta de intenção”, dentro da


qual o pesquisador apresenta sua investigação para alguma universidade, “item
curricular”, presente nas pós-graduações, “direcionador da pesquisa”, este ligado ao
pesquisador que não quer fazer um Projeto, correndo o risco de ficar perdido na sua
viagem epistemológica, com os vários caminhos que lhe são apresentados, e assim,
precisando fazer um recorte e estabelecer um problema para sua pesquisa; “instrumento
de planejamento” que lida com os planos do pesquisador, sem os quais ele joga fora seus
materiais e fica perdido dentro de uma pesquisa desorganizado, e não chegando aos
objetivos que não foram expostos por ele; é um “instrumento de elaboração de idéias”,
já que ao reunir etapas como as hipóteses, referências teóricas e seus objetivos, assim
como a revisão bibliográfica, o Projeto “esclarece” seu pesquisador, dando-lhe meios para
que possa organizar melhor suas teses e confrontar as mesmas com as produções
anteriores dento do campo epistemológico; também é um “diálogo cientifico e
acadêmico”, já que tanto os pesquisadores e professores mais experientes como os
colegas podem ver o progresso da pesquisa, e ainda podem contribuir com a mesma, pois
a escrita cientifica não é algo exclusivamente particular (esse tipo de fenômeno é mais
acontece nos seminários da pós-graduação, sendo que o “Exame de Qualificação” é o
maior exemplo desse contato); é um “retrato de uma pesquisa em andamento”, e no
mestrado, por exemplo, fica com o nome de “Projeto de Dissertação”, apresentado na
metade do curso de mestrado, bem como é desejável acrescentar a esse Projeto um “Plano
de Capítulos”.

1.2- As partes de um projeto de pesquisa.


 As perguntas que o Projeto deve responder e que estão relacionadas com a pesquisa do
estudante ou do aluno de mestrado: “O que se pretende fazer?”, “Por que fazer?”, “Para
que fazer?”, “A partir de que fundamentos?”, “Com o que fazer?”, “Como fazer?”, “Com
que materiais?”, “A partir de que diálogos?”, e “Quando fazer ?”. Essas indagações estão
relacionadas com uma parte especifica da monografia.

 “O que fazer?”: pergunta esclarecida na “Introdução” do Projeto e na seção “Delimitação


Temática” ou “Exposição do Problema”, ao passo é nessa parte que o pesquisador deve
esclarecer ao seu leitor o que ele investiga em seu trabalho ou pesquisa.

 “Por que fazer?”: pergunta pertinente em virtude de estar relacionada com um possivel
financiamento ou inclusão num projeto de pesquisa ou de pós-graduação, sendo que a
seção dedicada a essa pergunta é a “Justificativas”, e podem aparecer nomes como
“relevância” ou “viabilidade”, aspectos particulares de uma justificativa.

 “Para que fazer?”: está relacionado com as metas que o pesquisador quer atingir ou
conquistar, e cria uma seção concisa que fala das metas a serem atingidas, elencadas em
ordem numérica e de maneira mais simples que há, e o capitulo é “Objetivos”.

 “A partir de que fundamentos?”: tem a ver com as possibilidades teóricas e concepções


de mundo com as quais o pesquisador começa sua viagem na “produção do
conhecimento”, ou seja, o projeto. A seção dedicada a isso é chamada de “Quadro
Teórico”, na qual aparecem as mesmas possibilidades e visões, que são as sustentações
mentais que guiam as ações e escolhas do pesquisador. Em linhas gerais, o autor deve
apresentar suas filiações teóricas, conceitos, expressões e categorias usadas em sua
elaboração reflexiva e exposição dos resultados.

 “Com o que fazer?” e “Como fazer?”: a primeira tem a ver com os instrumentos a
serem usados pelo pesquisador, ou seja, as ferramentas com as quais ele vai trabalhar, ao
passo que nas ciências exatas e biológicas podem ser tubos de ensaios ou barômetros,
assim como um questionário, um formulário ou um gráfico, para juntar os dados
recolhidos e interpretar os mesmos, já a segunda tem a ver com a técnica, que é modo
pelo qual se faz ou realiza algo e lida com ações como coleta de dados, entrevistas,
maneiras organizadas de observação, assim como análise de conteúdos, as análises
estatísticas, ou métodos de analisar dados coletados. Assim, a técnica tem a ver com a
coleta de dados e formação dos documentos, bem como o estudo deles. No caso da
História, os instrumentos e técnicas ficam alocados na seção “Fontes e Metodologia”, na
medida em que, na História, as matérias-primas são as fontes e documentos históricos, e é
mais “correto” falar primeiro das fontes e documentos, e depois abordar as metodologias
que serão usadas para formar o corpo documental e analisar o mesmo.

 “A partir de que diálogos?”: aqui é feito o contato com os autores dentro do tema no
qual o pesquisador trabalha, uma vez que nenhuma pesquisa cientifica começa do zero ou
de lugar nenhum. O pesquisador precisa colocar sua reflexão em contato com os
pesquisadores e conhecimentos anteriores, mesmo que seja para confrontar e rebater todos
eles, assim como precisa destacar os autores e livros com os quais ele dialoga, e, portanto,
usa de sustentação. Tudo isso entra na seção “Revisão Bibliográfica”, parte para a qual
alguns projetos dedicam um capitulo especial, em que o pesquisador tem que apresentar e
debater com as obras anteriores de sua área, seja para concordar ou discordar delas. O
pesquisador pode colocar sua revisão bibliográfica dentro do “Quadro teórico”, aquela
seção em que ele deve apresentar suas teorias e conceitos a serem usados. É importante a
presença da “Revisão Bibliográfica”, mas sem repetições, ou seja, se houve um capitulo
dedicado a tal revisão, os livros que foram apresentados ali não podem voltar dento do
“Quadro Teórico”, assim como o pesquisador pode trabalhar, na Revisão as obras mais
próximas ao seu tema, e colocar no Quadro Teórico as obras mais ligadas às teorias a
serem usadas, e os conceitos, categorias e fundamentos mais importantes para a pesquisa.

 Revisão Bibliográfica como capitulo: caso for colocada como capitulo, depois da
apresentação do tema e da conceituação do problema, o pesquisador deve expor as lacunas
ainda existentes dentro seu objeto de pesquisa, ao passo que a apresentação desses vazios
de bibliografias é uma grande ligação com as “Justificativas”, onde já começaria
mostrando a relevância do Projeto em virtude das lacunas ainda existentes, visto que pode
trabalhar para suprir tais vazios. Neste sentido, o estudante já tem consigo um ótimo
motivo a favor da necessidade de sua pesquisa ser levada em diante.

 Bibliografias e fontes: nem todas as obras existentes de um tema devem aparecer no


Projeto, sendo que algumas podem ser destacadas na parte final, na seção “Referências
Bibliográficas”. Entrementes, na História, as fontes ou os documentos históricos, não
podem deixar de estarem presentes, e ainda devem ser mencionadas antes das
bibliografias que falaram do tema dessas fontes. Assim, a “Bibliografia” deve ser divida
em dois itens, o primeiro que contempla as fontes ou documentação direta da época, e o
segundo item deve conter os livros e obras que falaram do mesmo tema.

 “Quando Fazer?”: tem a ver com a duração da pesquisa e o planejamento das suas
etapas, na medida em que toda pesquisa tem que ser apresentada de acordo com um
espaço de tempo estipulado, ainda que possa ser renovada. A Pesquisa acontece em
etapas, e caso seu tempo se prolongue, vai ser necessário apresentar a Instituição
informações de tempos em tempos quanto ao andamento da pesquisa, feito na forma de
um texto chamado “Relatório de Pesquisa”.

 Cronograma: as diversas atividades, etapas previstas e as tarefas que vão fazer parte da
pesquisa devem estar inclusas no “Cronograma de Pesquisa”, materializado numa tabela
ou quadro em que apareçam as atividades a serem feitas e o tempo de cada uma delas. É
relevante para o autocontrole do pesquisador acerca do andamento de sua pesquisa.

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