Você está na página 1de 6

CURSO DE DIREITO

Disciplina: Direito do Consumidor


Turno: Noite
Período: 8º (2020.2)
Aluno: Jean Carlos Nogueira Coimbra
Profº Esp.: Francisco Sérgio Vasconcelos

01. Como o Direito do Consumidor deve ser analisado, estudado e


compreendido?
R:
O Direito do Consumidor seja analisado, estudado e compreendido como um Direito
Social, em que é necessária a intervenção do Estado com o objetivo de implementar
políticas públicas que vise estabelecer condições materiais propícias ao auferimento da
igualdade entre os fornecedores e os consumidores.

02. Quem promoverá a defesa do consumidor e de que maneira?


R:
“Impõe-se ao Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor” (artigo 5º,
XXXII, da Constituição Federal) e que a ordem econômica deve observar o princípio da
defesa do consumidor (artigo 170, V, da Constituição Federal), sendo que a carta
constitucional foi além e estabeleceu que o “Congresso Nacional, dentro de cento e
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”
(artigo 48 das Disposições Transitórias da Constituição Federal)

03. Comente sobre o princípio da vulnerabilidade.


R:
A primeira importante constatação, a partir da interpretação do dispositivo
constitucional, é o reconhecimento constitucional de que o consumidor é vulnerável na
sociedade de consumo e de que é necessária a intervenção estatal de forma a promover a
defesa do consumidor. Assim, verifica-se que o princípio da vulnerabilidade do
consumidor encontra fundamento constitucional e não apenas no artigo 4º, inciso I, do
Código de Defesa do Consumidor. A bem da verdade, a legislação infraconstitucional,
ao reconhecer a vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, apenas
reiterou princípio que já advinha da norma constitucional.
04. De que maneira o Estado deve promover a defesa do consumidor?
R:
Portanto, o Inciso XXXII da Constituição Federal determina que deve existir no nosso
país a defesa e proteção do consumidor. Essa premissa é cumprida pelo Estado, que
criou o Código de Defesa do Consumidor para detalhar como ocorrerá essa proteção.
Além disso, o Estado também criou órgãos de representação do consumidor, como os
Procons, e disponibiliza assessoria jurídica gratuita por meio da defensoria pública e
dos juizados especiais cíveis para que esses e outros direitos sejam assegurados a todos
cidadãos brasileiros.

05. Porque o Código de Defesa do Consumidor é considerado um


microssistema?
R:
Um microssistema multidisciplinar, para proteger o consumidor, que é a parte mais
fraca da relação de consumo, faz-se necessário a utilização do Direito Constitucional
(dignidade da pessoa humana), Direito Civil (responsabilidade do fornecedor), Processo
Civil (ônus da prova), Processo Civil Coletivo (tutela coletiva do consumidor) e Direito
Penal (infrações e sançõe penais pela violação do CDC).

06. Comente sobre o princípio da informação.


R:
Por este princípio temos que a informação, para o direito do consumidor, possui duas
óticas. Enquanto o fornecedor possui o dever de informar, o consumidor tem o direito
de ser informado. O princípio da informação permite que as expectativas do consumidor
em relação a um produto ou serviço sejam atingidas, o que se conhece por
“consentimento informado” ou “vontade qualificada”. E, como é cediço, somente a
vontade livre e bem informada é suficiente para a validação dos contratos.

07. Comente sobre o Direito do Consumidor como um direito de ordem


pública e interesse social.
R:

O Poder Constituinte Originário, deixou de incluir na Constituição Federal um capítulo


específico com normas e direitos relativos especificamente ao Direito do Consumidor.
Parece-nos que a ausência de capítulo específico disciplinando o Direito do Consumidor
não importa em prejuízo à tutela do consumidor e, muito menos, denota ausência de
preocupação do Poder Constituinte Originário com relação à tutela do Direito do
Consumidor. Isso porque as normas constitucionais de Direito do Consumidor devem
ser apreendidas e decorrem de outros princípios gerais da Constituição Federal. Os
Direitos Sociais do Homem Consumidor são apreendidos, a partir, do princípio da
isonomia (artigo 5º, caput, da Constituição Federal), da dignidade da pessoa humana
(artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal), direito à intimidade, vida privada, honra
e imagem (artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal), o direito à informação (artigo
5º, inciso IX, da Constituição Federal), entre outros.

Assim, fica claro que o Direito do Consumidor possui seu fundamento na Constituição
Federal, sendo que o próprio artigo 1º do Código de Defesa do Consumidor reconhece
que o “código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias”.

08. O que significa abuso de poder contra o direito do consumidor?


R:
A lei 8.078/90 em seu Artigo 39 apresenta um rol que enumera as práticas abusivas
contra o consumidor e sua natureza exemplificativa é amplamente aceita pela
jurisprudência, com exemplo, podemos citar a exigência de vantagem exorbitante e
majoração do custo de produtos ou serviços sem justa causa, hipóteses vedadas pelos
incisos V e X do mensionado dispositivo.

09. As condenações no direito do consumidor podem ser genéricas?


R:
Sim. De acordo com o Artigo 95 do CDC as sentenças condenatórias que forem
favoráveis, que versem dobre direitos individuais coletivos, será sempre genérica. A
sentença genérica fixará a responsabilidade do réu pelos danos causados, cabendo a
liquidação estabelecer o prejuízo de cada lesado, ou seja, podendo variar de um
consumidor para outro.

10. As ações coletivas explicitadas pelo Código de Defesa do Consumidor


ensejam litispendência para as ações individuais? Justifique.
R:
Incorreto. Pois contraria o teor do art. 104, parte final, do CDC, o qual afirma que para
serem beneficiados os autores das ações individuais, deve ser requerida a suspensão da
ação em 30 dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

11. Comente os direitos básicos do consumidor em relação a


verossimilhança da alegação ou hipossuficiência da parte.
R:
A verossimilhança das alegações é uma prova de primeira aparência, e que se afere por
regras de experiência comum, normalmente em decorrência de eventos corriqueiros,
que ocorrem no dia-a-dia, e que assim dão credibilidade à versão do consumidor.
Consumidor Hipossuficiente aquele que se encontra em situação de impotência ou de
inferioridade na relação de consumo, ou seja, está em desvantagem em relação ao
fornecedor, decorrente da falta de condições de produzir as provas em seu favor ou
comprovar a veracidade do fato constitutivo de seu direito.

12. Como ocorre a inversão do ônus da prova em favor do consumidor a


critério do juiz?
R:
Com a inversão da prova, aliada à chamada “culpa objetiva“, não há necessidade de
provar-se dolo ou culpa, que dependerá a critério do juiz, da verossimilhança da
alegação da vítima e segundo as regras ordinárias de esperiência. A inversão do ônus da
prova não é postulado aplicácel a todas as situações jurídicas derivadas do consumo de
bens ou serviços, pois supõe o juízo de verossimilhança. (art. 6º, VIII)

13. Comente o artigo 14 § 4° do CDC.

R:
Responsabilidade do Profissional Liberal: Trata-se de uma exceção à responsabilidade
objetiva, tendo em que vista que a responsabilidade dos profissionais liberais é
subjetiva, ou seja, é necessária a comprovação da culpa.
Profissional Liberal é aquel que exerce a sua atividade profissional com grande
especialização, com autonomia e sem subordinação.
OBS: se você contrata um médico em especial, a responsabilidade dele é subjetiva; se
contrata uma sociedade de médicos, a responsabilidade é objetiva.
O hospital enquadra-se no caput do art. 14 do CDC, como fornecedor. Sendo sua
responsabilidade objetiva. Ao passo que o médico, está enquadrado no §4º, como
profissional liberal, response mediante culpa, sendo sua responsabilidade objetiva.

14. No período em que o consumidor estiver realizando suas compras,


independentemente da verificação da culpa, o supermercado fica
responsável pelo danos que ocorrerem no estacionamento que
gratuito? Justifique.

R:
O art. 14, CDC, dispõe que a responsabilidade civil dos fornecedores de serviços é
objetiva, fundada no risco da atividade por eles desenvolvida, não se fazendo
necessário perquirir acerca da existência de culpa.

15. O Código de Defesa do Consumidor deve ser compreendido como a


norma absoluta que veio a consagrar a proteção do consumidor no
Brasil?
R:
A natureza jurídica das normas consumeristas é de ordem pública, cogentes e caráter
social, que visam interesss gerais, impondo-se de modo absoluto, não permitindo o seu
afastameto ou incidência em decorrência da vontade popular. O CDC é de natureza
muldisciplinar, dividindo-se em quatro áreas:
Direito Material de Consumo(1º ao 54, CDC); Direito Administrativo (art. 55 ao 60,
CDC); Direito Penal (art. 61 ao 80, CDC) e Direito Processual (art. 81 a 104, CDC).

16. Entre os princípios que orientam o Código de Defesa do Consumidor


está a boa-fé objetiva. Comente-o.
R:
Representa o padrão de conduta que deve ser observado por todos os fornecedores no
mercado de consumo, com base em valores éticos, de modo a respeitar as expectativas
do consumidor naquela relação jurídica,
O fundamento é constitucional, de modo implícito (art. 1º,III e art. 3º, I da CF),
decorrente da dignidade da pessoa humana e da do princípio da solidariedade, e legal,
de modo expresso (art. 4º, III, CDC e arts. 113, 187 e 422, CC).
Funções da Boa-Fé:
a) Interpretativa ou critério hermêutico (CC, art. 113 e CDC, art. 4º,III). Quando
houver, por exemplo, cláusulas contratuais de interpretação dúbia, a intepretação deve
ser orientada de acordo com a boa-fé objetiva;
b) Função integrativa ou de criação de deveres jurídicos. A boa-fé objetiva cria
deveres anexos ao contrato que devem ser respeitados, tais como o dever de cuidado, o
dever de informação e o dever de cooperação;
 Dever de infomação: o fornecedor deve informar ao consumidor todas as
características do produto;
 Dever de cuidado: impõe ao fornecedor o dever de adotar uma conduta protetiva,
voltada a prestação de danos ao patrimônio e à pessoa do consumidor;
 Dever de cooperação: as partes de uma relação jurídica de consumo devem
cooperar entre si para que as obrigações sejam satisfeitas.

c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos. A atuação


do fornecedor é limitada pelo princípio da boa-fé objetiva. Os seus direitos não podem
ser exercidos de modo abusivo. A nulidade das causas incompatíveis com a boa-objeiva
é uma limitação ao exercício de direito do fornecedor.
17. O Código de Defesa do Consumidor se aplica aos empreendimentos
habitacionais promovidos pelas Sociedades Cooperativas?
R:
Sim. O STJ, há muito tempo, firmou a posição de que a cooperativa que promove um
empreendimento habitacional assume posição jurídica equiparada a uma incorporadora
imobiliária, estando sujeita, portanto, às disposições do CDC. Quando lança um plano
habitacional, a cooperativa age como prestadora de serviços, e os seus cooperados
(adquirentes) se equiparam a consumidores. Os cooperados adquirem o imóvel como
destinatários finais e são considerados vulneráveis, razão pela qual se enquadram no
conceito de consumidores.

18. O consumidor é vulnerável e hipossuficiente no mercado de consumo


consoante presunção jure et de jure? Justifique.
R:
Não. A vulnerabilidade do consumidor é presunção absoluta (jure et de jure) prevista
nos arts. 5º, XXXII e 170,V da CF, que impõem ao Estado o dever de proteção ao
consumidor, por outro lado, a hipossuficiência é aferida no caso concreto, portanto é
relativa.

19. O juiz não pode deferir a inversão do ônus da prova exclusivamente ao


consumidor? Justifique.
R:
Sim. Quando for verossimil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segunda as
regras ordinárias de experiências, nos termos do incido VIII, art. 6º, CDC.

20. Quando um produto é defeituoso?


R:
O art. 18 do CDC garante ao consumidor a escolha entre três alternativas quando o
produto apresentar algum defeito. Vale ressaltar que o consumidor pode ser valer do
direito em questão independentemente da garantia oferecida pelo fornecedor. O
consumidor poderá escolher entre: a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso; a devolução do valor pago; o abatimento
proporcional do preço. No entanto, a lei determina que antes da escolha entre as três
opções, o fornecedor terá o prazo de 30 dias para corrigir o defeito.
Porém, há exceções quanto ao prazo: a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade do produto ou as características do produto; a substituição
puder diminuir o valor do produto; o produto for essencial ao consumidor. Ainda vale
destacar, que se o produto retornar do fornecedor após o prazo de 30 dias e apresentar
novo defeito, o consumidor pode fazer a escolha entre as alternativas legais, não sendo
obrigado a aguardar novas correções.

Você também pode gostar