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E
SÃO TOMÁS DE
AQUINO
Sendo assim, partes das obras de Platão, Aristóteles, Sêneca e outros, foram
adaptadas e utilizadas para descrever e analisar temas (e problemas) teológicos.
Platão foi colocado como um visionário. Viveu cerca de 350 anos antes de Jesus,
mas falava sobre vida digna, ética e moralidade, e tudo isso deveria buscar
atingir a Forma Ideal ou Ideia. Este foi um dos importantes pontos analisados e
traduzidos pelos teólogos: a Forma Ideal trazida por Platão era, nada menos,
que a busca pelo ideal divino, a busca por Deus, pregada por Jesus.
Os teólogos cristãos dos primeiros séculos tiveram certo trabalho com esta
transição e prepararam o caminho para que o processo fosse, finalmente,
concluído por Santo Agostinho e mantido por Santo Tomás de Aquino.
2. SANTO AGOSTINHO
“Sem justiça, uma associação de homens unidos pela lei não tem como
progredir.” – Santo Agostinho
Como filósofo da igreja católica, foi da época patrística e acreditava que tudo
surgiu em Deus, incluindo as noções de justiça e bondade. Daí vem o caráter
divino do direito natural, a ideia de que as leis e o direito são criações de Deus
para os homens. E como tudo que é divino, é certo e inquestionável, é ideal.
Para Santo Agostinho, o homem deve estar em constante busca pela verdade
em Cristo. E o que o move incessantemente nesta busca é o amor. Não um amor
irracional e voluntário, mas um amor que vem da fé. E esta fé nos faz entender.
E entender, por sua vez, nos leva a crer. Assim, forma-se o ciclo que nos mantém
próximos a Deus, à verdade divina, que é constante e inalterável. Ao contrário
da verdade terrena, que é mutável e volúvel, conforme os acontecimentos, as
necessidades, as sensações e as escolhas humanas.
Tendo sido criado à imagem e semelhança de Deus, o ser humano não é mal na
essência. Mas por ser semelhante e não igual, é passível de corrupção. Para
Santo Agostinho, é pela própria vontade que os homens promovem o mal. Este
direcionamento da vontade pela busca do que é inferior a Deus traz à justiça
humana um valor relativo, porque o homem pode amar o que não deveria ser
amado e valorizar aquilo que não deveria ser valorizado. Por outro lado, a busca
pelo Sumo Bem é o caminho para uma vida correta, que se dá pela fé e pela
inteligência. Assim, pode-se ascender a justiça humana, fazendo com que se
aproxime da justiça absoluta. Neste caminho, os homens também ascenderão,
podendo cumprir a lei por amor à justiça, e não por temor.
Neste sentido, é pela alma (animus) que é possível definir o que é ser justo, pois
somente o espírito permite atingir as razões e verdades eternas, divinas. Em De
Trinitate, Santo Agostinho (VIII, VI, 9 apud Mattos, 2016, p. 106) afirma: “É justa
a alma que segundo os ditames da ciência e da razão dá a cada um o que a
cada um pertence, na vida e nos costumes”. Há, então, uma priorização do senso
de justiça para uma questão interior, do ser humano consigo mesmo, para só
depois chegar às relações exteriores e ser vista como uma virtude social.
Ora, se o amor é o preceito divino, e é pela alma (nossa ligação com Deus) que
entendemos o conceito de justiça, então este conceito identifica-se com o próprio
Deus, tornando-o transcendente. Esta transcendência divina ultrapassa os
limites da razão humana, fazendo com que o homem seja incapaz de apreender
a essência de Deus. Mas esta impossibilidade de compreensão não pode
confundir-se com impossibilidade de conhecimento. Para o homem, é plausível
buscar graus de perfeição quando se conhece a Deus, mesmo sem o seu total
entendimento. Cabe à razão estabelecer elos entre o Criador e a criatura. Do
mesmo modo, pode-se conhecer a Justiça Plena, ou seja, a justiça divina
transcendente, mesmo que esta seja incompreensível.
3. SÃO TOMÁS DE AQUINO
FILOSOFIA GREGA
Embora nenhum mortal comum possa conhecer a lei eterna na sua inteira
verdade, pode ele ter dela uma noção parcial, mediante a faculdade da razão,
de que foi dotado por Deus.
A lei divina está relacionada com o “faz” (verbo fazer) enquanto que as demais
leis estão relacionadas ao ius.
A lei humana não existe por si só, é fruto de convenções, e somente produzirá
força a partir do momento em que for instituída. Seria a concretização e
institucionalização da lei natural, assim, Tomás de Aquino afirma que a Lei
Humana não pode derrogar as disposições de direito natural e divino.
4. CONCLUSÃO
É notório que tanto Santo Agostinho como São Tomás de Aquino seguiram
princípios religiosos que ajudaram as suas correntes filosóficas. O primeiro,
interpretou Platão, e defendia que a fé estaria acima de qualquer coisa. E que
só pela alma, se conseguiria conhecer a justiça, que surge de dentro para fora
do homem, permitindo atingir a virtude. Já São Tomás de Aquino bebeu da fonte
de Aristóteles, se fazendo acreditar que tudo vinha da moral e do
aperfeiçoamento da natureza do ser humano. Defendia que através da razão é
que se podia alcançar a fé e se preocupar muito mais com o lado espiritual do
que com o material.
5. REFERÊNCIAS
SILVA, Aline de Fátima Sales. Idade Média por uma Fé Raciocinada: Uma
Leitura em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Itinerarius Reflectionis.
Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia do Campus Jataí – UFG, Jul/Dez
2009.
TELLES Jr., Goffredo. Filosofia do direito. São Paulo: Max Limonad, 1915.