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Ética de escolha:

Para Paine, a igualdade política de todos os seres humanos traduz-se numa igualdade
política absoluta e, portanto, num Direito de autodeterminação. A formação da
sociedade era em si uma escolha feita por indivíduos livres, por isso os direitos
naturais que as pessoas transportam consigo para a sociedade são direitos de agir
como desejam, livres de coação. Cada pessoa deveria ter o direito de agir como
quisesse, a menos que as suas escolhas interferissem com os mesmos direitos e
liberdades de outros.

Paine defende que as nossas únicas e verdadeiras obrigações são respeitar as


liberdades e opções dos outros. Este, afirma que a sociedade é artificial, é um produto
de formação humana, nasce da vontade do homem. Ou seja, uma lógica mais liberal e
positivista. O legislador deve legislar de acordo com a vontade maioritária da
população. Para Paine, o valor individual é o mais importante.

Os direitos naturais que se podem exercer individualmente, são: os direitos de pensar,


falar, formar e dar opiniões e, talvez, aqueles que podem ser totalmente exercidos
pelos indivíduos sem ajuda externa, são os direitos de competência pessoal.

Os direitos naturais que não se podem individualmente, são: os de proteção pessoal,


de adquirir e possuir propriedade. No exercício deste direito o poder individual é
menor do que o direito natural. Considera que são os direitos civis, ou direitos de
contrato social (agimos ao abrigo da sociedade). A sociedade é, portanto, uma forma
de realizar aquilo que cada individuo tem direito, e não a capacidade de realizar em si.

O direito de escolha é o fim da visão política. Por um lado, as sociedades existem para
proteger atos de escolha satisfazendo as necessidades e, por outro lado, para proteger
os indivíduos de coação. Os nossos deveres sociais resumem-se a respeitar os direitos
dos outros, desde que eles respeitem os nossos, para que as obrigações que definem a
sociedade sejam obrigações de liberdade de escolha dos seus membros individuais.
São obrigações escolhidas destinadas a proteger a escolha.

Ética de obrigação:
Para Burke, ser livre dentro da sociedade, não é a mesma coisa que ser livre não
vivendo dentro de uma sociedade. Nenhum de nós escolhe a nação, a comunidade, ou
a família em que nasce, apesar de podermos escolher e mudar as nossas circunstâncias
até certo ponto, à medida que vamos envelhecendo, somos sempre definidos por
algumas obrigações e relações cruciais, não resultantes da nossa escolha.

Na opinião de Burke, cada homem encontra-se na sociedade, não por escolha mas por
nascimento. As obrigações e relações humanas mais essenciais não são e nunca
podem ser escolhidas, “temos obrigações para com a sociedade em geral que não são
por conseguinte resultado de um pacto voluntário especial.”

Somos responsáveis uns pelos outros, desde que entramos no mundo, porque temos
obrigações. As relações sociais decorrem de relações naturais e o consentimento é
assumido quando não pode ser expressa, não porque o indivíduo escolha aceitar as
suas obrigações mas porque se presume que o consentimento de todos os seres
racionais está em linha com a ordem das coisas. Esta visão começa com a família e não
com o indivíduo, e depois avança para a sociedade. A sociedade garante algumas
liberdades e limitações de modo que os seres humanos vivam de forma controlada.

Cada um de nós vive numa relação particular com a sociedade, que transporta consigo
tanto deveres como privilégios, e a sociedade apenas funciona bem se todos os seus
membros cumprirem as suas obrigações particulares.

Hans Kelsen:
A obra mais importante de kelsen foi a “Teoria Pura do Direito”. Esta obra sobre a
doutrina jusnaturalista e o seu pós-jurídico foi a máxima influência ao estudo
contemporâneo do direito. Inaugurou um novo paradigma de reflexão, pois eliminava
o direito natural se o homem tinha vontade de legislar determinado princípio, norma
ou convicção. A ‘’Teoria Pura do Direito’’ assenta no monismo, uma vez que defende a
existência de um único direito: direito positivo.

Segundo este, o direito consiste na tendência de justificar uma ordem social, ou seja,
uma ordem social é justa quando regula a conduta dos Homens de modo a satisfazê-
los a todos, tendo como objetivo que todos do Homens encontrem a felicidade.

Concebe o ato de aplicação do direito como um ato de produção normativa que opera
tanto no plano legislativo como na produção de uma norma. Critica a distinção do
direito e da moral pela interioridade/exterioridade, porque o direito regula ambas as
condutas.

A lei foi feita para ser aplicada de acordo com o caso, teoria normativista: consiste em
tratar o direito cientificamente com elementos apenas jurídicos, o direito positivo é o
único controlo social e de proteção dos cidadãos.

A sanção afigura-se como categoria essencial na norma jurídica de Kelsen, e é o que


diferencia norma moral de normas jurídica (validade de uma norma jurídica é igual a
outra norma jurídica)

Defende um estado de legalidade da justiça se faz quando a lei é cumprida, sendo justa
ou injusta. Dá-se uma cisão metodológica com a ética porque o direito é entendido e
definido exclusivamente a partir da normatividade e da validade. Não distingue o
direito positivo do estado, defendendo que estão ambos interligados pois é o estado
que possui os legisladores que fazem as leis consoante as necessidades do homem.
Assim, as leis provém da vontade humana em legislar de modo escrito, dando origem
ao direito positivo (vinculativo de conduta). Defende assim que o justo ou injusto se
inscrevem no direito natural, visto que uma lei é elaborada conforme as necessidades
humanas e com base nos princípios e convicções do homem, sendo aplicada tal como
é sem relações sobre justiça ou injustiça, que por sua vez competem a filosofia do
direito natural.

Defende que o fundamento da validade do direito positivo está vinculado ao seu


conteúdo. A norma fundamental não é diferente do direito positivo, é apenas o seu
fundamento de validade. É uma norma que tem por pressuposto um fim jurídico
coletivo emitido em determinado momento. Pretende conhecer o conteúdo da ordem
jurídica positiva, coativa, que surge por uma via legislativa ou consuetudinária
(costume). Opõe-se a teoria natural do direito, de natureza dualista, pois considera
que a par do direito positivo deve sempre existir um direito natural para o
fundamentar e validar.

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