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BARRAGEM DE TERRA E ENROCAMENTO:

INTRODUÇÃO

Prof. Dr. Paulo Márcio Fernandes Viana.

Aula 01 - INTRODUÇÃO – HISTÓRICO - TIPOS BÁSICOS E FINALIDADE DE


UMA BARRAGEM – BACIA HIDROGRÁFICA, CUSTO-BENEFÍCIO E ÍNDICE
AMBIENTAL.

INTRODUÇÃO

Em um projeto de uma grande em empreendimento, como uma


barragem, envolve um enorme número de especialidades, tais como:
Hidrologia, Mecânica dos Solos e Rochas, Estruturas, Geologia, Arquitetura,
Elétrica e Hidráulica, Planejamento, Mecânica, Economia, Estatística, Meio –
Ambiente, etc.

HISTÓRIA
Ver texto de apoio 01.
Degoutte, G (Org.). (2002). Small Dams – Guidelines for Design,
Construction and Monitoring - French Comité, 183p.

TIPOS BÁSICOS E FINALIDADES

Tipos

Podem ser específicas ou múltiplas e basicamente podem ser reunidas


em dois grupos: barragem de retenção e/ou regularização: Controle de
enchentes – diminuir pico da vazão, Contenção de rejeitos e Recreação.
Geração de energia, Abastecimento de água, Navegação – Eclusas,
Saneamento, Irrigação.
Barragem de regularização

Finalidade: regularizar o regime hidrológico de um rio. (Veja figura


abaixo). As finalidades próprias das barragens de regularização são: Geração
de energia, Abastecimento de água, Navegação – Eclusas, Saneamento,
Irrigação.

Vazão
Máxima
Vazão

Vazão
Armazenar Média

Suprir

Vazão
Mínima

Ano (hidrológico)
Figura 1. Balanço de regularização.

Barragem de retenção

Finalidade: Como objetivo principal reter água, reduzindo o impacto da


onda de cheias de modo a evitar inundações. As finalidades próprias das
barragens de retenção são: Controle de enchentes – diminuir pico da vazão,
Contenção de rejeitos e Recreação.
No projeto e dimensionamento do reservatório de uma barragem de
contenção é necessário conhecer a onda de cheia efluente ao reservatório, e a
descarga máxima permitida a jusante do mesmo. (Assis et al, 2003).
Q

Descarga Máxima Natural

Natural
Volume Vazão Amortecida
Acumulado
Vazões

Descarga Efluente

Descarga Máxima Efluente

Amortecimento da Onda de Cheia Tempo (t)

Figura 2 Amortecimento da onda de cheia (Assis et al, 2003, Gaioto, 2003)


N.A 1 – Controle de Cheia

N.A 2 – Regularização Sazonal

N.A 3 – Geração de Energia


Barragem

N.A 4 – Mínimo

Casa de Força

Figura 3. Barragem de Riachão – Finalidade múltipla: controle de cheias e produção de


energia elétrica.
PLANEJAMENTO

Deve ser elaborado para todo o empreendimento. Deve ter como


principal objetivo o aproveitamento da bacia hidrológica. É influenciado por uma
série de fatores (topografia, hidrologia, geologia, economia, política, etc...). Ex.:
Aproveitamento do Rio grande – várias barragens (água vermelha, maribondo,
porto colômbia, furnas, etc...), sistema cantareira. Basicamente, são eleborados
em quatro fases: Inventário, Viabilidade, Projeto Básico e Projeto executivo.

Etapas para o projeto de uma barragem

Inventário (planejamento), Viabilidade (técnico – econômica), Projeto


básico e Projeto executivo.

Fase I – Inventário

Nesta fase são verificadas as melhores divisões (com trechos da ordem


de 1 a 5km) da queda da bacia considerando os diversos tipos de
aproveitamento/finalidades. Devem-se considerar as diversas interferências
(cidades, comunidades, estradas, instalações enterradas, jazidas, EPAs,
florestas. parques nacionais, etc). O estudo deve se realizado considerando um
período de cerca de 30 a 40 anos. Os estudos devem considerar uma
estimativa de custo / variabilidade das características de cada local com uma
variação da ordem de 20%.

Ver texto de apoio 02.


Viana, P.M.F (2010). Obras importantes. I encontro geotécnico do
centro-oeste, apresentação em power point, 16p.

Viabilidade (técnico – econômica) – Estudo do local barrável, relação


custo / benefício, Custo [projeto, investigações possíveis (possíveis eixos),
construção (tipos de barragens), desapropriações, juros do capital investido,
despesas diretas e indiretas de operação. Benefício = Kw/h, m3/s. Definir o tipo
de barragem e o local de construção. Analisar alternativas de posição do eixo,
arranjo das estruturas e esquemas de desvio do rio. Estudo de toda a bacia
hidrográfica, eixo do barramento, arranjo geral (lay-out), jazidas de materiais
(filtros enrocamento e transições), volumes de materiais e escavações, desvio
do rio e etapas construtivas, estimativas de custos.

Projeto Básico – Definir elementos para a concorrência da obra,


documentos: Cadernos de desenho, planilha de quantidades de serviços e
materiais, especificações técnicas de construção, cronograma, projeto com
sugestão para desvio do rio, relatório sobre critérios de projeto, normas de
medição e pagamento. O principal objetivo é conduzir para a etapa de licitação.

Projeto Executivo – Detalhamento do projeto básico, deve-se


apresentar projetos detalhados: escavações, tratamento da fundação, aterro,
sistema de drenagem interna, transições, proteção dos taludes e crista,
drenagem superficial, instrumentação e especificações. Além de aspectos
relacionados à fiscalização da obra, segurança, etc.

Custo/benefício e índice ambiental

ICBE

Dentre as alternativas estudadas no inventário deve-se verificar o melhor


índice de custo-benefício energético – ICBE (US$/MWh). O ICBE é definido
como a relação entre o custo anual de cada aproveitamento (US$) e o
benefício em energia firme obtido por sua operação integrada no sistema
(Assis et al, 2003).

IA

Variável numérica que expressa a intensidade do impacto ambiental. O


valor IA varia entre 0 (Sem impacto) ≤ IA ≤ 1 (máximo impacto). O IA é uma
função do impacto sobre os ecossistemas aquáticos e terrestres, modos de
vida, organização territorial, base econômica e populações indígenas (Assis et
al, 2003).
Segundo (Assis et al, 2003) uma estimativa inicial do impacto do
aproveitamento hidrelétrico “pode ser obtida pela relação entre a área inundada
pelo reservatório (km2) e a potência instalada (MW)”.

Alguns valores do ICBE e do IA são ilustrados na tabela abaixo.

Tabela 1. Índice de impacto ambiental de usinas hidrelétricas brasileiras (Assis et al,


2003).

Potência Área do Índice


UHE Estado / País Bacia instalada reservatório ambiental
(MW) (km 2) (Km 2/MW)
Balbina AM Rio Amazonas 250 2360 9.44
Belo Monte* PA Rio Amazonas 11000 400 0.04
Samuel RO Rio Amazonas 217 600 2.76
Lajeado** TO Rio Tocantins 903 630 0.70
Serra da Mesa GO Rio Tocantins 1293 1784 1.38
Tucuruí PA Rio Tocantins 7960 2430 0.31
Mal. Castelo Branco MA/PI Atlântico, trecho norte/nordeste 216 363 1.68
Itaparica PE/BA Rio São Francisco 1500 828 0.55
Moxotó BA/AL Rio São Francisco 440 93 0.21
Paulo Afonso IV BA Rio São Francisco 2460 17 0.01
Sobradinho BA Rio São Francisco 1050 4214 4.01
Três Marias MG Rio São Francisco 388 1142 2.94
Xingó SE/AL Rio São Francisco 3000 60 0.02
Funil RJ Atlântico, trecho lesle 216 39 0.18
Lajes RJ Atlântico, trecho lesle 144 30 0.21
Barra Bonita SP Rio Paraná 144 308 2.14
Capivara SP/PR Rio Paraná 662 515 0.78
Corumbá GO Rio Paraná 375 65 0.17
Emborcação MG/GO Rio Paraná 1192 455 0.38
Foz do Areia PR Rio Paraná 2511 139 0.06
Furnas MG Rio Paraná 1216 1450 1.19
Igarapava MG/SP Rio Paraná 210 39 0.19
Ilha Solteira SP/MS Rio Paraná 166 1200 7.23
Itaipu Brasil/Paraguai Rio Paraná 14000 1350 0.10
Itumbiara MG/GO Rio Paraná 2280 760 0.33
Marimbondo MG/SP Rio Paraná 188 438 2.33
Nova Ponte MG Rio Paraná 510 447 0.88
Porto Colômbia MG/SP Rio Paraná 320 140 0.44
Rosana SP/PR Rio Paraná 320 217 0.68
Salto Grande MG Rio Paraná 104 5.8 0.06
São Simão MG/GO Rio Paraná 1710 722 0.42
Segredo PR Rio Paraná 1260 82 0.07
Taquaruçu SP/PR Rio Paraná 515 74 0.14
Campos Novos* SC Rio Uruguai 880 24 0.03
Itá SC/RS Rio Uruguai 294 141 0.48
Machadinho SC/RS Rio Uruguai 1140 79 0.07
Obs.:
** Em construção
* Previsto para construção
Ver texto de apoio 03.
Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas da Eletrobrás.
Aula 02 – ARRANJO GERAL DE UMA BARRAGEM – FATORES DE
INTERFERÊNCIA.

A escolha de um determinado tipo de barragem e do local da sua


implantação depende de uma série de fatores, tanto topográficos (primeira
aproximação escolha do eixo), quanto devido às condições geológicas /
geotécnicas de fundação (rocha, cascalho, silte ou areia fina, argila ou material
heterogêneo). Ainda, o tipo de material de construção, as dimensões e locação
do vertedouro, de desvio do rio, as condições ambientais, climáticas e a
experiência de construção são fatores fundamentais que influenciam na
escolha adequada (Gaioto, 2003).
Segundo Assis et al (2003)
“Os arranjos dos aproveitamentos são estudados para cada local,
considerando-se principalmente as condições topográficas locais, o provável apoio
logístico em fase de construção, a possibilidade de evacuação de cheias durante a
construção, a provável disponibilidade de materiais de construção, as condições gerais
do ponto de vista geológico e geotécnico, a potência instalada calculada para o
aproveitamento, a descarga calculada para o vertedouro e os resultados dos estudos
especiais”.

Barragens de concreto (tipo arco) geralmente são dispostas em vales


encaixados e estreitos. Barragens de concreto (tipo gravidade com
contrafortes) ou de enrocamento geralmente são dispostas em vales semi-
encaixados. Para vales abertos utiliza-se proeminentemente barragens do tipo
gravidade de concreto convencional ou concreto compactado com rolo (CCR) e
barragens de terra. As figuras abaixo exemplificam os diversos tipos de
barragens.
N.A N.A N.A

a) Gravidade b) Gravidade Aliviada c)


Arco

N.A
d) Barragem de terra. Detalhe da tomada dágua por tulipa, por descarga de
fundo ou externa (estrutura de concreto de tomada dágua – vertedouro).

N.A

e) Barragem de enrocamento (com núcleo de solo)

Figura. Tipos de Barragens.

a)

b)

c)

Figura. Tipos de Vales: a) Aberto, b) Semi-encaixado e c) encaixado.


Partes constituintes de uma barragem

A figura abaixo mostra o arranjo típico de uma usina hidrelétrica - UHE.

Eclusa

Vertedouro

Barragem

Casa de Força

Canal de fuga
Barragem

Figura. Arranjo típico de uma barragem (Assis et al, 2003)

Tomada Dágua e Canal de Fuga.


Figura. Exemplo de tomada dágua e canal de fuga da UHE Capim
Branco.

Vertedouro

Permite controlar o nível de água do reservatório, extravasar as vazões


críticas (devido a chuvas intensas) protegendo as outras estruturas que são
vulneráveis ao efeito da erosão.
Figura. Vertedouro UHE Capim Branco.

Estruturas de desvio do rio

Túneis, canais ou galerias (geralmente são construídos através do


maciço do vertedouro (Adufas) ou adjacente a galeria de adução (deve-se
tomar cuidados especiais para evitar o desenvolvimento de fissuras
provocadas por recalques diferenciais o que comprometem a estabilidade da
barragem por problemas de percolação de água ao longo da interface
solo/concreto).
Figura. Estrutura de Desvio do Rio da UHE Capim Branco

Tipos de barragem de terra, enrocamento e concreto.

A figura abaixo ilustra uma configuração típica de uma barragem de


TERRA E ENROCAMENTO.
(a)
borda livre a
pavimento flexível

NA máx. m2
1 proteção com grama
m1 aterro
H 1
h compactado filtro vertical aterro
compactado dreno de pé

tapete drenante det. 3

5,00 m1H a m2H 5,00


0,3hm2

(b)
a
a - 2,00
det. 4
NA máx.

m1
1
H m2
h 0,5 núcleo 1 0,75h
1 1
impermeável
enrocamento 0,5 enrocamento

trincheira (eventual)

0,5H 0,5H
m1H a m2H

(c)
Figura. (a) Exemplo de seções transversais típicas de uma barragem de terra e
enrocamento da UHE Capim Branco. (b) Barragem de terra convencional e (c)
Barragem de enrocamento convencional (Eletrobrás – DPPCH, 1995)

CONCRETO
As figuras abaixo ilustram seções típicas de barragens de concreto
(gravidade e arco)

1,00
mureta eventual
0,30

NA máx.
0,50

NA normal 1,00 lâmina vertente

0,10
H 1 0,70
Hv 1

superfície do
terreno natural

b1=0,10H
b1 b2
b2=0,70H
B
nota: dimensões em metro

BARRAGEM DE CONCRETO

Figura. Seção típica de uma barragem de concreto (Eletrobrás DPPCH, 1995)


Aula 03 - SELEÇÃO DO TIPO DE BARRAGEM DE TERRA E
ENROCAMENTO. FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DE UMA
BARRAGEM E LOCAL

É prática comum a opção pelos seguintes tipos de barragens:

- Terra com seção homogênea em solo;


- Enrocamento;
- Concreto, convencional ou compactado a rolo (CCR), em seção tipo
gravidade.

Em função da disponibilidade de materiais e dos processos construtivos


(influenciados pelo tempo de construção e/ou pelo clima) as barragens de terra
e enrocamento podem apresentar variações da sua seção típica. Em relação
às barragens de terra as suas seções podem ser: homogênea (quando o
material da área de empréstimo é suficiente e não apresenta grandes
variações), zoneada ou de aterro hidráulico. Em relação às barragens de
enrocamento são de dois tipos: barragem com núcleo de solo ou com
membrana impermeável (face de concreto -posicionada no talude de montante
ou no centro da seção da barragem). Alternativamente pode-se utilizar concreto
asfáltico. Segundo Gaioto (2003) a face de concreto deve ser de pelo menos
0,30m no topo acrescida de 0,3% da profundidade da água na referida
elevação (construída em painéis, com cerca de 16m de largura utilizando
formas deslizantes). No pé da barragem a laje de concreto deve ser mais
espessa (plinto) e sua largura deve ser da ordem de 1/10 H (H = altura da
barragem) a 1/20 H (quando construída sobre rocha sã). No topo da barragem,
deve-se construir um muro de arrimo com a finalidade de reduzir o volume do
enrocamento. As juntas dos painéis de concreto devem ser preenchidas com
vedajuntas especiais de PVC e de cobre (Gaioto, 2003).

Fator dominante : Custo

Topografia – Vale muito apertado (sugere-se concreto), Vale aberto


(enrocamento e terra). O local do vertedouro (deve-se verificar concordância da
barragem com as condições naturais). Deverão ser realizados os seguintes
levantamentos de acordo a Norma NBR 13133, da ABNT e recomendado pela
Eletrobrás (2003).
- determinação da queda natural no local;

- planialtimétricos das áreas de implantação das estruturas previstas;

- planialtimétricos das áreas de empréstimo de solo, jazidas de areia e


cascalho e pedreiras;

- nivelamento da linha d’água do reservatório;

- cadastro jurídico das propriedades atingidas;

- levantamento das propriedades atingidas para efeito de subdivisão e


averbação legal.

- Fundo do rio na região de implantação das estruturas (topo-batimetria)

Ainda, em relação à topografia A Eletrobrás (2003) sugere:

“- a elaboração da base cartográfica em escala adequada ao desenvolvimento


do projeto, como, por exemplo, 1:1000;

- a determinação da queda bruta disponível no local;

- o levantamento do perfil do rio no trecho de interesse;

- o levantamento da curva cota x área e da curva cota x volume do reservatório,


se for necessário;

- locação das estruturas;

- locação dos furos de sondagem;

- locação do reservatório.”

Condições geológicas – geotécnicas da fundação – Relacionados ao


maciço até uma profundidade susceptível de sofrer a influência do peso da
barragem e da percolação da água do reservatório. Deverão ser realizados os
seguintes estudos: a) investigar as condições das fundações e ombreiras na
região das estruturas componentes do aproveitamento, bem como das
encostas na vizinhança da obra, b) pesquisar e caracterizar as áreas de
empréstimo de solo, jazidas de areia e cascalho mais próximas do sítio do
empreendimento; elocais prováveis para lançamento de bota-fora, instalação
de canteiro e alojamento de operários (Eletrobrás, 2003)

Tipos de fundações: Materiais da fundação.

Os estudos referentes às fundações devem considerar: a) consultas


bibliográficas de estudos anteriores, análises de fotografias aéreas
(fotointerpretação), b) organizar os trabalhos de campo (Eletrobras, 2003), c)
Visita ao local de implatanção (Observar se houve deslizamentos recentes,
deslizamentos, assoreamentos – evitar) e d) Realizar sondagens a trado e
poços para verificar fundações permeáveis (verificar ocorrência de bancos de
areia e cascalho ou rochas fraturadas). Evitar solos argilosos e turfosos.

Os maciços rochosos muito fraturados, porém sãos, servem como


fundação para as estruturas. Nesses casos, o tratamento da fundação deve
prever a execução de cortinas de injeções de calda de cimento de
impermeabilização.

Os solos de fundação devem ser adequados em relação à


compressibilidade, resistência (cisalhamento e erodibilidade) e permeabilidade.
De um modo geral a resistência da fundação deverá ser igual ou superior à
resistência do maciço. Caso isto não ocorra, Assis et al (2003) sugerem:

“- Projeto de taludes mais abatidos e/ou bermas de equilíbrio;


- Remoção parcial da camada de baixa resistência;
- Remoção total da camada de baixa resistência;
- Utilização de métodos para aumentar a resistência do solo (por exemplo, drenos de

areia ou geossintéticos no caso de argila mole saturada, entre outros).”

Em relação à compressibilidade devem ser verificados se os recalques


diferenciais e/ou por saturação da fundação irão provocar trincas e rupturas no
maciço da barragem. Finalmente, considerando a permeabilidade deve-se
verificar se a perda d’água através da fundação, as pressões d’água na base
do talude de jusante e os gradientes na saída, a jusante do pé do talude. Os
valores não podem elevados em virtude da ocorrência de ruptura por
instabilidade dos taludes e “piping”. Vários são os métodos de controle da
percolação: Zona impermeável, tapete impermeável, diafragma flexível, região
de injeções, filtro vertical, tapete drenante e poços de alívio. A figura abaixo
ilustra os métodos.

N.A

Tapete
impermeável a
montante Zona Impermeável
Filtros

Diafragma Região de Fundação Poços


flexível injeções Permeável de alívio

Superfície
resistente
Figura. Métodos de controle da percolação.

Os materiais que serão investigados deverão ser classificados de acordo a


NBR 7250: Identificação e Descrição de Amostras de Solos Obtidas em
Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos e NBR 6490:
Reconhecimento e Amostragem para Fins de Caracterização de Ocorrência de
Rochas. Realizar análise táctil-visual e os ensaios de caracterização. Em
relação aos ensaios de resistência (determinação dos parâmetros de
resistência), deformação e permeabilidade, verificar a ocorrência de solos
especiais detectados nos ensaios de caracterização Em relação à
trabalhabilidade preferir materiais baixa a média plasticidade. O agregado
graúdo deverá ter dureza adequada para resistir ao impacto de golpes de
martelo e não se desagregar (quando submetidos a ciclos diários de molhagem
e secagem ao tempo). Ainda, os enrocamentos deverão ter as mesmas
características dos cascalhos e britas (Eletrobrás, 2003). Consultar anexos do
material de apoio 3.

Rocha
Constitui-se quase a maioria (Capacidade de carga entre 20 Kg/cm 2 a
200 Kg/cm2). Não tem influência na estabilidade global da barragem e nem em
suas deformações. Pode ser utilizada em qualquer tipo de barragem (aumento
da capacidade de carga, resistente a erosão e a percolação). Deve-se
preocupar com folhelhos (ou rochas descontínuas e/ou expansivas), pois
podem condicionar a estabilidade e as deformações das barragens por
problemas de permeabilidade. Permeabilidades acima de 5x10 -4 cm/s deverão
ser reduzidas por cortinas de injeção de calda de cimento ou argamassa de
cimento (no geral).

Cascalho

Recomendável para barragens de terra e enrocamento e pequenas


barragens de gravidade de concreto, deve-se ainda tomar cuidados com a
impermeabilização.

Areia fina, Silte

Recomendável para barragens de terra e gravidade de pequena altura,


inadequada para enrocamento (problemas principais: pipping, recalques, perda
excessivas de água e proteção das fundações contra erosão no pé de jusante).
No caso de areias finas de e > ecrit estas podem estar sujeitas ao fenômeno de
liquefação quando saturadas1. É preferível, em muitos casos remover o
material até encontrar um mais competente quanto a estabilidade e
estanqueidade.

Areia grossas e pedregulho

O maior problema esta na estanqueidade. Para tanto, pode-se usar


vários métodos, tais como: Cortina (reduzir vazão pela fundação até um
material subjacente impermeável), cut-off impermeável (reduzir a vazão pela

1 Capítulo 07 – 100 Barragens Brasileiras


fundação), tapete impermeável a montante (controle efetivo da água que ainda
percolará pela fundação).

Argila

Recomendável para barragens de terra, inadequada para enrocamento


(problemas: recalques excessivos). Heterogênea – parte rocha / parte
material mole – somente terra é admissível com cuidados especiais.

Aluviões – Areno – Argilosos ou Silto – Arenosos

Não devem ter a princípio SPT < 7 e devem ser homogêneos (não
possuir lentes de areia pura ou argilas moles). Se economicamente viável
devem ser retirados. Deve-se ter cuidado no controle dos gradientes de saída
do pé da barragem (FS = 3 a 5). Estes mesmos valores devem ser utilizados
para verificação do levantamento do terreno a jusante. Verificar critério de filtro.
Providenciar caso necessário um cut – off. A estabilidade global deverá ser
estudada com a superfície que passa pelo aluvião. No campo dos
deslocamentos pode-se esperar valores da ordem de 2% da altura da camada
aluvionar (sendo que a maior parte ocorre no processo construtivo).

Solo Coluvionar

Os problemas relacionados com este solo são: Resistência ao


cisalhamento, deslocamentos verticais e permeabilidade. Cuidados devem ser
verificados: Verificar colapsividade para diversas tensões. Verificar se
e
 0.02 2 (solo colapsível). Devem ser procedidos escavações mínimas de
(1 + ei )
forma a atender os requisitos básicos de recalques diferenciais. Determinar a
permeabilidade do colúvio para diversos níveis de tensões (em geral os
coluviões apresentam permeabilidade elevada quando as tensões verticais são
baixas (ombreiras). Em alguns casos a execução de um cut – off (com o

2 Coeficiente de Colapso estrutural


próprio colúvio) pode ser executada, se compactado. Independentemente é
recomendável a execução de uma trincheira drenante de pé sempre que o N.A
de jusante não atinja, em condições normais, o pé da barragem. Este dreno
tem a vantagem de permitir o controle não só da vazão pela fundação, como
também da vazão tridimensional que ocorrerá pela ombreira.

Solos residuais

Com SPT > 7, em princípio são adequados como fundação. Os


deslocamentos se dão quase inteiramente no processo construtivo e não
devem ultrapassar 1% a 2% a altura da camada residual. Quanto à
permeabilidade pode-se esperar valores semelhantes do material na
construção das barragens. Ainda pode-se esperar elevada sensibilidade (perda
da estrutura por amolgamento com conseqüente perda da resistência). Evitar
tráfego de equipamentos. É recomendável a execução de uma trincheira
exploratória ao longo de todo eixo longitudinal da barragem (exceto abaixo do
N.A). Esta trincheira servirá no futuro como um cut off para controle de fluxo.

Solo Saprolítico

Sequem as mesmas recomendações quanto às de solos residuais. É


importante a caracterização de horizontes reliquiares da rocha matriz que
podem ter influência na resistência e na permeabilidade da fundação em solos
saprolíticos. Constatado verificar superfícies de ruptura ao longo destes planos
e adequar o conjunto maciço – fundação a estas características, ou se
econômico, remover a camada que condiciona a estabilidade do conjunto.
Verificar percolação e tratamento da fundação.

Saprólitos

Podem ser considerados semelhantes a solos saprolíticos, com a


distinção que as feições reliquiares da rocha matriz são mais pronunciadas. As
mesmas recomendações feitas são válidas. Podem ser mais permeáveis e
tratamentos de vedação e drenagem são recomendados.
Materiais de construção

Solo (aterro), Rocha (enrocamentos e rip-rap), agregado para concreto


(areia, cascalho e brita), deve-se preocupar com a distância média de
transporte (DMT) (.jazidas devem situar-se a distâncias < 2 Km do local da
barragem, preferível dentro da área de inundação, em regiões de topografia
suave). Devem ser evitadas jazidas com distâncias ao pé da barragem
menores que 2 a 3h (desnível montante – jusante). As jazidas dos materiais
granulares devem ser localizadas preferencialmente junto às margens dos rios.
Devem-se aproveitar os materiais rochosos provenientes de escavações
obrigatórias para a implantação das estruturas de concreto ou de túneis em
rocha. Segundo Sherard : "O melhor material é o que esta mais próximo".
O volume de solos na jazida deverá ter no mínimo o dobro do volume
estimado para o corpo da barragem. Para materiais granulares e rochosos as
jazidas devem ter, no mínimo, 1.5 vezes o volume estimado para a obra.
Ex.: O fato de ter que escavar uma enorme quantidade de rocha ou
confecção de túneis pode conduzir a escolha para uma barragem de
enrocamento.
Identificação dos materiais de fundação deverá ser a mínima necessária
para determinar a cubagem de cada material julgado homogêneo (Mapas
geológicos, fotos aéreas, sobrevôo no local, Mapeamento superficial dos locais
pré – selecionados, investigações de campo, inspeção visual e táctil, origem e
classificação específica. Descartar turfas, argilas plásticas, areias com elevada
% de mica, rochas desagregáveis) ou com volumes insignificantes em relação
à necessidade da obra. Aqueles selecionados devem ser ensaiados em
laboratório para conhecimento de suas propriedades básicas.
É importante considerar, caso haja disponibilidade, os materiais de baixa
permeabilidade, em seções homogêneas com filtro vertical ou inclinado para a
montante até o N.A máximo. Caso ocorra uma grande quantidade de solos
variáveis deve-se optar por uma seção zoneada com solos mais resistentes
próximos aos taludes e solos menos permeáveis no centro (núcleo). De
maneira básica, deve-se optar pela escolha dos materiais provenientes das
escavações obrigatórias (quando utilizados diretamente das escavações a
escolha é mais econômica). As escavações rochosas obrigatórias devem
sempre ser incorporadas ao maciço independente da possibilidade de sua
utilização direta ou não (Assis et al, 2003).

Dimensão e localização do vertedouro

São ditados pelas condições hidrológicas do rio, independe das


condições do local e do tamanho da barragem. O tipo de vertedouro esta
relacionado à magnitude das vazões. Ex.: em um rio com potencial de cheias o
vertedouro é uma estrutura dominante. Caso o vertedouro seja muito grande a
combinação mais vantajosa pode ser o da barragem / vertedouro de concreto.
Para vertedouro sobre aterro ou enrocamento deve-se ter muito cuidado
(pensar 2x), pois existem problemas, tais como, recalques diferenciais (devido
adensamento não uniforme), fissuras nas juntas do concreto levando a fuga
dágua e pipping ou lavagem dos materiais circunvizinhos. Poderia levar ainda
ao atraso do enchimento do reservatório (o vertedouro somente seria
construído após a conclusão da barragem). A solução seria um canal escavado
em uma das ombreiras, além dos limites da barragem, para implantação do
vertedouro ( o maciço poderá ser de terra ou enrocamento independente da
estrutura do vertedouro)

Meio – Ambiente

Proteção para a região. Ex.: deslocamento de uma cidade – relocação


de uma cidade (A barragem de Porto Nacional, no rio tocantins isso foi um dos
fatores que inviabilizou uma solução).

Condições Climáticas

Com maior pluviosidade a compactação de aterros argilosos é


prejudicada, além de influenciar nas condições de escavação das áreas de
empréstimo (pensar em outras soluções, como uma barragem de enrocamento
com núcleo delgado de argila ou com paramento de concreto a montante)
Experiência de construção

É de fundamental importância considerar a experiência construtiva das


empreiteiras que irão participar do processo executivo. A falta de experiência
pode inviabilizar uma determinada solução ou até ter uma forte influência na
escolha do tipo de barragem.

Escolha do Eixo

A escolha do eixo de uma barragem é uma função:

Topografia – Adaptar o eixo (escolher o vale mais estreito de modo a


minimizar volume é a melhor solução técnico econômica)

Condições Geológicas Geotécnicas – Determinar tratamentos


necessários para atender os problemas de estabilidade, percolação e de
deformabilidade.

DMT (distância média de transporte) e materiais de construção.

As condições de implantação das estruturas de concreto, vertedouro,


tomada dágua, casa de força, eclusas para navegação, etc.

Condições de desvio do rio – Em certas situações é um fator


fundamental para escolha do local do eixo. Considerando um local estreito
(deve-se optar por túneis), em vales longos (a escavação de um canal ou
galerias de concreto pode ser a melhor opção).

Aula 04. PROGRAMAÇÃO DE INVESTIGAÇÃO GEOTECNICA

Finalidades principais: Maciço de fundação – Resistência,


Permeabilidade e Compressibilidade – Propriedades mais importantes para
elaboração do projeto. Materiais de construção e Reservatório. A evolução das
investigações deve ser de acordo com as etapas de projeto, inicialmente são
de aspectos gerais: mapas, fotos aéreas, observação da superfície, sondagens
e com a evolução dos trabalhos mais específicas com ensaios especiais
(triaxiais, etc.).

Investigação das fundações

Objetivo: Definir regiões perigosas para a fundação

Preservação das condições existentes e simulação das modificações


introduzidas pela construção da barragem e enchimento do reservatório.
Podem ser: De superfície – Das quais devem-se obter as seguintes
informações: Tipos litológicos presentes, estrutura (composição, fraturas,
falhas, contatos, espessura do recobrimento (solos coluvionares, aluvionares,
residuais, lateríticos, folhelhos, saprolíticos e saprólitos3), ocorrência de
horizontes menos resistentes. Para tanto, podem-se ter informações
complementares de mapas topográficos e geológicos, fotos aéreas/imagens,
afloramentos, cortes de estrada, poços, trincheiras.

Ensaios:

Sondagem a percussão SPT4 – Até o impenetrável de modo a


identificar os tipos de solo, nível dágua, amostragem para ensaios de
caracterização, ensaios de infiltração ( k -permeabilidade ).

Sondagens rotativas5 – Abaixo dos níveis impenetráveis a percussão,


as seguintes informações deverão ser obtidas: amostragem, classificação
geológica da rocha, grau de alteração, porcentagem de recuperação, número
de fraturas por metro, RQD (“rock quality designation” = somatória dos
comprimentos dos trechos com mais de 10cm/comprimento total do
testemunho, em %). Além disso, pode-se realizar ensaios de perda dágua (de 3

3 SOLOS – Deve-se verificar em capítulo especial tipos de solos


4 Vide assunto separadamente
5 Vide assunto separadamente
em 3m) e compressão simples (para definir parâmetros de compressão e
deformação em horizontes específicos, possível presença de juntas e falhas).
Entretanto deve-se observar que o corpo de prova não representa o maciço
rochoso e suas descontinuidades.

Ensaios de laboratório6 – Deve-se realizar Ensaios de caracterização


(granulometria, umidade natural, LL, LP, s) e Compactação [Amostras
representativas – Ensaios CD, CU e CUSAT, Cisalhamento Direto, Ring-Shear
(ensaio do anel – resistência residual), Adensamento – permeabilidade].

Ensaios "in situ"7 – Cisalhamento direto e injetabilidade (para injetar


injeções de cimento e outros preparados químicos), deve-se para isso
conhecer o grau de injetabilidade da rocha e a redução da permeabilidade que
se pode conseguir (fase do projeto executivo).
Injeção – diferentes valores de pressão e água cimento (A/C). A
quantidade de cimento injetado deve estar diretamente relacionada à redução
do coeficiente de permeabilidade. Nos EUA tem-se preferido usar pressões
baixas de modo a não provocar o fraturamento hidráulico, de outro modo, na
EUROPA tem-se a tendência de usar pressões elevadas devido a maior
penetração da calda de cimento.

Investigação dos materiais de construção

Áreas de empréstimo

Solo – Deve-se verificar a resistência, compressibilidade,


permeabilidade do solo, volume disponíveis e DMT (distância média de
transporte).
Acima do N.A – Sondagens a trado (Malhas com furos de 200 a 400m –
com coleta de amostras a cada metro de profundidade), poços e trincheiras.
Deve-se realizar Ensaios de caracterização (Granulometria, Umidade Natural,
LL, LP, s) e Compactação [Amostras representativas – Ensaios CD, CU e

6 Vide assunto separadamente


CUSAT, Cisalhamento Direto, Adensamento – Permeabilidade]. A moldagem do
corpo de prova (estática ou dinâmica) deve ter um GC (grau de compactação
da ordem de 95 a 98%) com w = -2, 0, +2%.

Material Granular – Areias e cascalhos – devem-se realizar ensaios:


Sondagem a percursão, permeabilidade e ensaios de laboratório
(Granulometria, s,DMÄX, DMÏN, Permeabilidade, Cisalhamento Direto). O corpo
de prova deverá ter Densidade Relativa da ordem de 50 a 70% . Brita – Com
amostras realizar ensaios : Granulometria, Densidade dos Grãos, DMÄX, DMÏN,
Permeabilidade, Desagregabilidade, %Finos). Enrocamentos – Com amostras
realizar ensaios: Desagregabilidade [ciclagem natural e acelerada (com etileno
glicol, sulfatos)], Análise Petrográfica (detectar presença de minerais
expansivos), Britagem, Resistência ao Cisalhamento, Compressibilidade. Sabe-
se que o tamanho das partículas e a granulometria influenciam na resistência,
por exemplo, partículas que se aproximam de uma esfera a máx nos contatos e
a deformabilidade independem do tamanho das partículas (modelo  protótipo).
Para partículas diferentes de uma esfera vários fatores influenciam, como por
exemplo, E – modulo de elasticidade, a textura superficial, o fator de forma, a
quebra das partículas nos pontos de contato, etc. A resistência ao
cisalhamento dos enrocamentos depende do: e (índice de vazios) e da
Densidade relativa DR (quanto menor e maior a DR e maior será o ),
características físicas dos minerais, gralunometria (quanto mais bem
compacto e bem graduado maior será o ), Tamanho das partículas (quanto
maior o tamanho das partículas maior será a quebra sobre carregamento,
maior será os defeitos e menor será a resistência ao cisalhamento  ), forma
(materiais angulares possui um maior  do que materiais arredondados, para
um mesmo e a diferença diminui quando a compactação é feita em uma
mesma energia), umidade (Rochas saturas possui menor resistência ao
cisalhamento quando comparadas com rochas secas) e quanto maior a
confinate menor  (promove quebra das partículas). Os fatores que influenciam
a compressibilidade são os mesmos que influenciam a resistência a ao
cisalhamento. Quanto maior a DR (Densidade relativa) menor a

7 Vide assunto separadamente


compressibilidade. A compressibilidade de um material mal graduado é maior
que um bem graduado, mas para elevado confinate a compressibilidade é
praticamente a mesma. A compressibilidade é importante devido a recalques
diferenciais. Deve-se tomar cuidado com a extrapolação dos resultados de
laboratório.

Ensaios de campo

Requisitos a serem satisfeitos:

10 O material ensaiado deve ser o mesmo do protótipo (O cisalhamento


direto de grandes dimensões é melhor que o ensaio triaxial, entretanto, a
tensão cisalhante é menor do que a do ensaio triaxial, a superfície de ruptura é
forçada e a rigidez da caixa induz concentração de tensões.)
20 As tensões no ensaio devem ser aproximadamente as que ocorrem
na barragem

Aterro Experimental

O aterro experimental serve para: analisar os tipos de equipamentos,


definir o número de passadas*, espessura das camadas, desvio de umidade,
grau de compactação*, amostras representativas do aterro e selecionar as
jazidas.
* Vide gráfico

GC

Número de
Passadas
Aula 05 - PROPRIEDADES GEOTÉCNICAS DE SOLOS COMPACTADOS –
ÊNFASE BARRAGENS DE TERRA – CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

A compactação é uma ação mecânica por meio da qual se impõe ao


solo uma redução do seu índice de vazios (camadas de 15 a 30cm) através da
expulsão do ar dos vazios do poros, num processo artificial de pequena
duração, que busca melhorar as qualidades mecânicas e hidráulicas do solo
(aumentando a resistência ao cisalhamento e reduzindo a compressibilidade e
a permeabilidade)
De um modo geral solos não-coesivos são eficientemente compactados
por vibração. O e (índice de vazios) final do solo é decorrente do tipo e estado
do solo, antes da compactação e da energia aplicada no processo.
Quando não for possível relocar a estrutura o Engenheiro é forçado a
projetar neste solo, considerando:
1) Adaptar a escolha da fundação;
2) Estabilizar ou melhorar as propriedades do solo;

Estabilização:
a) Mecânica (densificação);
b) Química (cimento, cal, cálcio, sódio clorídrico, celulose, etc);
c) Térmica;
d) Elétrica;
e) Secagem/drenagem ou pré-carga.

A estabilização é também chamada de compactação.

Antes de 1930 as estradas e aterros eram construídos sem controle


resultando em grandes rupturas. As estruturas construídas em solos
compactados são mais antigas que o homem. Até elefantes já foram utilizados
e eram bons compactadores. (Meehan, 1967)
As principais vantagens da compactação são: Redução de vazios,
aumento da resistência e diminuição dos recalques. Aumento da capacidade
de carga. Melhoria das características de permeabilidade, compressibilidade e
resistência.

Curva de compactação

Proctor (1933) descobriu a relação empírica existente entre 4 variáveis:


1) a d (Massa específica seca), 2) o teor de umidade w, 3) energia de
compactação E e 4) o tipo de solo. A figura abaixo apresenta um exemplo
considerando a energia fixa. Este feito foi publicado em uma série de artigos na
Engineering News Redord (Proctor, 1933) baseado em experiências
acumuladas quanto a construção de barragens para a extinta Bureu of
Waterworks and Supply in Los Angeles.

Proctor Normal - Solo Areno Argiloso

19,8 
 dmáx
19,6
Peso específico (kN/m3)

19,4
19,2 Sr=Vw/Vv=100%

19
18,8
18,6
Úmido
18,4
18,2
Seco
18 wo
17,8
5 7 9 11 13 15
Umidade (% )

Figura – Curva de compactação – Energia Proctor

No campo o esforço de compactação é o número de passadas com


determinado peso em um certo volume de solo. No laboratório emprega-se a
compactação estática ou dinâmica, por impacto ou vibratória. A compactação
por impacto é a mais comum – Ensaio de Proctor. Neste tipo de compactação o
solo é simplesmente pressionado no molde sob uma tensão estática constante.
Valores típicos de dmáx = 1,3 a 2,4 g/cm3 e wótimo = 5 a 40%. Pode-se
representar na curva diferentes graus de saturação. Note que a curva de
compactação nunca atinge a curva de máxima saturação (Curva de volume de
ar igual a zero). Isto é especialmente verdadeiro caso aumenta-se a energia de
compactação. Para a energia modificada (Desenvolvida durante a II guerra
pelo US Corps of Engineering para representar as exigências da compactação
de Aeroportos). A linha ótima (liga os pontos de várias energias) é paralela a
curva de Sr = 100%.
A aproximação com o campo não é exata, pois no laboratório o esforço é
de um impacto dinâmico e no campo de amassamento.
Pode-se distinguir dois ramos na figura acima, o ramo seco onde: w <
wótimo a presença de finos, da água intersticial, o efeito capilar, coesão
aparente (sucção) impede o rearranjo fazendo com que este ramo tenha um
limite superior (wótimo, dmáx). Já o ramo úmido onde: w > wótimo a água livre
permite o rearranjo, a água absorve energia sendo parte dissipada (água é
incompressível).
Materiais granulares bem graduados possuem um máximo bem definido
e bem caracterizado e maior dmáx e menor wótimo. Materiais uniformes ou
argilosos as curvas não possuem um máximo definido e para solos siltosos as
curvas são intermediárias. Quanto maior for a Energia empregada maior será o
d e menor o w (o ponto desloca-se para cima e para a esquerda), vide a figura

Valores Típicos

2,1

2 Pedregulho bem
graduado pouco
argiloso (base
1,9 estabilizada)
Solo arenoso
laterítico fino
Densidade Seca (g/cm3)

1,8
Areia siltosa

1,7
Areia silto-argilosa
1,6 (residual de granito)

Silte pouco argiloso


1,5 (residual de gnaisse)

1,4 Argila siltosa


(Residual de
metabasito)
1,3 Argila residual de
basalto (terra roxa)

1,2
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Umidade (% )
abaixo ilustra a relação entre os diferentes solos para uma energia fixa

Figura – Relação d x w para diferentes solos com E fixa

Ensaio de compactação

O ensaio de Proctor é Normalizado pela A.A.S.H.O. (American


Association of State Highway Oficials) e regulamentado pela ABNT NBR 7182
(MB3), sendo:

pLnN
E= Energia de Compactação
V

Onde:
E – Energia de compactação
p – massa do soquete (kg)
L – Altura de queda (cm)
n – Número de golpes
v – Volume da camada

Para a Energia Normal:


m = 2,5 kg; l = 30,5cm; n = 3; v = 1E3 cm3
E = 2,5 x 30,5 x 26 x 3 / 1000  6 kg.cm/cm3

Ou ainda:
d = a +b logE Equação aproximada.

Cálculos
d
 = Curva de compactação
1+ w
 s Sr w
 = Curva de Saturação
Srw +  s w
Ensaio de Compactação - Proctor

ME para determinar a relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente de solos compactados - NBR 7182

1 2ª 2B
Verificar condições gerais do Preparação com secagem prévia – Ensaio sem Preparação 3% acima da wót - Ensaio sem
equipamento. reúso reúso
Soquete: peso, altura de queda.
Cilindro: altura, diâmetro, peso do Dividir a amostra preparada em cinco partes. Dividir a amostra em cinco partes iguais.
cilindro. Montar o conjunto do cilindro Colocar em bandeja, adicionar água dest. e Reservar uma porção para o 1º ponto. Ajustar a
(base, molde e colar). Apoiar em base misturar bem até a umidade (w) atingir 5% da umidade das demais porções por secagem ao
sólida. ótima presumível para 1º ponto, cerca de 2% (*) a ar.
Usar se preciso uma folha de papel mais no 2º ponto e assim por diante. Para O 2º pto deve estar com w 2% inferior ao 1º
filtro para evitar a aderência de solo na materiais de difícil homogeneização, deixar 24 ponto e assim por diante.
base do cilindro. horas na câmara úmida para a cura.

2C 3 4 5
Preparação 5% abaixo da Para ensaios com Usar soquete, nº de camadas e nº de Pesar molde com cp e obter a
wót – Ensaio sem reúso reuso, proceder para a golpes conforme especificação (Ver massa de solo úmido
amostra única, ao Tabela I). compactado.
Dividir a amostra em cinco ajuste de umidade de Os golpes de soquete devem ser Extrair o cp Do molde, e do
partes iguais. acordo com a condição distribuídos uniforme e centro do mesmo tomar uma
Reservar uma porção para o de preparação da perpendicularmente sobre cada camada porção de amostra para
1º ponto. Com as demais, amostra. Repetir os que devem ser iguais e precedidas de determinar umidade.
proceder como no item 2A. demais processos. escarificação Desprezar o restante.

6 7
Dos 5 pontos obtidos, dois devem estar Usar coordenadas cartesianas normais.
no ramo seco. Traçar a curva de compactação Teor de Umidade (abcissa) e Massa Espec. Aparente Seca (ordenada),
Dois no ramo úmido e um próximo a obtendo uma curva de forma parabólica onde a ordenada máxima da curva de compactação é o valor da
umidade ótima no ramo seco. massa específica apar. seca máxima ( d máx), e a umidade ótima (wot) o valor correspondente na curva ao
ponto de massa específica aparente seca máxima.

(*) Os intervalos de variação dos teores de umidade, dependem do tipo de solo: intervalos menores para solos arenosos e intervalos maiores para solos argilosos.
TABELA I - Energias de Compactação

Cilindro Características inerentes a cada energia de Energia


compactação
Normal Intermediária Modificada
Pequeno Soquete Pequeno Grande Grande
V = 1000 Número de camadas 3 3 5
+/- 10 cm3 Número de golpes por camada 26 21 27
Soquete Grande Grande Grande
Grande Número de camadas 5 5 5
V = 2085 Número de golpes por camada 12 26 55
+/- 22 cm3 Altura do disco espaçador (mm) 63.5 63.5 63.5

TABELA II - Soquetes para Compactação

Tipo Massa (g) Altura de queda (mm)


Pequeno 2500 +/- 10 305 +/- 2
Grande 4500 +/- 10 457 +/- 2

Observação:
No ensaio original de Proctor o volume do cilindro - V cil. = 944 cm3

Energia do Proctor Normal = 25 golpes, soquete pequeno (2500 g), 3 camadas, altura de queda 30 cm.
Compactação dinâmica

Consiste na queda de uma massa de 10 a 40t a uma altura de 10 a 40 m


sobre o campo. O impacto produz ondas de choques que causam a
densificação do material não saturado. Em solos saturados estas ondas
podem produzir liquefação parcial do solo, seguida de consolidação e
densificação. Para este tipo de compactação as variáveis são: Energia (altura
de queda e peso), n de golpes em um ponto: 3 a 10, caminho dos golpes na
superfície (5 a 15m – centro a centro), neste caso, as crateras podem ser
preenchidas e compactadas. A técnica foi utilizada na URSS e na Alemanha
(Loos, 1936 e Abelev, 1957) para solos Loess até 5m e autovias. A técnica
refinada na França (Ménard e Broise,1975) que desenvolveu um peso de
200t caindo a uma altura de 400m, Neste caso melhorias foram alcançadas
até 40 m de profundidade. Nos EUA tem sido modestamente utilizada
(Leonards, dentre outros, 1980). Segundo Leonards a profundidade do solo
compactado é:

1
D w.h
2

Equipamentos de Compactação

As características dos compactadores influenciam o nível de tensão e


a profundidade de influencia da força dinâmica. Uma vez definido o tipo de
compactador o processo construtivo governa o resultado. Em relação a
freqüência, pode-se definir uma freqüência ótima, na qual a máxima
densidade é alcançada. Neste caso ocorre o pico para a maioria dos solos,
principalmente argilosos. Pelo fato dos picos serem suaves, uma larga
variedade de freqüências não é tão importante para um compactador. A
influencia do número de passadas e da velocidade influencia a densidade. A
densidade aumenta com o número de passadas e também com a redução da
velocidade. A densidade também varia com a profundidade, acima de 15 cm
o solo é pouco vibrado atingindo um máximo para 45 cm. Acima de 5
passadas parece não haver um acréscimo significativo na densidade do
material. Quando o solo a ser compacto é profundo podem-se utilizar outras
técnicas, ex: escavação e aterro, explosivos, vibroflotação e/ou compactação
dinâmica.

As principais variáveis que controlam a compactação são:

a) Características do compactador (Massa,


tamanho, freqüência)
b) Características do solo (Densidade inicial,
tamanho e forma dos grãos e w%)
c) Processo construtivo (n. passadas, espessura
da camada, freqüência e velocidade)

Podem ser de impacto, estático e vibratórios.

a) soquetes de impacto.

Soquete manual – Construções de pequeno porte (fundo de valas e base


de pisos – Energia variável – Compactação irregular)
Sapos mecânicos – Pequenas áreas (condutos, filtros, etc...)

b) equipamentos estáticos.

Rolos dentados, pé-de-carneiro – Matriz argilosa, rodovias, aeroportos,


barragens de terra, etc. (8% da área de cobertura até 1400 – 7000 kPa)
O rolo pé-de-soquete (40% da área de contato até 8400 kPa –
Solos finos)
O rolo de malha (50% da área de contato até 6200 kpa –
Pedregulhos)
Rolos pneumáticos – rodovias, barragens (80% da área de contato até
700 kPa – todos os solos)
Rolos Lisos – rodovias, barragem, solos naturais de baixa densidade,
etc...(100% da área de contato até 300 kPa, exceto rocha)
Tanto o rolo liso quanto o pé-de-carneiro possui um cilindro central oco
que permite a alteração da massa, colocando-se areia seca ou molhada e
alterando a energia aplicada.
O rolo liso possui um cilindro metálico por um conjunto de pneus, podendo
alterar a energia aplicada aumentando-se a pressão interna dos pneus.

c) equipamentos vibratórios (peso próprio + vibração).

Placas – ruas, calçadas, áreas de estacionamento, valas, edifícios, etc...(<


1m)
Rolos vibratórios pé-de-carneiro e liso – Aeroportos, ruas, rodovias,
barragens, etc...
Vibroflotação - material granular (camadas de solo a profundidade
maiores que o sub-leito).
Cravação e retirada de uma estaca com vibração – material granular
(camadas de solo a profundidade maiores que o sub-leito)

d) Processos especiais - Lançamento – forças de percolação – aterros


hidráulicos (barragens do sistema Billings em São Paulo, ex: Pedreira com
25 m de altura e 1500m de comprimento foi construída com este
processo). A figura abaixo ilustra.
Figura – Esquema de construção de um aterro hidráulico (Nogueira, 1988)

Figura – aplicação dos compactadores (Senço, 1980)

Controle de compactação

Pelo fato do d e wótimo correlacionar bem com as propriedades


geotécnicas, eles são os parâmetros comumente utilizados para o controle do
processo construtivo.
1) realizam-se testes de laboratório com o material de empréstimo para
definir as propriedades desejadas no projeto. Após a estrutura ser definida, a
especificações são definidas. O controle de campo é especificado e os
resultados tornam-se um padrão para controle no projeto. Existem
basicamente dois tipos de controle:
a) Especificação do produto final – Especifica uma Dr ou GC
b) Especificação do método.

a) especificação do produto final:


A construção do aterro através da compactação seqüencial de
camadas, cada uma delas devendo estar dentro das condições pré-
determinadas, a fim de se obter no campo parâmetros iguais aqueles de
laboratório, dentro de um intervalo de variação compatível com cada projeto.
O solo deverá ser retirado da área de empréstimo por escavadeiras,
dragas, scrapers ou pás-carregadeiras. Usualmente o contrato prevê o
espalhamento do material quando escavado para reduzir o tempo, ainda, a
não ser que o solo já esteja com o teor de umidade desejado o solo devera
ser umedecido, seco ou retrabalhado. O solo devera ser espalhado em
camadas de 15 a 50 cm.
Baseado na definição das áreas de empréstimo deverão ser recolhidas
amostras. Além dos ensaios de caracterização e compactação podem-se
definir também ensaios: triaxiais, de consolidação, de permeabilidade, sob
diferentes condições de umidade e d cujos resultados serão utilizados no
projeto dos taludes do aterro. Têm-se assim, condições de se estabelecer a
especificação da construção do aterro, indicando o intervalo de variação
possível do teor de umidade e de d, para uma energia de compactação igual
à usada nos ensaios de laboratório.
A análise do solo deverá ser realizada para definir as condições de
compactação da obra.
Aterros simples sem possibilidade de ruptura dos taludes para
pequenas edificações e pisos industriais: A densidade é o parâmetro mais
importante, pois ela é a responsável pela menor deformabilidade do aterro.
Estabilidade de taludes logo após a construção: A umidade de
compactação é o parâmetro mais importante, pois é pequena a influencia da
densidade na resistência do solo solicitado sem drenagem.
Estabilidade de taludes a longo prazo: As tensões efetivas devem
ser consideradas que dependem basicamente do grau de compactação
(Pinto, 2000);
Rebaixamento do nível do reservatório: As tensões efetivas devem
ser consideradas que dependem basicamente do grau de compactação
(Pinto, 2000);
Problemas de deformabilidade
Vale aberto e fundação pouco deformável: poucas trincas;
Vale aberto e fundação deformável: Surgimento de trincas;
Vale fechado e fundação pouco deformável: Trincas devido
recalques diferenciais se o solo do maciço for deformável.
Para cada condição pode-se traçar curvas correspondentes a situação
limite de aceitabilidade. A figura abaixo ilustra o caso de uma barragem. As
curvas definem uma zona dentro da qual o solo compactado atenderia a
todas estas especificações. Esta zona seria, idealmente, a especificação de
compactação.
A figura abaixo mostra que quanto menor a umidade maior a
estabilidade logo após a compactação, conseqüentemente, maior o risco de
ocorrência de trincas. No caso de barragens a permeabilidade do maciço não
costuma ser um condicionante de projeto pelo fato de ser baixa, já em caso
de liners (camadas argilosas compactadas) na interface inferior de aterros
sanitários ou depósitos de resíduos industriais contaminantes a
permeabilidade é um fator determinante, assim como a deformabilidade,
responsável pela capacidade da camada se ajustar aos recalques sem
trincar.
A situação mais eficiente / econômica deve ser escolhida.
Figura – Definição das especificações de compactação em função do
comportamento do solo (Pinto, 2000, Zornberg, 2000).

A permeabilidade diminui com o aumento do teor de umidade,


podendo ter um valor mínimo no ponto ótimo. Se a energia aumenta a
permeabilidade diminui, pois os vazios diminuem.
A compressibilidade é uma questão do nível de tensão imposto no
solo. Para baixas tensões, argilas compactadas no ramo úmido são mais
compressíveis. Para elevadas tensões argilas compactadas no ramo seco
são mais compressíveis.
O aumento de volume é maior para solos compactados no ramo seco
(solos argilosos). No ramo seco eles têm uma grande deficiência de água e
uma grande tendência de absorver água, bem como, de aumentar de volume.
Solos do ramo seco são mais suceptíveis a mudanças ambientais como
também a variações de volume.
A contração é o oposto do aumento de volume. Ocorre em solos do
ramo úmido.
A resistência de argilas é mais complexa. A vista amostras do ramo
seco possuem uma resistência maior do que aquelas do ramo úmido. A
resistência do ramo úmido depende do tipo de compactação por causa das
diferentes estruturas do solo. Se as amostras são encharcadas a situação
muda, especialmente no ramo seco. Geralmente a resistência aumenta
significativamente, com a energia, no ramo seco e são praticamente as
mesmas no ramo úmido.

Tabela - Comparação entre as propriedades do solo entre o ramo seco e


ótimo e úmido e ótimo (Lambe apud Holtz e Kovacs, 1981)
Propriedade Comparação
2. Estrutura
A. Arranjo das partículas Aleatória
B. Deficiência de água Ramo seco mais deficiente, maior expansão,
menores poro-pressões
C. Permanência O ramo seco é mais sensível a mudanças
3. Permeabilidade
A. Magnitude O ramo seco é mais permeável
B. Permanência A permeabilidade do ramo reduz muito mais
por permeação
4. Compressibilidade
A. Magnitude O ramo úmido é mais compressível para
baixa variação de pressão, o ramo seco em
alta variação de pressão.
B. Razão O ramo seco consolida mais rapidamente

5. Resistência
A. Moldado
a. Não drenado O ramo seco é muito mais elevado.
b. Drenado O ramo seco é maior

B. Após saturação No ramo seco é mais elevada se a expansão


a. Não drenado é previnida, no ramo úmido pode ser maior
se a expansão é permitida
Praticamente a mesma, ou suavemente
maior no ramo seco.
b. Drenado
Maior no ramo úmido.
C. Poro pressão na ruptura Muito maior no ramo seco
D. Módulo  x  O ramo seco é mais apto para ser sensível
E. Sensibilidade

O solo da área de empréstimo deve ser espalhado uniformemente


sobre a área, em espessuras tais que, após a operação de compactação
atinjam as especificadas, faixa ideal 20 a 30 cm, chegando a um máximo de
45cm.
A escolha – aterros experimentais ou primeiras camadas da obra
Importante – Manter sempre próximo a ótima, pois caso sucção
aparente (dmáx, wot) podem aumentar as deformações e diminuir a
resistência.
Controle – Verificar as especificações estabelecidas (Especificar
intervalos – GC = d/dmáx e w = w - wótimo)

Métodos de Controle

Umidade:

• Frigideira (materiais granulares e solos arenosos - ruim)


• Fogo / Álcool
• Speed Moisture Tester (Carbureto seca a amostra) – Deve ser
calibrado (ABNT-MB1055) – água do solo reage com o carbureto e produz
um gás acetílico, a pressão do gás indica o w%.
• Radiação , processo nuclear (pouco usado no Brasil – Emissora de
feixes neutros para umidade e raios  para GC) (ASTM D-3017 e ASTM D-
2922)
• Estufa de Infra-Vermelho (CESP, 1983)
• Estufa
• Microondas

Especificação do método

O tipo de compactador, o n. de passadas e a espessura das camadas


são especificadas pelo Engenheiro. Neste caso, o contratante irá pagar pelos
serviços adicionais se os critérios não forem respeitados. Neste caso, será
necessário realizar campos de testes o que só é justificável para grandes
obras, tais como barragens.

Grau de Compactação

Métodos:
Destrutivos – Diretos
Não destrutivos - Indiretos

Destrutivos

• Cilindro biselado (relação de área) RA = (de2-di2)/di2  15% (ASTM D-


2937)
• Funil de Areia d = m/v(1+w) (ASTM D-1556)

Os principais problemas associados aos métodos destrutivos são que:


a) A densidade de laboratório não pode ser exata;
b) O volume de material escavado ou medido pode ser impróprio
c) Os resultados de campo são comparados com amostras
representativas do material de empréstimo.

Uma primeira alternativa é determinar a curva completa de


compactação de cada campo teste que é inviável devido a enorme
quantidade de tempo consumida e o custo associado. Uma segunda
alternativa é realizar a checagem de um ponto ou um ponto do proctor. Para
tanto se deve utilizar pelo menos 100 kg de solo homogêneo e realizar o
ponto no ramo seco. Primeiro plota-se o ponto X, entre curvas de
compactação, segundo traça-se uma paralela as curvas no ramo seco e
concorre com a “linha da ótima” de forma a obter uma aproximação razoável
da densidade seca máxima.

Não detrutivo

O processo de Jack Hilf – Desenvolvido para solos coesivos em 1950


pelo US Corps of Reclamation. (Hilf, 1961).

Permite calcular com precisão a GC e estimar o w% da camada em


relação ao teor de umidade ótima, sem a necessidade de se conhecer os
parâmetros de compactação através do ensaio de laboratório. Para se evitar
a estimativa do teor de umidade podem-se utilizar curvas de correção.

1. Determinar a massa específica da camada aterro; Ex.: 0 = 1,81


g/cm3
2. Fazer ensaio de compactação no campo – compactar 3 pontos: A,
B e C (acrescentar 50 ml/2500g de solo) obter 3 pontos.

Ponto B: Se B > A acrescentar 2% de água, se não, A > B deixar a


amostra de 2500g secar e obter o teor de umidade agora menor que a
do campo, obtendo um terceiro ponto com teor de umidade menor e
valor de c menor do que o A.

Ponto Z (acréscimo de  d
água no aterro)
%
A 0 1,78 1,78
B +2 1,89 1,85 (máx)
C +4 1,91 1,84


d =
1+ w

3. Traçar a curva d x z e fazer o processo gráfico para achar o


máximo. Um dos extremos deve ter ordenada menor do que o
ponto central.
4. Determinar GC = 0/máx (máx = ordenada do ponto máximo obtido
graficamente).
5. O desvio de umidade w será igual a abscissa do ponto máximo
mais o valor de correção, interpolando entre as curvas tracejadas.
BE=F

AB = H

AF = G - Ponto Médio

Figura – Processo gráfico para determinação do valor máximo

No caso do exemplo cmáx = 1,86 g/cm3 e com o auxílio das curvas de


correção da umidade interpola-se o valor a ser corrigido, desta forma z =
2,6%.
Valor da correção, vide gráfico. Valor da correção = 0,5%, desta forma:
Z = 2,6  0,5% = 3,1%
wótimo-wa = 3,1%
GC = 1,81/1,86 = 97,3%.
Figura – Gráfico para levar em consideração a correção de umidade.

6. Quando os intervalos de variação de z não são iguais procede-se


do seguinte modo (no caso ser necessário secar a amostra). O
processo gráfico tem os seguintes passos:
Figura – Determinação das coordenadas máximas quando os intervalos de
variação de z não são iguais

Métodos nucleares:

Técnicas que se utilizam isótopos radioativos. A principal vantagem é a


rapidez entretanto as desvantagens são o custo e a radiação. A radiação
Gamma, fornecida pelo Radium ou um isótopo radioativo de Césio é disperso
pelas partículas do solo. A quantidade de dispersão é proporcional a
densidade do material. A distância entre a fonte e o detector é constante.
Átomos de hidrogênio na água dispersa neutros e estes fornecem um meio
onde o w% pode ser determinado. Típica fontes de neutros são isótopos de
berílio. É necessário fazer a calibração no material já controlado. A presença
de ar pode afetar as medidas. A figura abaixo apresentam as técnicas mais
comuns.
Definição da curva de compactação – Diversas Teorias

• Hogentoaler, C.A (1936)


• Hilf, J.W (1975)
• Lambe*, T.W (1965)
• Olso, R.E (1963)
• Barden & Sides, (1970)

O solo compactado apresenta uma estrutura que depende da energia


aplicada e da umidade do solo por ocasião da compactação. A Figura 3.0
esquematiza as estruturas em função destes parâmetros Lambe (1965).
A propriedade e estrutura dos solos coesivos dependem do método de
compactação, da energia utilizada, do tipo de solo e do teor de umidade
(Seed e Chan, 1959) mostram que solos argilosos quando compactados no
ramo seco a estrutura é essencialmente independente do tipo de
compactação. Entretanto no ramo úmido o tipo de compactação tem um
efeito significativo na estrutura do solo bem como na sua resistência,
compressibilidade, etc. Com o aumento da umidade, considerando a mesma
energia, a estrutura do solo torna-se mais orientada. No ramo seco os solos
são mais floculados no ramo úmido são orientados ou dispersos. A estrutura
do ponto C é mais orientada que no ponto A. Entretanto se aumenta-se a
energia o solo tende a se tornar mais orientado, mesmo no ramo seco, ponto
E e ponto D, neste caso menos significativo.
Quando aumenta-se a energia para uma determinada massa
específica seca o teor de umidade aumenta podendo reduzir a resistência do
solo. Menores resistências serão obtidas no ramo úmido. Este efeito é
conhecido como supercompactação. A supercompactação é obtida quando
solos estão no ramo úmido e uma energia excessiva é aplicada, desta forma,
um bom material pode-se tornar fraco.
d
Elevada energia de compactação

Floculada - Contatos entre faces


e arestas
E Dispersas – Partículas paralelas
B
D
C
A Baixa energia de compactação

Figura – Estrutura do solo em função da energia aplicada e umidade

Para baixa umidade a atração face-aresta das partículas não é vencida


pela energia aplicada e o solo fica com uma estrutura denominada estrutura
floculada. Com o aumento da umidade, a repulsão das partículas aumenta, e
a compactação as orienta, posicionando-as paralelamente, ficando com uma
estrutura do tipo dispersa. Para a mesma umidade, quanto maior a energia,
maior o grau de dispersão. Deve-se notar que nos aterros normais o solo não
é totalmente desestruturado antes de ser compactado. Na realidade,
aglomerações naturais permanecem e o solo compactado apresenta uma
macroestrutura diferente da micro (PINTO, C.S, 2000).
As figuras abaixo exemplificam as teorias:
Materiais granulares

Possuem alta permeabilidade e não são afetados pelo teor de


umidade, tanto quanto um solo coesivo em um processo de compactação
dinâmica, não sendo este tipo de ensaio recomendável a estes materiais,
como parâmetros o teor de umidade ótimo e o grau de compactação não são
apropriados à definição das condições ótimas de compactação, para controle
de compactação utiliza-se o conceito de compacidade relativa introduzido por
Terzaghi em 1945 (ASTM D-2049 e ASTM D-698)

emax − e
Dr =
emax − emin

Onde:

emáx – índice de vazios máximo


emáx - índice de vazios mínimo

No ensaio as partículas menores de um material granular, enquanto


seco, terão sempre uma facilidade de maior movimentação e acomodação
nos vazios formados, pelas partículas maiores, por isso é que os valores do
índice de vazios são menores para o ensaio realizado com amostras secas.
Com a amostra úmida aparecerão sempre forças capilares que impedirão a
livre movimentação das partículas sob o esforço aplicado. Estudos em 47 tipo
de solos indicaram os resultados abaixo.

Figura – Comparação entre a densidade relativa e o grau de compactação


(Lee and Singh, 1971 apud Holtz e Kovacs, 1981)

Para estimar a performance de solos compactados pode-se agrupar as


diferentes experiências em tabelas, tais como as da U.S Department of the
Interior Bureau of Reclamation.
Tabela – Propriedades de alguns solos compactados utilizados em estruturas de terra. (USBR, 1974 apud Holtz e Kovacs,
1981))
Propriedades Classificação relativa (númer
Barragens Canais
Gp k Resistência Compressibilidade Trabalhabil Aterro Núcleo Cobertura Erosão Revestimento Infi
saturada saturado Material de impo
construção
GW Permeável Excelente Negligenciável Excelente - - 1 1 -
GP Muito Boa Negligenciável Boa - - 2 2 -
permeável
GM Semi a Boa Negligenciável Boa 2 4 - 4 4
impermeável
GC impermeável Boa a Muito baixa Boa 1 1 - 3 1
satisfatória
SW Permeável Excelente Negligenciável Excelente - - 3 se G 6 -
SP Permeável Boa Muito baixa Satisfatória - - 4 se G 7 se G -
SM Semi a Boa Baixa Satisfatória 4 5 - 8 se G 5 erosão
impermeável crítica
SC impermeável Boa a Baixa Boa 3 2 - 5 2
satisfatória
ML Semi a Satisfatória Média Satisfatória 6 6 - - 6 erosão
impermeável crítica
CL impermeável Satisfatória Média Boa a 5 3 - 9 3
satisfatória
OL Semi a Pobre Média Satisfatória 8 8 - - 7 erosão
impermeável crítica
MH Semi a Satisfatória Elevada Pobre 9 9 - - -
impermeável a pobre
CH impermeável Pobre Elevada Pobre 7 7 - 10 8 V crítica
OH impermeável Pobre Elevada Pobre 10 10 - - -
Pt - - - - - - - - -

Aula 06 - FASES DE ESTUDO E PROJETO - DESENVOLVIMENTO DO


PROJETO DA BARRAGEM

Definir critérios de projeto para barragens é relativamente perigoso, pois estes


são genéricos, entretanto, são necessários pelo fato de definir uma sequência de
trabalho, programação adequada e obtenção dos parâmetros de projeto.

Escolha da seção típica

A escolha da seção da barragem é uma função: da disponibilidade de


materiais (a princípio não se deve descartar nenhum material natural),
Características do local, Clima, Topografia, Condições Geológicas, Cronograma
Previsto, Disponibilidade de equipamentos, Desvio do rio, Etapas construtivas,
Características das fundações, como visto.

58
Critérios geométricos

Largura de crista8 = 6m (10 m – tráfego)

Bermas no talude de jusante

Talude de jusante com espaldar em solo devem ser intercalados por bermas
(LMÍN = 3.0 a 4.0 m) espaçadas a cada 10 m ou 15 m de altura9

Inclinação dos taludes para proteção

Taludes com 1.5 (H): 1.0 (V) não é aceitável devido as dificuldades de
execução das proteções (rip – rap, cobertura vegetal, solo – cimento ou material
granular)

Taludes preliminares

Taludes da barragem

Barragem sobre fundação mais resistente que seus materiais


componentes. Neste caso a estabilidade dos taludes independem da fundação, mas
podem depender da altura da barragem. Vide quadro 1.0.

Barragem sobre fundação menos resistente que seus materiais


componentes. Neste caso pode-se partir de taludes mais abatidos que os anteriores,
a ser confirmados por análises de estabilidade.

Quadro 1 – Taludes preliminares a serem conferidos

Material Montante1 (H:V) Jusante (H:V)

8 Garantir tráfego, acesso e manutenção (L MÏN = 3m), a pista deverá ser inclinada para montante
devido a drenagem (chuvas), quando previstos recalques construir a pista com sobreelevação  0.2 a
0.4% Altura da barragem. Segundo Cestelli – Guidi & Mallet b=1.65H ou Preece b=1.1H +1.
9 Servem para "quebrar" fluxos dágua de chuva, para manutenção, para instrumentação e para ajusar

a base necessária de contato entre jusante – fundação adequando as necessidades de estabilidade.

59
Solos compactados 2.5 : 1.0 2.0 : 1.0
3.0 : 1.0
Solos compactados 2.0 : 1.0 2.0 : 1.0
argilosos 3.0 : 1.0 2.5 : 1.0
Solos compactados 3.5 : 1.0 3.0 : 1.0
siltosos
Enrocamentos2 1.3 : 1.0 1.3 : 1.0
1.6 : 1.0 1.6 : 1.0
1 – No caso de barragens com pequena oscilação do N.A, os taludes de montante podem ser os
mesmos de jusante;
2 – Os taludes mais íngrimes referem-se as rochas sãs, e desde que a largura de base do
enrocamento seja no mínimo igual a altura da barragem.

Taludes de escavação em fundações

Nos solos colapsíveis, os taludes de corte até 6.0 m, podem ser de 1.5(H) :
1.0 (V). Em aluviões argilo – arenosos ou siltosos e em areias submersas, após
rebaixamento do lençol freático por meios adequados, os taludes de corte até 8.0 m
podem ser de 2.0(H) : 1(V) até 3.0(H) : 1(V).

Taludes de escavação em ombreiras em solo

Os taludes de corte nas ombreiras não deverão ter inclinação superior a 40 0


ou 450 em relação a horizontal, de modo a evitar recalques diferenciais indesejáveis.
Em caso de fundação rochosa íngrime, a barragem deve prever recursos de controle
dos recalques diferenciais.

Taludes construtivos

Em barragem construída em estágios, os taludes de cada estágio, se em solo,


devem ser de 3.0(H) : 1.0(V) a 4.0(H) : 1.0(V), para permitir a junção do novo trecho
em taludes de 2.0(H) : 1.0(V) a 2.5(H) : 1(V).

Condição e avaliação do N.A de montante e Jusante

60
Montante – Operação do reservatório (estabilidade)
Jusante – Oscilação do N.A, condições naturais de drenagem pelas
fundações, presença de fluxo d'agua locais e condições de drenagem interna.

SISTEMA DE VEDAÇÃO E DRENAGEM

Definição do sistema de vedação

Vedação e drenagem – Defesa de erosão interna (pipping) e estanqueidade.


Para barragens homogêneas e núcleos de barragem são aceitáveis os seguintes
solos: Colúvio, solos residuais e/ou lateríticos, saprolíticos e cascalhos arenosos
com pelo menos 25% de finos. Como dados básicos (barragem para controle de
enchentes ou hidroelétricas não devem ter vazão superior Q > 5 l/min/m e barragens
para abastecimento de água e irrigação Q > 0.1% da média das vazões naturais.

Critérios geométricos do sistema de vedação

Núcleo

(barragem de terra ou enrocamento)


L = 6 + 0.2 h (solos argilosos)
L = 6 + 0.3 h (solos siltosos)

Injeção de calda e argamassa de cimento

Para tratamento de fundações em rocha

Espaçamento dos furos eMÁX = 30 m (linha única de injeção)10

Para maciços muito fraturados

10Neste caso alinha de injeção pode ser considerada como uma barreira com 1.5 m de largura e k =
10-5 a 10-6 cm/s. No caso de uma linha tripla de injeção esta barreira pode ser considerada como uma
barreira de 3.0 m de largura e k semelhante.

61
Pode ser definida empiricamente como: 5x10 -4 < kFUNDACÃO < 5x10-3 cm/s
(linha única de injeção) e kFUNDACÃO > 5x10-3 (linha tripla com profundidade igual a
0.4 h – valor indicativo (h – carga entre o nível máximo do reservatório e o nível
mínimo a jusante).

Cut - Off

Indicado para tratamento de fundações em: areia, aluviões areno – argilosos


com granulometria descontínua, colúvios com permeabilidade mais elevada que o
elemento vedante da barragem, descontinuidades permeáveis em solo residuais
saprolíticos e saprólitos.
Posição ideal do Cut – Off – central ou pouco a montante do eixo da
barragem.
Largura de base = 0.25 h (Lmínimo = 4.0 m) (diferença montante – jusante)

Diafragmas plásticos

Indicado para tratamento de fundações em: areia, aluviões areno – argilosos


ou siltosos que se encontram submersos e quando o custo de rebaixamento d'agua
para a execução do cut – off seja excessivo.
Posição – No eixo da barragem ou um pouco a montante deste, na região
sobre a crista da barragem.

Tapetes

Deverá ser utilizado como elemento complementar de vedação da fundação.


Deverá atender os sequintes requisistos:
K < 10-5 cm/s; C = 5 a 7 h (diferença de nível montante jusante contada do
início do núcleo ou do dreno horizontal). Para barragens com h>30 m pode-se
deslocar o sistema interno de drenagem, vide figura, e considerar a eficiência do
tapete sob a barragem como 2 a 3 x superior à do tapete externo.

62
Espessura mínima do tapete externo eMÏN = 1.0 m (de material compacto) o
qual deverá ser recoberto por, no mínimo, 0.8 m do mesmo solo com compactação
devida somente aos equipamentos de transporte e espalhamento sem controle.
Sempre que possível os tapetes devem permanecer inundados para evitar
ressecamento.

Vedação não convencional (sob consulta)

Clacagem, C.C.P, ROTCRET, etc.

DEFINIÇÃO DO SISTEMA INTERNO DE DRENAGEM

O principal objetivo do sistema de drenagem interno é de fornecer defesa


contra fluxos preferenciais, estabilidade do espaldar de jusante, regularizar a saída
de fluxo e controle efetivo das pressões de saída d'agua. O sistema é composto
pelos sequintes elementos: Dreno vertical ou inclinado, dreno horizontal e dreno de
saída ou de pé (coletor dos sois primeiros), trincheira drenante de ombreiras e furos
de drenagem na fundação.
Os materiais devem ser: granulares e isentos de finos (máx 5% em peso de
material granular passando na #200). Os furos na rocha não devem ser preenchidos
com qualquer material, mas deixados livres. O sistema de drenagem interna são
utilizados em barragens homogêneas. Barragem onde o espaldar de jusante é
constituído por material drenante, cascalho ou enrocamento por exemplo, não
necessitam do sistema interno de drenagem já que o próprio material já cumpre esta
função. Neste caso a preocupação volta-se para a transição entre o material vedante
e a granulometria do material doe espaldar.
Sempre que as análises de percolação (barragem, fundação e ombreiras)
indiquem fluxo ascendente a jusante no pé da barragem, deve ser prevista uma
trincheira drenante na fundação, junto ao pé. Se o fluxo para jusante ocorre em
camadas preferenciais profundas, deve-se recorrer a furos de drenagem interligados
à base da trincheira drenante.

Critérios geométricos

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O dreno vertical ou inclinado deve-se estender por toda a extensão
longitudinal da barragem e até a elevação do N.A máximo normal de operação do
reservatório. O dreno vertical só é recomendável para barragens de até 20 m (máx =
30 m), por questões de concentração de tensões no mesmo. Para barragens de
maiores alturas deve-se adotar dreno inclinado.

64

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