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DECISÃO MONOCRÁTICA
1- que a sentença não se coaduna com as provas dos autos, já que o impugnado
permanece como sócio administrador de empresa médica que possui contrato com o Município,
vigente inclusive em 2020, vinculando seu nome a ela e desequilibrando o pleito;
3- que o recorrido exerce cargo de direção em pessoa jurídica que manteve contrato
de prestação de serviços com o Poder Público e que, como candidato Prefeito, deveria ter se
desincompatibilizado nos quatro meses que antecedem a eleição, já que o contrato não era regido
por cláusulas uniformes.
Em contrarrazões, o recorrido sustenta que a sentença que deferiu seu registro deve
ser mantida pelos seguintes fundamentos:
3- que a empresa da qual o recorrido é sócio não é a única do Município que possui
contratos com a Administração Pública e que seu contrato é firmado em cláusulas uniformes,
conforme estabelecido no próprio Edital a que se submeteu a empresa, o qual pressupõe
pluralidade de interessados e indeterminação de pretendentes, o que afasta qualquer
possibilidade de ingerência sobre o procedimento e demonstra a impossibilidade de negociação
pelo contratado. Ainda, sustenta que a alteração dos valores do contrato não afasta a
uniformidade das cláusulas, até porque desde 2108 o valor permanece inalterado, não tendo
havido sequer atualização monetária;
4- o fato de associar sua imagem à Clínica faz parte da rotina das campanhas, já
que é lícito a cada candidato indicar ao eleitor porque será melhor gestor. Ademais, ainda que
configurasse um abuso deveria ser aferido em AIJE e não em AIRC;
candidatura.
Com vista dos autos, o Procurador Regional Eleitoral em Substituição opina pelo
conhecimento e provimento dos recursos (ID 10752440).
É o relatório.
Decido.
A hipótese dos autos deve ser analisada sob o prisma de hipótese de inelegibilidade
prevista na alínea “i” do inciso II c/c alínea “a” do inciso IV, ambas do art. 1º da Lei Complementar
n. 64/90. Vejamos:
[...]
[...]
[...]
Pois bem.
(Direito eleitoral / José Jairo Gomes – 14. ed. rev., atual.e ampl. – São Paulo: Atlas,
2018, pág. 240)
O juízo eleitoral de piso, analisando os fatos, concluiu que sim, o contrato foi regido
por cláusulas uniformes, sendo desnecessária a desincompatibilização, deferindo o pedido de
registro do candidato impugnado. Por pertinentes, reproduzo os fundamentos da sentença
recorrida:
De fato, não foram apresentadas pelos recorrentes qualquer prova de que o contrato
que supostamente atrairia a inelegibilidade do pretenso candidato não se operou sob a égide de
cláusulas uniformes. Ele decorre de chamamento editalício, em que se explicita a adesão do
contratado às condições estabelecidas pela contratante e não há indícios de poder de influência
do contratado quando da elaboração das cláusulas.
Não há como extrair, com certeza, que o candidato impugnado tivesse poder de
negociação. Logo, entendo correta a conclusão do juízo sentenciante.
Em igual sentido:
[...]
3. In casu, o contrato firmado com a empresa que teve como objeto a prestação
de serviços especializados em cardiologia e radiologia foi celebrado sem prévia
licitação por se enquadrar em hipótese de inexigibilidade, nos termos do art. 25
da Lei nº8.666/93. Não obstante, a mera inexigibilidade de licitação não
indica, necessariamente, a influência da empresa na elaboração das
cláusulas contratuais que, em regra, são estipuladas unilateralmente
pela administração pública, cabendo ao impugnante produzir prova em
sentido contrário, o que não foi feito.
[...]
capacidade eleitoral, impondo restrições à esfera jurídica do cidadão em seu status político,
atribuindo-lhe a condição de inelegível e, consequentemente, impedindo a pessoa de ser eleita,
deve ser feita sob crivo rígido e interpretação restritiva da norma, e aplicada somente ante a
certeza inabalável de sua configuração, o que não se verifica nos autos.
Por todo o exposto, conheço do recurso e lhe nego provimento para manter a
sentença que deferiu o registro de candidatura de LUCAS DE CARVALHO ANTONIETTI.
Relator
7 of 7 11/8/20, 11:21 PM