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RESUMO
O interesse pela realização de um estudo sobre a rejeição dos alunos quanto à leitura, principalmente da
literatura clássica, iniciou-se durante o primeiro semestre nas Escolas Estaduais Dom José de Haas e
Industrial São José no Vale do Jequitinhonha em Araçuaí. Estamos diante de uma rejeição quando nos
referimos à leitura; a perda de interesse é encontrada em todas as séries do ensino fundamental e médio.
Diante disso, deve-se estar ciente de que o gostar de ler não tem nada a ver com herança genética ou
biológica, ninguém nasce gostando de leitura, aprendemos a gostar de ler e essa aprendizagem é cultural. O
fato demonstra, então, que o modo de abordar a literatura na escola não está recebendo a atenção necessária,
um estímulo adequado. Vê-se, portanto, a necessidade de buscar, criar soluções para que as crianças e
adolescentes tenham uma experiência positiva em relação à leitura. Neste trabalho além de mostrar e analisar
a pesquisa feita quanta a essa rejeição ao livro literário também pretende, portanto, apresentar propostas
pedagógicas que podem possibilitar ao aluno uma experiência gratificante em ler, não uma rotineira tarefa
escolar. Enfim, faz-se necessário uma mudança na prática pedagógica dos educadores como meio de criar no
educando encantamento pela leitura.
Introdução
forma talvez nunca se manifestassem e por isso rejeitam as boas obras. Quando se fala em
rejeição pelos clássicos, logo vêm à cabeça as possíveis causas dessa antipatia:
Primeiramente, pensa-se no fator sócio-econômico que impossibilita a aquisição de bons
livros; depois, no hábito da leitura que é socialmente construído e os pais não cultivam esse
hábito; a precariedade dos acervos que as bibliotecas das instituições públicas de ensino
dispõem, tanto que ao indicar um livro o educador sente-se limitado às obras que a escola
oferece; e finalmente, a leitura como atividade avaliativa obrigatória aumenta o
desinteresse dos jovens pela mesma.
Seria, então, uma boa opção criar atividades dinâmicas na sala de aula para estimular o
gosto pela leitura, tanto nos jovens quanto nas crianças, mais facilmente influenciáveis e
com um futuro em aberto cheio de gavetas onde guardar o prazer da leitura.
Desenvolvimento
Pesquisa realizada nas escolas Estaduais Dom José de Haas e Industrial São José
Método
1. Sujeitos
Participaram da pesquisa 160 alunos, de idade entre 14 e 18 anos. Os alunos freqüentam a
2ª série do ensino médio das Escolas Estaduais Dom José de Haas e Industrial São José, no
Vale do Jequitinhonha em Araçuaí. Pertencentes ao nível sócio-econômico médio-baixo,
sendo que 40% trabalham durante o dia e estudam no período noturno.
2. Material
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário com questões abertas organizado em 2
(duas) partes. A primeira parte era referente ao gênero que costumam ler; a segunda,
passar para o número seguinte. Este procedimento foi utilizado para todas as partes do
questionário. Ao final da aplicação, cada educando entregou o questionário respondido.
Resultados
Constatou-se que a leitura de livros (best sellers, poesia, ficção científica, etc.), é a forma
menos freqüente entre os 160 educandos pesquisados na 2ª série do Ensino Médio das
Escolas E. E. Industrial São José e E. E. Dom José de Haas. Em que 97.5% dos
entrevistados responderam que não possuem a prática de leitura de livros literários.
Dentre os livros lidos em menor freqüência foram citados: romance policial e literatura
clássica (0.6 %), livros de ficção científica (3.8%), de poesias (3.1%) e romance (3.1%).
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Gráfico 01
Tipos de leitura
3%
3% 14% 3%
41%
3%
1%
2% 26% 4%
Após ouvir os estudantes justificarem o porquê da rejeição aos livros literários foi pedido a
eles, que preenchessem um questionário. As perguntas têm por objetivo traçar um perfil do
aluno com o qual se trabalha e analisar suas justificativas.
Gráfico 02
2,5%
Lêem
Nunca Lêem
97,5%
A maioria dos alunos, quase 97.5%, responderam que não gostam de ler clássicos de nossa
língua, mas preferem assistir a filmes ou escutar CDs que se baseiem na Literatura
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Brasileira. Essa resposta parece um pouco contraditória, pois não basta gosto pela leitura
para a formação de um leitor, é necessário que haja efetivamente leitura.
Ao argumentar o porquê de ter escolhido como resposta a alternativa “c”, a maioria dos
alunos queixa-se, novamente, da linguagem de difícil entendimento dos livros. Para eles,
os filmes e CDs servem, dessa forma, como facilitadores no entendimento básico do
enredo.
A idéia de que o vocabulário dos clássicos é difícil parece estar preconcebida. Porém,
assistindo aos filmes não encontram dificuldades para entendê-lo. Assim, basta demonstrar
para o aluno que, primeiramente, ele deve tentar ler o livro e, somente depois, tachá-lo
como complicado ou não.
OBS: Nenhum aluno respondeu “a” e “d”.
Mais de 50% dos alunos responderam que não lêem livro. Isso demonstra que não
podemos achar que os jovens e crianças não são como antigamente, que só se
importam com computadores e vídeo game, frase que me parece uma desculpa para o
nosso próprio fracasso. Porém, não é a hora de procurar culpados, mas de buscar soluções
práticas que possibilitem o resgate e devolvam aos jovens o prazer da leitura.
Conclusão
Diante dos resultados obtidos com a pesquisa, percebe-se que não adianta querer,
simplesmente, mudar a metodologia aplicada, crendo que, ao ler para os alunos como se
estivesse em um circo, inventando, gritando, saltitando, pulando, o prazer pela leitura
aparece. Esse nada mais é do que um pensamento equivocado. Sendo assim, é preciso
incentivar, pela curiosidade, despertar no aluno interesse e desejo de ler.
Para que isso aconteça é preciso inovar. Uma simples narrativa pode ser trabalhada de
várias formas: como re-conto, dramatização, mudança de foco, dentre outros. Já com o
livro, dependendo da turma, começar com leituras mais simples até chegar as mais
complexas através de estudo da perigrafia, para que o aluno se familiarize com tudo em
volta para despertar o interesse de saber o que há por dentro da obra. Ou então, ler um
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capítulo do livro, por exemplo, e discutir sobre ele, gerando no aluno uma ansiedade em
conhecer o conteúdo todo. Pode também criar cartazes em forma de propaganda, nos
moldes dos anúncios de jornais, dos livros lidos. Ou mesmo explorar tudo o que o livro
oferece desde a capa até os anexos. Como atividade pedir aos alunos que criem outras
capas, anexos, epígrafes, dê finais variados a mesma história, análises de personagens, ler
a história em grupo com cada componente lendo um capítulo e contando aos demais o
enredo, montar peças teatrais dos enredos, produzir seu próprio livro a partir da análise,
fazer círculo para comentário da estrutura. Assim, os alunos conhecerão o caráter lúdico da
leitura e tomarão gosto pela mesma.
Muitas vezes, para que o aluno tenha compreensão do livro, é necessário que o professor
leve informações prévias, sejam de caráter político, social, econômico ou histórico da
época em que situa o conflito da narrativa. Informações essas que podem não fazer parte
dos conhecimentos dos leitores, por isso, impedi-lo-ia de enxergar com maior riqueza e
clareza o que diz o livro. Também, demonstrar o caráter lúdico do trabalho que envolve a
leitura realizada na sala e extraclasse; pois, como obrigação afasta os alunos. Para que seja
revertida tal idéia, é preciso criar uma atitude positiva do aluno frente ao trabalho que a ele
será apresentado.
Em suma, a leitura é válida seja de qualquer gênero desde que bem aproveitada. Mas, é
imprescindível mesclar e saber como introduzi-la desde a infância até a fase adulta. Por
isso, seria um crime não apresentar a nossa juventude os clássicos, bem como desprezar os
não menos expressivos autores atuais. Se o jovem iniciar com prazer o hábito da leitura,
com certeza adquirirá senso crítico para distinguir o bom do mau livro.
Referências
OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Leitura prazer: interação participativa da criança com
a literatura infantil na escola. São Paulo: Edições Paulinas, 1996.
VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler: formando leitores para a vida inteira. Rio
de Janeiro: Qualitymark Editora, 1997.
SOARES, M.B. Letramento: um tema em três gêneros. Autêntica: Belo Horizonte, 1998.