1) As atividades de caráter presencial serão realizada a partir da assistência a uma audiência
pública e a uma reunião plenária de um Conselho de Política Pública. A técnica de pesquisa
que será utilizada é a observação. O roteiro de observação deve conter a descrição do local, dos atores, das atividades realizadas, das intervenções, das votações e, ESPECIALMENTE, das impressões de vocês - do(a) pesquisador(a). Sejam descritivos e objetivos na primeira parte do relatório e analíticos na segunda parte, quando farão observações de caráter mais subjetivo.
Reunião Plenária do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre.
Órgão Público: Secretaria da Saúde de Porto Alegre (SMS) Realizada na quinta-feira dia 06/07/2017. Local: Auditório da Secretaria Municipal de Saúde – Avenida João Pessoa, 325. Horário de início: 18:30 término 22:05 Presentes: 41 Conselheiros e 104 visitantes Pauta da reunião: A situação do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS)
O local destinado para a reunião comporta 88 assentos, porém foram
adicionadas cadeiras nas laterais da sala que dessa forma passou a comportar mais de 100 pessoas sentadas. Além da possibilidade de assistir presencialmente, a plenária também pode ser acompanhada online pelo facebook. A maioria dos assentos foi reservada para os conselheiros restando às cadeiras mais ao fundo para os visitantes, o ambiente possui climatização em boas condições e os recursos audiovisuais estavam em perfeito estado de funcionamento. A reunião foi conduzida pela coordenadora do CMS de Porto Alegre, Mirtha Zenker e tinha como principais atores: os conselheiros (presentes 41 do total de 86 membros), o Secretário Municipal da Saúde, funcionários da Secretaria Municipal da Saúde, representantes do Hospital de Pronto Socorro além de um grupo diversificado de visitantes (alunos, representantes do Sindicato Municipários de Porto Alegre (SIMPA); do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs); do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren – RS).
A Plenária foi estruturada na seguinte ordem: Aprovação das atas das
reuniões anteriores; prestação de contas ao conselho; informe dos conselheiros (estipulado o tempo de três minutos para cada fala); resposta aos informes por parte do secretário da saúde de Porto Alegre; apresentação da pauta do dia (“A situação do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre”); Resultados da vistoria realizada pelo Conselho Municipal de Saúde; abertura do microfone para manifestação dos presentes e finalmente o encerramento feito pelo diretor do HPS. Primeiramente votou-se a aprovação de duas atas de pautas anteriores (da reunião do dia 27 de abril de 2017 (ATA 08) e da reunião do dia 04 de maio de 2017 (ATA 09). O que chamou atenção nesse caso é que as duas demandas foram votadas na sequência, em um período que não entrou ou saiu nenhum conselheiro da sala e o total de votos da segunda demanda foi inferior ao da primeira. Ao meu ver o que motivou tal discrepância nos números foi devido uma limitação do local a qual eu não havia reparado em um primeiro momento. O salão, além de não ser tão amplo, possui largas colunas em seu interior o que prejudica o sistema de contagem dos votos (na Plenária cada conselheiro recebe um crachá e logo após ser lida a alternativa que ele é favorável esse conselheiro levanta o crachá é só abaixa após o responsável pela contagem computar o seu voto) devido ao grande número de pessoas alguns conselheiros sentaram em cadeiras as quais ficavam escondidas atrás desses pilares, dificultando a contagem por parte do responsável pelo computo dos votos. Antes da fala de ser aberto o microfone para que começasse a ser ouvido os questionamentos e demandas dos Conselheiros o Engenheiro de Segurança da Santa Casa de Misericórdia prestou contas ao conselho de como foi empregado o dinheiro oriundo do programa Nota Fiscal Gaúcha (etapa 50). Essa prestação de contas também foi submetida a aprovação do conselho. O diretor do HPS e o Secretário chegaram após 10 minutos do início da reunião e foram convidados para compor a mesa. Interessante ressaltar que o horário regimental de início da plenária é cumprido mesmo que aqueles atores que são relevantes para responder as demandas dos conselheiros não tenham chegado. Foi explicado que as pautas devem ser apresentadas primeiramente para o núcleo de coordenação da plenária para que esse possa discutir e promover o encaminhamento para a reunião plenária. Nessa etapa de discussão se o núcleo achar necessário poderá convocar outros atores para que a demanda possa ser encaminhada da melhor forma. Porém, foi ressaltado que a decisão da plenária é soberana e caso a maioria dos conselheiros concordar poderá ser aceita a discussão de uma pauta na reunião sem que essa tenha passado previamente pelo núcleo de coordenação. Em regime de exceção foi aceita para essa reunião uma pauta que não passou previamente pelo núcleo de coordenação. Foi aberto o espaço para os informes, que é a manifestação dos conselheiros relembrando que o tempo destinado para cada um seria de três minutos. Algumas manifestações foram interrompidas por palmas e até mesmo gritos de ordem, principalmente quando um conselheiro representante do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA), foi ao microfone e falou sobre o resultado de um processo criminal movido pelo ex-secretário da saúde contra os conselheiros que apontaram desvio de verbas durante sua gestão, buscando – segundo o sindicalista – coagir os membros do conselho para que esses deixassem de fazer o seu serviço fiscalizatório de controle social, ao relatar que os conselheiros foram absolvidos se ouviram gritos “a nossa luta é todo dia saúde não é democracia”. O tempo de duração dos informes foi de 39 minutos onde na oportunidade 12 conselheiros se expressaram. Na sequência o Secretário de Saúde começou a responder as demandas levantadas pelos conselheiros, oito minutos após o início de sua fala foi informado que o mesmo teria apenas mais cinco minutos para terminar suas colocações uma vez que já se passava das 20:00 horas e a pauta do dia deveria ser iniciada. Nesse momento houve um desconforto entre a coordenadora do conselho e o secretário, esse justificava que o tempo para responder aos informes era desproporcional ao número de questionamentos que foram levantados e que, se querem que a pauta se inicie no horário previsto o correto seria limitar o número de informes levantados em menos da metade. Durante esses procedimentos (informes e as respostas referentes a eles) dois fatos me chamaram maior atenção. O primeiro é que em nenhum momento o Secretário da Saúde olhava para os Conselheiros, permanecia de cabeça baixa e às vezes fazia algumas anotações. Outro ponto foi relativo à seletividade das respostas, o Secretário buscou responder a todos os conselheiros, porém, apenas partes dos questionamentos de cada um, desconsiderando as perguntas e críticas mais polêmicas. Quase uma hora e meia após o início da plenária é que de fato começou a ser falado sobre a pauta da reunião “A situação do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre”. Onde os conselheiros e sindicalistas relataram como principais problemas: O déficit elevado de profissionais, a sobrecarga de trabalho, a média de idade elevada entre o corpo de funcionários do hospital (o que retrata um longo período com ausência de concurso), a contaminação e isolamento inadequado dos leitos, o distanciamento inadequado entre os leitos, a falta de equipamentos. Após o relato introdutório foram apresentados os resultados da vistoria elaborada pela Comissão de Fiscalização do Conselho Municipal de Saúde (registrados por meio de fotos e vídeos). A vistoria foi provocada após informações divergentes sobre o fechamento de leitos no HPS. De um lado o SIMPA denunciou que 11 leitos haviam sido fechados – informação ratificada pelo diretor do hospital em posição contrária o Prefeito Nelson Marchezan foi a suas mídias sociais e declarou que o SIMPA estava fazendo denúncias caluniosas (o título de sua postagem foi: “Boato irresponsável; enfermaria do HPS não está fechando leitos”). Como resultado final foi confirmado que leitos haviam sim sido fechados e somente após a notícia ter ganhado proporções elevadas é que começou a falar sobre reforma, em uma primeira resposta o diretor respondeu ao CMS que não havia nenhuma previsão de efetuar qualquer reparo. Depois da divulgação dos resultados da vistoria da CMS foi aberto espaço para que o Secretário de Saúde o Diretor do hospital pudessem se manifestar quanto aos dados que foram divulgados. A partir desse momento o discurso do Diretor passou a ser outro, disse que os leitos foram fechados para a reforma do hospital e que os pacientes foram deslocados para o setor de pacientes crônicos (os quais, segundo o mesmo, não deveriam estar internados no HPS). Pouco antes das 21:00 horas, quinze inscritos (entre conselheiros, sindicalistas, dirigentes e demais visitantes) se manifestaram contra ou favoráveis o fechamento dos leitos. Quanto a esse aspecto uma limitação que eu notei é que não foram bem distribuídas a ordem das falas representantes do sindicato do enfermeiros (três pessoas que criticaram os serviços que estão sendo prestados) falaram logo no início e depois tiveram seus argumentos rebatidos por membros da direção do HPS e não tiveram o direito de contra- argumentar. Se existisse uma distribuição na hora das falas, intercalando entre os que são contra e os que defendem a atual gestão do Hospital de Pronto Socorro algumas colocações poderiam ter sido debatidas de forma mais proveitosa. Nos cinco minutos finais o Diretor fez o encerramento enfatizando que o HPS não diminuiu nenhum atendimento, não diminuiu uma cirurgia e não aumentou a mortalidade dos seus casos clínicos e cirúrgicos, ressaltou o esforço imenso da enfermagem. E que depois desses primeiros seis meses a frente dessa gestão tem um diagnóstico muito bem encaminhado do que precisa ser feito dentro do HPS. Como fechamento da plenária a coordenadora do CMS recomendou que fosse apresentado esse diagnóstico por parte do Diretor do HPS no prazo de trinta dias que retratasse a situação do hospital e suas perspectivas futuras e também lembrou que a próxima plenária deverá acontecer no dia 20 de julho e a pauta será o trabalho voluntário por profissionais da saúde.