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Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 847.039 RIO GRANDE DO SUL

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


RECTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
RECDO.(A/S) : SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA -
DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO GRANDE DO
SUL - SESI - RS
ADV.(A/S) : LEONARDO RODRIGO SILVA TONICO E
OUTRO(A/S)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO
SOCIAL. PIS. EXECUÇÃO FISCAL.
CARACTERIZAÇÃO DE PESSOA
JURÍDICA COMO ENTIDADE
BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL. ARTIGO 195, § 7º DA
CONSTITUIÇÃO. REPERCUSSÃO
GERAL REJEITADA PELO PLENÁRIO
DO STF NO RE 642.442-RG, TEMA Nº 459.
CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE
INFRACONSTITUCIONAL.
1. A controvérsia sobre o preenchimento de
requisitos da Lei nº 8.212/1991, a fim de
caracterizar a pessoa jurídica como entidade
beneficente de assistência social, não revela
repercussão geral apta a tornar o apelo
extremo admissível, consoante decidido
pelo Plenário Virtual do STF, na análise do
RE 642.442-RG, Rel Min. Cezar Peluso, DJe
de 8/9/2011.
2. In casu, o acórdão recorrido assentou:
“EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. SESI.
PIS. IMUNIDADE. ART. 195, § 7º , DA
CF/88. ART. 55 DA LEI 8.212/91. LEI Nº

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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RE 847039 / RS

2.613/55. 1. O parágrafo sétimo do art. 195 da


Constituição de 1988, ao declarar isentas de
contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência social que
atendam às exigências estabelecidas em lei,
instituiu verdadeira imunidade, e não mera
isenção. 2. O art. 55 da Lei 8.212/91 instituiu e
regulamentou uma isenção genérica, sem,
contudo, revogar ou disciplinar as isenções
específicas então em vigor, entre as quais a
prevista na Lei nº 2.613, de 27/09/55, que se
aplica ao SESI, ao SESC, ao SENAI e ao
SENAC e foi, ainda recentemente (Lei nº 8.706,
de 15/09/93), estendida ao SEST e ao SENAT.
Essa lei se inclui no mesmo universo normativo
da Lei 8.212/91, destinadas que são a
regulamentar o tratamento tributário das
entidades beneficentes de assistência social que a
Constituição de 1988 passou da condição de
isentas à de imunes. 3. O SESI é entidade
privada de serviço social e de formação
profissional, assim conceituada pelo art. 240 da
própria Constituição, e nessa condição é
mantido mediante contribuições sociais, de
natureza tributária, a cargo das empresas
industriais, estando caracterizado como entidade
beneficente de assistência social pela própria lei
que o criou (DL 9.403/46) e respectivo
regulamento (Dec. 57.375/65), não sendo de se
exigir, por sua natureza institucional, que seja
portador de Certificado de Entidade Beneficente
de Assistência Social para o gozo da imunidade
do § 7º do art. 195 da Constituição. 4. A

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RE 847039 / RS

imunidade prevista no § 7º do art. 195 da CF/88


estende-se também à renda obtida pelo SESI nas
atividades desenvolvidas em suas farmácias e
empreendimentos congêneres, destinados ao
atendimento de seus fins beneficentes.”.
3. Recurso DESPROVIDO.

DECISÃO: Trata-se de recurso extraordinário (fls. 234 do Doc. 06)


interposto pela UNIÃO, manejado com arrimo na alínea a do permissivo
constitucional, contra acórdão (fls. 205 do Doc. 06) cuja ementa tem o
seguinte teor:

“EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. SESI. PIS.


IMUNIDADE. ART. 195, § 7º , DA CF/88. ART. 55 DA LEI
8.212/91. LEI Nº 2.613/55.
1. O parágrafo sétimo do art. 195 da Constituição de 1988, ao
declarar isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências
estabelecidas em lei, instituiu verdadeira imunidade, e não mera
isenção.
2. O art. 55 da Lei 8.212/91 instituiu e regulamentou uma
isenção genérica, sem, contudo, revogar ou disciplinar as isenções
específicas então em vigor, entre as quais a prevista na Lei nº 2.613, de
27/09/55, que se aplica ao SESI, ao SESC, ao SENAI e ao SENAC e
foi, ainda recentemente (Lei nº 8.706, de 15/09/93), estendida ao
SEST e ao SENAT. Essa lei se inclui no mesmo universo normativo
da Lei 8.212/91, destinadas que são a regulamentar o tratamento
tributário das entidades beneficentes de assistência social que a
Constituição de 1988 passou da condição de isentas à de imunes.
3. O SESI é entidade privada de serviço social e de formação
profissional, assim conceituada pelo art. 240 da própria Constituição,
e nessa condição é mantido mediante contribuições sociais, de
natureza tributária, a cargo das empresas industriais, estando
caracterizado como entidade beneficente de assistência social pela
própria lei que o criou (DL 9.403/46) e respectivo regulamento (Dec.

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RE 847039 / RS

57.375/65), não sendo de se exigir, por sua natureza institucional, que


seja portador de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência
Social para o gozo da imunidade do § 7º do art. 195 da Constituição.
4. A imunidade prevista no § 7º do art. 195 da CF/88 estende-se
também à renda obtida pelo SESI nas atividades desenvolvidas em
suas farmácias e empreendimentos congêneres, destinados ao
atendimento de seus fins beneficentes.”

Opostos embargos de declaração que foram rejeitados (fls. 225 do


Doc. 06).
Nas razões do apelo extremo, sustenta preliminar de repercussão
geral e, no mérito, aponta ofensa ao disposto no artigo 195, § 7º, da
Constituição Federal. Alega que a Constituição não recepcionou a isenção
genérica da Lei nº 2.613/1955 e que deveria, portanto, incidir no caso o
artigo 55 da Lei nº 8.212/1991.
O Superior Tribunal de Justiça não conheceu do recurso especial (fls.
366 do Doc. 06).

É o relatório. DECIDO.

A controvérsia sobre o preenchimento de requisitos da Lei nº


8.212/1991, a fim de caracterizar a pessoa jurídica como entidade
beneficente de assistência social, não revela repercussão geral apta a
tornar o apelo extremo admissível, consoante decidido pelo Plenário
Virtual do STF, na análise do RE 642.442-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe
de 8/9/2011, Tema nº 459, que possui a seguinte ementa:

“RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade.


Imunidade tributária. Entidade beneficente de assistência
social. Requisitos legais. Tema infraconstitucional.
Precedentes. Ausência de repercussão geral. Recurso
extraordinário não conhecido. Não apresenta repercussão geral
recurso extraordinário que, tendo por objeto o preenchimento dos
requisitos impostos pelo art. 55 da Lei 8.212/1991, aptos a
caracterizar pessoa jurídica como entidade beneficente de assistência

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social, para efeitos de reconhecimento de imunidade tributária, versa


sobre tema infraconstitucional.”

No mesmo sentido, confira o RE 771.001-AgR, Rel. Min. Cármen


Lúcia, Segunda Turma, DJe de 11/11/2013.
Ex positis, DESPROVEJO o recurso, com fundamento no artigo 21,
§1º, do RISTF.
Publique-se.
Brasília, 18 de novembro de 2014.
Ministro LUIZ FUX
Relator
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