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Metodologia

Científica
Métodos Científicos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Ana Bárbara Pederiva Scheer

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Métodos Científicos

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Conceituação e importância do método
• Tipos de métodos
• Relação entre método e técnica
• Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo
• Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fontes
primárias e secundárias de pesquisa
• Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (elementos
constitutivos)

·· Conceituar e compreender a importância do método;


·· Identificar os diferentes tipos de métodos usados na metodologia científica;
·· Estabelecer a relação entre método e técnica.

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Unidade: Métodos Científicos

Conceituação e importância do método

Para reforçar o que aprendemos na unidade anterior, de que a Ciência é um procedimento


metódico que busca conhecer, interpretar e intervir na realidade, estudaremos alguns dos
diferentes métodos científicos.

O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo deste


ou daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da ciência,
uma vez que reflete as condições históricas do momento em que
o conhecimento é construído. Somente à base desta reflexão o
pesquisador conseguirá compreender o plano histórico e dinâmico
do conhecimento científico.
(BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55)

Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. Portanto,
entende-se que:

È um procedimento de investigação e controle que se adota para


o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade qualquer.
Não se executa um trabalho sem a adoção de algumas técnicas e
procedimentos norteadores da ação.”
(BASTOS; KELLER, 2000, p.84)

Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho trilhado pelo cientista
quando em busca de “verdades” científicas. Quais são as “verdades” científicas? O que é ser
cientista? O que é ciência? Existe uma ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética
linha demarcatória, a separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis
verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o método tem vital
importância, já que é por meio dele que se alcançam as “verdades” buscadas pela humanidade
por meio dos pesquisadores.
Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-sucedida, mas sempre
necessitará da comprovação científica por meio de provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria
ou descoberta depois que a replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento.
Uma experiência científica só será considerada como válida para o mundo da Ciência, se
for realizada seguindo determinadas normas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis
vezes um trabalho até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de cientificidade
exigidos pela Ciência.

O Cientista é aquele que utiliza o método científico para encontrar a solução dos problemas
ou compreender o universo à sua volta. Assim, o método científico é o caminho trilhado
pelo cientista.

No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O
cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos
dele decorrentes. A hipótese deverá ser testada / aplicada para que os resultados obtidos pelos
pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será aceita como uma teoria.

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Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao problema da pesquisa.

Dúvida  Problema  Hipótese  Tentativa de Solução


A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não confirmado com
a pesquisa.
O Método Científico é composto pelas seguintes fases:

• Observação de um fato;
• Formulação de um problema;
• Proposta de uma hipótese;
• Realização de uma pesquisa para testar a
validade da hipótese.

Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser controlada com técnicas que
permitem descartar as variáveis que podem mascarar o resultado.

Tipos de métodos

Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e pesquisadores de


diferentes áreas do conhecimento para se chegar a determinados resultados. São eles:
a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos particulares para
o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-se do método proposto pelos
empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado
exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos.
Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se desejam
conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes
entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos
ou fenômenos. Observe o exemplo a seguir:

• João é mortal.
• Paulo é mortal.
• Manoel é mortal.
• Ora, João, Paulo e Manoel são homens.
• Logo, (todos) os homens são mortos.

Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas verdadeiras podem


levar a uma falsa conclusão.
b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um princípio geral,
chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e
indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em
virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes,

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Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro,


que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. Como neste exemplo:

• Todo mamífero é vertebrado.


• Todo homem é mamífero.
• Logo, todo homem é vertebrado.

c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção de uma


lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo processo de observação
e inferência dedutiva, testa-se a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela
hipótese (LAKATOS; MARCONI, 1991).
Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da seguinte forma:
1. Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são
insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema;
2. Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas
conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, surge o problema;
3. Dedução de consequências observadas: das hipóteses formuladas, deduzem-se
consequências que deverão ser testadas ou falseadas;
4. Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as consequências
deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo
confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências empíricas para derrubá-la;
5. Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz
de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a confirmação da hipótese,
entretanto, está é considerada provisória.
Neste caso, de acordo com Popper1, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os
testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato
que a invalide.
d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas
contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando contraposta, tende a
formar uma síntese.
Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das relações dialéticas entre
sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática.

O método dialético não envolve apenas questões ideológicas,


geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação
da realidade pelo estudo de sua ação recíproca (...) É contrário a
todo conhecimento rígido: tudo é visto em constante mudança,
pois sempre há algo que nasce e se desenvolve e algo que se
desagrega, se transforma.
(ANDRADE, 1999, p.114-115).

1 O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a indução, expressas em A lógica da investigação
científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.

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Portanto, o método dialético é contrário a todo conhecimento rígido, pois tudo é percebido
como em constante mudança.
e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. Também é, ao
mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, com o objetivo de pôr a descoberto
os sentidos menos aparentes, os sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm.
Caracteriza-se por valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo
que, pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo uso, pelo
hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque fenomenológico permite reeducar,
reorientar o olhar que investiga.
O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do mundo, o
qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-se afirmar que, na
pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de ser um observador imparcial,
como pretende a abordagem positivista, para assumir, de certa forma, a condição de
“ator”. Aliás, um os méritos do método fenomenológico é justamente o de questionar
os procedimentos positivistas, encarecendo a importância do sujeito no processo da
construção do conhecimento.
Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa à caracterização,
pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas interpretações.
É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores consideram inadequado
falar em método fenomenológico. Segundo eles, não haveria tal método, mas regras formais
de pesquisa voltadas especialmente para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se
mostra a si mesmo). Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica.
f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de que as atuais
formas de vida social, as instituições e os costumes têm suas raízes no passado, sendo,
portanto, fundamental pesquisar sua origem para bem compreender sua natureza e
função. Por exemplo, para se investigar uma instituição social como a família e as relações
de parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos constitutivos dos
vários tipos de família e as fases de sua evolução social.
O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, processos e instituições
do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133)
Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a preocupação de
colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que surgiu, ou seja, contextualiza-lo.
Assim, será capaz de acompanhar suas sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos
semelhantes em sociedades diferentes (Lakatos; Marconi, 1991).
Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É possível aplicar
esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com enfoques tão diferentes quanto o
positivista, o fenomenológico, o dialético etc.

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Relação entre método e técnica

Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão estreitamente relacionados


e são comumente empregados sem uma compreensão exata da sua diferenciação semântica.
Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na Grécia Clássica
(méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de “estudo ordenado de uma questão
filosófica ou científica”. A palavra pode ser decomposta no prefixo metá + hodós, que quer
dizer caminho, via, rota. Em sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega
a um determinado resultado.
Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto de dados e regras
de proceder, permitindo atingir um fim previamente determinado. Ex.: pesquisa experimental,
diagnóstico, operação, tratamento, reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste
de laboratório. Muitos teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos
convenientemente para se chegar a um fim.
A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método é o caminho, a técnica
é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a
operacionalização do método segundo normas padronizadas. É resultado da experiência e exige
habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica.
O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um problema que desafia
a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e estabelece as condições para seu controle,
a fim de confirmá-la ou não. A conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida
não só para aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata de
um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as pesquisas são objetos
de atenção de grupos especializados ligados às universidades, às empresas ou ao Estado.
De qualquer forma, a objetividade da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da
comunidade científica que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões,
divulgadas em revistas especializadas e congressos.
Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a realidade de
maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias entre os fenômenos, o que
permite prever os acontecimentos e, consequentemente, também agir sobre a natureza.
Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de conhecimento
sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor do método, não é conveniente
pensar que a ciência é um conhecimento certo e definitivo, pois ela avança em contínuo
processo de investigação que supõe alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando
são inventados novos instrumentos.
Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram reformuladas por diversos
matemáticos que desenvolveram técnicas para aplicá-las de maneira mais precisa. No século
XX, a teoria da relatividade de Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga
em linha reta. Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem,
no entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou seja, as leis e as
teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus de confirmação e verificabilidade,
podendo ser aperfeiçoadas ou superadas.

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• A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar que existe um
método universal?
• Será que os métodos universais devem ser considerados válidos para situações
diversas? E tendo situações diferentes podemos qualificá-las como universais?
• Como descrever relações universais por meio de métodos “individuais”?
• Será que esse tipo de método é realmente válido universalmente?
• Será que podemos nomear o método como sendo universal?
A busca do Conhecimento Científico como vimos anteriormente, passa por diversas etapas.
Tais etapas discutiremos a seguir.

Projeto de Pesquisa: definição e delimitação do objeto de estudo

O projeto de pesquisa desempenha várias funções: planeja a elaboração do trabalho de


conclusão de curso, permite aos orientadores que avaliem o trabalho de pesquisa que será
realizado e auxilia o aluno para a sistematização organizada de uma pesquisa.
Para a elaboração de um projeto de pesquisa é fundamental que o aluno já
tenha definido o objeto que vai pesquisar, de forma que possa, junto ao orientador,
delimitar o assunto, de forma a torná-lo mais preciso e claro. Não existe regra definida para
a escolha do objeto. Pode ser feito de acordo com curiosidade do aluno, suas necessidades
pessoais ou mesmo por sugestão do orientador. Segundo Vieira:

Definir o tema é pensar o objeto e não apenas escolher o assunto. Nesse sentido
a definição não é um ato só inicial: ela se articula com a problematização,
formando com esta momentos e expressão de um único movimento.
Qualquer que seja o ponto de partida: uma referência bibliográfica, uma
reflexão metodológica, um contato com fontes, uma experiência de vida,
ou um debate colocado pelo social, a construção do objeto, dependendo da
postura teórica do pesquisador e de sua vivência, se realizará por caminhos
diferentes, conduzindo a resultados também diferentes.
(1998, p.30-31)

A delimitação do tema é importante porque circunscreve o assunto a um ângulo específico,


facilitando a pesquisa e a redação do trabalho.

Trabalhar em cima de um assunto bastante restrito facilita muito o trabalho de


pesquisa e a elaboração do texto (...) O fato é que o tema levado ao máximo
de redução permite uma concentração da pesquisa e um aprofundamento de
seu conteúdo.
(NUNES, 1999, p. 9)

Ou seja, é necessário definir com precisão o assunto particular que será tratado, pois quanto
maior o domínio que o aluno tiver do tema, mais facilidade terá no desenvolvimento do projeto
e posteriormente, na redação do Trabalho de Conclusão de Curso.
Após a definição do objeto e delimitação do tema de estudo, o pesquisador deve elaborar
um projeto de pesquisa. Mas, para tal elaboração é de fundamental importância a realização
de um levantamento de fontes primárias e secundárias de pesquisa.

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Projeto de Pesquisa: levantamento, leitura e organização das fon-


tes primárias e secundárias de pesquisa
O pesquisador após realizar a definição do objeto de estudo e delimitação do tema, deverá
partir para os próximos passos da pesquisa.
Inicialmente, o estudante deve realizar o levantamento e a organização das fontes primárias
(jornais, revistas, leis, decretos etc.), que poderão ser localizadas nos diferentes órgãos de
documentação (museus, arquivos, bibliotecas, centros de documentação, entre outros) e
secundárias de pesquisa (referenciais teóricos e metodológicos).
A leitura e organização desses materiais auxiliarão o pesquisador situar o objeto de estudo
no tempo e no espaço e ainda, na indicação dos pressupostos que irão subsidiar as discussões
e análises a que se propõe o estudo.

Em qualquer tipo de pesquisa, é imprescindível que se faça uma


abordagem teórica sobre o assunto no qual se insere o objeto-
problema a ser estudado (...) O referencial teórico deve conter
um apanhado do que existe de mais atual na abordagem do tema
escolhido, mesmo que as teorias atuais não façam parte de suas
escolhas. Deve estabelecer os marcos conceituais que vão nortear o
desenvolvimento da pesquisa, as linhas de pensamento e as teorias
que vão sustentar a análise dos dados que vai colher durante a
realização do levantamento (...).
(MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 37-38)

O “diálogo” inicial com as fontes primárias e secundárias de pesquisa aponta os caminhos


para que o pesquisador consiga problematizar o objeto, ou seja, levantar questões e / ou
hipóteses de pesquisa e ainda, definir quais os objetivos do trabalho.

Nesse sentido não dá para fazer a seleção de fontes depois da


problematização, como geralmente recomendam os manuais.
O pesquisador, no encaminhamento da pesquisa, se depara
com registros que funcionam como elemento perturbador, ou
porque não consegue explica-los, ou porque questionam linhas
importantes de sua reflexão.
(VIERIA et. al., 1998, p.46)

Após a definição do objeto, a delimitação do tema e o levantamento inicial das fontes de


pesquisa, o pesquisador pode partir para o próximo passo da pesquisa, que é a elaboração do
projeto de pesquisa.

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Projeto de pesquisa: importância e aspectos metodológicos (el-
ementos constitutivos)
Em qualquer setor de atividade humana, planejar é necessário.
Projeto é a preparação gradual ou o planejamento referente
a algo que se pretende pôr em prática em qualquer área de
estudos: ciências humanas, biológicas, exatas, artes e até mesmo
em nossa vida pessoal.
BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.15

Um projeto de pesquisa, como vimos anteriormente, pode desempenhar várias funções,


pois define e planeja para o próprio aluno o caminho a ser seguido no desenvolvimento do
trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas a serem alcançadas, os instrumentos e
estratégias a serem usados; disciplina o trabalho e organiza o tempo e permite ao orientador
avaliar melhor o sentido geral do trabalho.

Os trabalhos monográficos constituem parte importante da


formação técnico-científica dos acadêmicos, sejam eles estudantes
universitários de cursos de graduação ou de pós-graduação. Por
esse motivo, necessitam de um rigor metodológico e não podem
ser submetidos à pura espontaneidade criativa de quem os elabora.
Portanto, os aspectos metodológicos – instrumentos utilizados
para dotá-los de tal modelagem – ganham progressivamente mais
relevância à medida que o pesquisador vai familiarizando-se com
as normas e especializando-se no ato de pesquisar.
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 32

O projeto de pesquisa é a etapa inicial da elaboração de trabalhos de conclusão de curso e,


portanto, deve conter alguns elementos essenciais, tais como:
• Título e subtítulo do trabalho;
• Introdução que permita situar e apresentar o tema de pesquisa;
• Justificativa da escolha do tema;
• Objetivos;
• Problematização (questões e / ou hipóteses da pesquisa);
• Metodologia;
• Cronograma de trabalho;
• Bibliografia.
O título do projeto deve indicar o assunto do trabalho de forma criativa, para chamar a
atenção para a pesquisa e o subtítulo do projeto deve explicar o assunto do trabalho de forma
detalhada, ou seja, o título deve sintetizar o conteúdo da pesquisa. Pode ser acompanhado
ou não de subtítulo. Neste último caso, enquanto o título tem caráter mais geral, o subtítulo
delimita com mais precisão o alcance dos objetivos da pesquisa. Exemplo: “A licenciatura em
História: avaliação do curso de História da Unesp-Franca”.
A introdução é a apresentação do assunto da pesquisa, ou seja, é onde contextualizamos
espacial e temporalmente nosso objeto de estudo, dialogando com os trabalhos que já versaram
sobre o assunto.

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A apresentação de um referencial teórico tem a finalidade


de mostrar ao (s) avaliador (es) do projeto que o autor detém
conhecimento suficiente do assunto em que seu projeto está
inserido, buscando aprofundamento no tema que escolheu a
partir de um objeto a ser estudado.
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 38

Na justificativa apresentamos o motivo da escolha do tema, sua relevância social e / ou


acadêmica (científica). Neste item também precisamos dialogar com autores / trabalhos que
já versaram sobre o assunto, é onde se coloca a gênese do problema, explicitando os motivos
mais relevantes que levaram a abordagem do assunto. Neste item, o pesquisador expõe os
motivos mais significativos que o levaram a abordar o tema escolhido.
A argumentação, mediante a qual o pesquisador expõe os motivos que o levaram a eleger
determinado tema e a importância da contribuição que seu estudo pode ensejar, são fatores
fundamentais na aceitação da pesquisa por parte de seu público-alvo.
Na problematização do projeto devemos levantar as questões e / ou hipóteses da pesquisa.
Tais problemas deverão ser investigados durante a pesquisa e, posteriormente, respondidos
durante a redação do trabalho de conclusão de curso.
Após a problematização do tema, o autor do projeto deve expor os objetivos que o
trabalho visa atingir, isto é, a situação que se deseja obter ao final da trajetória de pesquisa e
redação do trabalho de conclusão.

Os objetivos determinam o que se projeta fazer, ou o que se


pretende com a pesquisa. Devem ser determinados considerando-
se a viabilidade de atingi-los.
Os objetivos estão diretamente relacionados ao tema e ao problema
levantados (...)
BIANCHI, A.; ALVARENGA; BIANCHI, R., 2002, p.19

Os objetivos devem estar claramente definidos, coerentes com o tema proposto,


esclarecer o que se pretende com o projeto a partir das hipóteses ou das questões de
pesquisa a serem investigadas.
Na explicitação dos objetivos de uma pesquisa, antecipam-se as contribuições que a mesma

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pretende trazer para o avanço daquela área específica do conhecimento.
No item metodologia, o autor deverá anunciar os materiais (fontes de pesquisa) que irá
analisar e os procedimentos metodológicos (métodos e técnicas) que irá utilizar na elaboração
da monografia: trabalho de campo, laboratório, entrevistas, pesquisa bibliográfica ou, se for o
caso, um estudo que combinará diferentes formas de investigação.
A partir daí, devem ser apresentadas e respondidas questões do tipo: Como? Com que?
Onde? Quando?
Deverão ser mencionadas, também, as técnicas e instrumentos de pesquisa que serão empregados
na coleta de dados como, por exemplo: levantamento das fontes documentais e bibliográficas,
observação, entrevistas, questionários, testes, história de vida, análise de conteúdo etc.
O cronograma de trabalho deve apresentar as várias etapas (atividades) do desenvolvimento
da pesquisa, distribuídas no tempo, ou seja, distribuição das tarefas nos períodos do calendário.

O cronograma de desenvolvimento das atividades de pesquisa


depende de uma série de fatores relacionados com as exigências
das faculdades ou institutos, das agências de fomento, da
disponibilidade do pesquisador e, fundamentalmente, dos objetivos
a serem atingidos.
MARION; DIAS; TRALDI, 2002, p. 40

Na bibliografia do projeto de pesquisa, todo material consultado para elaboração do


projeto deverá ser relacionado de acordo com as normas da ABNT.

Fim da Unidade Métodos Científicos!


Realize as atividades propostas para a Unidade. Em
caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor.

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Referências

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ANDRADE, M. M. Introdução á metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 2003.
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turismo: trabalhos, projetos e monografias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
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Anotações
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