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PAPEL DO FARMACÊUTICO E GESTÃO

DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

O PAPEL DO FARMACÊUTICO
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjunto com organizações inter-
nacionais farmacêuticas, vem desenvolvendo uma estratégia para incorporar
o farmacêutico na equipe de saúde. Reconhece-se que ele é o profissional de
saúde com o melhor perfil para a condução de todas as ações destinadas à
melhoria do acesso e promoção do uso racional dos medicamentos. Nesse
sentido, inicia-se uma série de reuniões de peritos sobre o papel do farmacêuti-
co na atenção à saúde. Na primeira reunião, realizada em Nova Delhi, em 1988,
o Diretor da OMS para a Ásia Sul-Oriental, em representação do Diretor Geral,
ao inaugurar a reunião, sublinhou (OMS, 1990: 1-2): os esforços empreendidos
para racionalizar a atenção à saúde, estabelecer prioridades para a alocação
de recursos e modernizar as instituições de saúde e outros serviços necessá-
rios são inúteis se a prestação de serviços fracassa por falta de uma infraes-
trutura adequada. Em nenhuma parte é mais evidente a necessidade desta
infraestrutura para a atenção diária aos pacientes do que no abastecimento
de medicamentos essenciais. Nos países menos prósperos, a insuficiência da
prestação de serviços de atenção primária à saúde é atribuída, vez ou outra,
às deficiências na cadeia de distribuição de medicamentos. Somente quando
se aceita o farmacêutico como membro vital da equipe de atenção em saúde é
que se pode organizar os serviços de apoio necessários com o profissionalismo
exigido. Esta primeira reunião define as principais atividades em que o farma-
cêutico cumpre sua função, com conhecimento e eficiência, e propõe estratégias
para o desenvolvimento do profissional farmacêutico para os sistemas de saú-
de. A segunda reunião, realizada em Tóquio, Japão, em 1993, confirma as re-
comendações da primeira e examina as responsabilidades do farmacêutico em
relação às necessidades assistenciais do paciente e da comunidade, levando ao

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conceito de Atenção Farmacêutica. Talvez a maior contribuição desta reunião


tenha sido a discussão do conceito da Atenção Farmacêutica, que foi proposto,
em 1990, por Hepler e Strand. Além de concordar com esta definição, o docu-
mento de consenso propôs estender o caráter de beneficiário da Atenção Far-
macêutica ao público, em seu conjunto e reconhecer, deste modo, o farmacêu-
tico como dispensador da atenção sanitária que pode participar, ativamente, na
prevenção das doenças e da promoção da saúde, junto com outros membros
da equipe sanitária. (WHO, 1994: 3). Posteriormente à segunda reunião, a 47ª
Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 1994, ocupa-se do tema e expede
a resolução 47.12/94, na qual as principais recomendações são:

(WHO, 1997b)

Para dar cumprimento às recomendações da resolução em relação à formação


dos farmacêuticos, foi realizada a terceira reunião, em Vancouver, Canadá, em
1997.

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Esta reunião tratou, fundamentalmente, da educação farmacêutica e definiu as


sete características fundamentais do farmacêutico, estabelecendo o conceito de
Farmacêutico Sete Estrelas:

A quarta reunião, realizada em Haia, Holanda, em 1998, discutiu o papel do


farmacêutico no autocuidado e na automedicação. Estes são dois temas de
grande abrangência, levando-se em conta as tendências mundiais a liberar a
exigência de receita para os medicamentos, com comprovada segurança e de-
monstrada eficácia, que são utilizados para sintomas menores ou doenças fa-
cilmente autodiagnosticadas (WHO, 1998). O trabalho da OMS tem sido per-
manentemente reforçado, com a participação da Federação Internacional dos
farmacêuticos (FIP) e da Federação Internacional dos Estudantes de Farmá-
cia (IPSF).

No bojo da profissão farmacêutica, devido à busca decrescente dos serviços


de manipulação, ocorrem intensas modificações. De um profissional ligado di-
retamente ao fazer e detendo o conhecimento total deste fazer, o farmacêutico
se vê transformado, pela entrada maciça de produtos industrializados, em um
mero elo na cadeia de consumo de um produto que ele já não é mais capaz de

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reproduzir (WHO, 1998). Desse modo, o farmacêutico, aliena-se do seu pró-


prio fazer, não domina o processo de manufatura do medicamento e torna-se
um mero intermediário da cadeia de produção e consumo. Nos países periféri-
cos ocorre, assim, um deslocamento do eixo profissional para outras áreas da
profissão até então de importância apenas marginal.

A Assistência Farmacêutica representa hoje uma das áreas com maior impacto
financeiro no âmbito do SUS de uma forma geral, o que também é uma reali-
dade nas secretarias estaduais de saúde (SES) e sua gestão neste âmbito se
reveste de fundamental importância. A demanda por medicamentos é crescen-
te e as tendências não apontam para alterações nesta área. A disponibilização
destes insumos envolve um aporte elevado de recursos financeiros e a ausência
de um gerenciamento efetivo pode acarretar grandes desperdícios dos mesmos,
que podem ser considerados como cruciais (MSH, 1997).

Assim, é imprescindível que esta área seja gerenciada adequadamente, enten-


dendo que gerenciar é alcançar resultados por meio de pessoas, utilizando efi-
cientemente os recursos disponíveis. Um bom gerenciamento é fruto de conheci-
mentos, habilidades e atitudes. Abrange ações de planejamento, de execução,
de acompanhamento e de avaliação dos resultados, sendo esta de caráter
permanente, pois incorrerá em novo planejamento, nova execução, novo acom-
panhamento e nova avaliação (MARIN et al, 2003).

A qualificação do gerenciamento da Assistência Farmacêutica é possível a par-


tir do planejamento, da organização e da estruturação do conjunto das ativida-
des desenvolvidas, visando aperfeiçoar os serviços ofertados à população.

Sendo uma das diretrizes prioritárias da Política Nacional de Medicamentos,


o desenvolvimento da Assistência Farmacêutica agrega valor às ações e ser-
viços de saúde. Planejar, organizar, coordenar, acompanhar e avaliar as ações
são atividades inerentes a um bom gerenciamento. Nesse sentido, a seguir são
descritas algumas estratégias que podem ser utilizadas para a organização da
Assistência Farmacêutica, as quais devem ser avaliadas e adequadas a cada
realidade.

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ESTRUTURA DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


A viabilização de uma estrutura organizacional para a Assistência Farmacêuti-
ca é imprescindível para o desenvolvimento de ações e a execução das atribui-
ções de competência desta área, devendo, para tal, ser dotada de recursos fí-
sicos, humanos e tecnológicos adequados e compatíveis com a necessidade. A
estrutura organizacional responsável pela Assistência Farmacêutica deve estar
inserida e formalizada no organograma da instituição, para que tenha visibili-
dade e tenha garantida a execução da sua função. A subordinação desta área,
quando informal, dificulta a concretização e dispersa as ações inerentes a ela.

PLANEJAMENTO
Planejar significa “orientar a ação do presente para que possamos organizar e
estruturar um conjunto de atividades, conforme critérios previamente estabele-
cidos, visando modificar uma dada realidade” (MARIN et al., 2003). No Sistema
Único de Saúde são adotados como instrumentos básicos do sistema de plane-
jamento para as secretarias de saúde, o Plano Estadual/Municipal de Saúde; a
Programação Anual em Saúde – que operacionaliza as intenções expressas no
Plano de Saúde; e o Relatório Anual de Gestão. Estes deverão ser compatíveis
com o respectivo Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) (Brasil, 2009a).

A utilização dos instrumentos de planejamento e o resultado deste processo


se constituem em uma importante ferramenta de gestão e gerenciamento. A
Assistência Farmacêutica, como ação de saúde, ainda não está totalmente in-
serida no planejamento das Secretarias de Saúde e tampouco dos instrumen-
tos de planejamento do SUS. É preciso buscar a necessária integração dessa
área com as demais áreas que integram o sistema de saúde, e sua inclusão nos
instrumentos de planejamento e gestão. Esta é uma forma de obter resultados
efetivos na melhoria dos serviços farmacêuticos.

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GESTÃO DE PESSOAS
Gerenciar pessoas é uma tarefa complexa e o conhecimento acumulado, as ha-
bilidades e as atitudes de cada trabalhador são determinantes no desempenho
de suas atividades. Trabalhadores que entendem o significado do seu trabalho
e a finalidade das tarefas que lhes são delegadas têm a tendência de estar
comprometidos e motivados para alcançar melhores resultados. É necessário
manter um canal de comunicação permanente e incentivar a participação co-
letiva, inclusive nas decisões, o que influencia positivamente a realização de
tarefas pelos atores envolvidos. Desenvolver estratégias para maximizar talen-
tos individuais é de vital importância para o sucesso de qualquer atividade que
utilize equipes de trabalho como parte de sua estrutura organizacional. Entre-
tanto, a implantação de equipes que sejam efetivas no desenvolvimento de suas
atividades depende de vários fatores. Alguns deles podem dificultar o desenvol-
vimento de uma verdadeira filosofia de trabalho em equipe, pode-se mencionar
as culturas gerenciais baseadas em modelos hierárquicos e autoritários; a fal-
ta de esforço na construção das equipes; e a ausência de objetivos.

ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
O acompanhamento e a avaliação continuada das ações desenvolvidas na As-
sistência Farmacêutica são outra estratégia para solidificar o modelo adotado
para a área, compartilhado entre União, estados e municípios. A implantação de

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| Papel do Farmacêutico e Gestão da Assistência Farmacêutica

sistemas de informações gerenciais na Assistência Farmacêutica auxilia na for-


mulação de políticas de medicamentos e subsidia a tomada de decisões dos
gestores e a racionalização da aplicação dos recursos. Para um gerenciamento
eficiente é necessário que se disponha de sistemas de informações que reflitam
a realidade dos serviços, disponibilizando indicadores seletivos e específicos,
definidos pelo gestor, que auxiliem na qualificação do processo de decisão e na
racionalização da aplicação dos recursos. O desenvolvimento de indicadores
é um processo lógico, mas não é um processo mágico. Como o próprio nome
já explicita, aponta para as principais conquistas, problemas ou obstáculos,
tornando possível a elaboração de estratégias para o seu enfrentamento. Os
resultados devem ser analisados e discutidos com os diversos atores: gestores,
responsáveis pelas Assistências Farmacêuticas regionais e municipais, Conse-
lho Estadual de Saúde, entre outros.

Autor: Prof Diego Medeiros

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POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA (PNAF) E USO
RACIONAL DE MEDICAMENTOS

A Assistência Farmacêutica representa uma das áreas com grande impacto


financeiro no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), e as tendências não
apontam para reduções. O crescente volume de recursos aplicados, em função
da constante incorporação tecnológica e da ampliação do acesso aos serviços
de saúde, reforça a necessidade de investimentos na qualificação da gestão,
uma vez que o adequado gerenciamento constitui uma ferramenta de raciona-
lização do bem público e otimização de resultados. O fortalecimento da gestão
descentralizada do SUS é uma estratégia fundamental para assegurar o acesso
integral da população à promoção, proteção e recuperação da saúde. É impor-
tante neste processo a participação conjunta dos três níveis de gestão:

O investimento na qualificação de recursos humanos é uma estratégia estabe-


lecida em marcos regulatórios relevantes no contexto do SUS, estando presente
na Constituição Federal de 1988; na Lei Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080/90;
na Política Nacional de Medicamentos - Portaria GM/MS nº 3.916/98 e no Pacto
pela Saúde - Portaria GM/MS nº 399/2006. Na área da Assistência Farmacêu-
tica, a Resolução CNS nº 338/2004, que aprova a Política Nacional de Assis-
tência Farmacêutica (PNAF), também destaca como eixo estratégico o desen-
volvimento, valorização, formação, fixação e capacitação de recursos humanos.

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA


Em 2003, um amplo debate sobre a Assistência Farmacêutica foi realizado com
a sociedade na I Conferência Nacional de Medicamentos e, com base nas pro-
postas nela emanadas, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou e publicou
a Resolução CNS n. 338, de 6 de maio de 2004, que estabelece a Política Nacio-
nal de Assistência Farmacêutica (PNAF), definindo-a como:

Um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recupera-


ção da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento
como insumo essencial e visando o acesso e seu uso racional. Este
conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de
medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação,
aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos
produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utiliza-
ção, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da me-
lhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2004c).

De acordo com a PNAF, a Assistência Farmacêutica no SUS deve ser entendida


como política pública norteadora para a formulação de políticas setoriais, ten-
do como alguns dos seus eixos estratégicos a manutenção e a qualificação dos
serviços de Assistência Farmacêutica na rede pública de saúde, a qualificação
de recursos humanos, bem como a descentralização das ações.

USO RACIONAL DOS MEDICAMENTOS


Sob o aspecto conceitual, a Política Nacional de Medicamentos refere o uso ra-
cional de medicamentos como sendo:

Processo que compreende a prescrição apropriada; a disponibili-


dade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em condições
adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos defi-
nidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes,
seguros e de qualidade (BRASIL, 2002a).

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

A Organização Mundial de Saúde considera que há uso racional de medica-


mentos quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas con-
dições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um
período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. Lidera, em
conjunto com outras instituições gestoras e de pesquisa, movimentos que bus-
cam a prescrição e o uso racional de medicamentos, a seleção de medicamentos
essenciais e a disponibilização de informações científicas e independentes aos
profissionais de saúde, por meio de boletins e de formulários terapêuticos (BRA-
SIL, 2007).

As diferentes iniciativas para que os medicamentos sejam prescritos e utiliza-


dos de forma correta, devem-se principalmente ao fato de que, apesar de serem
importantes instrumentos de saúde, e quando utilizados de forma indevida, po-
dem ser potenciais fontes de agravos e danos à saúde. Não é raro que erros de
medicação e eventos adversos se constituam em causa de morte. Corroborando
esta afirmação, dados da Organização Mundial de Saúde indicam:

Mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensa-


dos ou comercializados de forma inapropriada, sendo que metade
dos usuários os utiliza incorretamente (WHO, 2010).

Esta situação desencadeou ações mundiais que visam aumentar a segurança


no uso dos medicamentos e mostra que a promoção do seu uso racional mere-
ce atenção especial por parte dos gestores e responsáveis pelo gerenciamento
da Assistência Farmacêutica. Vários são os obstáculos para o uso racional de
medicamentos no Brasil:

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

Todos esses fatores, além de poderem trazer consequências graves para a saú-
de da população, levam a um dispêndio desnecessário de recursos financeiros,
quer sejam eles originários de desembolso direto ou financiados com recursos
públicos. Algumas estratégias para o uso racional de medicamentos são aces-
síveis e passíveis de implementação, como:

(MARIN et al., 2003)

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

A OMS orienta os países a implementar programas nacionais para a promoção


do uso racional de medicamentos por meio de políticas, estruturação, informa-
ção e educação, que incluem:

ÎÎCriação de instâncias nacionais para coordenar as políticas de medica-


mentos e monitorar seu impacto.

ÎÎEstabelecimento de diretrizes clínicas baseadas em evidências para ca-


pacitação, supervisão e para apoiar os tomadores de decisão acerca dos
medicamentos.

ÎÎListas de medicamentos essenciais que sirvam de base para aquisição e


reembolso.

ÎÎComitês de Farmácia e Terapêutica em distritos e hospitais para monitorar


e implementar intervenções que qualifiquem o uso dos medicamentos.

ÎÎCapacitação em farmacoterapia e prescrição, baseada em problemas


nos cursos de graduação.

ÎÎEducação médica continuada em serviço como requisito para o registro


profissional.

ÎÎPublicação de informações independentes, isentas e não tendenciosas so-


bre medicamentos para a equipe de saúde e consumidores.

ÎÎEducação do usuário sobre medicamentos.

ÎÎEliminação de incentivos financeiros que levem a prescrições inadequadas.

ÎÎRegulação da propaganda para assegurar que atenda critérios éticos.

ÎÎFinanciamento adequado para assegurar a disponibilidade de medica-


mentos e quadro adequado de funcionários de saúde para atendimento
(WHO, 2010).

As medidas regulatórias adotadas nos países também contribuem para o uso


racional de medicamentos. Podem-se destacar, entre elas, os critérios adotados
para a concessão de registro que devem considerar a sua segurança, eficácia e
as condições de fabricação. Outra medida é a revisão da classificação de me-

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

dicamentos sob prescrição, restringindo a venda livre de medicamentos que


possam apresentar qualquer risco ao usuário (BRASIL, 2007). Neste campo o
Brasil vem avançando, podendo-se destacar: a introdução dos medicamentos
genéricos; a revisão dos critérios de registro para medicamentos sob prescri-
ção e venda livre; a retirada do mercado de medicamentos com composições
inadequadas ou que apresentem problemas após comercialização; a regulação
e a monitoração da propaganda de medicamentos e outros produtos sujei-
tos à vigilância sanitária; a introdução dos medicamentos fracionáveis para
dispensação ambulatorial; e a regulação econômica de medicamentos. Tais
ações têm contribuído para aumentar a segurança dos usuários de medica-
mentos no país. Em relação ao fortalecimento da vigilância pós-registro dos
medicamentos, pode-se mencionar:

• Programa Nacional de Controle da Infecção Hospitalar;

• Rede Nacional de Monitoramento da Resistência Microbiana;

• Criação dos Hospitais Sentinela;

• Implementação e a estruturação da farmacovigilância no Brasil;

• Instituição de farmácias notificadoras de reações adversas a medicamen-


tos;

• Realização de ações referentes à ampliação das estratégias para o estí-


mulo à identificação e notificação e investigação de suspeitas de desvios
de qualidade e medicamentos falsificados

(BRASIL, 2007).

Entre as ações relacionadas à promoção do uso racional nos serviços farmacêu-


ticos, destaca-se:

• Fortalecimento da Assistência Farmacêutica na Atenção Primária;

• Revisão e a atualização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais


(Rename);

• Disponibilização do Formulário Terapêutico Nacional;

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| Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) e Uso Racional de Medicamentos

• Apoio à Rede de Centros de Assistência e Informação Toxicológica (Rena-


ciat) e;

• Apoio à reestruturação dos centros e serviços de informação de medica-


mentos no país.

(BRASIL, 2007).

Pode-se mencionar ainda, a realização de cursos nacionais de capacitação


de multiplicadores para estratégias de prescrição racional de medicamentos,
por meio de parceria entre Opas/OMS, Ministério da Saúde e a Anvisa (BRASIL,
2007).

Autor: Prof Diego Medeiros

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COMPONENTE ESTRATÉGICO

O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF) destina-se


à garantia do acesso equitativo a medicamentos e insumos, para prevenção,
diagnóstico, tratamento e controle de doenças e agravos de perfil endêmico,
com importância epidemiológica, impacto socioeconômico ou que acometem
populações vulneráveis, contemplados em programas estratégicos de saúde do
SUS.

O Componente Estratégico da AF (CESAF) têm como objetivo garantir o acesso


aos medicamentos dos programas estratégicos do Ministério da Saúde. Está
relacionado ao tratamento de doenças que configuram problemas de Saúde
pública e cujo controle e tratamento estão estabelecidos em protocolos, normas,
guias e diretrizes terapêuticas, que estabelecem os critérios para tratamento
das doenças e as doses dos medicamentos. Financiados e adquiridos pelo Mi-
nistério da Saúde, destinam-se atualmente a:

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| Componente Estratégico

A partir de 2014, foi incorporado no CESAF o gerenciamento do Palivizumabe


indicado para a prevenção da infecção pelo vírus sincicial respiratório (VSR).
Os medicamentos são programados pela AF e programas das Secretarias de
Saúde Estaduais (SES) em conjunto com o Ministério da Saúde (MS). Após ad-
quiridos, esses são repassados aos estados, cabendo às Secretarias Estaduais
de Saúde fazer o armazenamento e distribuição aos municípios.

Segue abaixo os programas do CESAF:

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| Componente Estratégico

Autor: Prof Diego Medeiros

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COMPONENTE ESPECIALIZADO

A Assistência Farmacêutica na área pública foi historicamente uma atividade


executada a partir da criação da Central de Medicamentos (Ceme), em 1971,
que era responsável pelo seu gerenciamento, adotando um modelo centralizado
de gestão. Parcelas significativas da população, especialmente aquelas porta-
doras de doenças crônicas ou raras, que necessitavam de medicamentos de
uso ambulatorial, com custo elevado ou por períodos longos, não tinham acesso
aos mesmos (PONTAROLLI, 2003). Nesse período, o Instituto Nacional de As-
sistência Médica e Previdência Social (Inamps) gerenciava os medicamentos da
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), destinados a atender
a população previdenciária.

A partir de 1982, o Inamps começou a adquirir um grupo de medicamentos


denominados “excepcionais”, destinados aos usuários transplantados, renais
crônicos e portadores de nanismo hipofisário, que, conforme já descrito, não
eram disponibilizados à população em geral. Normas da Ceme estabeleciam
que: Em caráter excepcional, os serviços prestadores de assistência médica e
farmacêutica poderão adquirir e utilizar medicamentos não constantes da Re-
lação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), quando a natureza
ou a gravidade da doença e das condições peculiares do paciente o exigirem e
desde que não haja, na RENAME, medicamento substitutivo aplicável ao caso
(PONTAROLLI, 2003).

Originariamente o financiamento e o gerenciamento dos medicamentos de alto


custo, também denominados “medicamentos excepcionais”, eram de responsa-
bilidade do Inamps. A prestação de contas dessa modalidade de aquisição era
feita pelas unidades que os comprovaram por meio das notas fiscais de com-
pra. Em 1990, com a passagem do Inamps do Ministério da Previdência Social
(MPS) para o Ministério da Saúde (MS), as atividades de Assistência Farma-
cêutica foram gradativamente sendo descentralizadas aos estados. A partir de

2
| Componente Especializado

1991, essas atividades desenvolvidas pelo Inamps foram extintas, entre elas,
o gerenciamento dos denominados “medicamentos excepcionais”. As doenças
contempladas por esse programa passaram a ser definidas pelo Ministério da
Saúde, abrangendo aqueles medicamentos de elevado valor unitário ou que,
pela duração do tratamento, tornavam-se excessivamente onerosos.

Por meio da Portaria GM/MS n. 1310, de outubro de 1999, foi criada uma Comis-
são de Assessoria Farmacêutica vinculada à Secretaria de Assistência à Saúde
(SAS), com representantes daquela secretaria, da Secretaria de Políticas de Saú-
de (SPS), da Secretaria Executiva (SE) do MS, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e
do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems). A finali-
dade da Comissão era estabelecer critérios técnicos para seleção, inclusão, ex-
clusão e substituição de medicamentos de dispensação excepcional na tabela
SIA/SUS.

Em 2000, a Portaria GM/MS n. 1481, estabeleceu que o repasse do recurso fi-


nanceiro se desse do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais de Saú-
de com base no encontro de contas entre os valores aprovados, tendo como
parâmetro a média trimestral dos valores das Apacs para cada unidade da fe-
deração.

Em 23 de julho de 2002, a Portaria GM/MS n. 1318 incluiu 64 novos medica-


mentos em 155 apresentações, modificando completamente o cenário desse
programa (BRASIL, 2002i). O Ministério da Saúde justificou o aumento do nú-
mero de medicamentos a serem disponibilizados pelas SES como decorrente
da desoneração tributária que passou a contemplá-los, o que não causaria im-
pacto financeiro negativo nas Secretarias. Desta forma, o Ministério da Saúde,
estimando uma economia da ordem de R$ 87 milhões no período entre agosto e
dezembro de 2002, e de R$ 119 milhões em 2003, optou pela ampliação do pro-
grama, mantendo inalterados os valores financeiros totais programados para
transferência aos estados (CONASS, 2004a).

Esta desoneração não produziu os efeitos financeiros esperados e as secre-


tarias estaduais de saúde tiverem grande dificuldade em gerenciar a aquisição

3
| Componente Especializado

dos novos medicamentos, uma vez que os recursos necessários à sua compra
não haviam sido aportados pelo MS.

No ano de 2001 e, especialmente, ao longo de 2002, o MS elaborou e divulgou


os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, para 30 patologias atendidas
com este grupo de medicamentos de dispensação excepcional. Os protocolos
tinham por objetivo estabelecer os critérios de diagnóstico de cada doença,
critérios de inclusão e exclusão de pacientes ao tratamento, a dose correta
dos medicamentos indicados, bem como os mecanismos de controle, acompa-
nhamento e avaliação (BRASIL, 2002c).

Outras duas portarias incorporaram medicamentos excepcionais: a PRT SAS/


MS n. 921, de 22 de novembro de 2002 (BRASIL, 2002j), e PRT SAS/MS n. 203,
de 19 de abril de 2005 (BRASIL, 2005f). Em conjunto com a Portaria GM/MS
1.318/2002, essas Portarias passaram a contemplar 105 substâncias ativas em
203 apresentações.

Apesar da publicação da Portaria GM/MS n. 1318, em 2002, ter gerado a expec-


tativa de ampliação do acesso dos usuários aos medicamentos de dispensação
excepcional, esse resultado não foi imediatamente alcançado.

A Portaria GM/MS n. 2577 estabeleceu, ainda, os instrumentos a serem utiliza-


dos na autorização e no fornecimento dos medicamentos, com instituição de:

A mesma regulamentação estabeleceu também que o MS e os gestores estaduais


poderiam pactuar a compra centralizada de medicamentos nos casos em que:

ÎÎA avaliação do seu impacto financeiro indicasse benefício econômico fren-


te às condições de mercado;

ÎÎHouvesse interesse do MS em financiar laboratórios públicos para produzir


o medicamento;

4
| Componente Especializado

ÎÎA análise de aspectos relacionados à capacidade logística, operacional e


administrativa dos gestores fosse favorável.

Com relação ao financiamento do Conselho Municipal de Desenvolvimento


Estratégico (CMDE), a mencionada Portaria explicitou que o mesmo seria de
responsabilidade do MS e dos estados, conforme pactuação na Comissão In-
tergestores Tripartite. Os recursos do Ministério da Saúde, aplicados no finan-
ciamento, teriam como base a emissão e aprovação das Apacs, processadas
mensalmente pelas Secretarias Estaduais e o Ministério da Saúde publicaria
trimestralmente a Portaria com os valores a serem transferidos aos estados,
conforme cronograma estabelecido na mesma.

No sentido de aprimorar este CMDE, em 2009 foram iniciadas discussões para


reformular o programa. A construção da proposta transcorreu durante o ano de
2009 e, após pactuação na CIT, foi oficializada com a publicação pela Portaria
GM/MS n. 2.981, de 26 de novembro de 2009.

Esta portaria altera a denominação do Componente Medicamentos de Dispen-


sação Excepcional para Componente Especializado da Assistência Farmacêu-
tica (CEAF) e constitui-se numa nova estratégia de acesso a medicamentos no
Sistema Único de Saúde, trazendo alterações gerenciais e conceituais.

Os medicamentos contemplados neste Componente Especializado estão es-


tabelecidos em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), e con-
templam aqueles necessários para assegurar a integralidade do tratamento em
todas fases evolutivas das doenças. Desta forma, a Portaria GM n. 2.981/2009
relaciona medicamentos cujo acesso se dá em diferentes níveis de atenção à
saúde, razão pela qual a elaboração e a aprovação do Componente Especia-
lizado da Assistência Farmacêutica, ocorreu de forma simultânea com a atua-
lização da Portaria relacionada ao Componente Básico da Assistência Farma-
cêutica, que passou a ser regulamentado pela Portaria GM/MS n. 2.982, de 26
de novembro de 2009. A portaria do CEAF relaciona os medicamentos que com-
põem as linhas de cuidado para as doenças contempladas e as instâncias ges-
toras responsáveis por seu financiamento e gerenciamento.

5
| Componente Especializado

O acesso aos medicamentos que integram as linhas de cuidado para as doen-


ças contempladas é garantido mediante pactuação entre a União, estados, Dis-
trito Federal e municípios.

Os medicamentos padronizados nas linhas de cuidado estão divididos em três


grupos com características, responsabilidades e formas de organização dis-
tintas. Independentemente do grupo ao qual pertença o medicamento padro-
nizado no CEAF, o acesso aos mesmos deve ter por base os critérios de diag-
nóstico, indicação de tratamento, inclusão e exclusão de pacientes, esquemas
terapêuticos, monitoramento, acompanhamento e demais parâmetros conti-
dos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas estabelecidos pelo Minis-
tério da Saúde para as doenças.

» Grupo 1 A – medicamentos cujo financiamento e aquisição passam a ser de


responsabilidade exclusiva do Ministério da Saúde. É constituído por medica-
mentos que representam elevado impacto financeiro para o Componente, por
aqueles indicados para doenças mais complexas, para os casos de refratarie-
dade ou intolerância a primeira e/ou a segunda linha de tratamento, normal-
mente com monopólio ou duopólio de mercado e que estão incluídos em ações
de desenvolvimento produtivo no complexo industrial da saúde. Os medicamen-
tos estão relacionados no Anexo I da PT 2.981/2009.

» Grupo 1 B – medicamentos com financiamento do Ministério da Saúde e aqui-


sição sob responsabilidade das secretarias estaduais de saúde. Estes medica-
mentos são ressarcidos mediante apresentação e aprovação das Apacs corres-
pondentes. Os medicamentos estão relacionados no Anexo I da PT 2.981/2009.

» Grupo 2 – constituído por medicamentos cuja responsabilidade pelo finan-


ciamento e aquisição é das Secretarias Estaduais da Saúde. Os medicamentos
estão relacionados no Anexo II da PT 2.981/2009.

6
| Componente Especializado

» Grupo 3 – constituído por medicamentos com responsabilidade de financia-


mento tripartite, sendo a aquisição e a dispensação de responsabilidade dos
municípios, conforme estabelecido na Portaria GM/MS n. 2.982/2009. Os medi-
camentos estão relacionados no Anexo III da PT 2.981/2009.

O acesso aos medicamentos dos Grupos I e II se dá mediante solicitação do


usuário ou responsável junto à unidade designada pela Secretaria Estadual de
Saúde. Cada Unidade da Federação pode decidir que nível de descentralização
quer impor ao processo. Em algumas delas, a dispensação é feita nos municí-
pios onde o paciente cadastrado reside.

Para solicitar os medicamentos, o paciente ou seu responsável deve apresentar


nas unidades vários documentos designados pelos gestores estaduais para ca-
dastrar sua solicitação, entre eles, a cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS);
cópia de documento de identidade; cópia de comprovante de residência; laudo
para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos do Componente
Especializado da Assistência Farmacêutica (LME); prescrição médica; cópia
dos laudos ou outros documentos exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretri-
zes Terapêuticas. Esta solicitação deve ser tecnicamente avaliada e, quando
adequada, deverá ser autorizada.

O cadastro do paciente, avaliação, autorização, dispensação e a renovação


da continuidade do tratamento são etapas de execução do CEAF e a logística
operacional destas etapas é responsabilidade das secretarias estaduais.

Como resultado do compromisso do Ministério da Saúde em atualizar perma-


nentemente as suas relações de medicamentos, após pactuação na Comissão

7
| Componente Especializado

Intergestores Tripartite, publicou-se a Portaria GMS/MS nº 1.554, de 30 de julho


de 2013, que passa a ser o novo marco regulatório do CEAF.

Autor: Prof Diego Medeiros

8
SELEÇÃO

Conforme as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o primeiro


passo para a efetiva implementação de uma política de medicamentos essen-
ciais é a seleção dos mesmos, acompanhada da consequente elaboração de
um Formulário Terapêutico, devendo ser realizada nos níveis locais e atualizada
periodicamente com a assessoria da comunidade científica. De acordo com a
experiência verificada em diversos países, recomenda-se também que a relação
de medicamentos essenciais seja estratificada pelos níveis de atenção à saúde
– primário, secundário e terciário.

A seleção de medicamentos é considerada o eixo do Ciclo da Assistência Far-


macêutica. As demais atividades desse ciclo são desenvolvidas com base no
elenco de medicamentos selecionados, tanto na atenção ambulatorial quanto
na hospitalar, buscando-se estruturar e organizar sistemas eficientes e efetivos.
É fundamental que cada uma das atividades e, portanto, o serviço como um
todo, sejam centrados nos pacientes e não na própria estrutura administrati-
va, garantindo aos usuários o melhor cuidado possível. Assim, tanto a seleção
como as atividades de programação, aquisição, armazenamento e distribui-
ção constituem os pilares para objetivos mais nucleares, quais sejam: o acesso
e o uso racional de medicamentos. (Marin)

A seleção deve ser realizada por uma Comissão ou Comitê de Farmácia e Te-
rapêutica (CFT) ou Comissão de Padronização de Medicamentos, com o objeti-
vo de estabelecer relações nacionais, estaduais e municipais de medicamentos,
definindo aqueles que serão disponibilizados pelo SUS para a Atenção Primária,
e para a atenção de média e alta complexidades.

O trabalho do comitê ou da comissão deve ser regulamentado por instrumento


formal, que defina responsabilidades, produtos, normas e critérios e metodologia
para o desenvolvimento das atividades, periodicidade da revisão, entre outros.

2
| Seleção

Devem fazer parte da CFT profissionais com formação adequada e que represen-
tem as áreas para as quais os medicamentos serão selecionados. O documento
deve, entre outros, estabelecer os critérios a serem utilizados para a inclusão e
a exclusão de medicamentos e a definição do nível de complexidade nos quais
poderão ser utilizados, dando a necessária transparência ao processo.

Na escolha dos medicamentos devem ser privilegiados aqueles que atendem


aos seguintes critérios:

• Menor toxicidade relativa;

• Composição perfeitamente conhecida;

• Disponibilidade de informação suficiente sobre as características farmaco­­


cinéticas e de biodisponibilidade;

• Conter apenas um princípio ativo.*

*salvo nos casos em que as associações demonstrarem ser mais eficazes e propiciarem
maior comodidade posológica, o que contribui para a adesão ao tratamento.

Outro aspecto a ser observado por ocasião da seleção é a condição em que


os medicamentos devem ser armazenados, transportados e dispensados, de
forma a garantir sua estabilidade. Ao se revisar e atualizar o elenco de medica-
mentos, deve-se observar que somente sejam incluídos novos medicamentos
em substituição àqueles já disponibilizados quando apresentarem comprovada
superioridade aos já padronizados. (conass)

3
PROGRAMAÇÃO

No ciclo da Assistência Farmacêutica, a programação representa uma outra


atividade chave, que tem por objetivo a garantia da disponibilidade dos medi-
camentos previamente selecionados nas quantidades adequadas e no tempo
oportuno para atender às necessidades de uma população-alvo, por meio de
um serviço ou de uma rede de serviços de saúde, considerando-se um determi-
nado período de tempo.

A estimativa dessas necessidades representa um dos pontos cruciais do ciclo


da Assistência Farmacêutica por sua relação direta com o nível de acesso aos
medicamentos e com o nível de perdas desses produtos. Há várias formas de
proceder a uma estimativa técnica dessas necessidades. É o perfil de morbi-
-mortalidade, no entanto, o mais importante aspecto a considerar, quando se
busca orientação na identificação de tais necessidades.

O processo de programação deverá ser descentralizado e ascendente. Inicia-se


nas unidades e/ou centros de saúde, que remeterão suas demandas ao nível
local. Este, por sua vez, após avaliação, reunirá essas demandas e as remeterá
ao nível regional. A rotina ascende, da mesma forma, aos níveis estadual e fe-
deral, quando for o caso. É importante ressaltar a obrigatoriedade da avaliação
desses dados desde o nível local, de modo que reflitam quantidades compatí-
veis com a demanda real. Algumas ferramentas de avaliação, citadas adiante,
poderão ser aí empregadas pelo gestor.

A programação tem por finalidade que o serviço ou sistema disponha de medi-


camentos apropriados e previamente selecionados, nas quantidades necessá-
rias, em tempo oportuno e cuidando para que se contribua à promoção do uso
racional dos medicamentos. Para tanto, deve empreender a quantificação dos
medicamentos a serem adquiridos e elencar as necessidades, priorizando-as e
compatibilizando-as com os recursos disponíveis, e ainda cuidar para evitar a
descontinuidade no abastecimento.

2
| Programação

Antes de iniciar o processo da programação, o gerente deve empreender uma


cuidadosa avaliação, não apenas quanto à disponibilidade das informações crí-
ticas, mas também acerca das condições que dariam suporte a esta atividade.
Enumeramos a seguir as deficiências mais importantes e também mais comuns
em redes/serviços/unidades de saúde.

• FALTA DE CRITÉRIOS TÉCNICOS

• CENTRALIZAÇÃO

• SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL E EPIDEMIOLÓGICA DEFICIENTE

• RECURSOS HUMANOS DESPREPARADOS

• RECURSOS FINANCEIROS INSUFICIENTES

MÉTODOS PARA PROGRAMAÇÃO


• PERFIL EPIDEMIOLÓGICO - Esse método baseia-se, fundamentalmente,
nos dados de incidência e prevalência dos principais problemas de saúde
que acometem uma determinada população, considerando-se o perfil
demográfico, os esquemas terapêuticos preconizados, a capacidade
instalada (oferta de serviços e estrutura oferecida à população) e a
possível ocorrência de fenômeno de sazonalidade. O método inicia-
se com o diagnóstico situacional de saúde da população, no qual são
analisadas as enfermidades prevalentes e incidentes sobre as quais
devem incorrer as ações de intervenção sanitária que possam gerar
impacto positivo no quadro de morbi-mortalidade. Pode-se, ainda, aliar
o aporte da farmacoepidemiologia para avaliar o padrão de utilização de
medicamentos de modo a aumentar a acurácia do método.

• OFERTA DE SERVIÇOS - É um caso particular de programação, em


que se emprega o mesmo tipo de lógica presente no método do perfil
epidemiológico: aqui se examina basicamente a rede instalada para
tratamento de uma ou outra enfermidade e estimam-se as necessidades da
população atendida perante ela. A oferta de serviços depende da relação
existente entre os problemas de saúde e a disponibilidade de ofertar

3
| Programação

os serviços ou cuidados de saúde necessários (capacidade instalada).


Portanto, é preciso conhecer tais necessidades e serviços de saúde que
são ofertados à população, por nível de complexidade, para se programar
adequadamente.

• CONSUMO HISTÓRICO - O método consiste na análise do comportamento


do consumo dos medicamentos com base em uma série histórica,
possibilitando estimar necessidades fundamentadas na freqüência e
intensidade de utilização dos mesmos ao longo do tempo. Para a aplicação
do método, são necessários a existência de registros de movimentação
de estoques, de dados de demanda real (atendida e não atendida), de
inventários com dados históricos de pelo menos 12 meses, incluídas
as variações sazonais. Com esses dados, consolida-se a demanda real,
desde que não ocorram faltas prolongadas de medicamentos e que as
informações fornecidas sejam confiáveis. De resto, estima-se a necessidade
sempre tendo em vista a posição dos estoques, como em qualquer método.
Se ocorrer falta de medicamentos por um período de tempo, deve-se
fazer o ajuste do consumo. Para se obter uma efetiva programação por
consumo histórico, faz-se necessário que as informações de consumo
sejam consistentes e confiáveis. O método de consumo histórico é o mais
empregado. Não requer dados de morbimortalidade ou de esquemas
terapêuticos. Seus cálculos são bem simples e ele é geralmente bastante
seguro na estimativa de quantidades, desde que os registros sejam
confiáveis e suficientemente detalhados. Em contrapartida, o método
tende a falhar em casos de falta de dados fidedignos e nos casos de longos
períodos em desabastecimento, quando torna-se impossível estimar os
parâmetros de cálculo, em especial o Consumo Médio Mensal (CMM).

|| Obs: DIFERENÇA ENTRE CONSUMO E NECESSIDADE -


Consumo é a quantidade de medicamentos efetivamente
utilizados em um intervalo de tempo (dias, semanas,
meses, ano). Pode ocorrer em função da necessidade
real ou pode se originar de condutas irracionais de
prescrição, dispensação e/ou automedicação, valores

4
| Programação

éticos, culturais e influências de origem outra, como


mercado e propaganda.

• PROJEÇÃO DE NECESSIDADES ORÇAMENTÁRIAS - É um método para


programação de necessidades financeiras. Examina o custo médio em
medicamentos por atendimento ou por paciente/dia em unidade referência,
e estima os custos segundo atendimentos projetados para as mesmas
unidades em novo período ou para outras que forneçam procedimentos e
serviços equivalentes ou comparáveis.

5
AQUISIÇÃO

Consiste em um conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva a compra dos


medicamentos estabelecidos na programação, com o objetivo de disponibilizar
os mesmos em quantidade, qualidade e menor custo, visando manter a regu-
laridade e o funcionamento do sistema.

Esta etapa do ciclo envolve diferentes setores técnicos e administrativos e deve


ser permanentemente qualificada, considerando os aspectos jurídicos (cum-
primento das formalidades legais), técnicos (atendimento às especificações
técnicas), administrativos (cumprimento dos prazos de entrega) e financeiros
(disponibilidade orçamentária e financeira e avaliação do mercado).

Além da observação dos aspectos legais, estabelecidos pela Lei 8.666, de 1993,
e suas atualizações, a compra de medicamentos deve considerar outros relacio-
nados ao planejamento e às estratégias de compra. Várias são as alternativas
para que a aquisição de medicamentos pelas Secretarias Estaduais de Saúde
(SES) e pelos municípios venha a ser atraente, com diminuição dos preços prati-
cados e agilidade no processo. Por exemplo, municípios de menor porte podem
se beneficiar quando as compras são feitas em maior escala, que aumenta o
poder de negociação e barateia os custos. Além disso, os gestores podem se
beneficiar da infraestrutura proporcionada por essa forma de aquisição.

As compras podem ser efetuadas em diferentes modalidades, sejam elas: Pre-


gão eletrônico ou presencial;

• Compras anuais consolidadas com entregas parceladas;

• Consórcios entre gestores;

• Processos utilizando o sistema de registro de preços;

• Avaliação do desempenho dos fornecedores, entre outros

2
| Aquisição

Ao se efetuarem as compras, independentemente da modalidade escolhida, de-


ve-se considerar a alternativa mais adequada para a aquisição de cada produ-
to em distintas situações. Quanto maior a experiência dos atores que executam
esta atividade, mais consistentes tendem a ser as decisões (CONASS, 2004a).

REQUISITOS E FATORES IMPORTANTES RELACIONADOS


AO PROCESSO DE AQUISIÇÃO
• SELEÇÃO DE FORNECEDORES - Os responsáveis pela aquisição deverão
desenvolver um sistema de seleção de fornecedores através de sistema de
cadastro de fornecedores, em que se exige a devida habilitação jurídica, a
regularidade fiscal e a qualificação econômico-financeira.

• SISTEMA DE INFORMAÇÕES - A existência de um sistema de informações


sobre o controle dos estoques, os produtos, os fornecedores e preços de
mercado constitui um aspecto fundamental para o êxito das atividades de
programação e aquisição.

• ORÇAMENTO E FINANÇAS - Numa visão mais abrangente, orçamento


é um processo pelo qual se elabora um plano com as intenções de uma
administração, seus custos estimados e a definição dos responsáveis pela
execução, acompanhamento e avaliação dos resultados. Muitas vezes –
talvez na maioria delas – existe um descompasso temporal entre receita
e despesa. Assim, podem existir créditos orçamentários autorizados no
orçamento, mas não haver dinheiro em caixa para a realização da despesa
em função da receita arrecadada no período ser insuficiente para cumprir
a tempo todos os gastos. Dessa forma, em linguagem coloquial, pode-se
dizer que além do ‘orçamentário’ existe o ‘financeiro’

• COMPRAS CONSOLIDADAS E GANHOS DE ESCALA - Um volume mais


elevado de compras, ainda que as entregas sejam parceladas, desperta
maior interesse dos fornecedores, o que proporciona um maior número
de proponentes e, com isso, ampliação da concorrência entre os mesmos,
ocasionando na maioria das vezes, uma redução dos preços contratados.

3
| Aquisição

IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO


DE MEDICAMENTOS
• DEFINIÇÃO DA FORMA DE AQUISIÇÃO - A partir da elaboração de uma
requisição de compras, os responsáveis pela aquisição deverão adotar as
formas mais adequadas a cada situação, em conformidade com a legislação
vigente e o valor estimado para o objeto. Assim, de acordo com a Lei no
8.666/93, no seu artigo 14, “nenhuma compra será feita sem a adequada
caracterização do seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para
o seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem
lhe tiver dado causa” (Brasil, 1993)

• ELABORAÇÃO DO EDITAL: EXIGÊNCIAS TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS


- O edital apresenta natureza jurídica e representa o instrumento legalmente
ajustado para definir todas as regras, critérios, responsabilidades,
competências e penalidades do certame a se realizar em conformidade
com o estabelecido na Lei no 8.666/93. Além disso, deve ser ajustado à
natureza do procedimento e do objeto a ser adquirido. Ele é a regra interna
do procedimento, de observância obrigatória, quer pela administração, quer
pelos licitantes. Nada poderá ser exigido além, aquém ou contrariamente
ao que estiver previsto nesse instrumento. No caso da aquisição de
medicamentos, faz-se necessário destacar a necessidade de que sejam
contempladas as várias exigências técnico-sanitárias constantes do
arcabouço normativo em vigor.

• ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS PARA A ENTREGA DOS MEDICAMENTOS


- Todo medicamento deve ser adquirido de acordo com sua especificação
técnica, que deve ser detalhada e conter as informações descritivas mais
importantes, cuidando para que não caracterize direcionamento sem
fundamentação técnica.

• TRANSPORTE - O transporte dos medicamentos deverá obedecer a critérios


adequados, de modo a não afetar a identidade, qualidade, integridade e,
quando for o caso, a esterilidade dos produtos. Em se tratando de produtos
termolábeis, deverão ser acondicionados em caixas térmicas – isopor ou
equivalente – com controle da temperatura.

4
| Aquisição

• PRAZO DE VALIDADE E LOTES - Os medicamentos deverão ser entregues


separados por lotes e data de validade, com seus respectivos quantitativos
impressos na nota fiscal. Todos os lotes deverão vir acompanhados de
laudo analítico-laboratorial, expedido pela empresa produtora, titular
do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Além disso,
recomenda-se que os medicamentos sejam entregues com, no máximo,
20% do tempo de vida útil decorrido a partir da data de fabricação (ou
seja, com 80% de sua validade intacta).

MODALIDADES DE LICITAÇÃO
É o princípio constitucionalmente estabelecido (Art. 37, XXI da CF) através do
qual a administração pública impõe a concorrência para efetuar suas aquisi-
ções ou vendas de bens e serviços e prepara o processo administrativo para a
contratação dos fornecedores.

• CONCORRÊNCIA - É a modalidade de licitação em que estão envolvidos


valores financeiros acima de R$ 650.000,00, na qual os interessados devem
atender aos requisitos previstos de habilitação ou qualificação mediante a
comprovação, através de documentação de capacidade técnica, jurídica,
fiscal, financeira e de idoneidade.

• TOMADA DE PREÇOS - É a modalidade de licitação em que estão envolvidos


valores financeiros em níveis intermediários – entre R$ 80.000,00 e
R$ 650.000,00 – na qual os interessados devem atender aos requisitos de
cadastramento até o terceiro dia anterior à data final para o recebimento
das propostas que, nesse caso, será de 30 dias quando a licitação for do
tipo ‘técnica’ ou ‘técnica e preço’, ou de 15 dias quando for do tipo ‘menor
preço’, contados a partir da publicação do edital.

• CONVITE - Convite consiste na modalidade de licitação de pequeno vulto –


entre R$ 8.000,00 e R$ 80.000,00 –, entre interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número
mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa.

• CONCURSO E LEILÃO - O concurso e o leilão são modalidades que não se

5
| Aquisição

aplicam à aquisição de medicamentos e, portanto, não são pertinentes à


área da Assistência Farmacêutica.

• PREGÃO - Pregão aplica-se a qualquer valor estimado para o objeto a ser


contratado e a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e
lances em sessão pública, porém, no sentido contrário ao leilão, ou seja,
em valores decrescentes a partir de um preço máximo de referência. A
licitação por esse mecanismo veio a simplificar sobremaneira o processo,
atribuindo-lhe agilidade e grandes possibilidades de redução dos custos
operacionais e dos preços efetivamente contratados.

|| A simplificação da licitação ocorre em função de alguns fatores:

• Inversão das fases: ao contrário das modalidades tradicionais, no


pregão, definem-se primeiro os vencedores em preço, por ordem
classificatória e de acordo com os critérios do edital. Somente então
é que se passa ao exame da documentação relativa à habilitação,
mas apenas do licitante cuja proposta fora a mais vantajosa. Caso ele
não esteja apto quanto à sua documentação, passa-se ao licitante
com a segunda melhor proposta e assim sucessivamente até que se
homologue o vencedor.

• Prazo mínimo a cumprir, a partir da publicação do edital, de apenas


8 dias, independente do valor do objeto a ser contratado.

• REGISTRO DE PREÇOS - O art. 15 da Lei no 8.666/93 recomenda,


dentre outras coisas, que as compras devem, sempre que possível, ser
processadas através de um Sistema de Registro de Preços (SRP). Esta é
a forma pela qual um certame licitatório pode desenvolver-se, visando a
trazer mais facilidades para as contratações da administração. Para tanto,
a administração deve valer-se do registro de preços para adquirir produtos
somente nas quantidades de que realmente necessite. Esse sistema é
passível de ser realizado na modalidade concorrência, do tipo menor
preço, devendo ser precedida de ampla pesquisa de mercado.

• DISPENSA DE LICITAÇÃO - No ordenamento brasileiro, as obras, serviços


e compras só podem ser contratados mediante processo de licitação –

6
| Aquisição

inciso XXI do art. 37 da Constituição Federal. Esta é a regra. No entanto,


o próprio texto aventa a possibilidade de exceções. As hipóteses em que
a administração deixa de realizar licitação vêm previstas principalmente
nos artigos 24 e 25 da Lei no 8.666/93. São situações em que o legislador
considerou ser mais conveniente e vantajosa a contratação direta. A lista
arrolada no Art. 24 da lei apresenta-se fechada e taxativa, não podendo ser
criados outros casos de dispensa pela vontade do administrador público.

• COMPRA DIRETA - De acordo com o art. 24, inciso II da Lei 8.666/93,


“para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea ‘a’ Art. 23 (...)”, ou seja, 10% do limite da modalidade
denominada convite é dispensável à licitação, porém, são necessários
pelo menos três orçamentos com fornecedores distintos. Entretanto, salvo
em situações devidamente fundamentadas, essa forma de aquisição não
deve ser utilizada de maneira a fracionar aquisição de bens e serviços de
uma mesma natureza. Deve-se objetivar a realização de compras para um
período de tempo maior e com entregas parceladas.

• AQUISIÇÃO DE ÓRGÃO OU ENTIDADE PÚBLICA - De acordo com o art.24,


inciso VIII, da Lei no 8.666/93, é dispensável a licitação para a aquisição, por
pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços
prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e
que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
no mercado. (Brasil, 1993). Dessa forma, a aquisição de medicamentos aos
laboratórios oficiais enquadra-se no referido artigo, podendo ser realizada
através de dispensa de licitação. Logo, será necessário um menor número
de etapas no processo de aquisição, assim como reforça-se esse setor que
é tão estratégico à política industrial e de medicamentos do país.

• INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO - Diz respeito às situações em que haja


inviabilidade de competição ou confronto de propostas. Os casos de
inexigibilidade estão expostos no art. 25 da Lei no 8.666/93, em especial
para aquisição de produtos que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo – vedada a preferência de

7
| Aquisição

marca. A comprovação de exclusividade deve ocorrer por meio de atestado


fornecido pelo órgão de registro do comércio local em que se realizaria a
licitação, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou ainda,
pelas entidades equivalentes.

MARCOS LEGAIS
• Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

• Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI,


da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm

• Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei nº 6.360, de 23 de


setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o
medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em
produtos farmacêuticos e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9787.htm

• Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União,


Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10520.htm

8
ARMAZENAMENTO

Como vimos, o armazenamento é o conjunto de procedimentos técnicos e ad-


ministrativos que visa assegurar a qualidade dos medicamentos por meio de
condições adequadas de conservação dos produtos.

O planejamento e a organização deste processo devem incluir as estruturas


física, organizacional e funcional, bem como recursos humanos qualificados e
a elaboração de um manual com normas e procedimentos.

Os almoxarifados, dedicados somente ao armazenamento de medicamentos e


insumos farmacêuticos, são denominados de Central de Abastecimento Far-
macêutico (CAF).

Independente da esfera de poder, o farmacêutico responsável técnico pela CAF


deve assumir co-responsabilidade com os trabalhadores de saúde das unida-
des usuárias pela adequada estocagem, fornecendo apoio técnico, informação
e supervisão do processo de trabalho.

A CAF deverá atender a alguns requisitos básicos para garantir a funcionalida-


de do serviço e assegurar condições ideais de conservação e estabilidade dos
medicamentos. Dentre eles, estão especificações relativas a:

• Localização;

• Dimensão;

• Identificação externa;

• Sinalização interna;

• Condições ambientais;

• Higienização;

• Instalações físicas, elétricas e sanitárias;

2
| Armazenamento

• Segurança;

• Equipamentos.

Deve-se garantir ainda que existam meios (telefone, fax, internet) para uma
comunicação fácil e ágil com as unidades usuárias e fornecedoras envolvidas
no processo.

O armazenamento envolve as seguintes atividades: recebimento de medica-


mentos, estocagem e guarda, conservação e controle de estoque.

RECEBIMENTO DE MEDICAMENTOS
Ato de conferir o material quanto à quantidade e documentação, verificando a
conformidade dos produtos recebidos com as condições estabelecidas nos pro-
cessos de programação e aquisição. Devem ser elaboradas normas técnicas e
procedimentos operacionais, bem como instrumentos de controle para regis-
tro das informações. É necessário também, para a execução das atividades, a
confecção de manuais e o treinamento de todos os funcionários envolvidos.

Nesta etapa do armazenamento, devem ser realizadas duas conferências: uma


que envolve especificações técnicas e outra para as especificações adminis-
trativas.

Especificações técnicas – são aquelas relacionadas aos aspectos qualitativos


e legais. Devemos observar e registrar: a) as especificações dos produtos (nome
da substância pela Denominação Comum Brasileira (DCB) ou pela Denomina-
ção Comum Internacional (DCI), forma farmacêutica, concentração, apresen-
tação e condições de conservação); b) a existência do número do registro sa-
nitário na caixa, bula e rótulo; c) a presença do certificado de análise ou laudo
de qualidade emitido pelo Controle de Qualidade do fabricante do produto. Esse
deve apresentar informações que asseguram a qualidade do medicamento, por
exemplo: identidade, pureza, concentração, uniformidade de dose; d) nome e
número de registro do responsável técnico nas embalagens; e) se os medica-
mentos estão em suas embalagens originais, devidamente identificadas e sem
sinais de violação, de aderência ao produto, de umidade ou inadequação em

3
| Armazenamento

relação ao conteúdo; f) se há o número do lote no rótulo, registros, nota fiscal e


laudos de qualidade; g) a existência do prazo de validade na embalagem e no
produto; h) se as condições de transporte são satisfatórias, se as transporta-
doras são autorizadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
e se atendem à legislação vigente.

Especificações administrativas – refere-se à conformidade das características


quantitativas relacionadas ao pedido de compra com o produto recebido. Anali-
sa-se a documentação fiscal, verificam-se o prazo de entrega e o preço unitá-
rio e total, e realiza-se a contagem física da quantidade recebida, em unidade
e embalagem.

No ato do recebimento, deve-se tomar alguns cuidados, como: arquivar cópia


do documento referente à movimentação de produtos (entradas, saídas, in-
ventários, doações); não atestar recebimento em notas ou documentos quando
houver pendência de produtos ou quantidade incompleta; registrar entrega em
desacordo com especificações solicitadas; informar ao órgão competente em
caso de suspeita de falsificação ou de incerteza da qualidade; entre outros.

ESTOCAGEM E GUARDA DE MEDICAMENTOS


Esta atividade consiste em ordenar adequadamente os produtos em área apro-
priada, de acordo com suas características específicas e condições de conser-
vação exigidas.

Objetiva-se reduzir perdas por quebra ou expiração da validade, reduzir o tem-


po de movimentação dos produtos e aproveitar melhor o espaço físico.

Para a realização deste serviço, deve-se dispor de áreas específicas que possibi-
litem a estocagem de produtos de controle diferenciado, como os termolábeis,
psicofármacos, imunobiológicos, inflamáveis, entre outros. Uma área importan-
te a ser prevista é a que se destina aos produtos inservíveis (deteriorados ou
vencidos) que serão descartados. Tão importante quanto a organização dessa
área é a rigorosa documentação dos procedimentos para a segregação destes
produtos.

4
| Armazenamento

Ao estocar medicamentos, deve-se observar uma série de especificações refe-


rentes à disposição dos produtos ao guardá-los. Dentre elas, estão o empilha-
mento, o contato com teto, solo, paredes ou demais produtos, o volume e peso
do material, o prazo de validade, as embalagens e o manuseio.

A estocagem depende da dimensão, do volume, do peso e do produto. Assim,


têm-se três tipos de estocagem: a) em estrados (pallets ou porta-pallets), usa-
dos para produtos de grande volume e peso; b) em prateleiras (preferencial-
mente de aço), para produtos leves e estoque reduzido; c) por empilhamento,
que deve obedecer a recomendações do fabricante quanto ao limite de peso
(em geral, a pilha não deve ultrapassar 1,5m).

CONSERVAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Conservar significa manter os medicamentos em condições ambientais que as-
segurem sua estabilidade e integridade durante sua vida útil. Para isso, alguns
procedimentos técnicos e administrativos devem ser seguidos, com rigoroso
controle do ambiente (cuidando temperatura, umidade, luminosidade e venti-
lação), dos equipamentos e acessórios (refrigeradores, exaustores, prateleiras,
entre outros) e da segurança.

CONTROLE DE ESTOQUE
Atividade técnico-administrativa que visa subsidiar a programação, aquisição
e distribuição dos medicamentos, por meio da manutenção dos níveis de esto-
que necessários para atender a demanda, evitando superposição ou desabas-
tecimento e minimizando perdas e desperdícios. Para uma gestão adequada
do estoque, vários aspectos e atividades estão envolvidos, dentre eles citamos:

• Padronização dos itens;

• Procedimentos operacionais de rotina;

• Normalização (catálogo de materiais com especificações dos produtos em


estoque);

• Registro adequado das informações;

5
| Armazenamento

• Objetividade (clareza e precisão da informação) e rapidez;

• Controle e arquivamento da documentação.

Os principais parâmetros para a adequação dos estoques aos interesses e ne-


cessidades são os elementos de previsão de estoque. Por meio destes elemen-
tos, são definidas as quantidades a serem adquiridas em intervalos de tempo
compatíveis. São exemplos de elementos de previsão: consumo médio mensal,
estoque máximo e estoque mínimo, ponto de reposição, tempo de reposição,
tempo/quantidade de reposição/re-suprimento, quantidade de reposição, e
intervalo de re-suprimento.

O controle de estoque pode ser implementado de várias formas:

• Sistema informatizado;

• Ficha de prateleiras;

• Formulários;

• Relatórios.

A forma selecionada depende dos recursos disponíveis, podendo ser utilizada


mais de uma forma para maior segurança e confiabilidade das informações.
Uma maneira de verificar se a quantidade de medicamento estocada está em
conformidade com a quantidade registrada é fazer um inventário (contagem
física dos estoques) periodicamente. Além disso, o inventário possibilita a iden-
tificação de produtos vencidos.

O controle e arquivamento da documentação são imprescindíveis para o acom-


panhamento e avaliação do processo.

6
DISTRIBUIÇÃO

É o suprimento de medicamentos às unidades de saúde usuárias da Central de


Abastecimento Farmacêutico (CAF), em quantidade, qualidade e tempo ade-
quados. O processo de distribuição inicia com a solicitação de medicamentos
pelo requisitante para o nível de distribuição envolvido, e deve garantir:

a. Rapidez na entrega – o processo deve ser realizado em tempo hábil,


mediante um cronograma estabelecido, para evitar atraso ou desabas­
tecimento.

b. Segurança – garantia de que os produtos chegarão no destinatário nas


quantidades corretas e com a qualidade exigida.

c. Transporte – deve oferecer condições adequadas de segurança, tempo de


entrega, distância das rotas e custos financeiros.

d. Eficiente sistema de informação e controle – a distribuição deve ser


monitorada e avaliada. Para isso, necessita que o sistema de informações
propicie dados atualizados sobre a posição físico-financeira dos
estoques, sobre as quantidades adquiridas, recebidas e distribuídas, os
dados de consumo e demanda de cada produto, os estoques máximo e
mínimo, o ponto de reposição e outras informações necessárias para um
gerenciamento adequado.

No setor público, a distribuição é classificada em:

a. Atendimento de requisição – feita quando as unidades usuárias têm


autonomia para fazer sua programação de necessidades, solicitando
atendimento junto à CAF.
b. Cotas – ocorre quando o nível principal determina cotas e periodicidade
prefixadas.
c. Reposição automática – propõe que a cota fixa seja definida em negociação
entre cliente e fornecedor, e que represente a quantidade máxima em

2
| Distribuição

estoque. Porém, prevê uma flexibilidade, pois existem situações em que o


consumo atípico se justifica (epidemias, por exemplo).

O processo envolve uma série de atividades para que o medicamento chegue ao


destino em tempo oportuno. O planejamento com elaboração do cronograma
de entrega, normas e procedimentos, bem como de instrumentos (formulários)
para acompanhamento e controle, deve estar presente independentemente da
categoria de distribuição adotada.

A forma de distribuição mais utilizada no setor público é o atendimento de re­


quisição, que tem como procedimentos necessários:

• Análise da solicitação;

• Processamento, preparação e liberação do pedido;

• Conferência de todos os itens;

• Registro da saída;

• Monitoramento e avaliação do processo;

• Arquivamento da documentação.

A periodicidade da distribuição dos medicamentos às unidades varia em função


de alguns fatores como: a programação, o número de unidades usuárias da
CAF, a capacidade de armazenamento dessas unidades, a demanda local, o
tempo de aquisição, a disponibilidade de transporte e recursos humanos. É
importante observar o intervalo de tempo entre as distribuições para evitar a
superposição e/ou o desabastecimento na rede.

Uma vez que o fluxo da distribuição depende dos diversos níveis de saúde
envolvidos, é necessário estabelecer uma comunicação efetiva e permanente
entre eles, definindo critérios, cronograma de distribuição, periodicidade na
prestação de contas e elaboração de instrumentos para monitoramento e
controle.

3
DISPENSAÇÃO

A dispensação de medicamentos foi definida na Política Nacional de Medica-


mentos como:

é o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a


um paciente, geralmente, como resposta a apresentação de uma receita elabora-
da por um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico informa e orienta o
paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos importantes da
orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a influência dos
alimentos, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento de reações
adversas potenciais e as condições de conservação dos produtos (BRASIL, 2002a).

Nesse conceito, a dispensação não se configura apenas como o fornecimento


do medicamento prescrito, devendo atender a aspectos técnicos, com o obje-
tivo de garantir a entrega do medicamento correto ao usuário, na dosagem e
na quantidade prescrita, com instruções suficientes para seu uso adequado e
guarda correta. Entre as orientações a serem repassadas, destaca-se a forma
de administração; a possibilidade de ocorrência de reações adversas; intera-
ções com outros medicamentos e com alimentos. Desta forma, o usuário do
medicamento terá as informações necessárias para seu uso seguro e correto
(MSH, 1997).

Também é nesta etapa que devem ser observados aspectos relacionados à


prescrição, entre eles a legibilidade da receita, que não deve deixar dúvidas
ou dificuldades de interpretação. As normativas sobre prescrição versam que
a mesma deve ser legível e clara, explicitando qual medicamento deve ser for-
necido ao paciente, sua dose, posologia e modo como deve ser usado; não
deve conter rasuras, trazer abreviaturas, códigos ou símbolos. Verificar, ainda,
se foi emitida por profissional autorizado e atende os aspectos legais, consi-

2
| Dispensação

derando que é um documento pelo qual se responsabilizam não só aqueles que


prescrevem, mas também quem dispensa e administra os medicamentos nele
registrados.

É importante que a dispensação seja precedida de um bom acolhimento ao


paciente, pois o mesmo, ao dirigir-se à farmácia, espera encontrar um profis-
sional com conhecimentos técnicos que possa prestar informações adequadas
sobre os medicamentos. O farmacêutico, como integrante da equipe de saúde,
deve dar os esclarecimentos necessários sobre a farmacoterapia, ofertando
ao paciente suporte e apoio para o cumprimento do tratamento. A abordagem
adequada do paciente na farmácia pode contribuir de forma decisiva para a
adesão ou não ao tratamento proposto, e o farmacêutico deve aproveitar essa
oportunidade para estabelecer uma relação de confiança com o usuário, de-
vendo ouvi-lo, respeitá-lo e compreendê-lo.

A implantação do acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes nas


farmácias pode ser um dos meios disponíveis para assegurar a qualificação e
a humanização do atendimento ao usuário. Uma das estratégias adotadas é
a Atenção Farmacêutica, um modelo de prática profissional a ser desenvolvida
nas farmácias, com interação direta do farmacêutico com o usuário, visando
uma farmacoterapia racional, com objetivo de alcançar resultados terapêuti-
cos definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente (OPAS, 2002).

3
DEMANDAS JUDICIAIS

As ações judiciais para fornecimento de medicamentos começaram a sur-


gir nos tribunais após a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual
elevou o direito à saúde ao patamar de direito fundamental. No início eram
processos pleiteando medicamentos para o tratamento de HIV/AIDS que pre-
dominavam, contudo, após 1999, houve redução nos pedidos sobre tais medi-
camentos, surgindo outras condições patológicas dominantes (MESSEDER et al,
2005). A autora complementa em seu texto:

A doença por HIV não específica (B24 – classificação da CID-10)


9 era, até 1998, a condição patológica dominante nas ações;
sua freqüência, entretanto, diminui, de superior a 90,0% (entre
1991 a 1998), para apenas 16,7% no ano de 1999 e 14,6% no
ano de 2000. A partir de 1999, surge uma diversificação im-
portante das condições patológicas dos pleiteantes. Em 2000,
incluem-se a doença de Crohn, a hepatite viral crônica C e a
doença renal em estágio final. Nos anos de 2001 e 2002, tam-
bém figuram entre as condições patológicas mais freqüentes a
hipertensão essencial e a doença isquêmica crônica do cora-
ção, condições de atenção básica. (MESSEDER et al, 2005)

Fármacos
anti-colinérgicos

A “judicialização da saúde”, fenômeno multifacetado, expõe limites e possibili-


dades institucionais estatais e instiga a produção de respostas efetivas pelos
agentes públicos, do setor saúde e do sistema de justiça. A intervenção judicial

2
| Demandas Judiciais

no âmbito da gestão do setor saúde tem sido alvo de intenso debate e ganhou
destaque no Supremo Tribunal Federal (STF), com a realização de audiência pú-
blica, que possibilitou a interlocução entre atores envolvidos (PEPE et al, 2010).

As implicações dessa “juridicialização constitucional” das políticas de saúde es-


tão longe de ser triviais. De um lado, tal fenômeno impõe aos técnicos em saúde
pública princípios e limites legais que antes não estavam presentes ou, quando
estavam, não se revestiam da força de normas constitucionais. De outro, traz ao
seio do mundo jurídico uma das mais complexas áreas de políticas públicas do
Estado moderno. Não seria realista esperar que esse embate entre duas áreas
técnicas distintas, que operam com conceitos e modelos de racionalidade sig-
nificativamente diversos, se desse sem maiores choques e conflitos (FERRAZ &
VIEIRA, 2009).

A análise da judicialização da Saúde, embora seja relativamente nova nos meios


acadêmico e administrativo, já apresenta sobeja literatura descritiva que nos
leva a ter uma compreensão maior acerca da temática. Entretanto Biehl enten-
de que estamos vivenciando uma segunda geração de estudos sobre judiciali-
zação e ele define da seguinte maneira:

Embora continuemos a buscar características para a judicia-


lização, acreditamos que é hora de avançar para uma análise
mais sistemática, abrangente e prospectiva do fenômeno que
melhor direcione seus efeitos sobre seus múltiplos grupos de
interesse, identifique novas áreas de atenção aos direitos hu-
manos e se envolva. na teorização social e política alternativa.
Ao fazê-lo, estaremos melhor equipados para examinar não
apenas a alocação orçamentária, mas também a justiça pro-
cessual e ajustes de políticas. Nós chamamos este novo quadro
de "Judicialização 2.0". Esta estrutura propõe tanto mudanças
conceituais quanto metodológicas para o atual estudo do am-
plo litígio do direito à saúde.(Biehl, 2018)

3
| Demandas Judiciais

Estas análises devem partir de múltiplas partes interessadas (acadêmicos,


executivos, judiciário, sociedade civil, agências internacionais) trabalhando
em parceria ao invés do modelo atual onde acadêmicos ou, funcionários do go-
verno, trabalham independentemente uns dos outros. (BIEHL, 2018).

Autor: prof Diego Medeiros

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