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ARTIGO ARTICLE
Apoio matricial como dispositivo do cuidado
em saúde mental na atenção primária:
olhares múltiplos e dispositivos para resolubilidade

Matrixing support as an instrument of primary healthcare


in mental health: multiple views and devices for resolution

Antonio Germane Alves Pinto 1


Maria Salete Bessa Jorge 2
Mardenia Gomes Ferreira Vasconcelos 3
José Jackson Coelho Sampaio 2
Gláucia Posso Lima 4
Valéria Carneiro Bastos 4
Helena Alves de Carvalho Sampaio 4

Abstract The scope of this paper is to analyze the Resumo Objetiva-se analisar a articulação das
articulation of the mental health services between ações de saúde mental entre as equipes da Estraté-
the teams of the Family Health Strategy and Psy- gia Saúde da Família e do Centro de Atenção Psi-
chosocial Care Center by the matrixing process cossocial pelo processo de matriciamento com ên-
with emphasis on comprehensive care and case fase na integralidade do cuidado e resolubilidade
resolution. The subjects included 32 users and 22 assistencial. Participaram 32 usuários e 22 fami-
family members attended in the matrixing in liares atendidos no matriciamento em saúde men-
mental health, 46 health professionals from the tal, 46 profissionais de saúde da Estratégia Saúde
Family Health Strategy and 15 from the Psycho- da Família e 15 dos Centros de Atenção Psicosso-
social Care Centers in two cities in the state of cial de dois municípios do Estado do Ceará. Tra-
Ceara. It is a study of a qualitative nature based ta-se de um estudo de natureza qualitativa pau-
on critical hermeneutics. As dictated by the re- tado na hermenêutica crítica. Conforme os resul-
sults, the integration of mental health services in tados, a integração das ações de saúde mental na
Primary Healthcare establishes innovative ap- Atenção Primária em Saúde estabelece inovação
proaches for shared psychosocial care between staff, das abordagens psicossociais pela assistência com-
family members and users. The matrixing activ- partilhada entre equipe, familiares e usuários. As
ities in mental health ensure broadened access atividades do matriciamento em saúde mental dis-
and diversification of healthcare to achieve com- ponibilizam ampliação de acesso e diversificação
1
Universidade Regional do prehensive care. Case resolution is defined by the da atenção à saúde direcionada para a integrali-
Cariri. Rua Cel. Antônio
acknowledgement of the social conditions of de- dade. A resolubilidade assistencial delimita-se pelo
Luiz 1161, Pimenta.
63105-000 Crato CE. mand by the teams and overcoming medication- reconhecimento das condições sociais da deman-
germanepinto@hotmail.com based health practices. da pelas equipes e na superação de práticas medi-
2
Departamento de Saúde
Key words Mental health, Primary Healthcare, camentalizadas de saúde.
Pública, Centro de Ciências
da Saúde, Universidade Matrixing support, Unified Health System Palavras-chave Saúde mental, Atenção Primá-
Estadual do Ceará ria à Saúde, Apoio matricial, Sistema Único de
3
Núcleo de pesquisa Saúde
Saúde
Mental, família, práticas de
saúde e enfermagem,
Universidade Estadual do
Ceará
4
Centro de Ciências da
Saúde, Universidade
Estadual do Ceará
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Pinto AGA et al.

Introdução Metodologia

Na consolidação do Sistema Único de Saúde Trata-se de pesquisa com abordagem qualitati-


(SUS), a Estratégia Saúde da Família (ESF) tor- va numa perspectiva crítica e reflexiva11. Como
nou-se um dispositivo estratégico para inversão cenários da pesquisa constaram dois municípios
do modelo assistencial curativo e hospitalocên- do Estado do Ceará, no Nordeste do Brasil. O
trico. Em suas diretrizes, focaliza a prevenção de cenário 1 é a capital do Estado, detentora de uma
doenças, o controle de agravos e a promoção da população de 2.505.552 habitantes e considerada
saúde. As ações devem ser operadas no contexto a quarta capital do Brasil em densidade demo-
territorial e comunitário com atuação multidis- gráfica12. No sistema municipal de saúde existem
ciplinar e participativa1,2. cinco redes assistenciais: básica, hospitalar, espe-
Concomitantemente, o Centro de Atenção cialidades, saúde mental e urgência/emergência.
Psicossocial (CAPS) apresenta-se como serviço Enquanto a cobertura da ESF é de 34%, o núme-
de saúde ordenador das ações de saúde mental ro de CAPS é de quatorze, distribuídos nas seis
nas redes assistenciais. Atualmente, as necessida- áreas de saúde das Secretarias Executivas Regio-
des e demandas da população requisitam uma nais (SER)13,14.
articulação efetiva do cuidado em saúde mental Já o cenário 2 localiza-se no interior do Esta-
no território. O processo de matriciamento em do, na zona norte, e sua população é de 182.430
saúde mental ocorre na integração das equipes habitantes. O sistema municipal de saúde detém
de saúde da família e atenção psicossocial para uma cobertura da ESF acima de 95% e os servi-
acompanhamento das pessoas com problemas ços de saúde mental compõem a Rede de Aten-
psíquicos leves3-5. ção Integral em Saúde Mental (RAISM) com
O reconhecimento da dimensão subjetiva e CAPS Geral, CAPS AD, Residência Terapêutica e
social do usuário no desenvolvimento terapêuti- Leitos Psiquiátricos em Hospital Geral, bem
co no campo da saúde mental é decorrente de como, estratégias de articulação comunitária.
movimentos revolucionários no modo de olhar Segundo mencionado, no cenário 1 os parti-
e de cuidar da pessoa com sofrimento psíquico cipantes foram 20 usuários, 10 familiares, 9 pro-
e/ou transtorno mental. Dessa maneira, eviden- fissionais de saúde do Centro de Atenção Psicos-
cia-se o sujeito e suas singularidades em contra- social e 22 da Estratégia Saúde da Família. No
posição ao agir voltado para a doença, por vezes, cenário 2, participaram 12 usuários, 12 familia-
determinando práticas manicomiais e asilares6. res, 6 profissionais de saúde do Centro de Aten-
Evidentemente, a complexidade dos proble- ção Psicossocial e 24 da Estratégia Saúde da Fa-
mas de saúde mental exige a articulação entre as mília. Entre os profissionais, foram 19 médicos,
múltiplas formas assistenciais às quais o usuário sendo 7 psiquiatras, 21 enfermeiros, 10 psicólo-
recorre como subsídio para suas demandas e ne- gos, 5 assistentes sociais, 4 terapeutas ocupacio-
cessidades de vida. No campo da saúde mental, o nais, 1 farmacêutico e 1 fisioterapeuta. No total,
território constitui o lugar onde as situações, as participaram 115 pessoas de ambos cenários.
pessoas ou as relações mais complexas que en- A seleção dos grupos representativos do es-
volvem o seu (des)equilíbrio estão presentes6,7. tudo ocorreu pela implicação deles na realidade
Todavia, as tentativas de consolidação das re- investigada e a composição final do número de
des assistenciais pelas políticas ou pelas iniciativas participantes respalda-se na saturação teórica
dos sujeitos participantes desse processo alme- sobre o objeto de estudo15.
jam a integralidade do cuidado na sua dimensão Para a coleta dos dados, utilizaram-se as téc-
plena. Entretanto, as dificuldades mostram-se na nicas de grupo focal, a entrevista semiestrutura-
própria efetivação das linhas de cuidado que es- da e a observação sistemática. Em cada técnica
tão fragmentadas em seus fluxos e conexões. Com aplicada respaldaram-se o diálogo e a condução
isso, os resultados são itinerários terapêuticos compartilhada para o reconhecimento da inter-
pontuais, superficiais e desarticulados com as de- subjetividade e da implicação de cada participante.
mandas e necessidades de saúde do usuário8-10. De acordo com o determinado, cumpriram-
Nesse sentido, objetiva-se analisar a articula- se os preceitos éticos da pesquisa envolvendo se-
ção das ações de saúde mental entre as equipes res humanos16 conforme parecer do Comitê de
da Estratégia Saúde da Família e do Centro de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do
Atenção Psicossocial pelo processo de matricia- Ceará (UECE).
mento com ênfase na integralidade do cuidado e Para a análise dos dados trabalhou-se com
na resolubilidade assistencial. base nos pressupostos da hermenêutica crítica11.
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O processo de evidenciação das sínteses convergen- O atendimento é muito bom. Esse pessoal aí
tes, divergentes e diferentes bem como suas com- [equipe do matriciamento] já está com duas vezes
plementaridades foi discutido e articulado com a que eu venho pra eles, na primeira vez, eles passa-
literatura disponível na área de conhecimento. ram um remédio e tenho ficado é bem. Tenho con-
seguido dormir. Eu vim dessa vez porque o meu
medicamento acabou, mas agora eu já estou com a
Resultados e discussão receita (Usuário - Cenário 1)
Logicamente, os riscos e as vulnerabilidades
As práticas em saúde mental: o uso da composição fisico-orgânica da vida humana
das tecnologias leves – acolhimento, em sociedade determinam o funcionamento dos
vínculo, corresponsabilização e autonomia serviços de saúde de modo relevante. Assim, as
demandas de saúde da população prevalecem no
Na rede de atenção à saúde do SUS, a produ- déficit patológico do viver, ou seja, nos agravos,
ção do cuidado recorre à hegemônica prática as- doenças e crises. Por conseguinte, as redes assis-
sistencial fundamentada na operacionalização de tenciais são interpostas nesta premissa emergen-
procedimentos de cunho biologizante, quase sem- te de cuidar na dor e na enfermidade, reduzindo,
pre voltados para a cura ou a reabilitação. Dessa por vezes, o espectro da prevenção e da promo-
forma, o modelo de atenção baseado na promo- ção em saúde, mantendo a condição de psiquia-
ção da saúde, preconizado na formulação das trizado do usuário17.
políticas públicas, contrasta com a realidade vi- Concomitantemente, o usuário depara-se
venciada no cotidiano das relações terapêuticas. com entraves no fluxo de atenção nas redes as-
A consulta médica ainda é uma prática requi- sistenciais caracterizados como dificuldades para
sitada na gestão das demandas como única reso- a integralidade do cuidado em saúde. Consoante
lução. Para usuários e familiares, o atendimento divulgado, as filas e as listas de espera para aten-
médico significa um caminho para melhoria de dimento individual e, muitas vezes, de avaliação
sua condição de saúde. Consoante evidenciado, inicial emperram a possibilidade de superação
o cuidado operado no cotidiano da ESF se revela da concepção hierarquizada do conjunto de ser-
nas medidas prescritivas, procedimentos de viços de saúde do SUS. Fica difícil para as equipes
controle e intervenções programáticas do pro- concretizar uma abordagem mais integralizada,
cesso saúde-doença, tais práticas incorporam pois precisam dar conta de inúmeras demandas
ainda uma resistência para o atendimento de significativas para a saúde da comunidade5,18.
pessoas com problemas psíquicos. Em virtude de possuir um conjunto de ativi-
Uma grande dificuldade que nós temos é na ques- dades cotidianas pautadas na programação de
tão da participação dos profissionais [...] principal- áreas de atenção, a ESF constrói um espaço deli-
mente dos médicos. [Devido à demanda de atendi- mitado de atuação que prima pela atenção inte-
mentos clínicos], para alguns coordenadores da uni- gral. No entanto, as particularidades encontra-
dade de saúde, tirar o médico da consulta é o fim do das em cada área técnica precisam interagir com
mundo! O mundo vai acabar! Vão morrer todos os intersecções no campo clínico comum a todo in-
pacientes! Então, nós temos uma dificuldade de fe- divíduo, são ou doente3.
char as agendas dos médicos no matriciamento, prin- Especificamente, na abordagem dos casos de
cipalmente pela demanda da população que é muito saúde mental o foco tende a ser o desequilíbrio
grande e o acesso já é difícil. E a consulta psiquiátri- psíquico demarcado pelos comportamentos não
ca demanda um tempo bem maior e nem todo pro- comuns para a vida. Os transtornos e seus níveis
fissional tem essa disponibilização de tempo. (Pro- de gravidade entornam o atendimento segundo
fissional de saúde da ESF – Cenário 1) o qual tais sintomas assumem uma ordem de
A maior dificuldade ainda é uma certa resis- resolução ou encaminhamento. Sumariamente,
tência de alguns profissionais [da ESF] em atender as ações são voltadas para a manutenção do equi-
a demanda de saúde mental. Talvez por conta já do líbrio, se o caso for leve; ou, para o encaminha-
dia-a-dia mesmo dos programas, que toma muito mento direto a serviços especializados, tais como
tempo, é programa de hipertensão, de diabetes, de o CAPS, para casos moderados ou graves.
gestante e do idoso. Leva muito tempo, mesmo (Pro- Diante da articulação entre as ações de saúde
fissional do CAPS – Cenário 1) mental e o processo assistencial da ESF, algumas
Eu gosto porque eles [médicos] passam medi- transformações ocorrem neste formato de aten-
camentos, mas a melhora é pouca. (Familiar – dimento. O usuário se mantém privilegiando a
Cenário 2) consulta especializada por um lado, mas reco-
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nhecendo a importância da escuta, por outro. Já dade de se equilibrar psiquicamente, interagir


os profissionais reconhecem que as práticas são socialmente com maior autonomia e efetivar pro-
processuais por serem modificadas com as expe- jetos terapêuticos integrais pode ser possibilita-
riências vividas no matriciamento a cada dia. do pela interposição de arranjos de trabalho e
Então o nosso usuário é muito ligado no espe- gestão que se transversalizem pela subjetividade
cialista. [...] o usuário já vem se consultar pedindo e pela cultura4,19.
pra ir para o psiquiatra. Daí a gente ter condições Inicialmente, as práticas voltadas para saúde
de fazer um vínculo com ele e começar o tratamen- mental na atenção primária em saúde são as ati-
to com um transtorno leve; é uma coisa que pra vidades transversais. Assim, o enfoque dado aos
gente mesmo é meio desgastante, porque a gente vê problemas psíquicos deve permear as demais
a ânsia do usuário de querer falar só com o psiqui- abordagens programadas para cada grupo po-
atra, por causa da nossa própria cultura, a cultura pulacional, situação de risco ou vulnerabilidade.
do médico especialista. (Profissional de saúde da Na rotina das equipes da ESF, este trabalho é
ESF – Cenário 2) realizado com dinâmicas em sala de espera, nas
[No matriciamento] o paciente tem a unidade discussões coletivas e no diálogo individual em
próxima de casa e pode ser assistido como um todo. cada atendimento. No conteúdo de cada atendi-
Pode ser assistido de uma forma geral, tanto da mento com ênfase nos aspectos da subjetividade
parte clínica como nessa parte [psicossocial] que e no equilíbrio mental do indivíduo estão as situ-
antes era vista separada. [...] às vezes chega um ações que o envolvem nas suas relações sociais e
hipertenso e a pressão dele está alterada. Não é no enfrentamento do estresse cotidiano.
nem o fator orgânico, não é porque o remédio não
está funcionando, é porque às vezes ele está preci- Apoio matricial em saúde mental: arranjos
sando ser ouvido, ele está com algum problema, é e dispositivos no território da ESF
preciso ouvir e perguntar o que está acontecendo,
como está sua vida, ou seja, dá uma abertura para Pauta-se no matriciamento em saúde mental
ele começar a falar [...] estabelecendo a confiança um conjunto de concepções e modelos para a
[...] então a cada dia ele vai se abrindo mais, vai organização da atenção à saúde no SUS. Neste
melhorar, vai depois expor certos problemas que estudo, enfocam-se as unidades de análise discu-
antes ele não tinha coragem de falar. (Profissional tidas pela literatura5,18-20 que facilitam o entendi-
de saúde da ESF – Cenário 1) mento sobre este processo de consolidação das
Até agora estamos sendo bem tratados e bem ações psicossociais na ESF, postas em destaque.
acompanhados. O médico é bem atencioso. Con- A demanda do SUS reflete as condições de
versou, explicou e perguntou o que a gente achava vida da população e seus mecanismos de resolu-
que ele (usuário) tinha. Disse que era para ele ser ção. Por diversos determinantes, a relação ofer-
acompanhado também pela terapeuta ocupacio- ta-demanda é tensa e conflituosa, pois a baixa
nal, pela psicóloga, e até pela fonoaudióloga porque cobertura dos serviços e a delimitada atuação
não consegue falar direito. E isso tá acontecendo. É regem uma fragmentação contínua do cuidado
muito bom. (Familiar – Cenário 2) em saúde18,21,22.
Eu acho assim: esse apoio matricial é muito Nos CAPS e na ESF, a triagem da demanda
bom porque vêm muitos profissionais. Vem a psi- tenta equalizar o fluxo entre a chegada, a perma-
cóloga, o médico, tem uma lourinha que é eu num nência e a saída do usuário dentro do serviço.
sei o que ela é [terapeuta ocupacional] e ainda Este processo, denominado de acolhimento, en-
tem também o pessoal daqui [Equipe da ESF]. (Fa- fatiza uma escuta qualificada, mas com foco na
miliar – Cenário 1) situação clínica e na sua gravidade para resolu-
É bom, né. O pessoal vem de fora. Atende a ção e/ou encaminhamento22.
gente. É muita gente para ser atendido, mas eu Inegavelmente, muitas pessoas estão ausen-
fiquei esperando e depois pronto. Foi tudo muito tes dos serviços, por diversos motivos que impe-
tranqüilo, eles me deixaram bem a vontade e eu dem sua entrada. Caracterizam a demanda re-
contei tudo, falei o que eu achava que era [proble- primida pelo sistema. Para tanto, a atenção inte-
ma de saúde mental]. (Usuário – Cenário 1) gral mobiliza a equipe para uma aproximação
É possível exercer uma clínica solidificada em intersubjetiva, observando questões e condições
saberes e práticas inovadoras com vistas a abor- da dimensão psicossocial, tanto nos aspectos
dar de modo complexo os problemas emanados socioeconômicos como também na condição clí-
no sujeito-usuário em relação à sua subjetivida- nica que facilitem o acesso e efetivem a resolução
de. Como proposto, o encontro entre a necessi- de queixas e necessidades.
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Agiliza. Sabendo fazer e sabendo se organizar. Se Ainda falta as pessoas se conhecerem mais. Co-
administrado corretamente, com certeza agiliza esse nhecer um pouco como é que funcionam os dois
fluxo de atendimento. O matriciamento é algo que serviços. Saber o que é que a rede dispõe. O que a
veio exatamente para ajudar as pessoas não ficarem rede tem disponível para oferecer para o usuário.
somente com aquele estímulo de CAPS, porque hoje Saber o que encaminhar. Porque às vezes os profissi-
em dia todo mundo está sujeito a ter qualquer pro- onais não sabem nem como é que funciona o servi-
blema mental, ninguém é melhor do que ninguém. ço. (Profissional de saúde do CAPS – Cenário 1)
É preciso acabar os estímulos aos preconceitos, en- [...] de uma maneira geral, tanto profissionais
tão, a partir do momento que a gente estiver aten- de saúde, seja médico, enfermeiro, auxiliar de en-
dendo o paciente do CAPS no matriciamento per- fermagem, técnico de enfermagem, agentes de saú-
manente nos postos de saúde, vai acabar com isto. de, como profissionais da limpeza da unidade de
(Profissional de saúde do CAPS – Cenário 1) saúde devem aprender a respeitar os pacientes que
Melhora os acompanhamentos, melhora, as- têm transtornos mentais. Aprendam a ter uma
sim, até o nosso entendimento com relação à doen- melhor abordagem, conversar melhor recepcioná-
ça, quando outros profissionais estão envolvidos a los melhor, entendeu? E olhar, realmente a relação
gente acaba, como enfermeiro, a gente aprende a ética que tem que ter com o paciente. (Profissio-
lidar melhor com aquele paciente, a entender a nal de saúde da ESF – Cenário 2)
doença dele de uma maneira mais satisfatória e É tem sido bom sim. Mas eu queria era mesmo
pode dar uma qualidade de vida melhor para o era ficar boa. Tem muita conversa, fico é nervosa,
paciente, ajudar no tratamento dele de várias for- pois sempre tenho que falar toda vez, até parece
mas. Com certeza melhorou a visão do profissional que eles não sabem, não tem anotado lá. Eu fico
que pode intervir na área dele para ajudar num nervosa porque eu tava esperando, é muita gente
benefício, numa coisa que ajuda a família, com o né?! Mas eu acho que eles se comprometem sim.
acompanhamento do psicólogo, ajudando a famí- Eles combinam um com os outros o que é que vão
lia, no tratamento do paciente, na melhoria do fazer. Eu gosto muito, uns às vezes faz pergunta e
paciente, e acho isso superimportante, quando não depois também fazem uma sugestão. Já me enca-
tinha [o matriciamento], o paciente ficava só no minharam para a terapia, o negócio é que eu nun-
tratamento medicamentoso. (Profissional de saú- ca fui. (Usuário – Cenário 2)
de da ESF – Cenário 2) Olha, eu já falei até pra ele [médico] mesmo.
É bom também porque é perto, eu moro bem Eu já parabenizei ele duas vezes. É um profissional
aqui [Perto da Unidade da ESF]. Uma vez eu fui muito bacana. Acolhe a gente! Porque, mas tem
atrás lá [no CAPS], mas não dá certo, não. É mui- médico que num se empenha tanto, num recebe
to longe. E a fila para ser atendido é grande. (Usu- direito. Mas tem aqueles que ajudam a gente resol-
ário – Cenário 1) ver, né! Principalmente nesses casos [de saúde
Mudou para melhor, as consultas dele [usuá- mental]. (Familiar – Cenário 1)
rio] era no CAPS. Era dispendioso porque nem Na efetividade do seu processo de cuidado, o
toda consulta, nós tínhamos dinheiro para pagar dispositivo da corresponsabilização entre equipe
moto-taxi que era R$ 8,00. Aí, eu conversei lá e usuário incorpora a família, a comunidade e as
[CAPS] perguntando se podia ficar aqui no posto e ações intersetoriais articuladas no contexto soci-
eles disseram que podia. Só se o caso for muito ocomunitário. O diferencial deste dispositivo te-
grave, é que levo ele para o CAPS. E assim tá dando rapêutico se pauta no compartilhamento de pro-
certo. (Familiar – Cenário 2) blemas vividos e na pactuação integrada das re-
Em contraste com a formação recebida pelas soluções. À medida que todos assumem a res-
equipes de saúde, conforme revelam os depoi- ponsabilidade para a melhoria das condições de
mentos, as necessidades sociais dos usuários so- vida, seja individual ou coletiva, os resultados
mente são dispostas nas condutas clínicas em são alcançados de modo mais resolutivo. Os fa-
saúde quando observadas pela dialogicidade do miliares e usuários dispõem de iniciativas mútu-
encontro entre eles. Nesse sentido, é necessário, as juntamente com a equipe que favorecem a as-
então, planejar o projeto terapêutico singular e sistência integral e o acesso ao serviço de saúde.
integral que conforma as intenções, estratégias e No entanto, o envolvimento compartilhado exi-
intervenções da equipe para com os agravos e ge a efetiva participação do usuário em seu pro-
problemas e, principalmente, a participação do cesso de restabelecimento do equilíbrio.
usuário, agora sujeito, na resolução das suas de- Geralmente, os pacientes vêm acompanhados
mandas e necessidades18-20,22. Tal evidência recorre da família, sempre tem uma responsável pela me-
nas falas dos participantes: dicação. O paciente que vem sozinho são aqueles
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com problemas menores, que não tem gravidade; Resolubilidade do apoio matricial
mas o paciente mais grave que não tem noção da em saúde mental: da demanda
medicação, do controle do tratamento, ele vem sem- às necessidades de saúde
pre acompanhado, e não é entregue a medicação
para ele sozinho, sempre a gente pede ao responsá- Como observado, a dispensação de medica-
vel pelo paciente, tem sido sempre assim. Agora, as mentos psicotrópicos e o consequente controle re-
pessoas que têm consciência, as pessoas que estão querido para tal atividade constituem o principal
bem no tratamento, elas vêm sozinhas. (Profissio- registro da atuação na área psiquiátrica da ESF.
nal de saúde da ESF – Cenário 2) Acrescentam-se os registros de referência e con-
Mas a gente vê que para alguns pacientes a trarreferência para unidades especializadas e hos-
mudança é realmente grande e muito valiosa para pitalares. Sendo assim, a demanda atendida na ESF
eles. [É assim] de você não precisar se deslocar, de revela pouco da situação real vivenciada pela po-
você se deslocar no meio em que você vive, de te pulação no tocante ao sofrimento psíquico.
abrir as portas da unidade básica de saúde e de Portanto, é no território onde a população
saber que lá você vai ser recebido. Ao contrário de efetiva seu cuidado e, por isso, os dispositivos
antigamente que era aquela coisa de colocar na assistenciais do SUS devem se articular com tais
ambulância e de mandar ou pro CAPS ou para o instituições para compor pactos de atuação inte-
hospital, lá é um espaço onde você vai ser acolhido, grada. Com o apoio matricial, a integração inci-
também. Para boa parte dos pacientes essa mudan- de na interlocução entre CAPS e ESF, sobretudo.
ça é grande, em todos os atendimentos. (Profissio- Dessa maneira, o trabalho das equipes do matri-
nal de saúde do CAPS – Cenário 2) ciamento compartilham informações territoriais,
Às vezes o meu filho fica agressivo e com os demandas clínicas e de procedimentos bem como
medicamentos ele melhora. Os médicos aqui se pre- ampliam seu potencial resolutivo perante os ca-
ocupam muito com a gente. Meu filho não queria sos clínicos de saúde mental.
tomar mais remédio, a depressão dele voltou muito A gente [equipe] tem um sistema nessa unidade
forte, ele andava conversando só e eu vim pra cá. [ESF] de renovação de receitas controladas, então,
No mesmo dia que vim atenderam logo e aí graças toda vida que o paciente busca essa renovação é feita
a Deus ele está bem. Marcaram para eu trazer ele uma revisão do prontuário dele pra gente ver se ele
novamente hoje e estou aqui. Quando preciso, eles está em acompanhamento médico ou não. Quando
me atendem. E eu sempre acompanho meu filho. a gente percebe que há muito tempo ele não é visto,
sigo as orientações daqui. (Familiar – Cenário 2) a gente faz a “busca ativa”, o paciente vem pra cá, a
Eu reconheço que não depende da vontade só gente colhe uma nova história, reavalia e, muitas
dos profissionais, é mais minha do que vezes, nessa situação, a gente acaba captando paci-
deles.(Usuário – Cenário 1) entes da área que são necessários, os que têm a ne-
Pelo visto, no cotidiano da ESF é relevante o cessidade de serem vistos no matriciamento. (Pro-
número de situações que revelam o uso inade- fissional de saúde do CAPS – Cenário 2)
quado de medicação. Ainda hoje, o processo de Visualizando o que a gente sempre faz aqui,
medicalização e medicamentalização na socieda- que é a questão da territorialização, conhecer os
de detém significativo valor na resolução de pro- equipamentos existentes é o passo que é catalogar
blemas pessoais entre os usuários23. Em casos de tudo o que existe porque pra você desenvolver al-
sintomas psíquicos, o equilíbrio mental é, por guma coisa você tem que saber o que existe na sua
vezes, buscado pelo uso contínuo de medicamen- comunidade [...] É um grupo da própria associa-
tos que requisitam uma administração contro- ção do bairro, é um grupo de idoso, de caminhada,
lada e/ou supervisionada. do skate, de lazer na comunidade, então é ver o que
Em situações de crise psíquica, as intervenções tem e tentar ampliar fazendo parcerias. A assistên-
ainda sugeridas para o usuário remetem a uma cia tem começado a se construir nos territórios.
composição institucional parcializada, ou seja, as (Profissional de saúde do CAPS – Cenário 2)
abordagens iniciais são trocadas por resoluções Então, assim, com certeza depois do matricia-
imediatas de transferência e encaminhamento para mento eu tô mais sensibilizada, já dou mais atenção,
unidades especializadas, principalmente para insti- escuto melhor, nem tudo precisa estar indo pro CAPS,
tuições hospitalares de emergência em psiquiatria. realmente não, muitas vezes o paciente quer apenas
Na atenção primária em saúde, a iniciativa de aco- ser ouvido, acolhido, e isso dá pra gente fazer aqui.
lhimento e o vínculo estabelecido na condução te- (Profissional de saúde da ESF – Cenário 1)
rapêutica já favorecem a execução de um fluxo con- Assim, eu acho que melhorou bastante. Eu acho
tínuo na assistência requisitada. que eles [equipe] fizeram uma reciclagem, porque
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antes eu vinha e num era bem atendida não. Nem ciamento tem como objetivo fortalecer o cuida-
escutavam a gente direito. Ficava muito a desejar. do em saúde mental no território24, mas para
Melhorou, agora eu venho, converso e me sinto alcançar sua meta é preciso resoluções equâni-
bem melhor. (Usuário – Cenário 1) mes e resolutivas que exigem também políticas
Acho que não está me ajudando porque meu sociais de inclusão e convivência social saudável
filho continua quase do mesmo jeito, a melhora foi na direção das necessidades de saúde do usuário,
muito pouca, estou até sem trabalhar para ficar estas últimas mais complexas e abrangentes.
com ele porque não tem ninguém que queira ficar
com ele. Eu não sei o que vou fazer porque não
tenho marido, tenho que trabalhar para pagar Considerações finais
minhas contas, não tenho casa, moro de aluguel,
pago água, luz e as coisas do meu filho. Até agora Na integração do campo psicossocial no proces-
acho que as minhas necessidades não estão sendo so operacional da ESF, inegavelmente o cuidado
resolvidas aqui porque se tivesse ajudado ele esta- em saúde mental ocorre na assistência direta das
ria um pouco mais quieto e estou achando que ele equipes de saúde com a participação dos usuári-
está é mais inquieto. Mas só que antigamente ele os e familiares durante o processo terapêutico. A
não dormia bem, era agitado, agora ele está dor- unidade de saúde configura um ponto de parti-
mindo melhor. (Familiar – Cenário 2) da, passagem ou saída para o usuário na sua
Na execução cotidiana, ocorrem grupos ope- trilha para a resolução de problemas subjetivos e
rativos e/ou ações de educação em saúde onde a sociais. No entanto, as condições sociais, econô-
congruência interdisciplinar é revelada pelas ati- micas e culturais e o atrelamento a práticas me-
tudes comuns de cada Profissional de saúde e dicamentalizadas reduzem a interlocução inter-
percebida por usuários e familiares como algo setorial e comunitária essencial para a atenção
positivo para sua melhoria de vida. psicossocial.
Em processo inovador, as abordagens clíni- Portanto, o apoio matricial em saúde mental
cas se horizontalizam no modo de subjetivação opera práticas inovadoras e focos de atuação
do usuário, reconhecendo seu lugar existencial, multidisciplinar. Nos fluxos assistenciais, a me-
subjetivo e, principalmente, social. A multiplici- lhoria da articulação entre os serviços foi dina-
dade proporcionada pela inclusão multidiscipli- mizada entre o CAPS e as unidades de Saúde da
nar das equipes do CAPS e ESF remete a ações Família. Constituir uma atenção integral à saú-
cada vez mais complexas e diversificadas. de, reconhecendo o campo psicossocial como
Neste prisma, a ampliação dos serviços pelo enfoque indispensável em todas as ações assis-
aumento da cobertura assistencial bem como a tenciais e de promoção exige uma composição
disponibilidade de atividades terapêuticas ape- gerencial, clínica, ética e política que priorize a
nas possibilitou o atendimento inicial do estreito intersubjetividade, a participação e a articulação
ápice das demandas em saúde mental. O matri- intersetorial.

Colaboradores

AGA Pinto, MSB Jorge e MGF Vasconcelos tra-


balharam na pesquisa, metodologia e redação
final. JJC Sampaio, GP Lima, VC Bastos e Sam-
paio HAC trabalharam na redação final.
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Pinto AGA et al.

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