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FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS

5º Período A Noturno de Farmácia


Antropologia
Professora: Ana Cristina Fonseca de Vasconcelos

RESENHA

Deilson Alves Oliveira

24/06/14 de 2014
Montes Claros –  MG
 MG
CULTURA, SAÚDE E DOENÇA.

Resenha apresentada para avaliação da disciplina de


antropologia da Graduação em Farmácia do 5° período A
de 2014, sob a orientação da professora Ana Cristina
Fonseca de Vasconcelos.

24/06/14 de 2014
Montes Claros –  MG
RESENHA

HELMAN, CECIL G. cultura, saúde e doença , versão original, inglês, trad. Cláudia
Buchweltz e Pedro M. Garcez. 4ed. Porto Alegre: editora Artmed, 2003. Pág. 408.

Autor da resenha: Deilson Alves Oliveira

Cap. 1 A ABRANGÊNCIA DA ANTROPOLOGIA MÉDICA

A Antropologia caracteriza-se em observar, em ver o outro como um possível igual a


si mesmo, e ao mesmo modo se colocar a reconhecer o valor de outras culturas.
Podemos observar que para a Antropologia o ser humano é um só, e ao mesmo tem várias
expressões, ou seja, várias culturas, o modo de pensar, a capacidade de cada um, isso decorre
de uma fase do iluminismo. Sendo que no início iluminista, a antropologia coloca-se no
campo da Filosofia, indaga sobre o homem, na maneira como tal é, e age. É uma maneira de
ver o ser humano em suas várias culturas e observar como eles podem agir de modos
diferentes.

Para entendermos o pensamento antropológico é preciso despir-nos de nossas raízes,


nossas culturas e aprofundar-nos em outras culturas sem preconceitos, de mente aberta para
que possamos compreender o valor que cada cultura tem porem isso não ocorre inteiramente.
Com a chegada da teoria da evolução, a qual coloca que na luta pela sobrevivência os seres
vivos sofrem transformações em tempo corrente, a Antropologia passou a ser pensada como
uma ciência que viria colocar o homem em um plano biológico. Desde então o pensamento
antropológico se desenvolve de ambas as maneiras, tanto como ciência, quanto pensar
filosófico, e ao mesmo tempo recebe conceitos empíricos.

 Na ciência a Antropologia estudará o ser humano. Vários antropólogos no


entendimento de que são cientistas objetivam de várias maneiras contribuírem para o
conhecimento sobre o homem. Enfatiza o papel que a antropologia médica pode desempenhar
na compreensão dos problemas de saúde em diversos contextos culturais e sociais, e como
 prevenir e lidar com eles.
Cap. 2 DEFINIÇÕES CULTURAIS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA

Em todas as sociedades, o corpo humano tem uma realidade social além de física. Isto
é, a forma, o tamanho e os adornos do corpo são um modo de comunicar informações sobre a
 posição de seu dono na sociedade, inclusive informações sobre idade, gênero, status social,
ocupação e ligação com certos grupos, tanto religiosos quanto seculares. As linguagens
corporais, por exemplo, dos médicos, sacerdotes, policiais e vendedores são muito diferentes
entre si e transmitem vários tipos de mensagens. Da mesma forma, o jaleco branco do medico
ocidental ou a touca engomada da enfermeira não somente tem um aspecto pratico (limpeza e
 prevenção da infecção), mas também uma função social, indicando sua inclusão em um grupo
 profissional prestigiado e poderoso, com seus próprios direitos e privilégios específicos.

Por exemplo, no estudo do autor a respeito de crenças leigas inglesas sobre calafrios,
resfriados e febres, a imagem corporal incluía certas áreas da pele (o alto da cabeça, a parte
 posterior do pescoço e os pés) consideradas como mais vulneráveis do que outras partes a
 penetração de frio, umidade ou correntes de ar “Pegava um resfriado” quem saísse na chuva
sem um chapéu (ou apos um corte de cabelo), ou quem pisasse em uma poça ou no chão frio.
Ao mesmo tempo, acreditava-se que as febres resultavam da penetração de germes, bactérias
ou vírus por outras aberturas na superfície corporal, como anus, uretra, garganta, narinas ou
ouvidos. Além das roupas, a postura e o controle dos movimentos corporais também podem
ser um indicador da posição social: as pessoas de status elevado geralmente são associadas
com controle corporal intenso, e as pessoas de status baixo, com sua ausência.

Estima-se que existam hoje 80 milhões de meninas e mulheres que sofreram


circuncisão, especialmente na África subsaariana, no mundo árabe, na Malásia e na Indonésia
e em alguns grupos imigrantes em países ocidentais’ Em muitas dessas regi6es, sobretudo
áreas rurais, as mulheres que não são circuncidadas podem ser estigmatizadas e ter
dificuldade de se casar. Porém, algumas formas de mutilação corporal podem trazer
 benefícios à saúde da população, mesmo que indiretamente. Acreditava-se que a circuncisão
masculina precoce era um dos fatores que protegiam as mulheres do desenvolvimento de
câncer cervical, mas essa noção logo é questionada. Todavia ela pode proteger contra algumas
infecções na área peniana, bem como contra a fimose (prepúcio apertado) e possivelmente
contra a sincopo-me da imunodeficiência adquirida (AIDS).
Cap. 4 CUIDADO E CURA: OS SETORES DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE

 Na maioria das sociedades, as pessoas que sofrem de algum desconforto físico ou
emocional contam com diversas formas de ajuda, por conta própria ou por meio de outras
 pessoas. Quanto maior e mais complexa a sociedade na qual uma pessoa vive, maior é a
 probabilidade de que estas opções terapêuticas estejam disponíveis, desde que o indivíduo
 possa pagar por elas, para a pessoa doente, contudo, a origem desses tratamentos é menos
importante do que sua eficácia no alívio do sofrimento, a assistência à saúde está entrelaçada
nesses aspectos, baseando se nas mesmas premissas, nos valores e na visão de mundo. Além
desse sistema oficial de assistência a saúde, que inclui as profissões de enfermagem e de
medicina, normalmente existe, em muitos países ocidentais, sistemas menores e alternativos,
como a homeopatia, o herbalismo e a cura espiritual, que podem ser chamados de subculturas
de assistência à saúde. Uma mulher que tenha passado por várias gestações, por exemplo,
 podem dar conselhos informais a outra mulher, mais nova, que acabou de engravidar,
relatando que sintomas esperar e como lidar com eles, os curandeiros populares formam um
grupo heterogêneo com grande variação individual em termos de estilo e de ponto de vista,
algumas vezes, porém, essas pessoas estão organizadas em associações com regras de acesso,
códigos de conduta e troca de informações.

A relação entre os setores popular e profissional de atendimento em saúde em geral é


marcada por sentimentos mútuos de desconfiança e suspeita. Em países com a Índia e a
China, sistemas de cura autóctones fortes possuem quase a mesma legitimidade e
 popularidade que a medicina ocidental, oferecendo a população sistemas paralelo de cuidado
de saúde.

Cap. 7 DOR E CULTURA

A dor, seja qual for a sua forma, é uma parte inseparável da vida cotidiana,
 provavelmente, ela é o sintoma mais comum encontrado na prática clínica e constitui uma
característica de muitas transformações fisiológicas normais, tais como gravidez, parto e
menstruação, bem como de ferimentos ou doenças, todas essas linguagens de sofrimento que
são definidas culturalmente influenciaram na maneira como a dor privada será comunicada a
outras pessoas e os tipos de reação que são esperados. A dor crônica, muitas vezes, está
intimamente ligada a problemas sociais e psicológicos. Assim, embora os profissionais de
saúde devam estar cientes das influencias culturais no processo de avaliar as pessoas com dor,
cada caso deve ser sempre avaliado individualmente, e as generalizações ou o uso de
estereótipos deve ser evitado na previsão de como uma pessoa de uma determinada origem
social, cultural e religiosa vai responder ao estado de dor.

Cap. 8 CULTURA E FARMACOLOGIA

Em muitos casos, o efeito de uma medicação sobre a fisiologia humana, ou sobre o


estado emocional de um individuo não depende unicamente de suas propriedades
farmacológicas, as características da pessoa que prescreve a droga ou do agente de cura é
validado pela sociedade, a aceitação social do uso de drogas psicotrópicas como uma parte
normal da vida pode diminuir o estigma associado a dependência psicológicas dessas drogas.
Em curto prazo, contudo, uma variedade de enfoques para reduzir a drogadição foi
experimentada, alguns dos quais fazem uso positivo do meio cultural em que o drogadito
vive, assim, em geral, tanto nas culturas permissivas quanto nas supermissivas, em que a
 bebida é aceita (mas apenas de forma controlada), observam-se taxas mais baixas de
alcoolismo – isto é, de comportamento “anormal” e descontrolado no consumo de álcool –  do
que as culturas abstinentes ou ambivalentes, números consideráveis de pessoas continuam a
fumar, apesar de todas as advertências de saúde dos governos e de outras agências sobre seus
 períodos. Em anos recentes, o uso de muitas destas plantas alucinógenas tem se disseminado
além de seus grupos de origem e de seu contexto ritual de procedência original.

Cap. 9 RITUAIS MANEJO DO INFORTÚNIO

Rituais são característicos em todas as sociedades humanas, eles ocorrem em vários


ambientes, assumem diversas formas e desempenham muitas funções sagradas e seculares.
Ele não tem um efeito técnico explícito e direto, como por exemplo, escovar os dentes é um
comportamento repetitivo, mas não é ritual, objetivando um efeito específico. O ritual é uma
reafirmação periódica das condições sob as quais os indivíduos de uma determinada cultura
devem interagir para que possa haver alguma vida social coerente. Dentre os tipos de rituais,
destacam-se os calendários que celebram as mudanças no ciclo cósmico tais como mudanças
de estação, divisão de um ano em seguimentos, transição social associa as mudanças do ciclo
vital humano as mudanças de posição social, gravidez e renascimento, são eventos sociais a
 passagem do status social da mulher, rituais de morte e luto, divididas em morte biológica que
representa o fim do organismo humano e social que é o fim da identidade de um indivíduo.
Hospitalização, na qual uma pessoa enferma torna-se saudável, infortúnio, surgem em épocas
de crises, infortúnios inesperados, tais como acidentes ou problemas graves de saúde.
Destacam-se também as funções do ritual, sociais a coesão do grupo é ameaçada por
conflitos interpessoais , protetoras, o papel dos rituais na proteção contra ansiedades e
seguranças associadas á doença.

Cap. 11 ASPECTOS CULTURAIS DO ESTRESSE

As práticas e os significados partilhados nos grupos sociais formam o processo


cultural, que tem permanência de tempo, caráter de coletividade e continuidade, realizando a
construção da realidade. Uma cultura adquire conformação e caráter específicos graças à
coerência de suas instituições sociais, as quais garantem sua continuidade. As características
da cultura representam potencialidades adaptativas e estressoras. O homem não é apenas o
 produtor da cultura. Esta interfere no biológico, como por exemplo, africanos removidos
violentamente de seu continente, na época da escravidão, perdiam a motivação para viver fora
de seu contexto cultural e padeciam do mal chamado "banzo", traduzido como semelhante à
"saudade". Ocorria também um alto índice de suicídios entre os negros escravizados. Dessa
forma as respostas psicossomáticas sofrem influências diferentes em cada cultura ou
subculturas. Os processos psicossociais são constituídos, em parte, por percepções e atitudes
dos indivíduos e, em parte, por elementos culturais que direcionam os vínculos. Por exemplo,
os critérios específicos sobre saúde, doença, trabalho, são constituídos pela cultura e
transformados pelos indivíduos. A cultura é edificada a partir do meio ambiente, que
corresponde ao mundo externo e à realidade imediata. Esta realidade é decorrente da vida
cotidiana e subjetivamente dotada de sentido para os homens, na medida em que forma um
mundo coerente.

Cap. 12 FATORES CULTURAIS EM EPIDEMIOLOGIA

A epidemiologia deve ser conceituada como “a ciência que estuda o processo saúde
doença” na comunidade, analisando a distribuição de fatores mais comumente examinados
são idade, sexo, estado civil, ocupação, posição socioeconômica, dieta, ambiente e
comportamento das vítimas sendo assim determinantes das enfermidades e dos agravos à
saúde coletiva sugerindo medidas especificas de prevenção de controle ou de erradicação. A
e pidemiologia e a antropologia que ambas enfocam o estudo a saúde, “os antropólogos
lançam mão de princípios universais para chegar a questões específicas, enquanto os
epidemiológicos toleram os pontos específicos em sua busca universal”. Ambas tratam o
estudo de populações ao invés de indivíduos. Tanto os antropólogos quanto os sociólogos têm
feito importantes contribuições para a compreensão de como esses fatores complexos estão
relacionados à doença, os insights antropólogos têm sido especialmente úteis para decifra às
doenças exóticas, como a doença de Kuru (uma doença degenerativa progressiva do cérebro),
se descobriu que a doença era causada por uma infecção viral lenta no cérebro, transmitida
 pelo ritual de canibalismo de parentes mortos praticados apenas por algumas mulheres e
crianças naquela área.

Cap. 13 ANTROPOLOGIA MEDICA E SAUDE GLOBAL

Os antropólogos médicos que se baseavam em pesquisas locais tiveram de se


direcionar para uma pesquisa mais ampla, pois com o desenvolvimento mundial ocasionarão
em problemas que vão muito além como, por exemplo, a superpopulação vem junto com a
 poluição aquecimento global uso abusivo de drogas e varias outros tipos de epidemias que
hoje são considerados problemas globais. O antropólogo torna visíveis os campos que as
 pessoas, cheias de ambiguidade, inventam e que regem suas vidas. Tais campos de ação e
significância - vazando de todos os lados - são mediados por poder e conhecimento e são
também animados por reivindicações de direitos básicos e desejos. Não basta simplesmente
observar que existem complicadas novas configurações de segmentos globais, políticos,
técnicos, biológicos (etc.) ou que elas são temporariamente a norma. Precisamos ficar atentos
às maneiras como essas configurações são constantemente construídas, desfeitas e refeitas
 pelo desejo e o devir de pessoas reais - vivendo no caos, no desespero e na aspiração, da vida
em circunstâncias a escolha que devemos fazer não é necessariamente entre montagens
 basicamente globais e "fragmentos" principalmente locais de um “mundo despedaçado no
horizonte dos dramas locais, no desenrolar de cada evento, nos altos, baixos e entornos de
cada vida individual, podemos ver o reflexo de sistemas maiores em construção (ou
descon strução)”. E ao tornar públicos esses campos singulares - sempre à beira de desaparecer
- o antropólogo ainda permite que processos estruturais e culturais institucionais mais amplos
se tornem visíveis e seu verdadeiro impacto conhecido.

Cap. 14 NOVOS METODOS DE PESQUISA EM ANTROPOLOGIA MEDICA

Sabem-se hoje que noções, como as de saúde e doença, aparentemente simples


referem-se, de fato, a fenômenos complexos que conjugam fatores biológicos, sociológicos,
econômicos, ambientais e culturais. A complexidade do objeto, assim definido, transparece na
multiplicação de discursos sobre a saúde que coexistem atualmente, cada um privilegiando
diferentes fatores e sugerindo estratégias de intervenção e de pesquisa. A entre os métodos
quantitativos e qualitativos, certa indiferença que afeta o conjunto das ciências sociais; essa
discórdia obscurece a complementaridade dessas duas estratégias de pesquisa, cada uma tendo
seus pontos fortes e suas fraquezas. As perspectivas quantitativas e qualitativas deveriam ser
encaradas como perspectivas complementares, como fases sequenciais de um mesmo
 processo. As estratégias qualitativas indicam o que é importante estudar em um dado contexto
sociocultural, permite identificar variáveis pertinentes e formular hipóteses culturalmente
apropriadas. As pesquisas quantitativas são construídas a partir de amostras representativas do
grupo estudado e permitem testar essas hipóteses. A antropologia médica é apresentada como
uma perspectiva complementar e enriquecedora para a abordagem dos problemas de saúde
 pública. Começamos por examinar a influência do contexto social e cultural sobre "as
maneiras de pensar e de agir" das populações frente aos seus problemas de saúde e, a partir
daí, situamos a contribuição específica da abordagem antropológica. Apresentamos, em
seguida, alguns elementos conceituais e metodológicos que intervêm de maneira fundamental
na construção do conhecimento antropológico em saúde e propomos um quadro de referência
 para o estudo sistemático das representações e comportamentos associados à saúde e à
doença.

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