com o Programa de Desenvolvimento do não está totalmente subjugado pela men-
Artesanato – PNDA, como passível de te, ou melhor, de outra mente, mais li- “evolução”, especialmente com o apoio gada ao corpo. Na verdade, é um corpo de maquinário e de estrutura adminis- que fala. Esse é um modelo de aprendi- trativa, e progressivo desenvolvimento zagem que prepara o corpo para um sa- em microempresa, considerada tipo ide- ber, um saber que é do próprio corpo. O al de modelo produtivo para a geração conhecimento que o artesão realiza em de divisas em áreas críticas.5 seu trabalho traduz uma sabedoria do É a separação do meio que aliena um corpo que não pode ser reduzida à raci- (o artista) do outro (o artesão). Em ou- onalização. Ela precisa ser incorpora- tras culturas, teremos a eleição de um da. artista que se fortalece a partir do seu Não defendo um único modelo de ar- meio, o artesanal. Agora, na tecnocivi- tesanato nem de arte. O tocar essa dico- lização, as artesanias adquiriram esta- tomia como eixo de uma es tratégia tuto simbólico de alto poder. A própria argumentativa, que trata a arte e o arte- indústria foi superada. Hoje o artesana- sanato qual dois objetos fechados em si to é tratado prioritariamente como pro- mesmos, se fez meramente como modo duto de valor cultural. Sua significação de atingir o cerne de uma questão pri- para o consumo se baseia num campo mordial na diferenciação entre uma ca- fortemente afetivo. Baudrillard (2000) tegoria e outra. Campear a fresta ditada vai dizer que “o artesanato é o animal pela dicotomia presente nos discursos doméstico preferido”, ao pensar o siste- que os identificam em isolamento. En- ma dos objetos na sociedade contempo- tre um e outro fenômeno existem múlti- rânea. As políticas públicas voltam a plos graus de diferença, mas também de atenção para seu potencial estímulo à afinidade: o artesanato é parte do uni- indústria do Turismo, setor econômico verso da arte, uma forma de arte.7 de maior crescimento, ou procuram tra- Foco um modelo artesanal específi- balhar sua preservação como patrimônio co: o processo tradicional da cestaria nacional. guarani – trabalho que acompanhei em Mas por que e como a Pedagogia do uma das oficinas da VIII Semana de Cul- Artesanato se deve exercer? É claro que tura Popular, promovida anualmente ela importa sobretudo porque fala de pelo Núcleo de Cultura Popular do Ins- uma forma de ensino-aprendizagem di- tituto de Artes da Uerj. versa daquela exercida nas academias de No ato de trançar, o gesto é unifor- Arte:6 fala de uma arte popular, cujo me, repetitivo. É a regência do corpo em consumo estético é um valor a ser depu- sua precisão e força – fechando ponto rado, pensado e qualificado como expe- por ponto, trama por trama, aprisionan- riência humana. do cada talo em um desenho em cadeia, Ela pode apresentar um modelo de cuja beleza se faz pela regularidade. Seu ação construtiva em que o corpo ainda princípio é o da presença absoluta desse