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ABSTRACT
DOI: 10.25190/rec.v7i1.2189
Revista Expressão Católica; v. 7, n. 1; Jan – Jun; 2018; ISSN: 2357-8483
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De acordo a Declaração de Salamanca modo que esses sujeitos possam ser escolarizados nas
(UNESCO, 1994, p.1): salas regulares (MARCHESI, 2004).
Rapoli (2010, p. 7), enfatiza que “os que têm o
Que toda criança tem direito fundamental a poder de dividir são os que classificam, formam
educação, e deve ser dada a oportunidade conjuntos, escolhem os atributos que definem os alunos
de atingir e manter o nível adequado de e demarcam os espaços, decidem quem fica e quem sai
aprendizagem, toda criança possui destes, quem é excluído dos agrupamentos escolares”.
características, interesses, habilidades, e Ribeiro (2003, p. 49) destaca que:
necessidades de aprendizagem que são
únicas, sistemas educacionais deveriam ser O pressuposto da inclusão é que a escola
designados e programas educacionais ofereça oportunidades de aprendizagem a
deveriam ser implementados no sentido de todos indistintamente, respeitando a
se levar em conta a basta diversidade de diversidade de sua clientela. Essa intenção
tais características e necessidades [...]. deve se explicitar no projeto pedagógico da
escola, de modo que o currículo proposto
Todas as instituições de ensino devem, pois, seja dinâmico e flexível, permitindo o ajuste
articular-se com o modelo de inclusão e o cumprimento do fazer pedagógico às peculiaridades de
das bases legislativas que garantem o acesso à cada aluno.
educação em salas regulares de ensino. Deve-se
oportunizar uma estrutura física adequada e recursos Diante desse contexto, Ribeiro (2003) afirma
diversos para a rotina a ser estabelecida em sala de aula. ainda que as escolas precisam estar à frente da inclusão,
Assim, os sistemas escolares municipais e buscando novas formas de interação com esses
federais precisam estimular o desenvolvimento e a indivíduos, garantindo uma educação de qualidade,
prática de convivência com a diversidade, independente planejando, organizando, buscando recursos
de cada deficiência. A política nacional de educação pedagógicos, além de profissionais especializados para
necessita dar prioridade para o atendimento de todas trabalharem em parceria, repensando a prática
essas pessoas com deficiências (LIMA, 2006). pedagógica, mostrando que essas crianças merecem ser
respeitadas e que a escola precisa fazer o seu papel.
2.2 O PAPEL DA ESCOLA NA INCLUSÃO ESCOLAR A convivência dessas crianças nas escolas,
socializando com outras, trará qualidade de vida e
O sistema educacional de ensino define as salas aceitação diante de uma sociedade ainda carente de
regulares e as especiais, ocasionando uma rotulação e empatia e diálogo, mostrando que elas têm os mesmos
exclusão das diferenças. As próprias escolas sentem-se direitos e oportunidades que qualquer outra pessoa.
ameaçadas por um sistema educacional que dispõem de É necessário que as escolas tenham ações
uma proposta inclusiva com espaços reorganizados, voltadas para a inclusão, considerando a diferença de
profissionais qualificados, salas de recursos cada um, buscando transformações e mudanças para
multifuncionais, programas e avaliações preparadas para essas crianças. As escolas precisam de práticas
atender as pessoas com deficiência. Portanto, para educativas em que todos possam conviver com as
Mittler (2003, p. 25): diferenças, fazendo com que cada indivíduo, mesmo com
suas limitações, seja aceito sem discriminação, pois a
No campo da educação, a inclusão envolve escola tem o papel de incluir e mostrar essas diferenças.
um processo de reforma e de reestruturação Ela deve ser neutra, fazendo com que cada indivíduo
das escolas como um todo, com o objetivo seja respeitado e valorizado (MANTOAN, 2003).
de assegurar que todos os alunos possam Os profissionais da educação necessitam de
ter acesso a toda a gama de oportunidades uma visão mais ampla em relação às possíveis
educacionais e sociais oferecidas pela conquistas da criança com deficiência, entendendo que
escola. a sua postura será um grande agente influenciador
dessas conquistas; portanto, precisam estimular os
A escola na perspectiva inclusiva busca a alunos, fazendo com que cada etapa seja um
construção de práticas pedagógicas que têm em vista um aprendizado contínuo de vivência.
ensino de qualidade para todos, estimulando os Martins e Leite (2012), explicitam que a
indivíduos em sua capacidade de percepção, expressão, valorização da formação docente no ano de 1990 gerou
criatividade e interação com as outras crianças. A grandes questionamentos, devido à importância da
inclusão escolar faz com que todos os alunos estejam formação continuada desses profissionais, pois seu
inseridos, independente de suas diferenças, e a escola conhecimento não é apenas formado de técnicas, mas
regular se torna inclusiva quando respeita a necessidade também de uma preparação para um ensino de
de cada indivíduo e se prepara para atender a todos os qualidade. Isso envolve didática e mudanças na
tipos de necessidade (RAPOLI, 2010). metodologia de ensino, de modo que esses profissionais
As escolas inclusivas buscam uma educação sejam mediadores de sua formação, buscando trocas de
integradora na qual as mudanças educacionais e físicas experiências, por meio de práticas reflexivas e
possam organizar e garantir um ensino de qualidade para questionamentos da sua atividade docente.
todos. Nesse sentido, devem ocorrer mudanças nas Nóvoa (1995, p. 25) enfatiza que:
salas de aulas e no currículo na prática pedagógica, de
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A formação deve estimular uma perspectiva crianças, sem qualquer tipo de preconceito, inovando
crítica-reflexiva, que forneça aos nos recursos pedagógicos e buscando novas alternativas
professores os meios de um pensamento de convívio com essas crianças.
autônomo e que facilite as dinâmicas de O ideal seria que todos os docentes mostrassem
uma autoformação participada. Estar em para essas crianças que sim, que podemos tornar a
formação implica um investimento pessoal, sociedade igualitária para todos, sem diferença e
um trabalho livre criativo sobre os percursos preconceito, mas com os mesmos direitos, respeitando
e os projetos próprios, com vista á cada indivíduo com suas especificidades.
construção de uma identidade profissional. Para Azzi (2005), a importância da formação e
capacitação desses profissionais é uma questão
Baumel (2003), afirma que as exigências quanto bastante desafiadora, pois aqueles profissionais que se
à formação de professores geraram grandes preocupam com uma escola e um ensino de qualidade
perspectivas na formação continuada desses terão também uma preocupação maior com sua
profissionais, que atuam na área da educação. A Lei de formação e a didática utilizada em sala. Buscarão
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, junto alcançar maiores resultados com seus alunos, pois o
ao Conselho Nacional de Educação de 1999, é clara trabalho docente necessita se autoavaliar no processo
quanto às determinações impostas no que diz respeito à de ensino e aprendizagem.
formação inicial e continuada desses profissionais, e A inserção dos alunos com deficiência nas
principalmente quando se trata de educação especial. escolas regulares denota uma preocupação maior com a
O docente deve interligar a formação inicial e a qualificação dos profissionais que atuam na área e que
continuada com a finalidade de um desenvolvimento estarão em contato direto com essa criança, melhorando
profissional, gerando reflexão, compreensão e inovação, o aprendizado e a interação da mesma.
caracterizando a melhoria na educação e no ensino, Para Pimenta (2005), não basta só os docentes
buscando através dessas formações articulações entre estarem em processo de capacitação em sua formação,
os conteúdos acadêmicos e disciplinares. mas as escolas também precisam estar preparadas para
Para Freire (2006), a segurança que o docente atuar com a inclusão. Verificam-se ainda muitos
mostra em se expressar em sala de aula, bem como o fracassos dentro da sala de aula com os alunos,
domínio dos conteúdos mostra sua competência independente de transtornos ou distúrbios de
profissional. O docente que não leva a sério sua aprendizagem ou qualquer tipo de deficiência, pois não
profissão, que não se capacita, não estuda, não adquire há um sistema educacional inclusivo e também existe a
novos conhecimentos, não tem responsabilidade para falta de preparo desses profissionais, que acabam a
estar dentro da sala de aula. graduação e não estão preparados para atuar em sala de
O papel de ensinar requer respeito, levando em aula.
consideração as condições de conhecimentos com que Diante disso, Ribeiro (2003, p. 41) afirma que “a
esses sujeitos chegam às escolas, independente de suas perspectiva da inclusão exige o repensar das condições
condições culturais, políticas, econômicas e sociais. Os da prática docente e de suas dimensões, bem como de
professores devem estimular seus alunos, oferecendo suas repercussões na organização curricular e na
circunstâncias favoráveis à busca da autonomia e da avaliação”.
criatividade, tornando seus alunos críticos e reflexivos na Percebe-se que a experiência vivenciada por
prática educativa. A responsabilidade do professor, esses profissionais é o ponto de partida, pois há os que
assim, é de grande importância na formação desse atuam na área da educação porque têm a teoria, mas na
aluno. prática não têm qualquer experiência para trabalhar e
Conforme Pimenta (2005, p. 29): ensinar um sujeito que tenha necessidade de um ensino
mais significativo e diferenciado. É preciso repensar os
[...] entende, também, que a formação é, na valores enquanto educador e desenvolver um currículo
verdade, autoformação, uma vez que os preparado que tenha inclua teoria e a prática, através de
professores reelaboram os saberes iniciais estágios que envolvam o trabalho com essas crianças
em confronto com suas experiências que necessitam de tanto amor e carinho.
práticas, cotidianamente vivenciadas nos De acordo com Mittler (2003), os profissionais
contextos escolares. É nesse confronto e que atuam na escola devem estar preparados e
num processo coletivo de troca de qualificados para a inclusão, pois esse processo vai além
experiência e práticas que os professores de um propósito a ser atingido. Esses profissionais
vão constituindo seus saberes como prática, necessitam de apoio e oportunidades para seu
ou seja, aquele que constantemente reflete desenvolvimento como pessoa e profissional e, além
na e sobre a prática. disso, a família dessas crianças também tem direito de
que seus filhos estejam sendo atendidos por
Para Mittler (2003), o docente precisa ter esse profissionais preparados e qualificados para estarem
olhar diferenciado para essas pessoas com deficiência, juntos dos mesmos.
capacitando-se cada vez mais, buscando novas formas De acordo com Marchesi (2004, p. 44):
de agir para poder participar e ajudar no desenvolvimento
desse indivíduo com deficiência. Ele deve participar A formação dos professores e seu
ativamente desse processo com essa criança, buscando desenvolvimento profissional são condições
uma intervenção, fazendo com que esse indivíduo necessárias para que se produzam práticas
consiga ser inserido na escola junto com as outras integradoras positivas na escola. É muito
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