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Utilidades do teste de 30 minutos na

natação competitiva
Utilidades de la prueba de 30 minutos en la natación competitiva
Utility of the 30 minutes test in competitive swimming
*Graduação no curso de Licenciatura plena em Educação Física
na Escola Superior de Educação Física (ESEF). Universidade de Pernambuco (UPE) Aloísio Bezerra Sandes Junior*
Pós-graduando em Avaliação da Performance Humana ESEF/UPE zizinhosandes@hotmail.com
**Graduação no curso de Licenciatura plena em Educação Física na Escola Superior Tatiana Acioli Lins**
de Educação Física (ESEF) - Universidade de Pernambuco (UPE) tatiana.acioli@gmail.com
Pós-graduada em Avaliação da Performance Humana ESEF/UPE
(Brasil)
Mestre em Educação Física UPE/UFPB

Resumo
O objetivo do presente estudo foi identificar as possibilidades de utilização do teste de 30 minutos na natação através de
revisão de literatura. A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados eletrônicos Scielo, e Revistas de acesso livre do sistema
(CAPES), no período de 2003 a 2010, com amostras brasileiras, sem restrições quanto à faixa etária, gênero ou etnia. Os estudos
encontrados mostraram que, além de servir à avaliação aeróbia, ao monitoramento e à prescrição do treinamento em nadadores
adultos competitivos, de forma não invasiva e de simples aplicação, finalidades inicialmente propostas pelos autores do teste, é
possível utilizá-lo para: avaliar nadadores adolescentes; comparar o desempenho dos gêneros, das diferentes idades; comparar
com testes intervalados; verificar índices técnicos (taxa de braçada, comprimento de braçada, índice de braçada); predizer
performance em prova de fundo; servir de parâmetro para testes em nado atado; e analisar a validade do menor índice glicêmico
na indicação do limiar anaeróbio. O que justifica a sua grande utilização nos clubes de natação e sua crescente investigação
científica.
Unitermos: Teste de 30 minutos. Limiar anaeróbio. Natação.

Abstract
The aim of this study was, through a literature review, identifying ways to use the 30 minutes test in swimming. The
search was conducted of articles in electronic databases Scielo and open access journals CAPES system in the period 2003 to
2010, with Brazilian samples, without restrictions on age, gender or ethnicity. Studies had shown that, besides serving the aerobic
assessment, to monitoring and prescription of training in competitive adult swimmers, noninvasively and easily administered,
objectives initially proposed by the authors of the test, you can use it to: assess adolescent swimmers, to compare the
performance of the genders, of different ages, compared with testing intervals, to check technical indexes (stroke rate, stroke
length, stroke index) to predict performance in the race, background, serving as a parameter for testing in tethered swimming
and to analyze the validity of the lower glycemic index as indicators of the anaerobic threshold. What justifies its wide use in
swimming clubs and its increasing scientific research.
Keywords: 30 minutes test. Anaerobic threshold. Swimming.

Este projeto não recebeu auxílio financeiro.

EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/

Introdução

O monitoramento e a avaliação de variáveis fisiológicas e da performance no treinamento esportivo podem


ser fatores determinantes do sucesso em nadadores de alto nível (DEMINICE et al., 2007). Dentre as
competições oficiais de natação, há provas com predomínio do Metabolismo anaeróbio (50 m) e outras com
predomínio aeróbio (1500 m). E diante dos vários testes específicos aplicados nesta modalidade, a avaliação
aeróbia é considerada uma das mais importantes, pois independentemente da especialidade do atleta, ela é
utilizada, sobretudo, durante o período preparatório básico (PERANDINI et al., 2006).

Durante vários anos o consumo máximo de oxigênio (VO2max) foi um parâmetro de predição de
performance, preferencial, para muitos investigadores na avaliação de atletas durante exercício submáximo,
baseados na hipótese de haver uma forte relação com a capacidade de desempenho de endurance.
Entretanto, além do VO2max, vários estudos (COLANTONIO et al., 2007; HECK et al., 1985; KARLSSON,
1982) mostraram que as respostas de lactato sanguíneo durante o exercício físico apresentaram correlações
com vários tipos de desempenho de endurance. Em função das dificuldades técnicas da determinação do
VO2max na natação, a resposta do lactato sanguíneo ao exercício é o índice que pode apresentar a maior
especificidade na seleção da intensidade de treinamento aeróbio nessa modalidade (GRECO et al., 2010).

A resposta do lactato sanguíneo ao exercício pode ser identificada por diferentes protocolos e critérios,
determinando a existência de diferentes terminologias e intensidades de exercício associados a esse índice
(HECK et al., 1985; DENADAI, 1999; GOMES, 1989; MCLELLAN,1989). A determinação do limiar anaeróbio
(Lan), a intensidade de esforço acima da qual o lactato passa a se acumular na corrente sangüínea, identifica
a mais alta intensidade de exercício em que a ressíntese de ATP é realizada pelo metabolismo aeróbio
(RIBEIRO et al., 2004; DEMINICE et al., 2007; HECK et al., 1985). Ocorrendo normalmente entre 55 e 65%
do VO2máx em indivíduos destreinados, ficando acima de 80% nos atletas de endurance altamente treinados,
ela representa o padrão-ouro para a avaliação aeróbia, sendo a fase imediatamente anterior a ela: a máxima
fase estável de lactato sanguíneo (MLSS) (SILVA et al., 2007; ORTIZ, 2001; DENADAI, 1999; BENEKE, 2003;
JONES & DOUST, 1999). Em função disso, como significa a transição do exercício aeróbio para o anaeróbio, o
Lan tem sido muito utilizado no treinamento da natação.

Secher (1993) ressalta que o Lan parece ser a variável mais sensível para monitorar a evolução do
treinamento, pois muitas vezes o VO2máx não se modifica, mas o Lan aumenta com o treinamento,
resultando em melhoria do desempenho. No entanto, a determinação dele utilizando a concentração de
lactato sanguíneo necessita de equipamento específico, possuindo custo financeiro de aquisição e operacional,
inviável para a maioria das equipes de natação do Brasil. Além disso, trata-se de um teste invasivo, sendo
necessários cuidados com higiene e segurança, limitando assim sua utilização (MAGLISCHO, 1999). Sendo
assim, muitos estudiosos procuram viabilizar protocolos de avaliação de menor custo, fácil aplicação e que
avaliem e monitorem o treinamento de modo preciso e confiável (DENADAI, 2000; MAGLISCHO, 1999;
OLBRECHT et al., 1985; COSTILL et al., 1985).

Logo, o propósito do presente estudo foi identificar na literatura disponível sobre o teste de 30 minutos na
natação as possíveis formas de utilização desse acessível teste na avaliação e no treinamento da modalidade.

Procedimentos metodológicos

Este estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura realizada nas bases de dados eletrônicas Scielo e
de revistas de acesso livre do sistema CAPES. A busca foi realizada utilizando os descritores: “teste de 30
minutos”; “natação”; “limiar anaeróbio” em língua portuguesa e inglesa, em cruzamento e individualmente,
como assunto. A seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante consulta
ao DECs (descritores de assunto em ciências da saúde da BIREME), com a exceção do descritor “teste de 30
minutos”. Os critérios de inclusão foram: período de publicação entre 2003 e o primeiro semestre de 2010;
inclusão dos descritores no título e ou resumo; artigos publicados e disponíveis na íntegra, de forma gratuita;
com seres humanos; realizados no Brasil; e atender aos descritores e objetivos desse estudo. Em relação aos
resultados dos estudos, especial enfoque foi dado à utilização do teste de 30 minutos. A partir da obtenção e
leitura dos artigos, suas referências bibliográficas foram rastreadas à procura de outros trabalhos
potencialmente utilizáveis. Não foram realizadas restrições quanto à faixa etária, gênero ou etnia. Foram
excluídos artigos que, mesmo apresentando os unitermos utilizados para busca, não contemplavam o teste de
30 minutos. Algumas referências, que não puderam ser localizadas por meio das palavras-chave mencionadas,
foram usadas para fazer alusão aos conceitos utilizados. O artigo de publicação do teste foi incluído nessa
revisão.

Figura 1. Fluxograma da seleção de artigos para a revisão literária

Teste de 30 minutos na natação competitiva

Diante dos índices fisiológicos que representam a capacidade aeróbia, Olbrecht et al. (1985) desenvolveram
o teste de 30 minutos (T-30) com nadadores competitivos adultos dos dois gêneros, no Institute for Sports
Medicine em Colônia (Alemanha), e que consiste em deslocar-se à máxima distância em 30 minutos em ritmo
regular do início ao final do teste. Os resultados são convertidos para uma velocidade média por 100 metros,
mediante a divisão da distância nadada pelo tempo em segundos (MAGLISCHO, 1999). Olbrecht et al. (1985)
verificaram que a velocidade média correspondia muito intimamente ao ritmo que gerava uma concentração
de ácido lático no sangue de 4mmol/l, conforme determinado por um teste de sangue típico. Correspondendo
ao Lan de cada nadador, porque os nadadores não conseguem nadar acima de seu Lan durante 30 minutos
sem que ocorra uma intensa perda de velocidade ao longo dos últimos estágios do nado (STEGMANN &
KINDERMANN, 1982). Para a maioria dos nadadores, o Lan situa-se entre os valores de 3 a 5 mmol/l (BENEKE
& DUVILLARD, 1996).

Os autores do teste verificaram que os múltiplos do ritmo de limiar somente mostravam-se precisos para
distâncias de repetições a partir de 300 metros e para intervalos de repouso de 10 a 20 segundos. Em
distâncias mais curtas e intervalos mais longos, havia necessidade de ajustar um pouco os múltiplos. Fatores
de correção foram propostos, a fim de subsidiar o treinamento: 200m - subtrai 2 segundos do tempo médio
de 100m do T-30,e multiplica por 2; 100m - subtrai 1,5 segundos do tempo médio de 100m do T-30; 50m -
divide o tempo médio de 100m do T-30 por 2 e subtrai 1 segundo. Logo, o ritmo de limiar calculado com base
nesse teste pode ser utilizado para determinar o treinamento em qualquer distância e em outros níveis de
esforço, devendo-se somar alguns segundos ou subtrair, caso se queira trabalhar abaixo ou acima do Lan
(MAGLISCHO, 1999; OLBRECHT et al., 1985).

Em função da ótima validade para a avaliação da capacidade aeróbia e da estreita relação com a
performance aeróbia, este teste tem sido largamente recomendado na prescrição do treinamento, e está entre
os métodos não-invasivos mais utilizados na natação (BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003; WAKAYOSHI et al,
1992; GRECO et al, 2003).

Greco et al. (2010) compararam a intensidade de nado correspondente à MLSS determinada de forma
contínua (30 minutos) e intermitente (12 x 150s com intervalo de 30s) em atletas com diferentes níveis de
rendimento aeróbio. Com uma amostra de 12 nadadores (22 ± 8 anos) e 8 triatletas do gênero masculino (22
± 9 anos) encontraram que os nadadores apresentaram maiores valores em relação aos triatletas da v400,
MLSS contínua e MLSS intermitente, e que a diferença percentual entre a MLSS contínua e a MLSS
intermitente foi estatisticamente similar entre os grupos (3%). Não havendo diferença significante entre a
concentração de lactato em ambas, nos dois grupos. Logo, encontraram que o exercício intervalado utilizado
permite um aumento na intensidade (3%) do exercício correspondente a MLSS, sem modificação na
concentração de lactato, independente do nível de desempenho aeróbio.

Colantonio & Kiss (2007) compararam os resultados do cálculo da velocidade Lan, correspondente a 4mmol
de lactato, obtidos em testes de 2 x 400m (V4-2), 4 x 400m (V4-4) e a velocidade crítica (VC) relacionando-as
com a velocidade média determinada no T-30 (VMT30) em 20 nadadoras adolescentes (14,36 ± 1,22 anos)
de nível regional e estadual com pelo menos dois anos de treinamento sistemático.

Eles verificaram que a determinação da VMT30 constitui-se em um bom instrumento para a prescrição de
treinamento para nadadoras infanto-juvenis; a utilização do modelo de predição de desempenho baseado na
concentração de lactato a ponto fixo (4mmol) com dois pontos de interpolação (2 x 400m) pode não ser
suficiente para estabelecer corretamente a velocidade correspondente ao Lan para a amostra estudada; a
concentração de lactato de 4mmol com quatro pontos (4x400) e o cálculo do Lan através da técnica de efeitos
aleatórios, mostrou-se viável para a determinação do Lan para as nadadoras, quando comparada com a
VMT30; a VC e V4-4 apresentaram boa correlação assim como a VC e VMT30, indicando a aplicabilidade da
VC e do T-30 para estimar a velocidade de Lan correspondente a 4mM nas nadadoras adolescentes.

Pelarigo et al. (2007) verificaram o efeito do nível de performance aeróbia na relação entre os índices
técnicos correspondentes à VC e à VMT30 em 23 nadadores do gênero masculino com características
antropométricas similares, divididos segundo o nível de performance aeróbia em grupo G1 (maior
performance) (n = 13) e G2 (menor performance) (n = 10). Os indivíduos tinham pelo menos quatro anos de
experiência no esporte e treinavam um volume semanal de 30.000 a 45.000m.

A VC foi significantemente maior do que a VMT30 no grupo G1 e no G2. As duas variáveis foram maiores
no grupo G1. As taxas de braçada correspondentes à VC (TBVC) e à V30 (TBV30) obtidas nos grupos G1 e G2
foram similares entre si. A TBVC foi significantemente menor no grupo 1 do que no grupo 2, enquanto que a
TBV30 não foi diferente entre os grupos. Os comprimentos de braçada correspondentes à VC e à V30 foram
significantemente maiores no grupo G1 do que no G2, e similares entre si nos dois grupos. As correlações
entre a VC e a V30 e as variáveis técnicas correspondentes às duas velocidades foram significantes em todas
as comparações. Portanto, concluiu-se que o nível de performance aeróbia não parece influenciar a relação
entre a taxa de braçada, o comprimento de braçada e o índice de braçada correspondentes à VC e à V30.
Assim, o protocolo de determinação da VC e o V30 podem fornecer simultaneamente informações sobre
aspectos fisiológicos e índices associados à habilidade de nado. Além disso, podem ser uma forma importante
de avaliação, controle e prescrição do treinamento nesse esporte.

Papoti et al. (2010) investigaram as relações da força crítica (Fcrit) com o LAn e a intensidade de exercício
correspondente ao VO2max (iVO2max) em nado atado (NA) e suas correlações com as performances de
400m (V400) e teste de 30 minutos (VT30) em nado livre (NL). Sete nadadores foram submetidos a teste
incremental em NA para determinação do Lan e da iVO2max. Para determinação da Fcrit, os nadadores
realizaram 4 esforços até a exaustão com intensidades correspondente a 87%, 104%, 118% e 134% da
iVO2max para obtenção dos tempos limites. Os valores de Fcrit foram significativamente diferentes da
iVO2max, mas não do Lan. A Fcrit foi significativamente correlacionada com o iVO2max, Lan em nado atado
(LLNA), V400 e VT30.

Os principais achados do estudo foram a possibilidade de utilizar a Fcrit na determinação do LLNA e na


predição de performances aeróbia em NL; concluindo que a Fcrit é um método de avaliação não invasivo, de
baixo custo que pode ser utilizado na determinação da capacidade aeróbia, prescrição do treinamento em NA
e na predição de performance aeróbia em NL.

Deminice et al. (2007) verificaram a utilização da VT-30, freqüência de braçada (fB), comprimento de
braçada (CB) e índice de braçada (IB), obtidos no T-30, como métodos não-invasivos para determinação da
performance aeróbia e técnica de 14 nadadores, que se submeteram, também, a três esforços de 400m (85,
90 e 100% do esforço máximo) para determinação da velocidade de Lan, correspondente à concentração fixa
de 3,5mM de lactato.

Não foi encontrada diferença significativa entre VLan e VT-30, que ainda apresentaram alta correlação. Os
valores de fBLan e fBT-30 e de CBLan e CBT-30 também não foram significativamente diferentes. Correlações
significativas também foram encontradas entre VT-30 e P400; fBLan e fBT-30; CBLan e CBT-30 e IBLan e IBT-
30. Sugerindo a utilização do T-30 como ferramenta não invasiva e de baixo custo na avaliação da capacidade
aeróbia, determinação de parâmetros relacionados à técnica de nado e na predição da performance de 400m
em nadadores treinados.

Greco et al. (2003) compararam a VC determinada através de diferentes distâncias com o Lan e as
velocidades máximas mantidas em testes de 20 e 30 minutos na natação, testando 17 meninas e 14 meninos,
divididos segundo a idade cronológica: 10 a 12 anos e 13 a 15 anos.

Para o grupo de 10 a 12 anos, a VC1 (25/50/100m) e o Lan não foram diferentes entre si, sendo maiores
do que a VC2 (100/200/400m), VC3 (50/100/200m), V20 e V30. Para o grupo de 13 a 15 anos, a VC1 foi
maior do que o Lan, V20, V30, VC2 e VC3 e estas não foram significantemente diferentes, confirmando que
com o início do processo de maturação, os adolescentes já apresentam resultados semelhantes (VC = Lan)
aos encontrados em nadadores adultos, quando as determinações da VC são feitas com distâncias
semelhantes às do estudo. A VC2 e VC3 podem prever a maior velocidade que pode ser mantida por 20 ou
30min, independente da idade cronológica. As concentrações de lactato no grupo de 10 a 12 anos nos tiros
máximos de 20 e 30 minutos foram menores do que os valores obtidos no grupo de 13 a 15 anos para os
testes de 20 e 30 minutos, mostrando que a idade cronológica interfere na resposta de lactato sanguíneo em
testes de endurance com velocidades constantes.

Pode-se concluir que a distância utilizada na determinação da VC interfere no valor obtido,


independentemente da idade cronológica. A VC determinada com distâncias entre 50 e 400m pode ser
utilizada na avaliação da capacidade aeróbia de crianças e adolescentes, substituindo os testes contínuos
máximos com durações próximas a 20 ou 30 minutos.

Ribeiro et al. (2004) compararam diferentes protocolos lactacidêmicos e analisou a validade do menor valor
glicêmico para a determinação do Lan em natação, com 10 nadadores treinados (19,4 ± 1,6 anos). A MLSS foi
determinada a partir da resposta lactacidêmica ao T-30, enquanto as velocidades de limiar de lactato (VLL) e
menor glicemia (V<GLIC) foram verificadas durante teste incremental, e as de lactato mínimo (VLM) e
glicemia mínima (VGM), durante teste de lactato mínimo, ambos com estágios de 200 m. Correlações
significativas foram observadas entre todas as velocidades. Tanto VLM quanto VGM foram significativamente
maiores que MLSS. No entanto, essas velocidades não diferiram de forma significativa de VLL e V<GLIC. A
lactacidemia relativa à VLM foi significativamente maior que aquelas relativas à MLSS e VLL. Esses dados
sugerem que o teste de lactato mínimo superestima o MLSS e que o menor valor glicêmico constitui um bom
indicador do Lan.

Papoti et al. (2009) verificaram a capacidade aeróbia medida em nado atado (CAMNA), corresponde à
MLSS e sua correlação com o T-30 e os 400 livre, com 25 nadadores 16±3 anos, divididos nos 2 gêneros,
submetidos a teste incremental de nado atado, T-30, e prova de 400 livre. Eles perceberam que a intensidade
correspondente a CAMNA foi semelhante à MLSS e foram observadas correlações significativas entre a CAMNA
com a velocidade no T-30 e nos 400m livre. Concluindo que a CAMNA, individualmente determinada, ou
determinada usando concentrações fixas de lactato de 3,5 e 4.0mmol. L-1 - pode ser usada para prever as
velocidades médias no T-30 e nos 400m livre. Além disso, o nado atado pode ser usado para o
desenvolvimento aeróbico em lugares onde piscinas com dimensões oficiais não estão disponíveis.

Greco et al. (2007) analisou o efeito do gênero sobre a relação entre as taxas de braçada correspondentes
à velocidade crítica (TBVC) e a velocidade máxima no T-30 (TBV30) em 22 adolescentes masculinos (15,4 ±
2,1 anos) e 14 do gênero feminino (15,1 ± 1,6 anos). Encontrando que a relação entre TBVC e a TBV30 não é
dependente de sexo, em nadadores com semelhantes e diferentes níveis de capacidade aeróbia; que em
nadadores que apresentaram valores diferentes de V30, a VC foi superior a V30 em meninos e meninas, e VC
e à V30 foi maior nos meninos do que meninas, mas a TBVC e TBV30 foram semelhantes entre os gêneros;
que em nadadores que apresentaram valores semelhantes de V30, a VC foi superior a V30 nos 2 gêneros.
Entretanto, os meninos ainda apresentaram maiores valores de VC que as meninas. TBVC foi maior que
TBV30 nos meninos, mas essas variáveis foram semelhantes entre as meninas. TBVC e TBV30 foram
semelhantes entre gêneros. As meninas apresentaram menores níveis sanguíneos de lactato que os meninos.

Da Silva et al. (2007) identificaram a VC de 8 nadadores adultos (21,6± 2,97 anos), velocistas, do gênero
masculino e com índice de participação na principal competição nacional em piscina curta; e comparou se o T-
30 e o teste de Vitesse possuem diferenças ou não em relação a VC. O teste Vitesse consistiu em uma serie
de 400 metros a 85% do melhor tempo da temporada para os nadadores do nado crawl e para os nadadores
de outros estilos foi realizada uma serie de 200 metros a 80% do melhor tempo. Os resultados demonstraram
que não existiu diferença significativa entre os testes, concluindo que os 2 testes utilizados são eficientes para
identificar a VC e o Lan na natação com nadadores experientes e velocistas.

Considerações finais

O conhecimento das diversas formas de utilização do T-30 é de grande valia para o profissional que atua
no treinamento de nadadores competitivos ou pesquisadores do assunto, principalmente quando outras
finalidades são observadas no teste, além do propósito para o qual foi criado.

A partir dos estudos analisados no presente artigo, foi possível constatar a existência de diferentes tipos de
produção científica no período de Maio de 2003 a junho de 2010 envolvendo o teste. A avaliação aeróbia, o
monitoramento e a prescrição do treinamento em nadadores adultos competitivos foram as finalidades
inicialmente propostas pelos autores do teste, porém, pode-se observar que a produção científica revisada
neste, extrapola esses limites, sugerindo a utilização do mesmo para nadadores adolescentes, mas não para
crianças, para comparar o desempenho dos gêneros, das diferentes idades, analisar outros testes
intervalados, verificar índices técnicos (taxa de braçada, comprimento de braçada, índice de braçada),
predizer performance em prova de fundo, analisar métodos de avaliação em nado atado que possam
substituí-lo em piscinas menores e para analisar a validade do menor índice glicêmico na indicação do Lan.

Alguns dos estudos abordados apresentaram limitações metodológicas que não cabe a este trabalho
destacar. E Portanto, sugere-se a realização de estudos adicionais utilizando o T-30, com outras abordagens,
principalmente em grupos de nadadores especialistas em cada uma das provas do nado crawl, já que não foi
encontrado estudo que buscasse essa informação, apesar de sua relevância; visto que pela sua simplicidade
metodológica, e por não ser invasivo, pode ser acessível a qualquer local de treinamento de natação.

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