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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
2ª Turma

Identificação

PROCESSO nº 0021116-07.2015.5.04.0000 (AgR)


AGRAVANTE: HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEICAO SA
AGRAVADO: MARCELO JOSE FERLIN D'AMBROSO
RELATOR: MARCELO JOSE FERLIN D'AMBROSO

EMENTA

AGRAVO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR. ART. 557, CAPUT E §1º-A,


DO CPC. REGIME 12X36. 1. O art. 557 do CPC autoriza o Relator, por meio de decisão
monocrática, a negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente,
prejudicado ou em confronto com Súmula ou jurisprudência dominante do respectivo Tribunal,
do Supremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, assim como, com fulcro no §1º-A do art.
557 do CPC, a dar provimento ao apelo se a decisão impugnada estiver em manifesto
confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de
Tribunal Superior. A Súmula 435 do TST pacificou a aplicação do art. 557 do CPC no processo
do trabalho. 2. No caso, o recurso ordinário interposto pela ré, mostra-se manifestamente
improcedente, sem chance de êxito no Colegiado, pois o sistema de trabalho 12x36h não foi
respeitado pelo empregador, uma vez que a autora foi submetida a extensas jornadas de
trabalho, sem o correspondente descanso de 36h como estabelece a regra, restando inválido o
regime. 4. Denegação de seguimento ao recurso ordinário da ré mantida, na forma do art. 557
do CPC. Todavia, esta Turma julgadora, nesta composição, entendeu pelo provimento do
agravo e seguimento ao julgamento do recurso ordinário.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho


da 04ª Região: por maioria, vencido o Exmo. Des. Relator, DAR PROVIMENTO AO AGRAVO
REGIMENTAL DO RÉU para efeito de dar seguimento ao julgamento do recurso ordinário.

Intime-se.

Porto Alegre, 27 de agosto de 2015 (quinta-feira).

Cabeçalho do acórdão

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Acórdão

RELATÓRIO

O réu interpõe agravo, na forma regimental, contra a decisão monocrática proferida por este
Relator, que, com fundamento no art. 557 do CPC, negou seguimento ao seu recurso ordinário
interposto nos autos do processo 0020320-47.2014.5.04.0001.

Pelas razões de agravo aduzidas, o agravante pretende a análise do recurso pela Turma com
relação ao decidido quanto à validade do regime 12x36, banco de horas e diferenças de
adicional noturno.

Mantida a decisão atacada, os autos são remetidos a este Órgão Fracionário para julgamento,
na forma regimental.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

AGRAVO REGIMENTAL DO RÉU HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.

O réu alega não haver amparo legal, contratual ou normativo para a sua condenação no
pagamento de horas extras além da 36ª semanal, pois o regime 12x36 não implicaria carga
horária permanente de 36 horas semanais. Aduz que a autora trabalharia em uma semana 36
horas e, na outra, 48 horas. Afirma que os intervalos foram corretamente observados no
período em que a autora trabalhou no regime 12x36, o qual encontra respaldo no art. 7º, XIII e
XXVI da Constituição Federal. Assevera que as normas coletivas autorizam a adoção do
regime 12 x 36 e que a decisão violaria a Súm. 444 do TST. No que tange ao banco de horas,
diz ter observado as formalidades previstas nas normas coletivas, invocando a existência do
"sistema de frequência Honda", o qual controlaria o prazo de compensações do banco de
horas, sendo obrigatório que o empregado compense as horas existentes no sistema. Assevera
que os empregados têm acesso aos cartões ponto e ao banco de horas. No que tange às
diferenças de adicional noturno após as 5 horas, afirma que a parcela já está computada no
cálculo do repouso semanal, pois se trata de empregado mensalista.

Ocorre que os tópicos ressuscitados no agravo, quanto à negativa de seguimento do recurso


do réu por manifesta improcedência (confronto com a jurisprudência dominante deste Tribunal
e do TST) estão bem resolvidos pela decisão monocrática proferida nos autos principais, com
fulcro no art. 557 do CPC. Estes foram os fundamentos da decisão agravada:

"(...) A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho tem admitido,

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excepcionalmente, a possibilidade de adoção dos regimes de 12 horas de


trabalho por 36 horas de descanso prevista em lei ou ajustada exclusivamente
por regular negociação coletiva. Neste sentido, o entendimento expresso na
Súmula 444 do TST:

SÚM-444. JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12


POR 36. VALIDADE - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 -
republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-
504280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012 É valida, em caráter
excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso,
prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho
ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos
feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional
referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas.

Tal entendimento prestigia as peculiaridades inerentes às categorias profissionais


que laboram em sistema de plantões (vigilantes e enfermeiros, por exemplo) e
deriva da constatação de que esse regime é, de certo modo, benéfico ao
trabalhador, pois se, por um lado, em determinada semana a jornada máxima
semanal de 44 horas é ultrapassada em pequena quantidade de horas (4 horas,
em geral), por outro, no conjunto do mês, a duração do labor fica, muitas vezes,
inferior a 220 horas. Ademais, o sistema propicia ao trabalhador um período
maior de descanso entre as jornadas. Por essas razões, não se aplica à espécie
o limite para a prestação de horas suplementares de que trata o art. 59, § 2º, da
CLT, prevalecendo a autonomia negocial coletiva sobre a duração do trabalho
(art. 7º, XXVI e XIII, CF), diante das peculiaridades da categoria.

Todavia, no caso sob apreço, o regime compensatório adotado entre as


partes é absolutamente inválido não apenas porque descumpridas as
cláusulas normativas atinentes à matéria, mas também porque totalmente
desrespeitado o próprio regime em si.

A Convenção Coletiva de Trabalho, em sua Cláusula Quadragésima (ID 2850342


- Pág. 7, CCT 2011/2013), dispõe que as partes poderão adotar regime de
compensação horária, visando à compensação dos momentos de inatividade e
até mesmo de redução horário, estabelecendo que as horas laboradas na
semana não poderão exceder 44 horas semanais. Nestes termos:

CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA - REGIME DE COMPENSAÇÃO HORÁRIA

O empregador poderá adotar um regime de compensação horária. Neste caso, o


acréscimo na jornada diária visará compensar a inatividade ou redução horária
nos sábados ou em outros dias da semana, e o total de horas trabalhadas na
semana não poderá exceder a 44 (quarenta e quatro) horas semanais.

Parágrafo Primeiro Regime de 12 x 36 Na jornada de trabalho poderão os


empregadores ajustar o regime de compensação de horário usual em hospitais,
qual seja, 12 (doze) horas de atividade intercaladas por repouso de, no mínimo,
36 (trinta e seis) horas, concedendo 1 (uma) folga mensal, devendo ser mantidas
as folgas adicionais que porventura estejam sendo concedidas pelos
empregadores, sem que as horas excedentes à oitava de cada jornada sejam
consideradas extraordinárias. Tal cláusula é firmada por interessar a ambas as
partes e porque as características que envolvem as atividade hospitalares
merecem regulamentação especial, principalmente, devido aos costumes, uma
das fontes inquestionáveis de direito.

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Parágrafo segundo: Ficam o empregado e o empregador autorizados, a qualquer


tempo, suspender a adoção do regime de compensação horária.

Ora, a teor do que se depreende dos registros de ponto (vide ID 2850354,


2850396) o sistema de trabalho 12x36h não foi respeitado pelo empregador,
uma vez que a autora foi submetida a extensas jornadas de trabalho, sem o
correspondente descanso de 36h como estabelece a regra. O controle
atinente ao período 01/12/2009 31/12/2009 (ID 2850354 - Pág. 10) dá conta, a
título de exemplificação, que a autora trabalhou nos dias 12, 13 e 14 de
dezembro, respectivamente, nos horários das 18:41 00:00 01:00 07:12, das
18:28 00:00 01:00 07:05 e das 18:46 00:00 01:00 07:12, sem o descanso de
36 horas.

A situação conduz, inevitavelmente, à invalidade do regime de compensação


instituído pelas partes, sendo devidas como extras as horas irregularmente
compensadas. Assim, tendo em vista que o Hospital demandado não cumpriu
com as suas obrigações no que tange ao regime compensatório, submetendo a
trabalhadora à jornada de trabalho não compatível com o regime 12x36h,
mantenho a decisão originária que o condenou na paga de horas extras,
mantidos, por conseguinte, os reflexos igualmente deferidos.

Na mesma linha, os precedentes desta 2ª Turma:

HORAS EXTRAS/ REGIME COMPENSATÓRIO. Hipótese em que o regime


compensatório especial na modalidade 12x36, embora previsto pela atual
Súmula 444 do TST, foi adotado de modo irregular pela reclamada, porquanto
não se ateve às formalidades estabelecidas nas normas coletivas da categoria
para sua instituição. Provimento negado ao recurso. (TRT da 04ª Região, 2a.
Turma, 0000968-02.2012.5.04.0025 RO, em 22/05/2014, Desembargadora Tânia
Rosa Maciel de Oliveira - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargador
Alexandre Corrêa da Cruz, Desembargadora Tânia Regina Silva Reckziegel)

JORNADA DE TRABALHO. REGIME 12X36. Consoante o entendimento


jurisprudencial expresso na Súmula 444 do TST, admite-se, excepcionalmente, a
adoção de jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso, se
prevista em lei ou ajustada exclusivamente por regular negociação coletiva,
ficando assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados.
Entretanto, quando verificada a prestação de trabalho além de 12 horas diárias,
de forma habitual, o sistema de trabalho 12X36 torna-se inválido, pois ao invés
de beneficiar o trabalhador acaba por prejudicá-lo, no caso concreto, sendo
devidas como extras as horas laboradas além da oitava diária e 44ª semanal.
(TRT da 04ª Região, 2a. Turma, 0001109-56.2013.5.04.0002 RO, em 07/10/2014,
Desembargador Marcelo José Ferlin D Ambroso - Relator. Participaram do
julgamento: Desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, Desembargadora Tânia
Regina Silva Reckziegel)

REGIME COMPENSATÓRIO INEXISTENTE. INAPLICABILIDADE DO ITEM IV,


DA SÚMULA 85 DO TST. Inviável a incidência da Súmula 85, IV, do TST, pois
não havia a adoção do regime compensatório. Inobstante a autorização no
contrato individual de trabalho de adoção do regime de compensação semanal
de jornada, a autora trabalhou, na maior parte do contrato, em regime 12x36, não
autorizado pelas normas coletivas acostadas aos autos. Além disso, no período
em que não trabalhou em tal regime, verifica-se o labor em mais de seis dias
consecutivos, sem a concessão de folga compensatória. Incidência das Súmulas
444 e 146 e da Orientação Jurisprudencial 410 do TST. Não bastasse, a atividade
era insalubre e não havia autorização da autoridade competente para execução

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de jornada compensatória. (TRT da 04ª Região, 2a. Turma,


0001201-19.2013.5.04.0104 RO, em 11/12/2014, Desembargador Marcelo José
Ferlin D Ambroso - Relator. Participaram do julgamento: Desembargador
Alexandre Corrêa da Cruz, Desembargadora Tânia Regina Silva Reckziegel)

Portanto, são nulos os regimes de compensação adotados pelo hospital (12 x 36


e de banco de horas), diante das irregularidades constatadas (cumprimento de
carga horária semanal além do limite legal, realização de jornada suplementar de
forma habitual, não concessão da folga remunerada semanal) e por não haver
notícia nos autos de que fosse possível a empregada contabilizar os débitos e
créditos das horas laboradas, quesito imprescindível à validação do sistema
"banco de horas".

No mesmo norte, os seguintes precedentes da Turma e do Tribunal:

HOSPITAL CONCEIÇÃO. HORAS EXTRAS. BANCO DE HORAS. REGIME DE


COMPENSAÇÃO - 12X36. ATIVIDADE INSALUBRE. Não obstante as
convenções coletivas autorizarem a adoção de "banco de horas", não há nos
autos comprovação de prévia licença pela autoridade competente em higiene e
segurança do trabalho para a prorrogação da jornada em condições insalubres
(artigo 60 da CLT). Inválidos os sistemas adotados, em face do labor dos
demandantes em atividade insalubre. Ausência de qualquer elemento dando
conta de que os autores tivessem ciência do saldo existente no "banco de horas"
praticado pelo hospital, requisito fundamental para a validação do aludido
sistema. Comprovado, de resto, o cumprimento habitual de jornada extraordinária
pelos trabalhadores, inclusive em desrespeito ao descanso semanal
remunerado e em quantidade de horas excedente ao limite legal. Apelo dos
reclamantes providos, para condenar o hospital ao pagamento de horas extras,
assim consideradas as posteriores à 6ª diária e à 36ª semanal, conforme jornada
inicialmente pactuada entre as partes. (TRT da 04ª Região, 2a. Turma,
0000434-51.2013.5.04.0016 RO, em 05/02/2015, Desembargador Alexandre
Corrêa da Cruz - Relator. Participaram do julgamento: Desembargadora Tânia
Regina Silva Reckziegel, Desembargador Marcelo José Ferlin D Ambroso)

HOSPITAL CONCEIÇÃO. BANCO DE HORAS. INVALIDADE. Nada obstante a


autorização prevista nas normas coletivas para a adoção de banco de horas, na
hipótese em análise não há prova de que foram observados os requisitos
necessários à sua implementação, tal como previsto nas convenções coletivas.
Ademais, é inválido o regime de banco de horas que não permite ao trabalhador
o efetivo controle do saldo nele existente e cuja compensação não observa o
prazo ajustado. Recurso ordinário do reclamado a que se nega provimento, no
aspecto. (TRT da 04ª Região, 1ª Turma, 0000298-51.2013.5.04.0017 RO, em
11/06/2014, Desembargadora Laís Helena Jaeger Nicotti - Relatora. Participaram
do julgamento: Desembargadora Rosane Serafini Casa Nova, Desembargador
Marçal Henri dos Santos Figueiredo).

HORAS EXTRAS. BANCO DE HORAS. INOBSERVÂNCIA DAS NORMAS


COLETIVAS. IRREGULARIDADE. Ainda que haja norma coletiva autorizando a
prática de banco de horas, o não atendimento dos requisitos estabelecidos para
a sua implantação torna irregular o regime compensatório adotado pelo
empregador, fazendo jus o trabalhador ao pagamento das horas extras
correspondentes. (TRT da 04ª Região, 8ª Turma, 0001204-26.2012.5.04.0001
RO, em 20/11/2014, Desembargador João Paulo Lucena - Relator. Participaram
do julgamento: Desembargador Francisco Rossal de Araújo, Desembargador
Fernando Luiz de Moura Cassal).

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Com relação ao adicional noturno, o art. 73 da CLT prevê seu pagamento aos
empregados que desenvolvem suas atividades laborais entre as 22h de um dia e
as 5h do dia seguinte. E, nos termos do §5º deste dispositivo, também é devido o
adicional noturno sobre as horas prorrogadas em horário diurno, depois das 5h,
hipótese que se verifica no caso dos autos. Este plus, vale dizer, visa a
compensar a fadiga pelo trabalho em horário noturno, que é intensificada quando
há prorrogação da jornada noturna em horário diurno, conforme o entendimento
consagrado na Súm. 60 do TST:

ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM


HORÁRIO DIURNO.

I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado


para todos os efeitos.

II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta,


devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, §
5º, da CLT.

A adoção do regime 12x36 resta incontroversa, mas tal circunstância não se


mostra suficiente a afastar o pagamento do adicional para hora noturna, nos
termos da OJ 388 do TST, aplicável por analogia:

JORNADA 12X36. JORNADA MISTA QUE COMPREENDA A TOTALIDADE DO


PERÍODO NOTURNO. ADICIONAL NOTURNO. DEVIDO. O empregado
submetido à jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, que
compreenda a totalidade do período noturno, tem direito ao adicional noturno,
relativo às horas trabalhadas após as 5 horas da manhã.

Assim, o trabalhador que labora em jornada que compreenda a totalidade do


período noturno, ainda que inicie a laborar antes deste, tem direito ao adicional
noturno também quanto ao serviços prestados após as 5 horas da manhã.

No mesmo sentido, as seguintes decisões desta Turma Julgadora:

PRORROGAÇÃO DO ADICIONAL NOTURNO. Iniciada a jornada no período


noturno e prorrogada até o dia seguinte, é devido o adicional noturno
relativamente às horas laboradas após as 5h da manhã, aplicando-se à hipótese
a previsão do inciso II da Súmula 60 do C. TST. (TRT da 04ª Região, 2a. Turma,
0001207-80.2010.5.04.0023 RO, em 10/07/2014, Desembargadora Tânia Rosa
Maciel de Oliveira - Relatora. Participaram do julgamento: Desembargador
Alexandre Corrêa da Cruz, Desembargador Marcelo José Ferlin D Ambroso)

RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR. ADICIONAL NOTURNO.


PRORROGAÇÃO DA JORNADA NOTURNA. É devido o pagamento do
adicional noturno também sobre as horas prorrogadas após às cinco horas da
manhã, em horário diurno, nos termos do §5º do art. 73 da CLT, porque este
adicional visa a compensar a fadiga pelo trabalho em horário noturno,
intensificada quando há prorrogação da jornada, conforme o entendimento
consagrado na Súmula 60 do TST. Sentença modificada neste item. (TRT da 04ª
Região, 1a. Turma, 0000983-62.2012.5.04.0027 RO, em 30/10/2013,
Desembargador Marcelo José Ferlin D Ambroso - Relator. Participaram do
julgamento: Desembargadora Iris Lima de Moraes, Desembargadora Laís Helena
Jaeger Nicotti)

ADICIONAL NOTURNO. PRORROGAÇÃO. Uma vez prorrogada a jornada

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cumprida no período noturno, o empregado tem direito ao adicional noturno


incidente sobre as horas trabalhadas após as 5 horas da manhã. Inteligência do
artigo 73, § 5º, da CLT e da Súmula nº 60, item II, do TST. (TRT da 04ª Região,
2a. Turma, 0000556-04.2011.5.04.0382 RO, em 08/05/2014, Desembargadora
Tânia Regina Silva Reckziegel - Relatora. Participaram do julgamento:
Desembargadora Tânia Rosa Maciel de Oliveira, Desembargador Marcelo José
Ferlin D Ambroso)

Neste diapasão, não há como prover o recurso do réu, porque manifestamente


improcedente e contrário ao entendimento sumulado do TST e ao entendimento
desta Turma que representa o entendimento majoritário desta Corte.

No tocante ao pedido de limitação porque implementada a parcela na folha desde


janeiro de 2009, nada a prover, pois a condenação está limitada às diferenças de
adicional noturno, pois autorizado o abatimento dos valores já satisfeitos, não
havendo perigo de pagamento duplo.

Ainda, sendo a autora empregada mensalista, consideram-se contraprestados os


repousos semanais remunerados compreendidos no salário base mensal, sem a
consideração da jornada extraordinário e noturna, mostrando-se corretos os
reflexos do adicional noturno nos RSR.

Por derradeiro, revendo posicionamento anterior sobre a matéria, passo a adotar,


por questão de disciplina judiciária, o entendimento consubstanciado na OJ 394
da SDI-1 do TST, no sentido de que a majoração do valor do repouso semanal
remunerado, em razão da integração das horas extras habitualmente prestadas,
não repercute no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do
FGTS, sob pena de caracterização de "bis in idem".

Dou provimento ao recurso ordinário para determinar que os reflexos das horas
extras sejam calculados sem a consideração do aumento da média
remuneratória dos repousos semanais remunerados. Nego-lhe seguimento, no
restante.

Inexiste afronta a qualquer dos dispositivos legais mencionados em recurso.


Todavia, ficam os mesmos prequestionados para todos os efeitos, forte na
Súmulas 297 e na OJ 119, ambas do TST.

DECISÃO

Isto considerado, com fundamento no art. 557 do CPC, DOU PROVIMENTO


PARCIAL AO RECURSO ORDINÁRIO DO RÉU para, na linha da OJ 394 da
SDI-I do TST, determinar que os reflexos das horas extras sejam calculados sem
a consideração do aumento da média remuneratória dos repousos semanais
remunerados, e NEGO SEGUIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DO RÉU no
restante, diante da consonância da decisão recorrida à jurisprudência dominante
deste Tribunal e, também do TST, e da manifesta improcedência das pretensões
recursais, anotando que esta decisão expressa a aplicação da lei (art. 557 do
CPC) e da jurisprudência dominante deste Regional. Advirto as partes quanto à
disciplina do §2º do art. 557 do CPC, na insistência. Valor da condenação
inalterado, para os fins legais."

Como se vê, a pretensão recursal deduzida pela agravante esbarra frontalmente no


entendimento pacificado no TST (Súms 444 e 60 do TST e OJ 388 da SDI-I do TST) e na
jurisprudência dominante deste Órgão Fracionário, sendo o recurso ordinário manifestamente

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improcedente. Consequentemente, não vislumbro razões para conclusão diversa da explanada


na decisão monocrática.

Cabe reiterar que o art. 557 do CPC autoriza o Relator, por meio de decisão monocrática, a
negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em
confronto com Súmula ou jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, do Supremo
Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, assim como, com fulcro no §1º-A do art. 557 do CPC,
a dar provimento ao apelo se a decisão impugnada estiver em manifesto confronto com súmula
ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. A
Súmula 435 do TST pacificou a aplicação do art. 557 do CPC no processo do trabalho, in
verbis:

ART. 557 DO CPC. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO


TRABALHO. Aplica-se subsidiariamente ao processo do trabalho o art. 557 do
Código de Processo Civil.

O recurso ordinário da ré, além de contrário à súmula do TST, no tocante à matéria fática
revela-se manifestamente improcedente, como visto acima.

Destaco que o recurso manifestamente improcedente, nas palavras de Nagib Slaibi Filho,
corresponde ao apelo que não tem chance de êxito no Órgão Colegiado, ou, de acordo com
Tania Fakiani Haluli, o recurso em desacordo com a postura do Colegiado. Em outras palavras,
aprofundando os ensinamentos de Nagib Slaibi Filho, o Relator funciona como Delegado do
Colegiado, significando dizer que não há limites de matéria, prova ou direito a serem
restringidos ao alcance do art. 557. Basta que o Membro do Órgão Fracionário da Corte tenha
o cuidado de ser fiel à visão coletiva de seus pares.

Diante do exposto, com espeque no art. 557 do CPC (Instrução Normativa 17/1999 e Súmula
435, ambas do TST), mantenho a decisão monocrática pelos seus próprios fundamentos, sem
verificar ofensa a qualquer dos dispositivos arrolados no agravo que ficam, contudo,
prequestionados para todos os efeitos.

Assinatura
MARCELO JOSE FERLIN D'AMBROSO

Relator

VOTOS

DESEMBARGADORA TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL:

Diversamente do entendimento do nobre Relator, considero inadequada a adoção de decisão

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monocrática na forma do permissivo contido no artigo 557 do CPC, quando a matéria objeto do
recurso envolva valoração da prova (horas extras e adicional noturno), em prejuízo ao duplo
grau de jurisdição e à ampla defesa.

Em face ao exposto, opto em dar provimento ao agravo regimental para efeito de dar
seguimento ao recurso ordinário do reclamado.

DESEMBARGADORA TÂNIA ROSA MACIEL DE OLIVEIRA:

VOTO DIVERGENTE.

APRECIAÇÃO COLEGIADA.

Respeitados os posicionamentos em sentido contrário, e mesmo considerando elogiáveis os


esforços dispendidos no sentido de oferecer celeridade ao processo, entendo que o caso em
apreço não se amolda à possibilidade legal e jurisprudencial de julgamento por decisão
monocrática, sem que haja risco de ofensa à outros princípios constitucionais, tais como o de
oferecimento do devido processo legal e do duplo grau de jurisdição, por exemplo.

Ademais, nas matérias em debate no recurso, consideradas as particularidades do feito em que


se discute a valoração da prova relativamente às horas extras e o adicional noturno, tenho
que a matéria não se presta à hipótese de julgamento por decisão monocrática de acordo com
a regra constante no art. 557 do CPC: "O relator negará seguimento a recurso manifestamente
inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior".

Assim, dou parcial provimento ao agravo para, alterando o procedimento adotado, submeter à
apreciação colegiada suas razões recursais.

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADOR MARCELO JOSÉ FERLIN D AMBROSO (RELATOR)

DESEMBARGADORA TÂNIA REGINA SILVA RECKZIEGEL

DESEMBARGADORA TÂNIA ROSA MACIEL DE OLIVEIRA

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