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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA __ VARA DO TRABALHO DA

COMARCA DE BOM DESPACHO – MG

MARCIO ALMEIDA MARTINS, brasileiro, solteiro, auxiliar de


carvoaria, documentos extraviados, residente e domiciliado na Rua da República, 2575,
Jardim Imperial, na cidade de Três Lagoas /MS, por seu advogado que esta subscreve, vem à
presença de Vossa Excelência, com fulcro nos art. 840 da CLT e 282 do CPC, a apresentar a
presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de Paulo Roberto Bueno do Prado, brasileiro, casado, produtor rural, residente e
domiciliado na rua Itácil Pereira Martins, 1586, Bairro Santos Dumont, e Fazenda Mina
situada no município de Brasilândia – MS.

DOS FATOS
O reclamante iniciou suas atividades laborais no dia 04/11/2010,
exercendo a função de auxiliar de carvoaria, com jornada de trabalho entre as 05:00h da
manhã às 16:00 horas de segunda a segunda, com remuneração correspondente a R$1.800,00
(mil e oitocentos reais) por mês, sendo dispensado sem justa causa para o empregador em
15/12/2010, sendo certo que durante o período em que laborou não teve sua CTPS anotada.
Vale ressaltar-se que no ato da despedida o empregador pagou ao
reclamante a quantia de R$ 200,00 (duzentos reais) a título de rescisão, entretanto não lhe
pagou o salário correspondente ao mês de novembro trabalhado e o proporcional aos dias
relativos ao mês de dezembro.
Impende mencionar que o reclamante não tinha horário de almoço,
fazendo uma parada de no máximo 15 minutos para almoço, fornecido pela reclamada e
descontado de seus vencimentos.
Da analise de sua jornada de trabalho fica evidenciado que o reclamante
trabalha em regime de sobrelabor, fazendo jus ao percebimento de horas extrarodinárias.
O reclamante nunca recebeu horas extras trabalhadas acrescidas de 50%,
e nem horas de almoço trabalhadas também acrescidas de 50%, que é o legal estabelecido
pela lei regente.

DA CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO DE EMPREGO - DO


RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO.

Em consonância com os fatos narrados, não restam dúvidas


acerca da caracterização da relação de emprego, a seguir esmiuçadas. Uma vez que o
reclamante preenche todos os requisitos necessários para o reconhecimento do vínculo
empregatício.
Restando cristalinas as principais características de todo contrato
de trabalho, quais sejam: subordinação, pessoalidade, continuidade, onerosidade,
bilateralidade (as prestações são recíprocas), comutatividade (expectativa de manutenção da
equivalência das prestações inicialmente ajustadas), e alteridade (a prestação se dá para o
outro, por conta do outro).
Não há duvida, pois, de que a relação que existia entre
Reclamante e Reclamada comprovado pelos demais registros constantes na CTPS do
empregado.
Conforme o exposto, à outra conclusão não se pode chegar
senão a de que efetivamente existiu relação de emprego entre a Reclamante e a empresa
Reclamada nos períodos de 04/11/2010 a 15/12/2010, devendo-se reconhecer o vínculo
empregatício do Reclamante, procedendo-se em seguida à anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social de todo o período laborado e, ainda, o pagamento de todas as verbas
rescisórias devidas que nunca foram pagas.

DA ANOTAÇÃO NA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Carteira de Trabalho e de Previdência Social é de suma


importância para o trabalhador. Por meio dela, é possível que ele demonstre o tempo de
serviço em que contribuiu como empregado para efeito dos cálculos de uma futura
aposentadoria. Ademais, serve para comprovar a existência do contrato de trabalho.
Com efeito, apesar da relação de emprego existente, e dos
reiterados pedidos para que as anotações fossem feitas, o fato é que as mesmas nunca foram
efetivadas pelo Empregador. Sendo assim, tem direito o Reclamante as anotações na Carteira
de Trabalho, o que desde já requer.

VERBAS DO PERÍODO SEM REGISTRO

Ressalta-se que devido à falta de registro, o reclamante ficou


prejudicado em relação ao pagamento das verbas decorrentes do pacto laboral. Destarte, não
percebeu o reclamante o salário do mês trabalhado, férias proporcionais + 1/3 da Constituição
Federal, 13º salário proporcional e depósitos fundiários + 40% durante o período sem registro,
fazendo jus aos mesmos, com as devidas incidências legais, observando-se o disposto no
artigo 467 da CLT.

HORAS EXTRAS COM ADICIONAL DE 50%

Dispõe o inciso XIII do art. 7º da Constituição de 1988:


“duração de trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho”.
O reclamante, desde o início da contratualidade tinha como
jornada contratual o horário das 5h00 às 16h00, sem gozar de intervalo para descanso e
refeição, de segunda à segunda, perfazendo, portanto, cerca de 77 (setenta e sete) horas
semanais, sendo que 33 (trinta e três), da aludida jornada de trabalho são legalmente
consideradas como horas extraordinárias, sendo certo que mesmo laborando em regime de
sobrejornada, a reclamada nunca pagou as horas habitualmente laboradas em regime de
sobrejornada ao obreiro, razão pela qual deve ser condenada a reclamada ao pagamento do
adicional de 50% sobre as aludidas horas.
Com efeito, requer ainda a parte autora que a reclamada seja
compelida a apresentar todos os controles de horário do reclamante, durante a vigência de
todo o contrato de trabalho, sob a pena de incorrer no disposto contido no art. 359 do CPC, já
que compete à empresa fiscalizar as aludidas horas nos termos da Súmula 338 do C. TST.
Ante o exposto, requer a parte obreira a condenação da
reclamada a satisfazer o pagamento das horas excedentes à 8ª (oitava) hora e à 44ª
(quadragésima quarta) hora semanal, conforme cálculos de liquidação de sentença
previamente apresentados pelo autor, com acréscimo legal de no mínimo 50% sobre o valor
normal da hora trabalhada, além de sua integração ao salário e reflexos devidos.
Frente à habitualidade da prestação laboral extraordinária,
requer os reflexos da aludida verba sobre em DSR´s (Lei 605/49, art. 7º, “a” da CF/88), aviso
prévio indenizado (CLT, art. 487, § 5º), 13º salários (Súmula 45 TST e CF, art. 7°, VIII),
férias + 1/3 (CLT, art. 142, § 5º e CF, art. 7°, XVII), adicional noturno, adicional de
insalubridade, FGTS (art. 15 e 18, § 1º, da Lei 8036/90) + 40% e, por último, integração das
horas extras à remuneração do obreiro.

HORAS EXTRAS PELA AUSÊNCIA DE INTERVALO INTRAJORNADA


DESTINADO À REFEIÇÃO E AO DESCANSO

É certo que o reclamante, desde o início em que passou a


desenvolver suas atividades laborativas no interior da fazenda reclamada, nunca gozou
integralmente do intervalo intrajornada, de que trata o art. 72, § 4º da Consolidação, uma vez
que sua jornada de trabalho era desenvolvida incessantemente, sem picos de intervalos.
Havendo a supressão do intervalo intrajornada de uma hora, no
mínimo, para empregado submetido à jornada superior a seis horas, fica o empregador
obrigado a remunerar o período correspondente como hora extra, acrescido do adicional
respectivo (mínimo 50%) OJ nº 307 da SBDI-1 do Col. TST.
Assim, pleiteia o obreiro a condenação da reclamada ao
pagamento de indenização equivalente a uma hora normal de trabalho diária acrescida de
50% de segunda a segunda, na média de 30 horas por mês.

DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (TRABALHO EXCESSO DE CALOR)

O reclamante, desde o início da contratualidade, sempre exerceu


sua atividade em condições insalubres, porquanto, permanecia habitualmente em contato
direito com calor excessivo no desempenho de suas funções.
Mesmo laborando em zona de elevada insalubridade, a
reclamada nunca forneceu EPI’s capazes de neutralizar os efeitos nocivos à saúde do
reclamante, bem como não lhe pagava o adicional de insalubridade à razão de 40% (em razão
do agente físico excesso de calor), na conformidade do que dispõe o artigo 7º, XXIII da
Constituição, que assegura o referido adicional para as atividades notadamente consideradas
insalubres, assim, consideradas aquelas constantes da NR-15.
Bem como o artigo 189 da CLT que garante o recebimento do
adicional:

Art. 18. Serão consideradas atividades ou operações insalubres


aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde,
acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e
da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos.

Para aferição da insalubridade pleiteada, requer a designação de


Perícia Técnica Especializada, para o fim de constatar o grau de interferência do agente
nocivo à saúde do obreiro.
Dessa forma, requer a condenação da reclamada a pagar ao
reclamante o adicional de insalubridade em seu grau máximo, ou seja, 40% sobre o salário-
base do obreiro1, por não lhe ter fornecido EPI capaz de minimizar os riscos à sua saúde,
1
Aplicabilidade da Súmula vinculante n. 4 do STF.
aptos a protegê-lo dos agentes insalubres relatados nos autos, requer ainda, reflexos do
adicional sobre: aviso prévio 30 dias, 13º salário, férias+ 1/3, horas extras, DSR’s, adicional
de insalubridade e FGTS+40%, em face de sua natureza de salário-condição e integração no
valor do salário-base do postulante.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Requer a concessão das benesses da gratuidade da justiça, nos


termos do que dispõe o art. 5º, LXXIV da Lei Maior e da Lei n. 1.060/50, isentando o
reclamante de todos os pagamentos e/ou emolumentos processuais, uma vez que a mesma não
dispõe de condições econômicas para arcar com as despesas do presente processo, sem que
isso implique no prejuízo de seu sustento.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer o reclamante a condenação da reclamada,


para o fim de julgar procedentes os pedidos formulados na inicial, reconhecendo e declarando
o seguinte:

a) Condenar a reclamada no reconhecimento do Vínculo empregatício nos


períodos de 04/11/2010 à 15/12/2010 com as devidas anotações em sua
CTPS;
b) Condenar a reclamada ao pagamento das verbas do período sem registro, a
fim de que efetue os depósitos previdenciários devidos ao autor em virtude
do reconhecimento do vínculo;
c) Condenar a reclamada ao recolhimento do FGTS do período sem
registro...........................................................................à apurar
d) Condenar a reclamada ao pagamento das verbas decorrentes da rescisão,
quais sejam: salário referente ao mês de novembro (R$ 1.800,00), férias
proporcionais acrescidas + 1/3 legal (R$400,00), décimo terceiro salário
proporcional (2-12 avos, já com a projeção do aviso prévio indenizado)
(R$300,00), aviso prévio
indenizado(1.800,00),......................................................R$ 4.300,00;
e) Condenar a reclamada ao pagamento correspondente a 132 horas
extraordinárias ao mês à razão de 50% de
adicional............................................................................R$2.429,99;
f) Condenar a reclamada ao pagamento dos reflexos das horas extraordinárias
sobre aviso prévio, DSR’s, férias + 1/3, décimo terceiro , FGTS +
40%...........................................................R$801,00;
g) Condenar a reclamada a pagar 1h (uma) hora extra diária (na proporção de
30 por mês) pela violação da norma intervalar, com adicional de 50%
(sessenta por cento) sobre o valor da hora
normal.......................................................................R$ 368,18;
h) Condenar a reclamada ao pagamento dos reflexos das horas extraordinárias
sobre aviso prévio, DSR’s, férias + 1/3, décimo terceiro , FGTS +
40%..........................................................R$ 121,49;
i) Condenar a reclamada ao pagamento do adicional de insalubridade em seu
grau máximo, por exposição a agentes nocivos à saúde do trabalhador acima
dos limites
permitidos.........................................................................R$1.080,00;
j) Condenar a reclamada ao pagamento dos reflexos do adicional de
insalubridade sobre aviso prévio, DSR’s, férias + 1/3, décimo terceiro ,
FGTS + 40%...................................R$ 356,40;
k) Deferir os benefícios da gratuidade da justiça, na forma da declaração anexa
........ Inestimável

Por último requer que seja julgada procedente a presente


reclamação, condenando as reclamadas, no pagamento de todas as verbas retro discriminadas,
devidamente acrescidas de juros e correção monetária, bem como a condenação no pagamento
de custas processuais.

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidos, e especialmente pelo depoimento pessoal da reclamada, oitiva de
testemunhas, sem prejuízo de outras que se fazerem necessárias.
DA NOTIFICAÇÃO

Requer por fim a notificação do reclamado para que conteste os


itens supra-arguidos, sob pena de serem admitidos como verdadeiros, o que, por certo, ao
final restará comprovado, com a conseqüente decretação da TOTAL PROCEDÊNCIA DA
AÇÃO.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 9.458,00 (nove mil quatrocentos e


cinqüenta e oito reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Três Lagoas, 10 de janeiro de 2011.

Ana Paula da Silva Zuque


OAB/MS 13.489

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