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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


Campus Londrina

BI 63B – Ecossistemas Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Padrão Espacial de Populações

Conceitos:

Indivíduos de toda e qualquer população afastam-se, naturalmente, de seu local de nascimento e


podem, então, apresentar diferentes formas de ocupação do espaço, que passam a ser características de cada
população. Três padrões básicos de distribuição espacial dos indivíduos são reconhecidos na literatura:
aleatório (ao acaso ou randômico), agregado (contagioso ou agrupado) e regular (homogêneo ou uniforme). O
conhecimento do grau de agregação dos indivíduos pode ter maior impacto na população do que o número
médio de indivíduos por área (densidade absoluta).

Brower e Zar (1984) destacaram que a distribuição dos organismos na natureza raramente é regular
(uniforme), como em um pomar (plantação), sendo, geralmente, agregada. No entanto, uma distribuição
aleatória (na qual a posição de um indivíduo é completamente independente da de outros) pode ser
observada para algumas espécies.

De acordo com Odum e Barrett (2008), a distribuição aleatória é observada, principalmente, em


ambientes homogêneos, o que permite um afastamento aleatório dos indivíduos. Já a distribuição regular
(uniforme) é percebida quando a competição entre indivíduos é severa ou quando há antagonismo positivo,
promovendo o espaçamento por uma distância mínima constante entre os indivíduos, enquanto a agregação
em maior ou menor grau é o padrão mais comum. O padrão agregado resulta, principalmente, da
“predisposição social em formar grupos, das distribuições agrupadas de recursos, e das tendências da prole
em permanecer unidas a seus pais” (RICKLEFS, 2003). Determinar o tipo de dispersão é importante na seleção
de métodos de amostragem e análises estatísticas.

Determinação do padrão espacial de populações.

Diversos métodos já foram propostos para descrever o padrão espacial e definir o quanto este difere
de uma distribuição aleatória. Necessariamente eles envolvem a amostragem por parcelas e a comparação dos
dados com o modelo matemático de distribuição de Poisson; ou, não utilizam unidades amostrais de área,
porém se baseiam em medidas de distância entre plantas ou de plantas a determinados pontos
aleatoriamente estabelecidos (BROWER; ZAR, 1984).

Um método bastante simples avalia a razão (I) entre a variância (s2) e a média (x) estimada da
distribuição de indivíduos (abundância) de uma população, conforme equação abaixo, onde: xi: n° de
indivíduos em cada parcela, x: média do n° de indivíduos por unidade amostral e N: n° de unidades amostrais.

Se
• Distribuição agregada:
• Distribuição aleatória:
• Distribuição uniforme:
Morisita (1959 apud BROWER; ZAR, 1984) propôs um índice (𝐼𝑑) para cálculo do padrão espacial,
definido pela seguinte equação:

𝛴𝑋 2 −𝑁
𝐼𝑑 = 𝑛 ×
𝑁(𝑁−1)

Onde n: n° de unidades amostrais; N: é o número total de indivíduos contados em todas as n


unidades amostrais; 𝛴𝑋 2 : é o quadrado do número de indivíduos por unidade amostral, somadas todas as
unidades. Se: a dispersão é aleatória, Id = 1,0; se é perfeitamente uniforme, Id = 0 (Id < 1,0); e o padrão
agregado é dado por Id > 1,0, com o máximo de agregação sendo Id = n (quando todos os indivíduos são
encontrados em 1 unidade amostral).

No exemplo visto em sala de aula, retirado de Brower e Zar (1984), temos:

𝐼𝐷 = 100 × ((242 − 120) ÷ (120 × 119))

ID = 0,85

Já, a amostragem por pontos (ou distância) possibilita a utilização, por exemplo, do Método de
Holgate (A), para o qual se estabelece um determinado número de pontos aleatórios no hábitat, a partir de
cada ponto, mede-se a distância até a planta mais próxima (d) e a distância até a segunda planta mais próxima
(d’). Calcula-se, então, para cada ponto, os quadrados de d e d’ e sua razão. Para cada ponto, soma-se as
proporções e divide-se pelo nº de pontos (n). Se A = 0,5: a distribuição é aleatória; A > 0,5: é agregada; A <
0,5: é uniforme.

2 2

A=  (d /d’ )
n

Referências:

BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field & laboratory methods for general ecology. 2a.ed. Wm.C. Brown Publishers,
Dubuque, Iowa, 1984, 226p.
ODUM, E.P.; BARRETT, G.W. Fundamentos de Ecologia. 5ª ed. (Trad.), Cengage Learning, São Paulo. 2008.
(Cap. 6)
RICKLEFS, R.E. A economia da natureza. 5a ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2003. (Cap. 14).
TOWNSEND, C.R.; BEGON, M.; HARPER,J.L. Fundamentos em Ecologia. 2ª ed., ArtMed. (Cap. 5)

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