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o jardim de flores em meus pulmões

(fazer algo pro titulo/capa)


para as flores

(aqui vai as flores e talvez páginas? Ou talvez uma dedicatória geram para
todas as flores sla mano dps me viro)
estou doente?

porque o ar não encontra meus pulmões

meu peito se sente cansado

abatido e pesado

como se animais descansassem na grama alta em meu peito

minha infância cheia de hospitais

e máscaras com ar para ser inalado

conhece a rotina e o chiado em minha garganta

mas não é o mesmo

e o som mais se iguala com os pássaros

enquanto caída no chão, me encontro

meus braços cansados não se erguem e

com olhos fechados, ainda vejo

e então compreendo

a floresta que habita em mim


para a primeira flor – o espinho

Nunca pensei que pudesse perder o ar por alguém


até te conhecer. Eu ainda não sabia, mas eram
apenas as flores que estavam tomando conta do meu
peito e me impedindo de respirar. Você foi a
primeira a deixar flores em meu túmulo – pulmão.

Aprendi a respirar com elas aqui.

E seus espinhos não mais me machucam.


te conhecer foi como mergulhar

em um mar de águas desconhecidas

do azul mais límpido e cristalino

que se agitava no instante que conhecia minha pele quente

havia tanto para se ver

dezenas de espécies nunca antes vistas

porque existiam apenas em suas águas

as mesmas onde eu me aventurava ansiosa para te desvendar

me descobrir no processo

você apenas não me avisou dos perigos

das águas vivas e suas palavras que queimavam meu corpo

da frieza em suas ondas que congelavam meu sangue

e me arrastavam para a orla da tua alma

dos monstros que habitavam sua profundidade

e tentavam se alimentar da minha ingenuidade

sem equipamentos ou oxigênio

sem a experiência para saber como nadar de volta a você

apenas com meu fôlego curto, tentei

mas descobri em você mar impiedoso

e como pescadores que aventuram demais

me encontrei a deriva

apenas esperando que me afunde em ti


lembrar de você

é cair no mesmo abismo do qual me joguei

quando me apaixonei

é pensar que o descrevi como 'quase sem fim'

porque acreditei que você estaria me esperando

antes que meu corpo atingisse o chão

você não estava.


sei bem quando a insanidade chega em minha mente

não é entre as oscilações dos meus humores

nem nas alterações dos meus hormônios

muito menos nas marcas da minha mão que não marcaram o cimento

a insanidade chega no escuro da noite

antes dos sonhos e devaneios da madrugada

bem antes das ideias em minha mente ganharem vida em personagens

pouco depois da lista de mensagens lotada

se tornar apenas um vazio sem fim

a insanidade chega não quando estou só

mas quando me sinto sozinha

em um vazio profundo que me atinge a alma

onde me sinto caindo

caindo e,

caindo

sei quando a insanidade chegou quando sinto falta.

sinto falta de quem nunca me amou


lembrar de você

são dezenove facas afiadas em meu peito

uma para cada ano de vida teu quando te conheci

são cinco dardos em meu pulmão

um para cada mês que fiquei e me perdi

junto com meu ar

são quatro flechas em meus olhos

para cada vez que me ceguei

e te aceitei
eu te amava

e me apaixonei rapidamente

da mesma forma que adormeço

não percebi que estava caindo

até meu corpo atingir teu chão

eu te amava

forte e intenso

como pedras em um lago

eu tentava me manter calma e ficar ao teu lado

sendo constantemente atacada por você

e suas duras palavras

eu te amava

no pretérito da minha vida

imperfeito como éramos

indicando somente

o que não mais somos


lembrar de você

é aceitar minha inocência e estupidez

mas não o teu controle e tua posse

lembrar de você

é escrever todos os poemas que deixei de sentir

porque te lembrar doía e ardia

me encolhia dentro da redoma que você me fechou

lembrar de você

é ter certeza

que posso até me esquecer de você


para a segunda flor - crisântemo amarelo

O oceano nunca fora tão escuro e assustador como


naquele ano e meu corpo, outrora vívido, se tornava
apenas gelado por dentro um mar de decepções. Até
você surgir como um salva vidas de um filme
adolescente, com seus olhos brilhantes e sorriso
charmoso. Me puxando pra fora d’água e com seus
lábios me trazendo o ar. Como esperava que eu fosse
capaz de não me apaixonar?

Nunca pensei, porém, que a cor clara da tua alma


significasse apenas o que você nunca poderia me
dar.

Teu amor.
você me diz oi

me pergunta como estão as coisas

e então

como num passe de mágica

me tem inteira pra você

me vejo repetindo mesmos hábitos

mesmas palavras

mesmas músicas

que rondam minha mente em um repeat infinito

em um piscar de olhos tenho dezesseis novamente

sorrindo envergonhada para cada elogio

acreditando fielmente que cada palavra sua

é feita e recheada de sinceridade

de lealdade

de cuidado
tu poderia ter sido

meu último primeiro beijo

como nos versos da canção

que me cantava em horas vagas

mas tu nunca foi

e hoje não consigo entender

por que me importo

por que ainda me rendo e me entrego de volta a você?


digo que não sinto,

nada além de carinho por ti.

mas me encontro ansiosa

sobre a ideia de te encontrar a seguir

imagino diálogos e toques,

sorrisos e abraços

e me enlouquece não saber

tudo que pode querer

tu me conheces há tanto tempo

o suficiente para entender

que eu posso estar disposta

para tudo o que quiser fazer

nunca estive te esperando

mas não nego que estive pensando

em ti

em nós

no plural que poderíamos ser


a madrugada chegou e

inevitavelmente

procuro por você

em um relapso da minha mente

esqueço que te esqueci

esqueço até que estava tentando te esquecer


para a terceira flor – lírios

Você foi todas as cores de lírios que eu conhecia. A


pureza, inocência e lealdade. A amizade que se
tornou mais do que estávamos prontas para
entender. A segurança e os sentimentos bons em
meu peito. Foi o vermelho sensual e as descobertas
do que prazer poderia representar. Foi meus sonhos
de matrimônio no sentido mais tradicional de véu e
grinalda. Atração e admiração, mas não houve a
renovação de nosso amor. Porque nosso amor
também foi o significado mais poético das flores.

‘te desafio a me amar’

você não amou...


nunca vi teus olhos

teu sorriso eu não conheci

nunca ouvi tua voz

mas eu juro me apaixonei por ti

sem nem sequer precisar

te olhar

conheci teus jeitos

teu costume de falar

decifrei tuas reticências

antes mesmo do teu olhar

na tua pele eu não toquei

teu beijo não me arrepiou

nem sequer teu gosto eu sei

mas já sei o que tu me causaste


buscava estrelas no céu

qualquer uma com o brilho

que pudesse realizar meu pedido

de não estar apenas embaixo das mesmas estrelas contigo

mas embaixo do mesmo edredom

e quando as horas se encontravam no mesmo vazio

te dizia para fazer o teu pedido

enquanto fechava os olhos e rezava

para quem quer que me escutasse

que nossos desejos se encontrassem

em uma mesma estrela do céu

e talvez com sorte

ela poderia nos livrar desse destino cruel


nunca fui exatamente o que você sonhou

sei que mudei teus conceitos sobre amor

tu não me procurou

eu apenas apareci para ti

e esse foi o suficiente para nós

nunca entendi teu medo

como se assustava nos pequenos detalhes

por que não conseguia ver com tanta clareza

o que estava bem diante de teus olhos

por isso escondi minhas aflições

e te cantei apenas sobre o amor em nossos corações

te pedi para abandonar teu medo

e apenas mergulhar em mim

te prometi ser um mar calmo e tranquilo

mas não te imaginei como um navio de expedição

te implorei para cair

te fiz santuário para uma descida suave

sem imaginar que você poderia criar asas

e voar para longe de mim


tuas reticências

eram um deserto de incertezas

as tempestades de areia eram apenas tuas dúvidas

me cegando e me impedindo de achar teu lar

por entre o calor do meu corpo e do teu sopro

aprendi a seguir dentro de teu infinito

mas me perdi nos pontos que me entregava

ainda não havia percebido que reticências eram apenas

três afirmações de um final

...
o medo de me perder fez você dizer

as doces palavras que sonhei em ouvir

no momento em que as disse, meu peito doeu

com a compreensão do que era seu sentir

você negou com tudo que havia em ti

e seu amor provou com o mesmo que dizia sentir por mim

pensei que talvez eu pudesse, finalmente

amar alguém e não perder

o ar em meu peito,

nem deixar cair

pétalas vazias ao chão

na grama fria em meu jardim

vi a esperança para a doença em meu pulmão

observei a cura para meu pobre coração

porém

enquanto as cores dos teus lírios se espalhavam

e me sufocavam com todos teus significados

notei a mentira impregnada em teu ser

matando em mim todo o meu querer


tuas cores em flores quase cegam meus olhos

formando um caleidoscópio em minha mente

com todas as lembranças do que fomos

e do que poderíamos ter sido

me hipnotizando de volta a você

mas agora também me acalentam

ao se reduzirem e se solidificarem

em um único e precioso

lírio branco.
para a quarta flor – frésias

Em ti existia tua própria floresta particular. Me


questionei quantas vezes você acordou no meio da
noite com pétalas de rosas saindo de sua boca. E
quantas vezes alguém que te amava teve de tomar
a decisão entre te esquecer ou aceitar ter o peito
arranhado por espinhos e plantas venenosas.
Quantas vezes sequer você soube o que causou.

Tu não soube o quanto causou em mim. Porque


contigo conheci a terceira opção. Não precisava te
esquecer. Não precisava me sufocar entre pétalas.
Poderia apenas viver entre elas até que morressem.

E no cemitério de flores murchas, um novo e sólido


ramo nasceu.
bem me quer

ainda me queres mesmo comigo machucando um ser tão bonito?

mal me quer

me queres tão mal que nem ao menos me vê?

seguro esta flor na mão

traçando meu destino em pétalas macias

a cada uma que encontra o chão

é um novo sentimento que te entrego em suas mãos

se te entrego esta rosa, vazia como o que existe entre nós

verá o rastro que as flores deixaram e entenderá o que o sinto?

bem me quer

diga-me que me queres bem

mal me quer

ao menos me enxergue ao me dizer

bem me quer

mal me quer

as flores então se acabaram


me joguei de um abismo tão alto

mergulhando na vastidão do céu

sentindo em minha pele o poder de voar

até seus olhos

então te encontrar

não esperei teu sinal antes de cair

confundi teus sentimentos com medo

teu cuidado com amor

tua proteção com paixão

não eram seus olhos aqui

eram apenas o reflexo do meu próprio desespero

porque me encontrei,

novamente

sozinha
mentir para você é fácil

as palavras caem como a água em cachoeira

descontroladamente, sem precisar de um impulso humano

mentir para você foi fácil

tão simples que nem ao menos notei

mentir para você doía

meu peito se expandia, aberto e ferido

porque você merecia minha verdade - meu eu

e esse eu queria ser honesta com alguém na vida

mentir para você

era como mentir para mim

mentir para você hoje

foi quebrar algo em mim - em nós

e não saber o que, como ouvir vidro se partindo

mas não ser capaz de encontrar os pedaços perigosos

sei somente que irei me cortar - e te machucar


plantei sementes em meus peitos

das mais variadas espécies

esperei que as tulipas vermelhas

florescessem em nós

e trouxessem teu amor com elas

reguei com cuidado as folhas do gerânio

querendo que surgissem sentimentos em teu peito

enquanto as flores se abrissem em mim

importei novas plantas

sonhei com uma floresta só tua em mim

esqueci, porém

que as únicas sementes uteis

eram aqueles em teu coração

e no sangue pulsante em ti

existiam apenas e somente

as frésias
para todas as outras flores – meu buquê de jacintos

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