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M.M.P.I.

– INVENTÁRIO MULTIFÁSICO DE PERSONALIDADE DO MINNESOTA

ESCALAS DE VALIDADE

Escala ‘?’

O resultado desta escala é simplesmente constituído pelo número total de itens colocados na
categoria Não Sei. O resultado desta escala pode-nos dar uma indicação sobre os factores de
personalidade como:
 negligência/ falta de cooperação
 preocupação em não se comprometer/ desconfiança
 impossibilidade de tomar decisões
...mas não nos dá um estudo sobre o material clínico específico.

Um resultado bruto elevado (>30) levará à invalidação do perfil; um resultado bruto >10 aconselha a
uma correcção do perfil. Em ambos os casos significa sempre que o sujeito teve uma excessiva
cautela em não revelar informação significativa acerca de si próprio.

Escala L (lie=mentira)

A escala L permite ver em que medida o sujeito se esforça em falsear os seus resultados, escolhendo
para isso, a resposta que lhe parece ser a mais favorável, do ponto de vista social. É constituída por
15 itens que referem situações socialmente desejáveis mas raramente verdadeiras.

A média do L é de 4. Há que ter, no entanto, atenção ao nível intelectual, cultural e grau de


sofisticação. Os indivíduos com estas características elevadas tendem a ter resultados mais baixos.

Quanto maior for o valor de L, menor será o valor nas escalas clínicas, o que leva a supor que os
valores reais seriam superiores aos que o sujeito obteve. (Excepção para indivíduos muito
conscienciosos, rígidos, exigentes e intolerantes no respeito pelas regras e valores.)

O resultado L, por si só, pode funcionar como indicador de uma tendência particular de determinada
personalidade. A maior frequência de resultados elevados aparece nas:
 Histerias
 Paranóia e psicopatia
 Hipomania

Escala F

É constituída por 64 itens de baixa frequência de resposta - <10% no grupo normal. Esta escala
permite identificar conteúdos, comportamentos, experiências e pensamentos atípicos.

Resultados elevados podem ocorrer em indivíduos conformistas ou convencionais, mas se os


resultados forem superiores a T 70, devem-se a:
 Incompreensão dos itens
 Resposta ao acaso
 Falsificação deliberada no sentido desfavorável
 Perturbação psicológica grave quando associada a uma elevada Pa e Sc

Um resultado baixo constitui uma excelente indicação do carácter lógico e pertinente das respostas
do sujeito.

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Escala K

Integra 30 itens seleccionados para identificar atitude defensiva vs hipercrítica face às dificuldades e
sintomas psicológicos. Esta atitude implica uma distorção não deliberada, no sentido favorável ou
desfavorável, na avaliação dos itens de algumas escalas clínicas.

O resultado de k é essencialmente utilizado como factor de correcção para afinar o poder


discriminativo das escalas clínicas.

Os valores de k relacionam-se com o nível intelectual, cultural e socio-económico, encontrando-se:


 Nos níveis mais elevados valores de k entre T 55 e T 70
 Nos níveis mais baixos valores de k entre T 40 e T 60

Se K for elevado
Nos sujeitos com patologia, indica atitude defensiva, negando a patologia e apresentando uma
imagem favorável;
Nos indivíduos normais, resultados relativamente elevados podem identificar uma personalidade bem
adaptada e integrada.

Se K for baixo
Indicará tendência exagerada para a autocrítica, para admitir o mínimo sintoma ou falha psicológica,
para apresentar uma imagem desfavorável.

ESCALAS CLÍNICAS

O mais importante na análise é o perfil global. Cada escala por si só não tem um valor absoluto, o
resultado pode ter significados diferentes consoante os resultados de outras escalas.

Significados dos valores de notas T:

 T 70 – zona fronteiriça, entre a normalidade e a patologia


 T >80 – sugerem psicopatologia séria, sintomas e características de personalidade
semelhantes às dos indivíduos do grupo patológico que permitiram a validação da
respectiva escala
 T <45 – existe uma informação limitada relativa ao significado de notas baixas; de um modo
geral considera-se que elas representam adaptação e ausência de patologia. No
entanto, nem sempre isto é assim, e em algumas escalas, resultados muito baixos
identificam características patológicas importantes

Na interpretação de cada escala é preciso ter em atenção:

 A elevação relativa, face ao perfil


 As escalas de validade
 As variáveis demográficas pertinentes
 Contexto em que é utilizado o instrumento

1. Escala de Hipocondria (Hs)

Hipocondria é uma síndroma caracterizada por preocupação excessiva com o corpo e com a saúde,
acompanhada por medos de doença orgânica e exagero das sensações cenestésicas normais, que
são vividas desagradavelmente. Surgem queixas físicas persistentes ou recorrentes, de natureza e
localização instáveis e difusas e para as quais não se encontra causa orgânica.

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Os resultados nesta escala funcionam como uma medida da preocupação do indivíduo com o
funcionamento somático; a elevação dos resultados não tem diagnóstico unívoco e sinaliza
características de personalidade relativamente estáveis e resistentes a mudança.

Resultados elevados
Indica a tendência a queixas e inquietação exagerada com o corpo, acompanhada, geralmente, de
pessimismo, derrotismo, sentimentos de infelicidade, inadequação e ineficácia pessoal. Normalmente
surge associada uma certa passividade, defensividade e dificuldade em lidar com emoções negativas.

Resultados baixos
Indica uma não preocupação com o funcionamento somático (ou até denegação de queixas
hipocondríacas) e, em principio, assinala interesse e capacidade para interagir com os outros de
forma mais eficiente e gratificante.

Escala de Depressão (D)

Integra 60 itens relativo a sintomatologia depressiva, caracterizada por humor depressivo,


desmoralização, tristeza, perda da auto-estima, insatisfação geral e falta de esperança.

Esta escala é um bom indicador do grau de desconforto e insatisfação psicológica do sujeito em


relação a si próprio e ao meio em que vive. É uma escala de depressão sobretudo sintomática e
muito sensível à ansiedade estado.

Os resultados têm significados específicos no conjunto do perfil, de acordo com a idade e condição
actual do sujeito. A sintomatologia depressiva pode estar presente em numerosos quadros clínicos,
pelo que:

Resultados elevados, indicam ‘apenas’:


Desmoralização, ansiedade, sentimentos de inutilidade, incapacidade para considerar o futuro com
optimismo e insatisfação consigo próprio e com os outros. Características associadas a falta de
confiança em si. Limitação de interesses, introversão, sentimentos de culpa e isolamento.

Resultados baixos são mais frequentes em:


Pessoas activas, orientadas e integradas socialmente e eficientes num conjunto de tarefas; pode
associar-se a grande nível de actividade e assertividade.

2. Escala de Histeria (Hy)

Escala validade para a histeria de conversão e compreende itens relativos:


 ao carácter histérico
 a sintomas de conversão somática

Na população normal estes dois grupos de características são relativamente independentes, mas não
nos grupos patológicos.

A elevação nesta escala assinala a presença de características dos dois tipos e pode ocorrer em
pessoas que geralmente mantêm uma fachada de ajustamento superior e só em situações de stress
manifestam vulnerabilidade e desenvolvem sintomas de conversão.

Resultados elevados indicam


 Se >T80, a condição patológica caracterizada pela sintomatologia histérica clássica;
 Níveis moderados indicarão a presença de um conjunto de características consistentes com a
perturbação histérica, mas não incluem sintomas conversivos;
 Indicam quase sempre imaturidade afectiva, dificuldade de análise e compreensão psicológica,
reivindicação afectiva e exploração do meio circundante, tendência à sedução e superficialidade
nas relações interpessoais.

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Resultados muito baixos, podem indicar conformismo, isolamento social, desconfiança em sujeitos
pouco amistosos.

3. Escala de Psicopatia (Pd)

Escala desenvolvida para identificar a personalidade psicopática, caracterizada por ausência de


respostas emocionais profundas, dificuldade em aprender com a experiência, egocentrismo, desprezo
pelas normas e costumes sociais, podendo atingir comportamentos anti-sociais (roubo, mentira,
delitos sexuais ou alcoolismo e toxicomania).

É uma escala difícil e dificilmente falsificável e de grande utilidade clínica. Pode elevar-se em
indivíduos que nunca apresentaram comportamentos patológicos, mas as características subjacentes
podem revelar-se em situações de falha de mecanismo inibidores.

Resultados elevados testemunham a presença de:


Carácter narcísico, imaturidade, impulsividade, procura de satisfações e objectivos imediatos, de
grandes ressentimentos e hostilidade, exibicionismo, falta de convencionalidade e conflitos com
figuras de autoridade.

4. Escala de Masculinidade – Feminilidade (Mf)

Escala de atitude e interesses sexuais, útil combinada com escalas clínicas. Resulta da comparação
entre heterossexuais e homossexuais masculinos e entre os sexos masculino e feminino.

Resultados elevados indicam: interesses e atitudes próprias do sexo oposto; mas nunca permite
identificar homossexualidade para qualquer um dos sexos.

Notas baixas indicam: conformidade exagerada com os estereótipos sexuais correspondentes.


Comum no caso da histeria.

No caso masculino os resultados estão relacionados com o nível cultural intelectual e social. No caso
feminino os dados experimentais são escassos.

5. Escala Paranóia (Pa)

Escala desenvolvida para detectar sintomas paranóides como ideias de referência, sentimentos de
perseguição, conceito de self grandioso, hipersensibilidade interpessoal e rigidez psicológica.

Permite também detectar tendências paranóicas mesmo em indivíduos sem manifestações


patológicas, em dois tipos de perturbação:
 Perturbação caracterial – C. Paranóico;
 Perturbação grave da personalidade psicose paranóica ou delírio paranóico.

Resultados elevados:

Encontram-se em ambas as perturbações, mas os mais elevados correspondem geralmente a


psicoses.

Indicam:
 Desconfiança, interpretatividade, hostilidade, egocentricidade e grandes dificuldades
interpessoais;
 Delírio sistematizado, de mecanismo interpretativo; escala muito sensível à intensidade do delírio.

(Notas baixas também podem assinalar a perturbação.)

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6. Psicastenia (Pt)

Escala validade com indivíduos caracterizados por grande fadiga física e intelectual, dúvidas
sistemáticas e excessivas, indecisão, medos injustificados (fobias), obsessões e compulsões,
grandes níveis de ansiedade.

Resultados elevados indicam, para além das características relativas à psicastenia:

 Sentimentos de insegurança, auto-desvalorização e culpa associadas a características


depressivas;
 Dificuldades de concentração e queixas físicas;
 Problemas gerais de adaptação e ajustamento, ansiedade e incapacidade para resistir às
exigências correntes.

Escala muito sensível à ansiedade.

Eleva-se frequentemente em quadros de: neurose grave, esquizofrenia, depressão.

7. Escala de Esquizofrenia (Sc)

Escala validade com grupo de sujeitos muito heterogéneo que apresentavam em comum
características psicóticas, designadamente: perturbações do pensamento, da percepção, do afecto,
dificuldades de controlo dos impulsos e alterações da sociabilidade.

Estudos de validade mostraram que a escala detecta 60% dos casos diagnosticados como
esquizofrénicos, mas não detecta certos tipos de esquizofrenia (p. Ex. esquizofrénicos paranoides).

Nos casos de esquizofrenia a elevação nesta escala não é proporcional à gravidade ou cronicidade
do quadro.

Resultados elevados

Eleva-se relativamente em casos de neuroses graves, dificuldades de adaptação social e na


adolescência.

Em sujeitos normais, surge uma significativa elevação em personalidades muito criativas e


imaginativas; também em sujeitos muito individualistas e imaturos, com interesses específicos pouco
desenvolvidos, dificuldades sexuais, problemas de identidade e dificuldades de pensamento e
comunicação.

8. Escala de Hipomania (Ma)

Escala desenvolvida para identificar sintomas hipomaníacos aos quais está subjacente uma
hiperactividade do pensamento e da acção.

Este quadro caracteriza-se por uma instabilidade e labilidade do humor, euforia, excitação
psicomotora auto-conceito grandioso, egocentricidade, impulsividade e facilidade de passagem ao
acto.

Os resultados nesta escala relacionam-se com a idade e a raça.

Os resultados elevados indicam a presença de características atribuídas à hipomania e podem


encontrar-se em diversos quadros patológicos como psicoses, psicopatia e organicidade cerebral.

Esta escala indica o nível de energia do sujeito, se ele for elevado pode activar as qualidades
identificadas pela elevação de outras escalas clínicas.

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Resultados muito baixos podem indicar níveis de energia reduzidos, fadiga crónica, depressão
acompanhada por tensão e ansiedade.

ESCALAS ADICIONAIS
Introversão Social (Sl)

Escala não clinica e não directamente relacionada com psicopatologia.


Interpretações específicas dos resultados dependem da situação do sujeito e do perfil clinico.

Avalia a dimensão introversão – extroversão; a tendência para o afastamento de contactos e


evitamento de responsabilidades sociais ou para a procura da interacção social.

A escala reflecte tanto a tendência para o isolamento como sintomas de depressão, pelo que ambos
podem contribuir para a elevação dos resultados.

Forte relação com ansiedade e fobia em situações sociais.

Resultados elevados indicam introversão social e são mais frequente em indivíduos tímidos,
reservados e isolados, descritos como frios, distantes e com dificuldade em expressar sentimentos.

Resultados baixos ocorrem em indivíduos gregários, sociáveis e versáteis no contacto com os outros.
Indivíduos autoconfiantes, expressivos e vigorosos ou que, por vezes, têm um estilo exibicionista e de
ostentação nos contactos sociais.

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