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Neste artigo, José Sérgio F. de Carvalho propõe uma breve resenha do livro A
qualidade do ensino na escola pública, do professor Emérito da Faculdade de Educação
da USP, Celso de Rui Beisigel. É central no argumento do livro, como aponta Carvalho
(p.310), que “[...] a incansável luta pela ideia de que construção de uma escola básica de
qualidade só será possível a partir ‘da clara compreensão das implicações e da plena
aceitação da legitimidade da presença das classes populares no ensino público’”. Tal
questão aparece, em Carvalho, na discussão da afirmação recorrente de que as escolas
públicas dos anos de 1950 e 1960 eram melhores do que a das décadas subsequentes.
Afirma, então, que essa escola do passado, por vezes idealizada, já não existe.
Valendo-se de Beisigel, defende que a expansão quantitativa, ligada a democratização
do acesso aos bens culturais comuns (p.309), na década de 1970, não pode ser
apreendida por uma ótica simplista que a afirma “queda” na qualidade do ensino
público (p.308) sem reconhecer a importância social de tal. À medida que a escola
pública contemporânea rompeu com seu “[...] papel social de seleção e reprodução de
uma diminuta elite” (p.308) e, desta feita, se estendeu aos setores populares, tal
comparação de rendimento não pode ser feito entendendo-as dentro de uma
continuidade, dado que esta “[...] pode obscurecer ‘o caráter de classe’
incontornavelmente presente nas discussões sobre qualidade de ensino [...]” (p.308)
Cabe, então, atentar a quem fala tal concepção de “queda” de qualidade. Tendo
em vista que tal queda está acompanha a ampliação de acesso, pode-se afirmar, como
faz Beisigel, que essa “[...] perda já não ocorria para esse segmentos da população,
agora acolhidos na escola anteriormente inacessível” (p.308).