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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Gestão da qualidade nas


operações de manufatura
Professor Carlos A. L. S. Bautzer

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Sumário
1. Fundamentos da Qualidade em Operações de Manufatura 3

2. A Questão da Qualidade e sua Evolução Histórica 5

3. Evolução histórica no Brasil 8

4. Evolução da Produção e Qualidade 10

5. Gestão da Qualidade 12

6. Enfoque da Qualidade Total 15

7. Manufatura e Qualidade 17

8. Melhoria contínua 21

9. Conceitos Teóricos e os Cinco Elementos da Manufatura Enxuta 25

10. Outros conceitos de controle da produção na Manufatura Enxuta 29

11. Gerenciamento pelas Diretrizes 31

12. Considerações para o Planejamento Estratégico 32

13. Referências Bibliográficas 34

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

1. Fundamentos da Qualidade em Operações de Manufatura


Esta disciplina insere os conceitos básicos de Gestão da Qualidade e Metodologias para
Melhoria da Qualidade em Operações de Manufatura e sua integração com o projeto da
Gestão da Qualidade.

O objetivo é apresentar e discutir os conhecimentos relativos às atividades pertinentes


a identificação e compreensão dos componentes da gestão da qualidade e o respectivo
fluxo de informações sob o enfoque da gestão da qualidade, apresentando os conceitos dos
autores da área.

Qualidade em operações de manufatura é a transformação da matéria prima em produto


acabado, produzindo em massa e atendendo a todos os seus stakeholders, ou em outras
palavras um conjunto de atividades que criam produtos e serviços por meio de processos de
fabricação para atender ao mercado.

O Mercado atualmente pode ser nacional e internacional, então, a organização deve usar
técnicas modernas para auxiliá-la na tomadas de decisão nas funções administrativas e
operacionais.

As organizações devem usar ferramentas para atender as funções nos níveis de


administração da produção e no planejamento estratégico em níveis estratégicos, táticos e
operacionais.

Fonte da Imagem: http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2010/06/12/producao.jpg

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O conhecimento profundo da gestão da Os custos devem ser estudados desde a


produção, seu histórico e estratégias de pro- aquisição de materiais e insumos, seus pro-
jeto e execução da produção, bem como a cessos de fabricação, instalações, armazena-
corporativa, utilizando habilidades humanas gem de produtos, mão de obra, transportes
e equipamentos à sua disposição. internos e externos e outros em função do
produto para que seja oferecido no mercado
De acordo com Reid; Sander (2005), p.16 a preço competitivo.

A estratégia de operações é o plano que Na manufatura a qualidade de produtos e


especifica o projeto e a utilização desses re- serviços (internos e externos) deve ser es-
cursos para apoiar a estratégia empresarial tudada para atender à satisfação do cliente,
(REID; SANDER, 2005, p.16). porém dentro das especificações da enge-
nharia de fabricação, do roteiro de produção
da engenharia de processos, das conformi-
dades determinadas pela engenharia da qua-
lidade, e o correto funcionamento de seus
equipamentos (manutenção em geral).

Souza; Ribeiro (2004) sobre a extensão do


conceito da qualidade complementa, dizen-
do:

Qualidade Total estende seu conceito


Fonte da Imagem:http://p2.trrsf.com/image/fget/cf/619/464/
img.terra.com.br/i/2012/09/14/2553677-1168-rec.jpg para a satisfação de todos os fatores e enti-
dades envolvidas com as atividades da em-
No papel da administração da produção presa. E o termo Qualidade Total represen-
estão: a execução de projetos de bens e ser- ta a busca da satisfação, não só do cliente,
mas de todas as entidades que influenciam
viços, o treinamento e capacitação humana,
na existência da empresa e de seu mode-
a definição correta de recursos técnicos e
lo organizacional (SOUZA; RIBEIRO, 2004,
de investimentos, aquisição e manutenção disponível em: http://www.mcs.org.br/mbc/
de equipamentos, gestão da cadeia de su- uploads/biblioteca/1164635822.4657A.pdf).
primentos, gestão da cadeia de valores, es-
tudos de localização, estudos e projetos de Ferreira (1997) e Oliveira (2004) falam da
layouts, controle de estoque, programação relação entre a percepção dos consumidores
da produção e da manutenção. e os locais físicos, sentimentos, estados emo-
cionais e satisfação do consumidor, dizendo
As estratégias da organização devem ser que em administração os estudos abordam
desenvolvidas em cima das prioridades com- diferentes aspectos, hoje denominados com-
petitivas que apoiem a administração da pro- ponentes da prática do “Marketing Societal”
dução e a estratégia operacional; fundamen- de algumas empresas.
talmente, a definição de custos, qualidade de
produtos e serviços, prazos (os mais diver- Os prazos fazem parte integrante da es-
sos), flexibilidade, diferenciação dos concor- tratégia competitiva e do segmento da ma-
rentes e confiabilidade. nufatura, seguindo a regra de combinar pro-

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cessos estudados com o objetivo específico ou seja, ao contrário dos tempos de outrora,
de manutenção dos melhores e eliminação agora, a estabilidade dos empregados não é
constante dos críticos, que por sua vez só mais assegurada (CRUZ, 2011, disponível em:
trazem custos. Quando voltados para o mer- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
-49802011000200005&script=sci_arttext)
cado são extremamente importantes os pra-
zos de execução dos serviços: de entrega,
A confiabilidade está atrelada aos concei-
assistência técnica, serviços de atendimento
tos da qualidade, prazos e flexibilidade, e
ao cliente que devem ser cuidadosamente
com a utilização dos produtos e serviços da
zelados, pois os atrasos atingem diretamente
empresa pelo consumidor final que com os
a imagem da organização. seus critérios subjetivos os julga e aprova.

O gerenciamento estratégico da qualida-


de, somados às estratégias de operações e
A flexibilidade da organização é sentida
vantagens competitivas têm como preocupa-
pelo mercado quando a empresa tem a ca- ção básica o impacto estratégico e a visão da
pacidade de visualização das atuais e futuras qualidade, fazem a diferença e é uma opor-
necessidades dos clientes, na evolução, re- tunidade de se passar a concorrência.
novação e inovação de produtos, e nas me-
lhores técnicas de atendimento de serviços
2. A Questão da Qualidade e sua
com contato direto com os consumidores.
Evolução Histórica
Cruz (2011) sobre a qualidade na globa-
Até os anos da revolução industrial, de
lização, incluindo incertezas e insegurança
1760 até aproximadamente 1840, quase tudo
dos empregados diz:
era fabricado à mão pelos artesãos, que usa-
Assim, nesta realidade, há uma redução vam procedimentos tidos como tradicionais,
do emprego regular: os trabalhadores “per- pois passavam os conhecimentos de seus an-
pétuos” são substituídos pelos temporários, tecedentes para seus descendentes.
informais, subcontratados, o que acaba oca-
sionando também o enfraquecimento dos Produzia-se em pequenas quantidades e o
sindicatos (Harvey, 1992). Esse cenário suge- próprio artesão executava todas as tarefas e
re uma imensa fábrica, a “fábrica global” de ainda fazia a verificação dos defeitos e acer-
Ianni (1995; 1997). Nesta “fábrica”, marcada tos, portanto, trabalhava utilizando métodos,
pela flexibilidade, “a vida de trabalho está sa- conceitos e critérios próprios; isto acontecia
turada de incertezas” (Bauman, 2001, p.169), até quando se trabalhava com pequenas equi-

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pes, produzindo os produtos identificados como Inglaterra o avanço foi mais rápido, por pos-
artesanais e em pequena escala. suírem minas de carvão e minério de ferro.

Aproximadamente nos primeiros anos da Iniciou-se o que se chama de capitalismo


década do século passado o controle da qua- industrial porque seu resultado foi o acúmulo
lidade era do “produtor”; em 1918 já era efe- de dinheiro na mão de alguns homens. Hou-
tuada por um chefe ou “supervisor’ de uma ve também um grande desenvolvimento nos
equipe. transportes: inventaram os trens a vapor e o
marítimo teve um progresso no seu cresci-
Os anos da metade do século passado e os mento e auxiliou na busca de novos mercados
seguintes demonstraram a evolução históri- como os da Ásia e África (movimento que se
ca da qualidade e foram denominados como: chamou de neocolonialismo).
era da inspeção, era do controle estatístico
e era da qualidade total. Na primeira era os Em resumo, com a Revolução Industrial
produtos eram inspecionados pelo artesão e houve um aumento da produção de produtos
seu cliente, resultando na possibilidade de se em tempo menor, maior concentração de ren-
encontrar um defeito, mas não de se discutir da na mão dos proprietários das empresas,
a qualidade. avanços nos transportes marítimos e ferroviá-
rios, início do desenvolvimento de máquinas e
equipamentos. Mas esta revolução provocou
o surgimento dos sindicatos defensores dos
trabalhadores, migração dos homens do cam-
po para os centros de produção, aumento da
poluição pela queima de carvão, aumento das
doenças e acidentes de trabalho e o cresci-
mento desordenado das cidades.

Fonte da imagem:http://static.hsw.com.
br/gif/motor-a-vapor-1.jpg

A revolução industrial de 1760 a 1840 se


iniciou na Inglaterra, mudando a forma de
se produzir com a utilização de máquinas a
vapor e alterações profundas nas atividades
dos homens e nos processos de produção. Fonte da imagem http://3.bp.blogspot.com/-qIxGqQbCPWA/
TeFCbJcDcLI/AAAAAAAAAE0/UXtpXGWxckk/s1600/fabrica_
na_revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bindustrial.jpg
Os trabalhos manuais foram se reduzin-
do e iniciou-se a especialização na utilização Esta revolução foi mais adiante com a cria-
de ferramentas e máquinas, o que resultou ção de novas tecnologias, entre os séculos
na necessidade de que se trabalhasse em XIX e XX, com o aperfeiçoamento das má-
empresas organizadas e com salários. Esta quinas, uso de energias como o petróleo e
revolução espalhou-se pela Europa, mas na posteriormente a energia elétrica. E também

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o desenvolvimento da telefonia e das comu- lização na qual a concentração de autoridade


nicações, inclusive do rádio. ocorreria no topo da hierarquia orgânica.

No ano de 1940 já estavam presentes os E o modelo sócio técnico, citado por Chia-
“inspetores de qualidade” que eram respon- venato (2000):
sáveis pela verificação dos produtos e se es-
tavam de acordo com as especificações da (...) a organização era um sistema aberto
em interação constante com o seu ambien-
época.
te formado por dois subsistemas: técnico e
social. Dessa forma o sistema unia a parte
tecnológica à parte humana (CHIAVENATO,
2000, p.379).

Nos EUA surge Henry Ford com sua fábri-


ca de automóveis e a invenção da produção
em massa, e com o fordismo, a criação de
processos de produção mais eficientes resul- Na Suécia, surge o Volvismo em função do
tou em maior produtividade com custos mais elevado grau de automação e forte presença
baixos. do sindicato dos trabalhadores.

Segundo Chiavenato (2000): Era uma estratégia de produção que visa-


va atender a um mercado específico e suas
Henry Ford promoveu a produção em peculiaridades e particularidades, nas quais
massa, inovou na organização do trabalho: os trabalhadores não aceitavam serem vistos
a produção de maior número de produtos como simples acessórios das máquinas.
acabados com a maior garantia de qualidade
e menor custo possível (CHIAVENATO, 2000,Na década de 60 se efetuavam as inspe-
p.65). ções de qualidade por amostragens estatísti-
cas. Foi nesta época que apareceram as fer-
Jules Henri Fayol foi o fundador da teo- ramentas da qualidade.
ria que analisava o sistema a partir de uma
abordagem sintética, global e universal da Na segunda era, a do controle estatístico,
empresa. Dentre seus principais conceitos já havia a ênfase no encontro de não-confor-
encontram-se a unidade de comando, na midades, mas a inspeção era feita por amos-
qual cada operário deveria receber ordens de tragem estatística e um ou outro produto po-
um único chefe ou supervisor, e essa centra- deria sair com defeitos.

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No que se pode denominar como continu- desde 2009 politicamente realizam cúpulas
ação desta revolução foi a introdução de no- anuais, são os denominados BRICS.
vas fontes de energia como a nuclear, e tão
importante quanto foi o início e desenvolvi- Algumas empresas já tinham acesso, por
mento da informática com o computador, pri- exemplo, ao método de Deming (1990) com
meiro pelas empresas depois pelos governos 14 princípios que auxiliavam na administra-
e atualmente generalizada pelas populações ção da produção.
mundiais.

Da metade do século passado para hoje


vive-se a criação dos direitos trabalhistas
com o melhoramento das condições de tra-
balho, fortalecimento do sistema capitalista,
a derrocada do sistema socialista (regime co-
munista), crescimento econômico de países
como a Alemanha e o Japão e mais recen-
temente a China. E quase no final do século
XX a “globalização”, com novos cenários nas
formas de se produzir e de se relacionar co-
mercialmente, com a criação da internet que
também revolucionou finanças e comércio. O mercado começou a exigir melhor qua-
lidade nos produtos e entra em cena a ISO
Na terceira era, a do processo produtivo, 9000, criada em 1987 na Suíça, para facilitar
a qualidade é controlada com ênfase no en- as relações comerciais; essa norma teve seu
contro de defeitos através de departamen- ápice no Brasil no ano de 1994 com a sua
tos especializados e toda a organização é revisão. Neste ano a norma apresentava 20
responsável pela qualidade. Nesta época o requisitos:
controle de qualidade passa para o gerencia-
mento da qualidade, também se consideran- 1 - Responsabilidades da administração.
do os custos da qualidade de produção.
2 - Sistemas de qualidade.
Atualmente considera-se a qualidade na
visão global de atendimento ao mercado, a 3 - Análise crítica de contrato.
competitividade e a própria sobrevivência da
empresa. 4 - Controle de projeto de produto.

3. Evolução histórica no Brasil 5 - Controle de documentos.

No Brasil a qualidade começou a ser real- 6 – Aquisição.


mente levada a sério em 1980. Alguns países
como Brasil, Rússia, Índia, China e África do 7 - Produto fornecido pelo comprador.
Sul, com o intuito de entrar no cenário mun-
dial da economia iniciaram movimentos para 8 - Identificação e rastreabilidade do
a industrialização e a qualidade. Países que produto.

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9 - Controle de processo.

10 - Inspeção e ensaios.

11 - Equipamentos de inspeção, medição


e ensaios.

12 - Situação da inspeção e ensaios.

13 - Controle de produtos não conforme.

14 - Ação corretiva.

15 - Manuseio, armazenamento, embala-


gem e expedição.

16 - Registros da qualidade.

17 - Auditorias internas da qualidade.

18 – Treinamento.

19 - Assistência técnica, e finalmente.

20 - Técnicas estatísticas.

A ISO 9001 traz um modelo de garantia de qualidade em projetos, desenvolvimento,


produção, instalação e assistência técnica.

Apesar de terem aparecido as ISO(s) 9002, 9003 e 9004, a mais importante ainda é
a 9001, por ser mais abrangente, uma vez que cobre desde o projeto do produto até a
assistência técnica, destinada a cobrir aspectos da garantia da qualidade.

As normas ISO sofrem uma revisão e atualização a cada cinco anos; a última foi no ano
2000.

Número total de certificados no mundo de ISO 9001:2000/2008

Dez 2000 Dez 2001 Dez 2002 Dez 2003 Dez 2004 Dez 2005 Dez 2006 Dez 2007 Dez 2008 Dez 2009

457,834 510,349 561,767 497,919 660,132 773,867 896,929 951,486 982,832 1,064,785

Fonte da imagem: Pesquisa ISO9001 (2009)

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No Brasil, a família de normas NBR ISO De acordo com a ABNT (1996) a norma ISO
9000:1994 (9001, 9002 e 9003) foi cancelada 14001 é uma norma auditável e orienta as em-
e substituída pela série de normas ABNT presas no sentido de seguir as características:
NBR ISO 9000:2000, que é composta de três Política Ambiental, Planejamento dos aspectos
normas:
ambientais, Requisitos legais e outros requisi-
• ABNT NBR ISO 9000:2005: Des- tos, Objetivos e metas. Programas de gestão
creve os fundamentos de sistemas de ambiental, com referência a Implementação e
gestão da qualidade e estabelece a operação: Estrutura e responsabilidade, Treina-
terminologia para estes sistemas. mento, conscientização competência, Comuni-
cação, Documentação do sistema ambiental,
• ABNT NBR ISO 9001:2008: Espe- Controle de documentos, Controle operacional,
cifica requisitos para um Sistema de Preparação e atendimento à emergência, na Ve-
Gestão da Qualidade, em que uma or- rificação e Ação Corretiva os requisitos; Monito-
ganização precisa demonstrar sua ca- ramento e medição, Não-conformidade e ações
pacidade para fornecer produtos que corretivas e preventivas, Registros, Auditoria do
atendam aos requisitos do cliente e sistema de gestão ambiental, e Análise crítica
aos requisitos regulamentares aplicá- pela administração.
veis, e objetiva aumentar a satisfação
do cliente. 4. Evolução da Produção e Qualidade
• ABNT NBR ISO 9004:2010: Forne-
ce diretrizes que consideram tanto a
eficácia como a eficiência do sistema
de gestão da qualidade. O objetivo
desta norma é melhorar o desempe-
nho da organização e a satisfação dos
clientes e das outras partes interessa-
das.

Não existe certificação para as normas


ABNT NBR ISO 9000:2000 e ABNT NBR ISO
9004:2010.

Em 1993 o Brasil participa da reunião de um


Comitê Técnico para criação de uma série de
normas visando a Gestão a Ambiental como
as 14000, 14004, 14010 e 14011, que seriam
válidas até 1996. Na Europa emitiram três mil O processo de manufatura evolui constan-
certificados e no Brasil 30, e até o ano de 1999 temente considerando-se que até os anos 70
o número chegou a 88 empresas com este cer- estudavam-se teorias de administração e de
tificado (disponível em: http://www.brasilpnu- produção em massa, e atualmente tratam de
ma.org.br/saibamais/iso14000.html). sistemas de gestão de manufatura.

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

O crescimento da população consumidora e do nível de exigências fez que a manufatura,


principalmente após os anos 50, se automatizasse com o auxílio fundamental do “compu-
tador”. Esta automatização associada à flexibilidade no atendimento ao mercado com ino-
vações e renovações rápidas exigiu das organizações novos métodos de gerenciamento da
produção. Atualmente há uma integração entre os softwares e os sistemas automatizados
que auxiliam nesta gestão, mas isto não tira a complexidade da manufatura.

A evolução da manufatura passou por várias décadas, desde a troca da energia muscular
pela mecânica até a execução das tarefas manuais com a produção por máquinas, em que
o fator humano foi sendo substituído, diminuindo a participação de equipes de operários por
operadores de máquinas e equipamentos. Esta participação humana exigiu treinamentos na
capacitação para operar e monitorar estas novas invenções, que por sua vez apresentavam
novas especificações, regulagens e manutenção cada vez mais sofisticadas.

http://www.volvogroup.com/SiteCollectionImages/Volvo%20AB/country%20sites/Brasil/
large%20images/manufatura_45k.jpg

Atualmente a manufatura trabalha com braços mecânicos, robôs, esteiras rolantes, centros
de controle computadorizados com monitores na linha de produção, máquinas e equipamentos
com programação própria, e sistemas integrados para o controle e gerenciamento da gestão.

Alguns sistemas de gerenciamento de gestão estão sendo denominados como sistemas


flexíveis de manufatura automatizada porque podem executar tarefas de produção de mais de
um tipo de peça em até pequenas e médias quantidades.

Estes sistemas exigem planejamentos de curto, médio e longo prazos, supervisão global e
de subsistemas e controle das estações de trabalho e também controle local.

A participação humana no controle da qualidade também evoluiu com cursos, especializa-


ções, capacitação e treinamentos específicos em máquinas e setores para atender à inspeção
de produtos, cujos sistemas evoluem conforme a ocorrência de um ou mais eventos que po-
dem ou não estarem mutuamente relacionados.

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

5. Gestão da Qualidade • A especialização e remuneração dos


trabalhadores com jornada de traba-
lho determinada (CHIAVENATO, 2000,
p.54).

Henry Ford criou três princípios: o da inten-


sificação, economicidade e produtividade.

Frederick W. Taylor (1856 a 1915), estaduni-


dense, estudou a organização racional do tra-
balho, com normas voltadas para a movimen-
tação do homem e da máquina, e forma de
pagamento por produtividade.
O homem sempre foi capaz de escolher
entre o que é bom e lhe agrada e o que é Foi um engenheiro e economista e desenvol-
ruim e lhe desagrada, portanto, criou formas veu técnicas que permitiam a análise e mensu-
críticas de observação e aceitação de quais- ração das atividades do homem em seu posto
quer produtos. de trabalho, visando a máxima eficiência.

Mas, após passar por períodos como era Jules Henri Fayol (1841 a 1925), engenheiro
da inspeção, era do controle estatístico e era
de minas francês, defendeu quatorze princípios
da qualidade total, alguns homens se torna- de administração: Divisão do trabalho, Autori-
ram, por seus estudos, os expoentes da qua- dade e responsabilidade, Unidade de comando,
lidade. Unidade de direção, Disciplina, Prevalência dos
interesses gerais, Remuneração, Centralização,
Nos EUA Henry Ford criou um método de Hierarquia, Ordem, Equidade, Estabilidade dos
fabricação com base no princípio da espe- funcionários, Iniciativa e Espírito de corpo.
cialização, em que cada operário tinha que
executar uma determinada tarefa para a pro- Walter A Shewhart (1891 a 1967) iniciou a
dução de um tipo de produto. análise dos processos e produção em série com
a verificação dos sistemas sequenciais, que ori-
As principais características do Fordismo ginou o atual Modelo de Melhoria Contínua.
foram:
Criou o PDCA que ficou conhecido como o
• A adoção pela verticalização. Ciclo Deming da Qualidade (uma vez que foi
• A produção em massa, adotando-se ele quem fez a sua divulgação).
um método de trabalho que permitia
Deming (1900 a 1993), engenheiro e mate-
a máxima produtividade por posto de
mático, trabalhou para a formulação de uma
trabalho. teoria para a implantação da qualidade na Ad-
• A redução dos custos que era resulta- ministração Empresarial, porém estes estudos
foram abandonados após a 2ª Grande Guerra.
do da produção.

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

zação tem que oferecer ao cliente a quantida-


de certa. Juran dizia que a maioria dos pro-
blemas de qualidade de uma organização é
provocada pela alta administração e não pelos
seus trabalhadores. A qualidade no conceito
de Juran está baseada em três processos ge-
renciais: o planejamento, o controle e a me-
lhoria.

Para o planejamento da qualidade; criar a


http://www.portosdoparana.pr.gov.br/modules/galeria/
consciência da necessidade e oportunidade
uploads/285/normal_003.JPG
da melhoria, estabelecer as metas para essas
Em 1950 Deming vai para o Japão onde fi- melhorias, identificar os clientes ou usuários,
cou por mais de 20 anos; lá conseguiu incluir identificar as necessidades dos clientes e usu-
uma série de valores e métodos da cultura ários, especificar um produto que atenda es-
oriental aos seus estudos. Trabalhou como sas necessidades identificadas, projetar pro-
consultor, pois no período pós-guerra o Ja- cessos que possam produzir as características
pão era um estado importador de matérias- estabelecidas, transferir para a produção os
-primas e alimentos e exportador de produ- planos resultantes e estabelecer controles de
tos. processos.

Em 1986 Deming (1990) apresentou qua- Para o controle da qualidade: avaliar o de-
torze pontos conceituais: Criar constância de sempenho da qualidade, comparar o desem-
propósito na melhoria, adoção da nova filo- penho com as metas estabelecidas, e adaptar
sofia, não depender da inspeção em massa, as diferenças encontradas.
cessar a prática de avaliar as transações ape-
nas com base nos preços, melhorar continu-
amente o sistema de produção e serviços,
instituir o treinamento profissional do pes-
soal, instituir a liderança, eliminar o medo,
romper as barreiras entre os departamentos,
eliminar slogans e exortações para o pessoal,
eliminar quotas numéricas, remover barreiras
ao orgulho do trabalho bem realizado, ins-
tituir um vigoroso programa de educação e
reciclagens nos novos métodos, e finalmente
planos de ação: agir no sentido de concreti-
zar a transformação desejada.

Joseph M. Juran (1904 a 2008) criou uma


definição que pode ser utilizada por qualquer Para melhorias da qualidade: estabelecer
organização; “Qualidade como adequação ao a infraestrutura para a realização do empre-
uso”. O cliente avalia a qualidade. A organi- endimento, identificar os projetos específicos

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

da melhoria, estabelecer uma equipe, e pro- trocar ideias com outros gerentes. E começar
ver recursos, a motivação e o treinamento. tudo de novo.

Philip Crosby (1926 a 2001) estudou a uti- Karl Ludwig Von Bertalanffy (1901 a 1972),
lização de técnicas para reduzir o desperdí- formado em história da arte e filosofia, dizia
cio, porém enfatizava que a alta administra- que existia uma tendência para a integração
ção deveria criar uma cultura organizacional das ciências naturais ou sociais através da
em que as pessoas fossem estimuladas para Teoria Geral dos Sistemas. Este autor afirma-
a utilização destas técnicas. Na cultura para va, através desta teoria que:
a melhoria, a administração deveria criar um
ambiente de expectativa de que as coisas se- (...) cada minúscula parte do nosso corpo
jam feitas corretamente na primeira vez e os sabe exatamente o que todas as outras
trabalhadores deveriam compartilhar desta partes desse todo universal estão fazendo e
filosofia. responde apropriadamente.

Abraham Harold Maslow (1098 a 1970)


desenvolveu a Teoria das Necessidades, hoje
sempre apresentada em um desenho de pi-
râmide. O conceito diz que é uma classifi-
cação das necessidades humanas e dividiu-a
em tipos de necessidades: fisiológicas bási-
cas, de segurança, de relacionamento (per-
tencer a um grupo), autoestima e (prestígio)
Martins (1990) cita Crosby por “a qualida- autorrealização (sentimento de ter alcançado
de é a conformação com os requisitos”; este os objetivos).
criou a Matriz de Maturidade que possui cinco
estágios: incerteza, despertar, esclarecimen-
to, sabedoria e finalmente certeza.

Em resumo, os fundamentos desta filoso-


fia são: comprometimento da gerência, for-
mação de uma equipe de melhoria, criação
e cálculo de índices de avaliação da qualida-
de, avaliação dos custos da qualidade, cons-
cientização dos empregados, identificação e
solução das causas das não-conformidades,
formação de comitê para buscar zero defei-
to, treinamento dos gerentes e supervisores,
lançamento em solenidade do dia do defei-
to zero, estabelecimento das metas a serem
atingidas, eliminação das causas dos proble-
mas, reconhecimento oficial das pessoas que
obtiveram sucesso, formação de conselhos
da qualidade para compartilhar problemas e

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Armand V. Feigenbaum (1922) definiu qua- • O enfoque baseado no produto: ou ser-


lidade como um conjunto de características viço é aquele que por estar conforme
do produto ou serviço em uso, as quais satis- as especificações têm suas qualidades
fazem as expectativas do cliente. Este autor intrínsecas avaliadas de forma correta e
classificou nove fatores: mercados, dinheiro, aceitáveis pelo mercado.
gerência, pessoas, motivação, materiais, má-
quinas, métodos, montagens, do produto-
• O enfoque baseado no usuário: é aque-
-requisito. Para este autor importa mais a
le produto ou serviço que por motivos
qualidade dos gerentes do que a quantidade.
objetivos e subjetivos cai no gosto ou
A criação de ferramentas para controle da nas preferências pessoais e agrada ao
qualidade no Japão resultou na Gestão da cliente.
Qualidade e seu principal representante foi
Kaoru Ishikawa (1915 a 1989), denomina- • O enfoque baseado na fabricação: é
do como pai ou guru da qualidade, por suas aquele que segue as especificações de-
análises científicas das causas que resulta- finidas pela engenharia de produto e
vam em problemas no processo industrial de roteiro de fabricação e não apresenta
fabricação. Graduado e doutorado em enge- desvios, falhas ou perdas no processo.
nharia (Tóquio), recebeu o prêmio Deming
e foi reconhecido pela Associação Americana
da Qualidade. Foi o primeiro engenheiro a • O enfoque baseado no valor agrega-
destacar que havia diferenças culturais entre do: é aquele produto ou serviço que
o ocidente e o oriente, basicamente da cultu- apresenta um custo estudado e aceito
ra e da filosofia dos povos para o sucesso na pelo fabricante ou prestador de servi-
obtenção da qualidade. Dentre sua produção ço, e é oferecido ao mercado por um
intelectual pode-se destacar o diagrama de preço também aceitável pelo usuário ou
causa-efeito, a utilização das sete ferramen- cliente, enfim, o consumidor final (COR-
tas da qualidade e a criação dos círculos da DELLA, 2013, disponível em: http://
qualidade. www.profcordella.com.br/unisanta/tex-
tos/gql12_introd_gestao_da_qualidade.
6. Enfoque da Qualidade Total htm)

O enfoque da qualidade total para produtos


ou serviços possui cinco fatores diferentes:
transcendental, baseado no produto, baseado
no usuário, baseado na fabricação e baseado
no valor agregado.

• O enfoque transcendental: determina


que haja o reconhecimento da qualida-
de do produto ou serviço por todas as
pessoas. Como exemplo: as músicas, as
pinturas, os monumentos históricos, en-
fim, as artes.

15
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Para avaliação do enfoque da qualidade e) Confiabilidade: são as características de um


total é necessário analisar ao menos nove produto consumido por muitos usuários e clien-
características, cobrindo o caráter de desen- tes que acreditam que este produto os atende
volvimento do projeto do produto até a co- de forma perfeita, com bom desempenho, que
não apresenta defeitos ou falhas por tempo
locação no mercado e uso pelo consumidor
aceitável e passam a informação à frente, for-
final e que podem ser definidas como dimen-
mando a sua reputação de bom ou melhor. No
sões da qualidade: caso de prestação de serviços a firmeza, corre-
ção e respostas adequadas que atingem a so-
a) Desempenho: que é a medida das principais
lução aguardada pelo cliente.
características de um produto, seu alcance,
velocidade e performance na medida de uso do
f) Assistência Técnica: é aquele produto ou
mesmo. É difícil medir a prestação de serviço, serviço que atende ao cliente final, que tem
que pode ser classificada como boa ou má, a expectativa de solucionar um problema de
dependendo do profissional que dá informações, falha ou defeito apresentado pelo produto em
e a velocidade em que recebe as reclamações e tempo adequado e com peças de reposição. No
dá as soluções corretas e necessárias, e até de caso de prestação de serviço a disponibilidade
quem recebe a prestação desse serviço. para o rápido atendimento.

b) Características Secundárias: são aquelas g) Estética: é aquele produto que tem forma e
complementares ao produto ou serviço, seus aparência adequada ao uso pelo qual foi ad-
usos adicionais, porém aguardados pelo quirido, design, cor, cheiro ou gosto esperado.
usuário final, que o adquire também com estas No caso de prestação de serviço é a linguagem
intenções. No caso de prestação de serviço é o adequada, a dicção e a calma para ouvir a re-
tempo gasto para dar andamento às soluções e clamação e responder com clareza.
as reclamações e sugestões dos usuários.
h) Qualidade percebida: é aquele que além de
c) Durabilidade: são aquelas referentes à apresentar boa aparência, design, cor, perfeito
durabilidade física do produto, sua vida útil, para uso, possui confiabilidade, tem reputação
sua obsolescência, e aspectos de deterioração, e boa imagem no mercado, às vezes até com
ou ainda o uso até o mesmo ser ultrapassado recomendação por outros usuários. No caso de
por um produto que o substitua. No caso de prestação de serviço é a adequação da respos-
prestação de serviço o tempo gasto com o ta à pergunta, considerando o público atendido
atendimento, onde há duas esperas a do que pode ter diferenças de culturas.
atendimento com a transferência do problema
e a da solução. i) Resposta: é aquele produto que possui as
características de prazo de entrega, de assis-
d) Conformidade: são as características de tência técnica, profissionalismo, e no caso de
produção seguindo as ordens de fabricação serviços as características de bom atendimento
e especificações desde a matéria-prima até a com cortesia, fineza e educação do vendedor
elaboração do produto acabado, aquele que e do atendente, que devem ser peculiares à
será consumido pelo mercado, que espera- prestação do serviço (BARÇANTE, 2013, p. 19).
se não apresente defeitos ou falhas. No caso
da prestação de serviço, as informações que Nem todas as dimensões serão atendidas,
atendem objetivamente às requisições do há produtos e serviços que atendem a uma
cliente. ou outra dimensão. O atendimento a estas

16
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

dimensões pode ser total ou parcial e qual- 7. Manufatura e Qualidade


quer desvio significa perda de qualidade.

Carvalho (2005) observa que:

Deixaram de ser priorizados alguns as-


pectos importantes da gestão da qualidade
moderna como conhecimento da necessida-
de do cliente e a participação do trabalha-
dor, que eram bastante enfatizados no perí-
odo artesanal (CARVALHO, 2005, p. 3).

Antes de Shiba (1997) colocar a qualidade


como um conceito essencialmente de tecni-
A qualidade na manufatura pode ser clas-
cismo e embasada nos princípios de racio- sificada como internas e externas. As internas
nalidade do trabalho, zero defeitos, fim do dizem respeito à organização, sua estrutura,
retrabalho e satisfação do cliente, porém, a seus gerentes, supervisores e até a postura
qualidade de vida no trabalho e o desenvol- da alta cúpula.
vimento organizacional são especialmente
analisados por autores como Bowditch; Buo- Os líderes da empresa definem e comuni-
no (1992) a saber: cam o que é o negócio, sua missão, visão, ob-
jetivos, valores e até as regras de governança.
Embora a qualidade de vida no traba-
lho tenha voltado a ser uma preocupação Os sistemas de gestão devem registrar, me-
dos gerentes durante o início da década de dir, e analisar dados internos e externos.
1980, ainda há alguma incerteza quanto ao
seu significado exato. O planejamento para melhorias devem ser
estratégicos, ter objetivos oficializados, estu-
Em um nível, defende-se que a QVT não dos de investimento e apropriação de recur-
passa de uma definição elaborada de desen- sos com a correta dotação de verbas, e esfor-
volvimento organizacional. Outros, entre-
ços para a materialização da melhoria.
tanto, argumentam que a QVT é muito mais
ampla e diversificada que os esforços de DO, O gerenciamento das melhorias deve ter
e que é mais característica de um processo
a atribuição das responsabilidades (no caso
que envolva toda a organização (...).
delegação de autoridade), treinamento e de-
senvolvimento das equipes envolvidas, comu-
As diferenças entre esses dois conjuntos
nicação geral e criação de um ambiente de
de definições, na maioria dos casos, são mí-
nimas, visto que as condições característica
conscientização destas melhorias.
do trabalho relacionadas a uma boa qualida-
A qualidade como estratégia deve ser acom-
de de vida no trabalho geralmente têm efei-
tos positivos na satisfação e na percepção
panhada por controles de índices de mercado,
dos empregados (BOWDITCH; BUONO,
índices financeiros, estatísticas de falhas, ín-
1992, p. 206-207). dices operacionais, e de atenção aos colabo-
radores.

17
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

A gestão por processos deve ser acompanhada pela busca da excelência no desempenho,
gerenciamento e controle. Seu mapeamento aborda os clientes de cada processo, o aten-
dimento aos requisitos de cada processo, a visualização do circuito de atividades de cada
processo e os valores adicionados pelas diversas etapas.

Na árvore de processos pode-se encontrar no topo o macroprocesso e logo abaixo os


processos que são subdivididos em subprocessos todos com suas atividades e abaixo delas
as tarefas.

A gerência de um macroprocesso de negócios cliente-fornecedor, por exemplo, tem uma


liderança que possui como missão e objetivos a responsabilidade sobre os processos à mon-
tante e a inter-relação das entradas com os fornecedores e os processos de fabricação, e o
fluxo dos processos e inter-relação das saídas dos produtos acabados, inclusive a satisfação
dos clientes. O ambiente do negócio é o que abrange os seus fatores críticos.

Figura 1. Cadeia de Processos

Fonte da imagem: Adaptada pelo Prof. Erico Pagotto

18
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Schmidt (2003) define Gestão por Processo como:

Enfoque administrativo aplicado por uma organização que busca a otimização e melhoria da
cadeia de seus processos, desenvolvida para atender as necessidades e expectativas das partes
interessadas, assegurando o melhor desempenho possível do sistema integrado a partir da mínima
utilização de recursos e do máximo índice de acerto (SCHMIDT, 2003, p. 11).

Este autor apresenta as diferenças de visões entre o modelo tradicional e o modelo de


processos, a saber:

Nos atributos Visão Tradicional Visão de Processo


Foco Chefe Cliente
Relação Primária Cadeia de Comando Cliente-Fornecedor
Orientação Hierárquica Processo

Decisão Gerência Todos os participantes

Estilo Autoritário Participativo

Na organização tradicional a visão tem os seguintes aspectos: desenvolvimento da tecnologia,


custos e prazos da produção (fabricação), quotas ou metas para vendas e serviços, finanças
com o objetivo de lucro.

Na organização por processos a Diretoria toma decisões sobre as áreas: Comercial, En-
genharias, Planejamento e Controle da Produção e Operações (fabricação propriamente
dita). A área Comercial é responsável pelas atividades de: propostas de novos negócios,
especificações e condições; a Engenharia é responsável por análise de viabilidade técnica e
de capacidade de máquinas e produção, e desenvolvimento de novos desenhos técnicos e
gabaritos; o PCP é responsável pela análise de planejamento da produção e disponibilidade
de material (especificações dos materiais), processo (roteiros da produção), qualidade (índi-
ces diversos) e manutenção de equipamentos (e sua disponibilidade); a área de Operações

19
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

ou Produção é responsável pela análise de recursos humanos e treinamento, produção pro-


priamente dita e cumprimento de prazos e qualidade do produto.

A hierarquia dos processos prevê o processo empresarial que é crítico para o andamento do
negócio e satisfação do cliente. A avaliação dos processos que são o conjunto de atividades
que iniciam e terminam com o cliente externo (fornecedores e consumidor final); os subgrupos
que são grupos de atividades que envolvem um ou mais departamentos; atividades que são
executadas tipicamente por um departamento ou pessoa. E tarefas que são as ações.

Os processos podem ser apresentados de forma vertical; compostos por macroprocesso


(nível mais alto), processo do negócio, subprocessos (níveis mais baixos), atividades e tarefas.
E horizontal; que apresentam as interfaces dos processos de mesmo nível.

“Processos-chaves” podem ser definidos como:

São aqueles cuja criticidade podem afetar drasticamente a estratégia da organização (UNICAMP, 2003,
disponível em: http://www.ccuec.unicamp.br/gepro/pdf/Gestao_Processos_UNICAMP_170903.pdf)

E determina os tipos:

(...) risco à vida humana, risco ao meio-ambiente, podem derrubar ou comprometer o sistema e
são críticos para o cliente

Figura 2. Visão Global dos Processos

Fonte da imagem: Unicamp, 2003.

20
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Os processos-chaves são vistos sob duas tem baixo investimento, baixo risco e tem
perspectivas: a interna e a externa da missão, resultados sutis a partir do processo anterior.
visão, e os indicadores da organização; sobre
as estratégias, prioridades e fatores críticos de 8. Melhoria contínua
negócio.

A liderança no trabalho gerencial, dinamica-


Este autor ensina que para o planejamento do mente consistente, com vistas à melhoria con-
trabalho é necessário identificar os processos- tinua foi o objetivo do Prof. Marques (2012) em
-chaves, estabelecer metas e objetivos do ponto suas aulas. O artigo em seu blog explica que
de vista da Gerência do Processo, e desenvolver
a melhoria contínua é diferente de mudanças
um plano de trabalho: objetivos, atividades, in-
contínuas, a primeira é executada em consen-
sumos, produtos e resultados esperados, pra-
so, porém colocada como um “projeto de me-
zos e equipes. Ainda dentro do planejamento:
propor o projeto à liderança, obter aprovação, lhoras sem fim”; a segunda é quase sempre
assegurar recursos necessários e comprometer “para apagar incêndios”.
equipe e organização. Finalmente o planeja-
mento do trabalho deve prever análises críticas Machado Jr; Rotondaro fala sobre a qualida-
periódicas com a monitoração e a manutenção de e sua mensuração:
da liderança oficialmente informada.
A mensuração do desempenho da quali-
Este mestre, ainda, determina os planos de dade na proposta de Sink&Tuttle (1989) deve
melhoria, o modelo para melhorias, e a aplica- cobrir toda a cadeia produtiva da organiza-
ção de ferramentas para análise e melhoria de ção. Para expressar essa visão, esses autores
processos, bem como a utilização de ferramen- se valem de uma concepção sistêmica da or-
tas diferentes para situações diferentes; fluxo- ganização, na qual identificam cinco elemen-
gramas funcionais e geográficos, diagramas tos. 1. O sistema a jusante; 2. A entrada; 3.
de bloco, a redefinição de processos utilizando A transformação; 4. A saída; e 5. O sistema a
workshops, ferramentas para representação montante. A esses elementos os autores as-
dos processos, mapeamentos de processos, e a sociam seis classes de indicadores de desem-
utilização de matriz de responsabilidade. penho da qualidade, uma para cada elemen-
to da cadeia produtiva e o sexto ao próprio
Por fim, podemos concluir que a melhoria processo de gestão da qualidade (MACHADO
continua é atingida aos poucos, é gradativa, JR.; ROTONDARO, 2003, p. 220, 221).

21
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Os empreendimentos que seguem o pa- melhorada, por exemplo, com a utilização da


drão da consistência estática são os que po- consciência dinâmica (disponível em: http://
dem apresentar resistências às mudanças, pmgee.blogspot.com.br/2012/03/melhores-
pois é muito difícil a alta cúpula antever o re- -metodos-para-melhoria-continua_21.html)
sultado de uma alteração e que pode buscar
a melhoria. Diz o professor Marques (2012): Os empreendimentos que trabalham na
acepção do padrão da consciência dinâmica
A visão é não mexer num time que já entendem que consciência indica uma troca
está ganhando, a empresa dá lucro, há or- de inclusão da direção e a sinergia entre os
gulho em se manter no status quo e rara- profissionais indica a melhoria contínua. Os
mente consegue enxergar uma melhoria na empreendimentos de sucesso são norteados
manufatura (disponível em: http://pmgee. pela constância na melhoria, e suas lideran-
blogspot.com.br/2012/03/melhores-meto- ças são fortes e consistentes.
dos-para-melhoria-continua_21.html)

Os empreendimentos que seguem o pa-


drão da inconsistência dinâmica são aqueles
em que os profissionais estão sempre ocupa-
dos e atravancados em diversas tarefas cujos O prof. Marques (2012) diz que existem
resultados são fracos, e os empreendimen- quatro abordagens para a melhoria continua:
tos percebem que não são bem-sucedidos, “debaixo para cima; de cima para baixo; con-
são empreendimentos que buscam continua- senso de cima para baixo; e consenso am-
mente os modismos. plo”.
E diz Marques (2012): As visões podem ser impactadas pelas
mesmas visões e planejamento estratégico
E embora existam ilhas de sucesso, a
empresa e seus produtos manufaturados ou
da cúpula da organização, nas quais estão as
mesmo prestação de serviços como um todo pessoas que tomam e põem em prática suas
não estão mudando. deliberações.

Esta cultura é perigosa, todos parecem Geralmente, quando a melhoria é promovi-


trabalhar muito, mas a empresa pode estar da ou sugerida de baixo para cima, ela abran-
fadada ao fracasso, caso a cultura não seja ge uma visão parcial da organização, plane-

22
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

jada para o nível operacional, visando uma Na busca de um consenso extenso e vas-
melhoria técnica ou até fundamental, mas de to a participação na melhoria contínua deve
linha de produção. Esta proposta pode ser ser alvo de estudos pela alta gerência com o
tratada, considerada nos seus aspectos mais objetivo de: acerto, informação e vazão das
amplos e significantes, identificando-se as perspectivas das melhorias, assimilação da
oportunidades e conveniências, e, ainda, se delegação de autoridade, da recomendação
adaptar aos planejamentos táticos e estraté- dos participantes, da análise dos problemas
gicos. Muitos são os empreendimentos que que serão confrontados, da atuação dos pro-
perdem estas oportunidades exatamente por fissionais e em quais processos atuarão. Essa
estas sugestões não terem origem nos pro- atuação da alta administração deve ser devo-
fissionais que ocupam os mais altos cargos tada à busca da melhoria contínua, objetivan-
de administração na estrutura orgânica. do uma ampla base, através da comunicação,
junto aos seus profissionais quanto ao objeti-
vo e concordância das prioridades e à conso-
nância nas perspectivas de resultados.

A extração das probabilidades de melho-


rias podem ser conceituadas sobre as reivin-
dicações de sucesso, com a execução de uma
investigação na qual se daria por pontuação
o que é mais importante em consonância à
Quando a melhoria surge de cima para organização. O Prof. Marques (2012) orienta
baixo ela pode ou não ser uma precedência a baixar os custos da manufatura; integrar
identificada de grande impacto, mas comu- marketing e manufatura; desenvolver novos
mente são estabelecidas e não serão aceitas processos de produção; atender aos merca-
caso o pessoal envolvido no seu cumprimento dos locais, regionais e até globais; lead time
não tenha participado da sua concepção. A de fornecedores e materiais; alteração de di-
manifestação de desânimo e falta de vontade mensões de produtos, lotes, sincronismo; sis-
são características claras da não aquiescência temas de controle da produção; manutenção
e podem abalar o processo de melhoria con- em geral; rastreabilidade de material; inves-
tínua. timentos em recursos técnicos, financeiros e
operacionais; simplificação de processos etc.
Quando o consenso é de cima para baixo
as precedências podem ter sido identificadas Os empreendimentos têm as suas exigên-
e o objetivo é impactar positivamente sobre cias de sucesso, o que altera sobremaneira a
a alteração de um processo qualquer, porém visão até entre duas adversárias diretas de
há que se refletir se os envolvidos realmente mercado (concorrência).
estão entendendo o porquê destas novas re-
Depois da pesquisa, deve-se organizar uma
quisições, pois geralmente estão destacando
lista das tarefas mais importantes, por exem-
e executando tarefas por temor aos gerentes
plo: redução de custos, redução de prazos de
e os resultados podem não ser os objetivados
e cogitados.

23
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

2. Manufatura e Marketing: devem ser in-


recebimento de materiais, redução de prazos
tegrados e funcionar como uma equi-
de entrega etc.
pe.

3. Desenvolvimento de produtos: deve se


tornar um processo interativo e inte-
grado.

4. Mercado global: todas as decisões da


manufatura devem ser tomadas, vi-
sando atender o contexto de uma es-
tratégia global integrada.

5. Lead times: devem ser reduzidos sem-


pre e significativamente.

6. Tamanhos dos lotes de produção: de-


vem ser reduzidos, inclusive seus tem-
pos de setups.
O material traz a identificação das metas
que geralmente serão as preferências da or- 7. Incertezas: a incerteza deve ser mini-
ganização para os diversos planejamentos. mizada e a disciplina maximizada.

De acordo com o Prof. Marques (2012) são 8. Sincronização: todas as operações da


cinco os elementos do sucesso: “Visão”, que manufatura devem ser sincronizadas.
é o norte dos empreendimentos; “Missão”,
que delineia a visão; “Reivindicações de su- 9. Controle de produção e estoque: deve
cesso”, que são as crenças de como alcançar ser direto e transparente.
a concretização da missão; “Princípios de di-
10. Estoques: devem ocorrer redução drás-
reção”, que são os valores dos empreendi-
tica.
mentos para se atingir a visão e a “Evidência
de sucesso”, que é uma série de estabele- 11. Capacidade de adaptação: instalações,
cimentos exclusivamente focadas que des- operações e pessoal de manufatura
crevem resultados dimensionáveis, caracte- devem se tornar mais adaptáveis.
rizando os empreendimentos quando a visão
está sendo obtida e atingida. 12. Qualidade: qualidades do produto, do
fornecedor e das informações devem
As evidências de sucesso para a melho- melhorar constantemente.
ria contínua são apresentadas pelo artigo do
professor, a saber: 13. Manutenção: as falhas do processo de
manufatura devem ser minimizadas.
1. Custos de manufatura: devem ser
sempre reduzidos. 14. Fluxo de material: deve ser eficiente.

24
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

15. Rastreabilidade e controle de material: agregando valor de forma eficaz na produção


os sistemas de rastreamento e de con- das requisições de mercado, oferecendo exa-
trole de materiais devem ser atualiza- tamente o que o cliente deseja e transforman-
dos constantemente. do, da melhor maneira possível, “desperdício
em valor”.
16. Recursos Humanos: todos os geren-
tes e líderes devem estar dedicados à Segundo Chiavenato (2000):
criação de um ambiente onde todos os
funcionários se sintam motivados e fe- A abordagem básica desta escola é a ên-
lizes. fase na tarefa e teve seu início com o enge-
nheiro americano Frederick Taylor, em que a
17. Trabalho em equipe: todos os associa- sua preocupação original foi a eliminação do
dos com a manufatura devem traba- fantasma do desperdício e das perdas sofri-
das pelas indústrias, elevando assim os ní-
lhar em conjunto como uma equipe.
veis de produtividade (...) fundamentou-se
no estudo de tempos e movimentos, divisão
18. Simplificação: toda a manufatura deve
do trabalho, desenho de cargos e tarefas,
ser simplificada.
padronização de métodos e máquinas, in-
centivos salariais, e prêmios da produção,
19. Integração: todas as organizações e
entre outros (CHIAVENATO, 2000, p.54).
operações devem ser integradas.
Eiji Toyoda e Taiichi Ohno tinham como
20. Compreensão: a direção da empresa
principal objetivo a criação de um modelo de
deve compreender o que é uma em-
produção que alinhasse a melhor sequência
presa (disponível em: http://pmgee.
possível de trabalho, a fim de agregar valor
blogspot.com.br/2012/03/melhores-
de forma eficaz aos produtos solicitados pe-
-praticas-para-melhoria.html).
los clientes.
Alliprandini (1996, p. 6) ensina que:
De acordo com Correa; Correa (2004, p.
171), referindo-se a pensamento enxuto:
Muitas vezes a busca de melhorias na pro-
dução faz que as empresas realizem essas
(...) num ambiente crescentemente com-
ações de maneira caótica e descoordenada
petitivo, em que frequentemente disparam-
(...). Não estão de acordo com as prioridades
-se embriões de guerras de preço pela re-
competitivas que as estabelecidas pela
lativa pouca diferenciação dos produtos, é
corporação, levando destarte a empenhos
importante que as empresas tenham bom
por resultados em desacordo com os objeti-
controle sobre as suas eficiências, já que só
vos da organização.
uma operação com alta produtividade per-
mitirá que mercadologicamente se possa ser
9. Conceitos Teóricos e os Cinco agressivo em reduções de preço (CORREA;
Elementos da Manufatura Enxuta CORREA, 2004, p. 171).

O Lean Manufacturing ou Manufatura En- E sobre os desperdícios:


xuta é uma filosofia criada no Japão na déca-
da de 50. Seu objetivo maior é criar um flu- O desperdício é todo e qualquer recurso
xo da melhor maneira possível de trabalho, que se gasta na execução de um produto ou

25
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

serviço além do estritamente necessário. É dispêndio extra que aumenta os custos normais de um
produto ou serviço sem trazer qualquer tipo de melhoria para o cliente.

Segundo Ohno (1997) deve-se atentar para os sete desperdícios da produção:

1. Superprodução: produzir mais ou mais cedo do que o necessário.

2. Espera: manter ociosidade de recursos entre as operações.

3. Transporte: realizar qualquer movimento de materiais que não seja requerido.

4. Processamento: limitações do equipamento ou método que causem esforços ou resíduos que não
agregam valor à peça.

5. Estoque: qualquer material em excesso ao fluxo de uma peça.

6. Desperdício de movimentos: qualquer movimento de pessoa ou operação de máquina que não agre-
guem valor ao produto.

7. Retrabalho: atividades de recuperação de produtos defeituosos (DIAS, 2006, p. 4)

Pires (2012) cita Brandão (2009), sobre os sete desperdícios da produção, afirmando que o sis-
tema visa eliminar:

1. Superprodução, que é a maior fonte de desperdício.

2. Tempo de espera, que se refere a materiais que aguardam em filas para serem processados, criando
inventários parciais.

3. Transporte, que por conceito nunca gera valor agregado ao produto.

4. Processamento, que comprovadamente algumas operações de um processo poderiam nem existir.

5. Estoque e inventário, cuja redução ocorrerá através de estudos de sua causa raiz.

6. Movimentação excessiva e sem estudos.

26
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

7. Defeitos com custos altos, pois produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais, mão de
obra, movimentação de materiais defeituosos, além de retrabalho e outros (DIAS, 2006, p.5).

Figura 3. Os sete tipos de desperdícios

Fonte da imagem: adaptado por Brandão; Santiago.

A manufatura enxuta possui cinco princípios:

1 – Mudança contínua.

2 – Resposta rápida.

3 – Melhoria da qualidade.

4 – Responsabilidade social.

5 – Foco total no cliente (JONES; WOMACK, 1998, p.3).

27
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Na implantação do sistema Kanban, devem porém com a necessária eliminação de todo


ser definidos os pontos de produção puxada tipo de desperdício que possa existir nos
e empurrada. Embora o sistema seja definido processos da produção.
como um sistema de produção puxada, pode-
se projetar um sistema híbrido com pontos Segundo Jones; Womack (1998) sobre os
de produção puxada e empurrada. princípios da manufatura enxuta:

Os tipos de ambientes de produção na A manufatura enxuta tem como principal


objetivo alinhar a melhor sequência possível
manufatura são:
de trabalho a fim de agregar valor de forma
eficaz aos produtos solicitados pelos clientes,
MTS (make to stock): fabricação para
oferecendo exatamente o que ele deseja e
estocagem, não necessariamente existe um
transformando, da melhor maneira possível,
pedido colocado na produção.
desperdício em valor (JONES; WOMACK,
1998, p.3).
ATO (assemble to order): montagem sob
encomenda.

MTO (make to order): fabricação sob en-


comenda; são aqueles em que o processo
produtivo inicia-se somente com um pedido
firme da produção.

ETO (engineering to order): engenharia


sob encomenda (OHNO, 1997, p. 37).

O conceito de fluxo de uma peça só diz


que deve-se fabricar e movimentar uma peça
por vez, ao longo de uma série de etapas de
A descoberta do que agrega valor ao pro-
processamento, sendo que em cada etapa duto e ao cliente final pode ser efetuada uti-
se realiza apenas o que é exigido na etapa lizando-se uma equipe dedicada à identifica-
seguinte. ção e especificação das reais necessidades
do consumidor final. Segundo Jones; Woma-
Os conceitos da manufatura enxuta são
ck (1998), são:
complementados pelos de responsividade,
que é o de oferecer ao cliente o produto Valor: o ponto de partida para o pensa-
ou serviço no tempo certo com a variedade mento enxuto é o valor. O valor só pode ser
exigida pelo mercado, causando a oferta de definido pelo cliente em termos de produto es-
uma ampla gama de produtos, o que se torna pecífico (simultaneamente bens e serviços) que
um diferencial competitivo. atenda às necessidades do cliente a um preço
específico em um momento específico.
Dentre os princípios da manufatura enxuta
está o da diminuição do lead time, que é o Cadeia de valor: todo produto ou serviço
possui uma cadeia de valor e sua análise deve
tempo que leva uma peça para percorrer seu
mostrar três tipos de ações existentes, ativida-
fluxo, desde a entrada na fabricação até a sua
des com adição de valor, atividades sem adição
finalização, tornando-se produto acabado,

28
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

de valor, mas necessárias e atividades sem adi- A Autonomação consiste em um conjun-


ção de valor (Hines; Taylor 2000). to de práticas que fornecem equipamentos
e, principalmente, aos operadores da produ-
Fluxo: o uso da equalização da produção, ção, a habilidade de detectar quando uma
da sincronização e fluxo de peças unitárias para condição anormal ocorre e a possibilidade de
acabar com as esperas interprocessos repre- interromper imediatamente o trabalho.
senta um avanço formidável. (Shingo, 1996).

Produção puxada: significa que um pro-


10. Outros conceitos de controle da
cesso inicial não deve produzir um bem ou ser- produção na Manufatura Enxuta
viço sem que um cliente de um processo pos-
terior o solicite.
Kaizen significa aprimoramento contínuo e
seus elementos básicos são qualidade, esfor-
Perfeição: é a eliminação dos desperdícios, ço, participação de todos os empregados e
tornando-se uma rotina na organização (JO- comunicação. Kai em japonês significa mu-
NES; WOMACK, 1998, p. 3). dança e Zen para melhor.

O Kaizen Blitz é também uma ferramenta


de melhoria contínua, sendo um evento de
melhoria rápida baseado no trabalho de um
grupo na produção enxuta. Pode também ser
utilizado na reestruturação de ferramentas,
técnicas, métodos e abordagens. Trata-se de
um programa altamente especializado e faci-
litado, que dura geralmente cerca de uma se-
mana, tem seu foco voltado para a melhoria
operacional rápida de uma célula específica
ou até uma área, contando com a participa-
ção de todos os envolvidos no processo da-
quela operação. Geralmente são envolvidas
cerca de seis a dez pessoas no processo, sen-
do que alguns sequer participam da área ou
do processo; são escolhidos em outras áreas
Para Ohno (1997) os dois pilares de sus- da empresa.
tentação do Sistema Toyota de Produção
são o Just in Time e a Autonomação. Outra importante ferramenta é a de Geren-
ciamento Diário da Manufatura Enxuta que
Just in time significa que, em um proces- consiste em um foco agressivo, estruturado
so em fluxo, as partes corretas (matéria-pri- e disciplinado sobre as atividades da área es-
ma, semiacabados e insumos) necessárias à tudada.
montagem alcançam a linha de montagem
no momento em que são necessários e so- Há também o formulário de ideias que cap-
mente na quantidade necessária. E preve- tura as propostas de melhoria contínua com
em o trabalho em conjunto com os forne- foco na eliminação de todas as perdas, como
cedores. exemplos: entrada de materiais na linha de

29
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

produção, processamento, paradas de máqui- Existem cinco elementos críticos que


nas (setup e regulagens), qualidade (sobre os devem estar contidos em um cartão:
índices), movimentação ou espera, inclusive
embalagem e expedição; é chamado de Kaizen Ponto de uso: localização onde o compo-
Action Sheet. nente é localizado.

Ponto de armazenagem: o local onde o


componente é armazenado antes de ser en-
viado para uso.

Quantidade: volume de peças que a


embalagem deve conter.

Número da peça: deve figurar no (label)


ou rótulo.

Descrição da peça: especificações do ma-


terial ou produto (OHNO, 1997, p.4).
Kanban é um meio de comunicação no sis-
tema feito no tempo certo, é um aviso colo-
Segundo Gonçalves, Miyake (2003), em
cado em partes ou peças específicas numa
Fatores Críticos para a Aplicação do Mapea-
linha de produção que tem o intuito de infor-
mar a entrega de uma dada quantidade. No mento do Fluxo de Valor em Projetos de Me-
momento em que se esgotam todas as peças lhorias, as regras para utilização do Kanban
o mesmo aviso é colocado no ponto de par- são:
tida, onde um novo pedido para mais peças
é realizado. O processo subsequente (cliente) é quem
requisita a retirada no processo precedente
Para Ohno (1997) o Kanban é descrito (fornecedor).
como um método:
Qualquer retirada sem um Kanban é proi-
O Kanban é um método de operação bida.
do Sistema Toyota de Produção cuja forma
mais frequentemente usada é um pedaço de Qualquer retirada maior que a especificada
papel dentro de um envelope de vinil retan- no Kanban é proibida.
gular. Neste pedaço de papel a informação
pode estar dividida em três categorias: in- O produto físico transportado deve estar
formação de coleta, informação de transfe- sempre acompanhado por um Kanban.
rência e informação de produção (OHNO,
1997, p.37) O processo precedente (fornecedor) deve
produzir seus produtos nas quantidades requi-
O Kanban, portanto, carrega a informação sitadas pelo processo subsequente.
horizontal e lateralmente dentro do próprio
sistema, impedindo a superprodução e tam- Produção superior à quantidade especifica-
bém que se solicite material extra. da pelo Kanban é proibida.

30
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Produtos fabricados com defeitos não po- xível possível às mudanças de programação
dem ser enviados ao processo subsequente. de clientes (DIAS, 2006, p.13).

A quantidade de Kanbans deve ser mini- Para Shingo (1996) sobre a troca rápida
mizada (GONÇALVES, MIYAKE, 2003, disponí- de ferramentas:
vel em: http://www.slideshare.net/Romante/
mapeamento-do-fluxo-de-valor-tcc). Para uma maior eliminação de desper-
dícios, principalmente o de superprodução,
é necessário reduzir o tamanho dos lotes
de produção. O sistema de troca rápida de
ferramentas é recomendado nesta situação
(DIAS, 2006, p.13).

A Manutenção Preventiva Total ou TPM To-


tal Productive Maintenance é uma ferramen-
ta que pode auxiliar na redução de reparos
executados em máquinas pelo próprio ope-
rador, em tempo de manutenção, aumentan-
do a eficiência do equipamento. Isto pode
Segundo Shingo (1996) sobre o Poka Yoke: aumentar a confiabilidade nos equipamen-
tos que operam com manutenção produti-
(...) é uma abordagem sistemática para va. Este processo de manutenção pode ser
eliminar qualquer possibilidade de erro, tam- preventivo (antes da ocorrência de possíveis
bém é conhecido pela expressão “à prova de problemas) ou corretiva (com a solução do
erros”. A detecção de defeitos pode ocorrer problema gerado).
antes que realmente surjam ou aconteçam
e até mesmo depois que o produto tenha
sido processado, porém antes de chegar ao
11. Gerenciamento pelas Diretrizes
cliente final (SHINGO, 1996, p. 55).
Carpinetti (2010) ensina que o gerencia-
mento pelas diretrizes envolve os seguintes
Troca rápida é uma ferramenta que execu-
passos:
ta a troca rapidamente, auxiliando a produção
e promovendo mudanças substanciais, pois 1. Análise Macro:
proporciona uma flexibilização nos processos
de fabricação de produtos. Análise das necessidades do cliente e ou-
tros requisitos.
Dias (2006) em conceitos de Manufatura
Enxuta Aplicados a uma Indústria cita que se- Análise de ambiente em que o negócio
gundo Ferreira (2004): está inserido.

(...) as trocas demoradas resultam em Análise dos planos de longo prazo.


estoque excessivo, tamanho de lote grande
e má qualidade do produto. Dessa forma, Análise da questões internas.
deve-se tentar reduzir ao máximo esse tem-
po de troca para tornar a planta o mais fle- Avaliação de desempenho atual;

31
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

Avaliação dos fatores críticos de sucesso. 12. Considerações para o Planejamento


Estratégico
2. Formulação de Diretrizes: que sejam ali-
nhadas com os objetivos decorrentes das Atualmente administrar a produção en-
análises das questões anteriores. Priorizar
volve desde as atividades do fornecedor de
objetivos em função da:
material e insumos até a fidelidade do clien-
te quanto aos produtos e serviços oferecida
Importância para os clientes.
pela fábrica ou prestador, inclusive engenha-
ria reversa e até o atendimento pós-consumo
Oportunidades de vantagem competitiva.
ao cliente.
Áreas com maiores necessidades de me-
lhorias.

3. Estabelecimento de Indicadores e Metas.

4. Divulgação das diretrizes, indicadores e


metas para o resto da organização (CARPI-
NETTI, 2010, p.188-190).

Para a qualidade é necessário identificar


os clientes internos que são aqueles atin-
gidos pelos produtos ou processos e fazem
parte da organização produtora. De modo geral a liderança, que deve ser
ativa, determina após estudo as estratégias
Esta categoria de profissionais é caracte- que se referem ao estabelecimento de obje-
rizada por uma troca intensiva, pois dentro tivos e metas de longo prazo e a adoção de
do contexto das organizações os setores ou planos de ações e alocação e dotação dos re-
departamentos são clientes um dos outros cursos para atingir essas metas e objetivos.
quando necessitam de insumos ou informa-
Carpinetti (2010) ensina que:
ções e expressam esta necessidade sob a
forma de requisições. Já conhecidos como (...) nesse contexto, uma estratégia de
stakeholders. qualidade na manufatura inclui decisões da
alta liderança e ações táticas relacionadas
Segundo Cerqueira Neto (1992) à melhoria de desempenho da função ma-
nufatura naqueles aspectos que mais con-
A qualidade de produtos e serviços é im- tribuem para o alcance pela estratégia do
portante para a sobrevivência da empresa. negócio (CARPINETTI, 2010, p.188).
O aperfeiçoamento da qualidade é uma ta-
refa indelegável e de responsabilidades dos Ou seja, a contribuição da manufatura é
gerentes da organização, que formam uma atingida por estas decisões nas suas áreas,
equipe, a fim de que todas as pessoas pos-
de modo que se tem que alinhar os recur-
sam se envolver pela melhoria da qualidade
sos de manufatura da companhia com a sua
desejada pela empresa (CERQUEIRA NETO,
estratégia competitiva e aumentar sua capa-
1992, p.91).

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Gestão da qualidade nas operações de manufatura

cidade de competir em critérios geralmente Arantes (1999) lembra os pontos a serem


classificados como: seguidos:

Parâmetros dos resultados de decisão:

Definição dos resultados.

Avaliação das condições.

Formulação de alternativas.

Avaliação e escolha do plano básico.

Detalhamento do plano.

• Qualidade: atributos de produto re-


Plano detalhado, considerando-se am-
queridos pelo mercado, significando bientes externos e internos (ARANTES, 1999,
também fabricar produtos sem defei- p.138).
tos e conforme as especificações.

• Custos: que deve envolver os relacio- Destaca o autor que:


nados à fabricação e distribuição para
atendimento aos pedidos. A visão gerencial aplicada pela maioria
das empresas modernas é aquela em que
a empresa, além de estar preocupada em
• Velocidade de entrega: que envolve os usar recursos produtivamente, está também
prazos relacionados à entrega, ou ain- procurando permanentemente criar os re-
da, à velocidade que a função manu- cursos. Assim, antes que obtenha e use os
fatura consegue processar e entregar recursos, a empresa verifica se realmente
os pedidos. necessita do recurso, avalia porque precisa
e se as quantidades estão bem dimensio-
nadas e, ainda, se o momento em que vai
• Confiabilidade de entrega: referentes precisar deles está adequadamente progra-
aos processos da manufatura e entre- mado. Somente depois disso é que toma
ga dos pedidos nos prazos acordados, decisões sobre os requisitos da qualidade,
mantendo sempre a pontualidade e sobre as fontes de fornecimento, sobre as
buscando com isso a confiabilidade. alternativas de investimentos e, ainda, com-
preendendo que os recursos são escassos
e finitos, prioriza o seu uso para as coisas
• Flexibilidade: relacionado à capaci- mais importantes (ARANTES, 1999, p.60).
dade da função manufatura de efe-
tuar as mudanças necessárias para o Arantes (1999) ensina ainda que é neces-
atendimento às novas requisições sário intensificar a busca pela eficácia dos
do mercado (CARPINETTI, 2010, p. diversos níveis gerenciais (treinamentos e
190). capacitações), pois o funcionamento do ne-

33
Gestão da qualidade nas operações de manufatura

gócio e sua estrutura são caracterizados por CAMPOS, VF. Qualidade Total Padroni-
interdependência significativa dessa variável. zação de Empresa. Belo Horizonte: INDG.
2004.
Finalmente, os fatores de prioridades com-
petitivas de uma organização foram aponta- ____________________.TQC Controle da
dos por Slack (1993) e são os quatro mais Qualidade Total (no estilo japonês) 5ª Ed.
importantes: qualidade, flexibilidade, custo e Belo Horizonte: Fundação Christiano Otoni. Es-
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