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CLASSES QUE INTERFEREM NA PAREDE CELULAR

β – Lactâmicos:
Penicilinas, Cefalosporinas, Monobactâmicos e Carbapenêmicos
Mecanismo de ação: Inibem uma ou mais transpeptidases (proteínas de ligação a penicilina) do processo de biossíntese do peptidoglicano bacteriano
presente na parede celular das bactérias, devido ao anel beta-lactâmico ser um análogo do substrato dessa enzima. Assim não ocorre a
ligação peptídica (D-ALA – D-ALA), havendo um enfraquecimento da parede celular, levando a lise celular e morte bacteriana.
Apresenta efeito Bactericida para as bactérias em divisão ativa. Bactericida tempo-dependente (eficácia relacionada com o tempo
acima da MIC).
Espectro de ação: Amplo espectro: são aqueles que são ativos quanto a bactérias gram-positivas e gram-negativas. Devem ser capaz de atravessar a
membrana externa (aqueles com características hidrofílicas), através das porinas, das proteínas Gram-Negativas para agirem na síntese
da parede celular.
Espectro estreito: são aqueles ativos apenas para Gram-Negativas.
Obs: Existem diversos subtipos de transpeptidases, podendo haver variação dentro da mesma espécie ou de uma espécie para outra.
Quanto maior for a afinidade do antibiótico pelas transpeptidases e maior for sua capacidade de atravessar a membrana externa e a
parede celular (as enzimas estão na membrana celular) maior será a sua atividade.
Mecanismos de resistência:  O mais comum é a produção de enzimas beta-lactamase que fazem a clivagem hidrolítica do anel beta-lactâmico causando a
inativação do antibiótico. Ex: K. pneumonia e E. coli (SBL – beta-lactamase de espectro estendido) e Enterobacter (AMPC –
hiperexpressão de beta-lactamase de amplo espectro).
 Podem ocorrer também modificações estruturais das proteínas de ligação à penicilina, levando a uma perda da capacidade de
ligação delas aos beta-lactâmico. Quanto mais tipos de transpeptidases a bactéria tiver menor vai ser a chance de criação de
resistência por esse mecanismo. Ex: S. aureus – MRSA (meticilina).
 Diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano através de mutações e modificações das porinas. Mecanismo
desenvolvido pelas bactérias gram negativas.

Penicilinas:
Indicações: infecções sinusite, pneumonia, Efeitos adversos: hipersensibilidade (choque anafilático), desconforto gastrointestinal gerando náuseas, vômito
endocardite, profilaxia cirúrgica, infecções do trato e diarréia. Nefrite (meticilina), flebite e tromboflebite (IV), neurotoxicidade (com alguma disfunção renal –
superior. convulsão).

Penicilinas Naturais (benzilpenicilinas): São de espectro restrito (hidrofóbicas). A cristalina é usada em administração IV e as outras duas IM. A cristalina
 Penicilina G – cristalina (pura) IV só atravessa a barreira hematoencefálica em caso de inflamação. A Cristalina tem um tempo de ação curto (pico
 Penicilina G - procaína IM alto – tempo de ação curto), logo foram feitas as associações para manter o nível plasmático por mais tempo. A
 Penicilina G – benzatina IM procaína diminui o pico máximo, mas amplia o tempo de ação. E a benzatina é de depósito.
Aminopenicilinas: São de amplo espectro – hidrofílicas. Possuem um grupo amino de carga positiva na cadeia lateral, o que confere
 Ampicilina a capacidade de atravessar as porinas, contudo não resistem às beta-lactamases. Logo são usados em associação
 Amoxicilina com inibidores das beta-lactamases. Amoxicilina é usado como profilaxia em cirurgias dentárias.

Penicilinas de resistência às penicilinases: É de espectro restrito (hidrofóbica). Resistente a beta-lactamase (penicilinase), mas não pode ser usada em
Oxacilina infecção contra Gram Negativo, pois não atravessa as porinas.
Penicilinas de amplo espectro: São hidrofílicas. O grupo carboxila da cadeia lateral confere carga negativa possibilitando a passagem pelas
 Carbenicilina porinas. A ticarcilina tem um espectro de ação mais amplo que o das Amoxicilinas.
 Ticarcilina
Penicilinas de amplo espectro obtidas pela O ácido Clavulânico (liga-se irreversivelmente às beta-lactamases impedindo que ela haja nos fármacos),
associação com inibidores das beta-lactamase: Sulbactam, Tazobactam são inibidores das beta-lactamases.
 Amoxicilina + Ácido Clavulânico (oral).
 Ticarcilina + Ácido Clavulânico
(parenteral).
 Ampicilina + Sulbactam (IV e IM).
 Piperacilina + Tazobactam (parenteral).
Cefalosporinas:
Dividem-se em 4 gerações baseado na atividade antimicrobiana e características farmacocinéticas. São mais estáveis às beta-lactamases que as Penicilinas.
1ª Geração: Cefalexina, Cefadroxila, Cefalotina e 1ª geração: boa atividade contra cocos gram positivos e atividade muito limitada contra alguns gram negativos.
Cefazolina. Não tem atividade contra MRSA.
A cefalexina e cefadroxila são por VO e não atravessam a barreira hematoencefálica. Entretanto, a cefalotina e a
cefazolina atravessam a barreira hematoencefálica e são por via parenteral. A cefazolina apresenta uma boa
penetração nos tecidos, sendo então o fármaco de escolha na profilaxia cirúrgica.

2ª Geração: Cefaclor (VO), Cefoxitina (IV), 2ª geração: começa a ter uma maior atividade contra gram negativos, apresentam a capacidade de atravessarem as
Cefuroxima (IM ou IV), Acetil-cefuroxima (VO) e porinas. Maior resistência às beta-lactamases quando comparados com as cefalosporinas de 1ª geração.
Cefprozila (VO). Indicada para infecções de pele e para profilaxia em cirurgia de colón.
3ª Geração: Cefotaxima (IM ou IV), Ceftriaxona 3ª geração: atividade ampliada contra gram negativos. Alguns atravessam a barreira hematoencefálica. Sensíveis a
(IV), Ceftazidima (IM ou IV). beta-lactamase AMPC.
4ª Geração: Cefepime (IV) 4ª geração: cobertura ampliada contra microrganismos gram negativos, agem sobre Enterobacter sp. (gram
negativa e anaeróbica) produtora de beta-lactamase AMPC. Penetra líquido cefalorraquidiano.
Reações Adversas: Hipersensibilidade, flebite, tromboflebite, náuseas, vômito, diarréia, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade,
hemorragia e reações semelhantes a do dissulfiram (dissulfiram inibe a acetaldeído desidrogenase, logo não
deve ser ingerido álcool).
Monobactâmicos:
Aztreonam.
Reações Adversas: dor no local da aplicação Indicação: pode ser utilizada em pacientes com grave alergia à penicilina e que apresentam infecções causadas
intramuscular, por via IV pode causar flebite (deve por bactérias gram negativas resistentes. Possui t1/2 curta e, por isso, deve ser utilizado em doses frequentes, sendo
ser administrado de forma lenta), pode também usado apenas a nível hospitalar (IV e IM). Ativo apenas contra gram negativas e sem atividade contra gram
causar náuseas, vômito e rash cutânea. Pode causar positivas. Ele é uma alternativa aos aminoglicosídeos por não ser nem nefro ou ototóxico. Tem a capacidade de
aumento das transaminases hepáticas, voltando ao ser ativo em meio ácido, por isso é muito utilizado em tratamento de abscesso (é ácido).
normal após a suspensão (hepatotoxicidade leve). Para evitar o risco de resistência ele não é a primeira escolha, sendo sempre utilizado como alternativa.
Carbapenens:
Imipenem, Meropenem e Ertapenem.
Reações Adversas: hipersensibilidade, flebite no Espectro: amplo espectro de ação para uso em infecções sistêmicas e são estáveis à maioria das beta-
local de administração, Imipenem+Cilastatina lactamases. Usados principalmente a nível hospitalar, sendo seguros e com boa penetração tecidual. São ativos
podem diminuir o limiar convulsivo levando ao contra gram negativos, positivos e anaeróbicos. Não ativos contra MRSA. São usados para microrganismos
quadro de convulsões (idosos ou com disfunção multiresistentes e em pacientes com agranulocitose.
renal). Alterações hematológicas são raras, sendo as Imipenem sempre com Cilastatina: ele é inativado por uma enzima localizada na borda da escova do túbulo
mais comuns trombocitose e eosinofilia. Pode haver renal, chamada desidropeptidase I. A cilastatina inibe essa enzima, aumentando os níveis séricos do imipenem,
reações cruzadas em pacientes alérgicos a penicilina. t1/2 e diminuindo a sua toxicidade renal.

Glicopeptídeos:
Vancomicina e Teicoplamina
Mecanismo de ação: inibidores de síntese de paredes bacterianas, pois inibem a Fármacos: vancomicina é muito tóxica, devendo ser utilizada apenas quando há
ação das transglicosilases, que são responsáveis por unir o ácido n- resistência a outros fármacos. Já se observa a resistência a Vancomicina. Outro
acetilglicosamina ao ácido n-acetilmurânico, impedindo assim a formação do fármaco análogo é a Teicoplamina, que possui t1/2 maior, sendo administrada
polímero de açúcar. somente uma vez ao dia.
Indicação: possui atividade bactericida contra bacilos e cocos gram positivos, Reações adversas: irritante para os tecidos, causando flebite. Rubor cutâneo ou
incluindo aqueles resistentes a meticilina. Vancomicina por via oral só é indicada exantema (Síndrome do homem vermelho), nesses casos diminuir a velocidade de
em caso de infecções do trato gastrointestinal, pois apresenta pouca absorção nesse infusão. Nefrotoxicidade e ototoxicidade são raras e leves, acontecendo
local. Sua administração é por via IV. particularmente quando associados com os aminoglicosídeos. Febre
medicamentosa, exantema por hipersensibilidade e neutropenia.

Polimixinas:
Polimixina B e a Colestina (Polimixina E).
Mecanismo de ação: Interagem com as moléculas de polissacarídeos da membrana externa de bactérias gram negativas, retirando o cálcio e o magnésio,
necessários para manter a estabilidade do polissacarídeo. Assim ocorre uma diminuição da estabilidade da membrana, aumentando a
permeabilidade e desencadeando a morte celular. Sua ação independe da entrada do fármaco na célula.
Mecanismo de resistência: Resistência natural das gram positivas está relacionada à incapacidade da droga atravessar a parede celular.
Nas gram negativas pode ocorrer uma diminuição na ligação do fármaco a membrana.
Propriedades farmacológicas: Concentra-se no fígado e rins;
Apresenta baixa passagem pela barreira hematoencefálica, mesmo quando inflamada;
São excretados por filtração glomerular, devendo ser feito ajuste de dose em pacientes com IR.
Indicação Clínica: São muito pouco utilizados, sendo reservado para infecções graves por bactérias multiresistentes como a P. aeruginosa e para
infecções na corrente sanguínea relacionadas ao uso de cateteres contaminados.
Efeitos Adversos: São muito tóxicos, principalmente a nível renal. Eles levam a uma lesão renal por destruírem a membrana celular do túbulo renal, o
que aumenta a permeabilidade dessas células, ocorrendo o influxo de cátions, ânions e água, levando a morte celular.

Daptomicina:
Mecanismo de ação: Liga-se a membrana celular bacteriana levando a rápida despolarização, perda do potencial de membrana, o que determina a abertura
de canais voltagem-dependente, ocorrendo:
▪ Influxo e efluxo de íons descontroladamente;
▪ Inibição da síntese de proteínas
▪ Inibição da síntese de RNA e DNA
▪ Extravasamento de conteúdo citoplasmático resultando na morte bacteriana.
OBS: ainda não foi detectado nenhum mecanismo de resistência a esse antibiótico.
Espectro de ação: Ela é incapaz de atravessar a membrana externa das bactérias gram negativas, portanto é ativa somente em bactérias gram positiva. É
efetiva contra bactérias gram positivas resistentes a vancomicina e linezolida. É usada em infecções causadas por Staphylococcus
resistentes à oxacilina e os enterococos.
Propriedades farmacológicas: Só é administrada por via IV.
A eliminação é predominantemente renal.
Efeitos Adversos: Pode causar mialgia, artralgia e fraqueza muscular distal. Devem ser monitorados semanalmente os níveis de creatinofosfokinase,
quando elevado pode ser indicativo de lesão do músculo esquelético.

CLASSES QUE INTERFEREM NA SÍNTESE PROTEICA


Aminoglicosídeos:
Amicacina, Tobramicina, Estreptomicina, Neomicina e Gentamicina.
Mecanismo de ação: Interferem na síntese proteica bacteriana por se ligar irreversivelmente a subunidade ribossômica 30S promovendo:
▪ Leitura incorreta do RNAm (proteínas anormais ou não-funcionais)
▪ Interrupção prematura da tradução do RNAm (proteínas sintetizadas incompletamente)
▪ Bloqueio do início da síntese proteica. Apresentam difusão passiva pelas porinas e transporte ativo pela membrana celular.
OBS: Essas proteínas anormais podem ir à membrana e favorecer o transporte do aminoglicosídeo.
Mecanismos de resistência: Alterações no sito de ligação no ribossomo, tornando o 30S resistente à ligação ao fármaco.
Síntese de uma enzima que modifica a estrutura dos aminoglicosídeos, impedindo a sua ligação aos ribossomos.
Redução da permeabilidade do aminoglicosídeo pela ação das bombas de efluxo ou por dificultar a sua entrada (Ex: modificação nas
porinas).
Farmacocinética: Absorção: má absorção no TGI, sendo administrada por IV e IM. Por VO apenas para ação no TGI.
Distribuição: boa distribuição no líquido extracelular, mas não no LCR.
Eliminação: eliminados inalterados pelo rim por filtração glomerular. T1/2: 2,5 a 4 horas.
Indicação: Principalmente no tratamento de bacilos gram negativos aeróbios. Pode ser usada no caso de septicemia, infecções do trato urinário,
pneumonia e meningite. Em caso de endocardite bacteriana deve ser feita a associação com betalactâmicos (penicilina).

Observações: São bactericidas concentração-dependente, contudo é observado o efeito pós-antibiótico, ou seja, persiste a atividade bactericida
residual mesmo após a queda da concentração sérica abaixo da CIM (permanecem sendo ativos dentro da célula). Devido a isso é mais
indicado à dose diária, já que doses elevadas em intervalos estendidos são tão eficazes e potencialmente menos tóxicas do que a
administração de doses fracionadas. Em caso de endocardite, gravidez e doenças neonatais são indicadas de 8 – 8h.
Podem ser usados junto com os β-lactâmicos, pois apresentam um sinergismo, já que os β-lactâmicos irão favorecer a entrada dos
aminoglicosídeos na célula. Sendo usados ambos em doses menores.
Efeitos adversos: Nefrotoxicidade: se depositam nas células do túbulo proximal, causando aumento da uréia e da creatinina sérica (reversível). Fatores
de risco: longa duração de uso do fármaco, doses elevadas, idosos, pacientes com IR e uso concomitante com outros medicamentos
nefrotóxicos (vancomicina e furosemida). IMPORTANTE
Ototoxicidade: toxicidade vestibular e auditiva (irreversível), vertigens e redução da audição. Fatores de risco: igual ao anterior.
Também levar em consideração no recém nascido. Quando detectado deve restringir o uso.
Paralisia Neuromuscular: eles competem com o cálcio no sítio pré-sinaptico, levando uma queda na liberação de acetilcolina
gerando a paralisia muscular. É um bloqueio neuromuscular não despolarizante, podendo levar a paralisia respiratória. É um efeito
adverso raro. Não podem ser usados junto com bloqueadores neuromusculares.

Tetraciclinas:
Clortetraciclina, Oxitetraciclina, Tetraciclina, Demeclociclina, Metaciclina, Doxiciclina e Minociclina.
Mecanismo de ação: Inibe a síntese de proteína bacteriana através da sua ligação a subunidade 30S no sitio onde o RNAt se ligaria, impedindo a adição de
outros aminoácidos ao peptídeo nascente, impedindo assim a síntese proteica. Ela apresenta uma difusão passiva pelas porinas e por
transporte ativo na membrana celular.
Mecanismos de resistência: ▪ Diminuição do acúmulo das tetraciclinas no interior das células seja por impedir a entrada por alterações nas porinas ou nos
transportadores da membrana, ou por bomba de efluxo (conferida por plasmídeo).
▪ Produção de uma proteína ribossômica que desloca as tetraciclinas de seu alvo.
▪ Inativação enzimática.
Interações Medicamentosas: ▪ Diminui o efeito de anticoncepcionais orais e da penicilina.
▪ Laticínios, sais de bismuto, Al, Ca, Mg, Fe, Zn complexam com o fármaco e diminuem sua absorção (VO). Geralmente devem
ser ingeridos com o estômago vazio. Apresentam administração oral, parenteral e tópica.
▪ Na circulação podem complexar com o cálcio levando ao sequestro desses fármacos nos ossos e nos dentes, podendo levar à
anormalidades durante o desenvolvimento ósseo em pacientes pediátricos. Cuidados devem ser tomados durante a gestação e
infância, já que estes fármacos atravessam a barreira transplacentária e também são excretados pelo leite.
▪ Carbamazepina, fenitoína e barbitúricos diminuem a ação das doxiciclinas e minociclinas.
▪ Excreção principalmente pela urina, mas um pouco pelas fezes.
Indicação: ▪ São antibacterianos de amplo espectro agindo contra bactérias anaeróbicas e aeróbicas gram negativas e gram positivas. São
bacteriostáticos, sendo bactericida apenas em altas doses.
▪ É indicada no tratamento de doenças sexualmente transmissíveis como Sífilis (grávidas alérgicas a penicilina). Em infecções
por Rickettsia e Mycoplasma.
Reações Adversas: ▪ Reações alérgicas são raras.
▪ Afetam a flora intestinal podendo levar a uma colite pseudomembranosa pela proliferação excessiva de C. difficile, podendo
levar a morte.
▪ Toxicidade renal, sendo menos comum com a doxiciclina.
▪ Crescimento ósseo anormal em crianças quando usado durante a gestação ou na infância.
▪ Descoloração permanente dos dentes, com manchas castanhas. Podem ocorrer no feto e em crianças tratadas.
▪ Fotossensibilidade cutânea significativa, podendo levar lesões semelhantes a queimaduras nos indivíduos tratados expostos a
luz solar.
Obs: não usar em grávidas, lactantes e crianças menores de 8 anos.
Glicilciclinas:
Tigeciclinas
Mecanismo de ação: Inibe a síntese de proteína bacteriana através da sua ligação a subunidade 30S no sitio onde o RNAt se ligaria, impedindo a adição de
outros aminoácidos ao peptídeo nascente, impedindo assim a síntese proteica.
Espectro de atividade: Atividade análoga a das tetraciclinas, mas conservam a atividade contra os microrganismos que contém genes que medeiam o efluxo de
fármacos ou proteção ribossômica.
Indicações: Infecções de pele e tecidos moles.
Efeitos Adversos: São poucos porque é um fármaco novo, tendo apenas náuseas e vômito.

Macrolídios:
Eritromicina, Azitromicina e Claritromicinal.
Mecanismo de ação: São agentes bacteriostáticos que inibem a síntese das proteínas através de sua ligação reversível às subunidades ribossômicas 50S dos
microrganismos sensíveis. Não inibe a formação de ligações peptídicas em si, mas inibe a etapa de translocação em que a cadeia
peptídica nascente (que reside temporariamente no local aceptor da reação da transferase) move-se até o local doador.
Bacteriostático, sendo bactericida em doses elevadas e em microrganismos muito sensíveis.
Mecanismo de Resistência: ▪ Diminuição da permeabilidade dos macrolídios na célula, por modificação no transportador e bomba de efluxo.
▪ Inativação enzimática (hidrólise dos macrolídios).
▪ Alterações no sitio receptor da porção 50S do ribossomo, seja por mutações que alteram uma proteína ribossômica 50S do sitio
de ligação ou produção de metilases, que modificam o alvo ribossômico e diminuem a ligação do fármaco.
Indicação clínica: Sífilis, pneumonia por S. pneumoniae, profilaxia de recidivas de febre reumática em indivíduos alérgicos a penicilina. São
considerados primeira escolha no tratamento de pneumonia por bactérias atípicas (Mycoplasma pneumoniae, Legionella
pneumophila e Chlamydia sp.). Espetro de ação limitado, apresentando atividade para gram positivo aeróbico e modesto para gram
negativos.
Reações Adversas: Intolerâncias gastrointestinais (náuseas, vômitos), Hepatite colestática aguda principalmente pelo uso de eritromicina (azitromicina e
claritromicina são menos hepatotóxicos). Pode causar tromboflebite, que pode ser minimizada através da redução da velocidade de
infusão. A eritromicina pode causar arritmia cardíaca, pelo prolongamento do intervalo QT.
Interações Medicamentosas: A eritromicina e claritromicina são inibidores CYP3A4, podendo aumentar as concentrações de teofilina, carbamazepina,
glicocorticoides, varfarina, digoxina e ácido valpróico. IMPORTANTE
Lincomicina:
Claritromicina.
Mecanismo de ação: A clindamicina se liga a subunidade 50S do ribossomo bacteriano e suprime a síntese das proteínas. As clindamicinas, eritromicinas e
o cloranfenicol atuam em locais de estreita proximidade, assim a ligação de um desses fármacos ao ribossomo pode inibir a
interação dos outros.
Mecanismo de Resistência: Mutação no sitio de ligação no ribossomo.
Modificação no sitio de ligação por metilases.
Inativação Enzimática.
Indicação Clinica: Erisipela, para alérgicos a penicilina. É usado também como alternativa terapêutica para malária causada por P. vivax e P.
falciparum.
Reações Adversas: ▪ Suprime a flora bacteriana, podendo causar diarréia e náuseas.
▪ Colite pseudomembranosa causada pela toxina do C. difficile, que costuma ser resistente a clindamicina.
▪ Tromboflebite após administração intravenosa.
▪ Aumento da AST e da ALT.
▪ Granulocitopenia, trombocitopenia e reações anafiláticas (incomuns).

Cloranfenicol
Mecanismo de ação: O Cloranfenicol liga-se a subunidade ribossômica 50S no local da peptidiltransferase e inibe a reação de transpeptidação, ou seja, a
interação entre a peptidiltransferase e seu substrato de aminoácido é bloqueada, inibindo a formação da ligação peptídica. Apresenta
atividade bactericida ou bacteriostática dependendo da bactéria.
Mecanismo de resistência: ▪ Diminuição da permeabilidade da célula ao antimicrobiano, por alteração nas porinas ou no transportador ativo, e por bombas
de efluxo. Também por mutações ribossômicas.
▪ Inativação enzimática, causada por uma acetiltransferase codificada por plasmídeo.
Indicação Clínica: São raramente utilizados porque são bem tóxicos. Em meningite para alérgicos a penicilina, febre tifóide e brucelose quando a
tetraciclina for contra indicada.
Reações Adversas: Reações de hipersensibilidade
Toxicidade hematológica: anemia, leucopenia, trombocitopenia.
Efeito crônico: anemia aplástica.
Síndrome do bebê cinzento (recém-nascidos expostos a doses excessivas de cloranfenicol) é caracterizada por vômitos, distensão
abdominal, letargia, cianose, hipotensão, respiração irregular, hipotermia e morte. Ocorre pela falta de capacidade do recém-nascido
conjugar e eliminar a droga.
OBS: não deve ser usado quando a doença puder ser tratada rapidamente com segurança e eficácia por outro agente antimicrobiano.

Interações Medicamentosas: Inibem a CYP hepática irreversivelmente, prolongando a meia-vida dos substratos da CYP, como a varfarina, fenitoína, clorpropamida,
rifabutina e tolbutamina.
O fenobarbital e a rifampicina são indutores da CYP, podendo diminuir a meia-vida do cloranfenicol, resultando em concentrações
subterapêuticas do fármaco.

Fluoroquinolonas:
Ácido nalidíxico, Ácido oxolínico, Cinoxacina, Norfloxacino, Ciprofloxacino, Ofloxacino, Levofloxacino, Gemifloxacino e Moxifloxacino.
Mecanismo de ação: Inibem a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana. Durante a replicação ou
transcrição o DNA fica superespiralado e é função da DNA girase promover o relaxamento do DNA superespiralado, possibilitando
que o processo continue. Ao inibir a ação dessa enzima, as quinolonas impedem o relaxamento do DNA e, por conseguinte, a
transcrição e replicação. Assim gera a síntese descontrolada de RNA mensageiro e de proteínas errôneas, determinando a morte das
bactérias. Também inibem a topoisomerase IV, interferindo na separação do DNA replicado durante a divisão celular. São bactericidas.
Mecanismo de Resistência: ▪ Alterações na enzima DNA girase bacteriana, que passa a não sofrer a ação do antimicrobiano.
▪ Mutações cromossômicas nos genes que são responsáveis pela enzima alvo (DNA girase e topoisomerase IV).
▪ Alterações na permeabilidade ao fármaco pela membrana celular bacteriana, por ex. alterações nas porinas.
▪ Aumento da retirada do fármaco do interior da célula, por bomba de efluxo.
Propriedade Bem absorvida pelo TGI. Pico sérico atingido em 1 – 3 horas. Eliminação por via renal.
Farmacológicas: Volume de distribuição alto com t1/2 de 7 – 8 horas, administração por via IV e VO, 1 vez ao dia.
Os alimentos não reduzem a absorção, mas aumentam o intervalo para o aparecimento do pico sérico. A absorção oral é comprometida
por cátions divalentes, incluindo aqueles antiácidos, não podendo ser tomado com leite.
Uso: Usado em infecções urinárias (ciprofloxacino e norfloxacino), otite, bronquite, sinusite. A levofloxacina, moxifloxacina e
gemifloxacina são chamdas de quinolonas respiratórias, pois atingem elevadas concentrações no sistema respiratório sendo utilizadas
para infecções do trato respiratório.
Reações Adversas: Fotossensibilidade e anafilaxia
Alterações hematológicas como eosinofilia, anemia e leucopenia.
Alterações no sistema cardiovascular: aumento do intervalo QT.
Alterações no SNC: cefaleia, tontura, insônia. Em casos mais raros: delírio e convulsões.
Pode causar também artralgia, tendinite e lesões de cartilagem. O fármaco se liga ao Mg, ↓ o Mg disponível p/ compor cartilagens.
Obs: Não são rotineiramente administrados para menores de 18 anos.

Interações Medicamentosas: O uso de metoclopramida junto com ciprofloxacino acelera a absorção do ultimo.
A probenecida interage com todas as fluoroquinolonas, diminuindo a excreção delas por competirem pelo mecanismo de excreção
urinário.
Os antiácidos diminuem a absorção por quelação de todas as fluoroquinolonas.
Nitroimidazólicos:
Metronidazol
Mecanismo de ação: Ao entrar na célula ocorre a redução do grupo nitro presente no Metronidazol. Esse radical nitro aniônico altamente reativo é capaz de
matar o microrganismo por agir no DNA da bactéria, podendo inviabilizar a síntese de proteínas. Só são sensíveis àqueles
microrganismos capazes de reduzir o metronidazol.
Espectro de ação: São bactericidas potentes, atuando em bactérias anaeróbicas estritas. São amplamente usados no tratamento de amebíase, tricomoníase e
giardíase.
Mecanismo de Resistências: ▪ Diminuição da permeabilidade
▪ Diminuição da capacidade de redução intracelular do fármaco.
Propriedades ▪ Pode ser administrado por via oral, tópica e intravenosa.
Farmacológicas: ▪ A maior parte é excretada pelos rins e o restante pelas fezes. É metabolizado principalmente pelo fígado.
▪ Deve evitar o uso na gravidez e amamentação, pois o fármaco atravessa a placenta e atinge concentrações no feto iguais a da mãe
e é excretado no leite materno.
Indicação Clínica: ▪ É a primeira escolha no tratamento de tétano, pode ser associado à claritromicina ou amoxicilina no tratamento de infecções por
H. pylori, e é eficaz no tratamento de vaginose bacteriana.
Reações Adversas: ▪ Gosto metálico na boca, secura.
▪ Efeitos neurotóxicos: zumbido, vertigem, convulsões, ataxia cerebelar e neuropatia periférica. Sendo mais frequentes no uso
prolongado.
▪ Raro: queimação uretral à micção, cistite, ginecomastia e exantema maculopapular.

CLASSE QUE INTERFERE NA SÍNTESE DE ÁCIDO FÓLICO


Sulfonamidas:
Sulfametoxazol, Sulfadiazina, Sulfadoxina, Sulfisoxazol, Sulfassalazina, Messalazina, Sulfadiazina de Prata, Sulfacetamida e Mafenida.
Mecanismo de ação: As sulfonamidas inibem competitivamente a dihidropteroato sintase, enzima envolvida na síntese do ácido dihidrofólico (ácido fólico) a
partir do ácido para-aminobenzóico (PABA). Elas são análogas estruturais ao PABA e ao se ligar a dihidropteroato sintase impede a
síntese do ácido dihidrofólico. Os microrganismos que são sensíveis a esse fármaco são aqueles que precisam sintetizar o seu próprio
ácido fólico. As bactérias que são capazes de utilizar o folato exógeno são resistentes. Não afetam as células de mamíferos porque elas
dependem do folato pré-formado (não possuem a enzima).
Principais usos: Orais absorvíveis: são usadas no tratamento de infecção urinária, respiratória entre outras infecções sistêmicas. São elas:
sulfametoxazol, sulfadiazina, sulfadoxina, sulfisoxazol.
Orais não absorvíveis: usadas para infecções intestinais como colite ulcerativa e Doença de Crohn. São elas: sulfassalazina e
messalazina.
Uso tópico: utilizado em queimaduras, feridas e infecções oculares. São elas: sulfadiazina de prata, sulfacetamida e mafenida.
Mecanismos de resistências: ▪ Menor afinidade das enzimas pelo fármaco.
▪ Diminuição da permeabilidade bacteriana ou expulsão ativa do fármaco.
▪ Via metabólica alternativa para a síntese de ácido fólico
▪ Aumento da produção de PABA, competindo com o fármaco pelo sitio ativo da enzima.
Reações Adversas: ▪ Hipersensibilidade.
▪ Distúrbios do trato urinário podendo levar a precipitação na urina levando a cristalúria, hematúria ou obstrução.
▪ Distúrbios hematopoiéticos: pode ocorrer anemia hemolítica aguda. Ácido folínico (tetraidrofólico) é administrado junto nesses
casos.
▪ Hepatite, conjuntivite e síndrome de Steven-Jonson (eritemas multiformes).
Sulfametoxazol + Trimetoprima: O sulfametoxazol possui atividade bacteriostática (e em altas doses é bactericida) e associada à trimetoprima apresenta efeito
Uso: infecções do trato urinário, bactericida. A trimetoprima bloqueia etapas sequenciais na síntese do ácido tetrahidrofólico, pois ela impede a redução do diidrofolato
prostáticas, trato respiratório e em em tetraidrofolato ao inibir a enzima diidrofolato redutase. A proporção é de 5:1, pois a trimetoprima é mais lipossolúvel e logo
pneumonia por P. jirovenci. apresenta maior volume de distribuição.
OBS: a afinidade da trimetoprima pela diidrofolato redutase bacteriana é aproximadamente 50 mil vezes maior do que pela enzima dos
mamíferos, contudo no uso de altas doses ou em terapia prolongada é indicado associar suplementação com ácido folínico. A
trimetoprima sozinha é usada no tratamento de parasitoses.
Mecanismo de resistência: aquisição de um plasmídeo que codifica uma forma alterada de diidrofolato redutase.

ESQUEMA DE TRATAMENTO SISTEMÁTICO

Liga-se a subunidade B da DNA polimerase e forma um complexo, inibindo a síntese proteica. Supressão da iniciação de RNA.
RIFAMPICINA
Reações adversas: unina avermelhada, prurido, hepatotoxicidade.
Pró-fármaco ativado em ambientes ácidos (necrose - ác.lático) e na tuberculose pelo ác. pirazinasidase; Interferem na síntese do ác.
PIRAZINAMIDA mucólico presente na parede celular no Mycobacterium, reduzindo o pH intracelular e interferindo no transporte da membrana.
TUBERCULOSE

Reações adversas: hepatotoxicidade, dor articular (analgésicos), hiperuricemia (dieta hipouremica).


Pró-fármaco. Difusão passiva. Inibe a síntese do ác. mucólico da parede celular no Mycobacterium, inibe a diidrofolato redutase e,
por conseguinte, inibe a síntese de ác. nucléicos. Sua forma tóxica dá-se pela catalase peroxidase que transforma a isoniazida em um
ISONIAZIDA+
radical livre de oxigênio reativo.
PIRIDOXIMA (vit. B6)
Reações adversas: hepatotocixidade, prurido, exantema (antihistaminico), dor muscular, neuropatia periférica (piridoxima),
cefaleia, ansiedade, euforia, insônia, psicose (suspender).
Inibe a Aranosil transferase-3, e assim, interrompe a transferência da arabinose p/ a síntese do arabinogalactano (parede celular)
ocorrendo um desarranjo.
ETAMBUTOL
Reações adversas: acuidade visual, aneurite óptica, ↓clearance renal de ác. úrico (monitorar dieta, e reduzir consumo de carne
vermelha) hiperuricemia c/ artralgia.
Tratamento: crianças (todos s/ etambutol); formas extrapulmonar (exceto meningoencefálico): duração de 6 meses; pacientes c/ hiv: 6 meses (todos os
medicamentos); tratamento da forma meningoencefalica: 2 meses (todos) c/associação de glicocorticóide + 7 meses.

Paucibacilar 6 meses Rifampicina e dapsona


Multibacilar 12 meses a 18 meses Rifampicina, dapsona e clofazimina
Rifampicina p/m: Liga-se a subunidade B do DNA polimerase e forma complexo inibindo a síntese proteica. Supressão da iniciação de RNA.
ofloxacino Reações adversas: unina avermelhada, prurido, hepatotoxicidade.
Inibe a diidropteroato sintase impedindo a formação de ác. Fólico a partir do PABA.
Dapsona p:clofazimina
Reações adversas: síndrome de Stevens-Johnson, anemia hemolitica, cefaleia, dermatite esfoliativa, alterações hematológicas,
m:ofloxacino
anorexia, síndrome dissulfônica.
HANSENIASE

CLOFAZIMINA Bactericida. Liga-se ao DNA com ação desconhecida.


M:Ofloxacino, Reações adversas: pigmentação da pele na exposição ao sol, rash e prurido, distúrbios do TGI, redução da secreção lacrimal,
amoxicilina:NA urina avermelhada.
Mecanismo desconhecido.
Talidomida (tipo II) Reações adversas: teratogênico, sonolência, edema unilateral, constipação, secura das mucosas, linfopenia (rara), neuropatia
periférica. Reações hansênicas tipo II: eritema nodoso (fármaco de 1º escolha)
Interferem no metabolismo intermediário dos açúcares, gorduras e proteínas, promove a manutenção do tônus vascular e
regulação do balanço eletrolítico.
Corticóides (tipo I)
Reações adversas: hipertensão arterial, disseminação e infestação por Strongiloides stercoralis, disseminação da tuberculose
pulmonar. Tipo I: Dor neural, fraqueza.
”“ Utilizam-se antidepressivos e anticonvulsivantes no tratamento de Hanseníase.
Estreptococos (Gram +): Penicilina+ Benzatina, Eritromicina. E na resistência: Oxacilina.
S. aureus Penicilina, β-lactâmico. Na resistência: Oxacilina. *resistente a penicilina por mutação plasmidial.
MO

MRSA Oxacilina. Na resistência: vancomicina


Gram + Estafilococos, estreptococos, enterococos
Gram - Escherichia, Klebsiella, Enterobacter, Salmonella, Citobacter

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