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I NTRODUÇÃO À A RQUEOLOGIA N ÁUTICA E S UBAQUÁTICA

Sessão 2 | Designações & Conceitos


15 de Fevereiro de 2012
DESIGNAÇÕES & CONCEITOS
 Arqueologia subaquática  Arqueologia sublacustre
 Arqueologia submarina  Arqueologia estuarina
 Arqueologia náutica  Arqueologia portuária
 Arqueologia naval  Arqueologia do interface
 Arqueologia marítima  Arqueologia da frente aquática
 Arqueologia fluvial  Foreshore archaeology
 Arqueologia lacustre  Paisagem cultural marítima
 Arqueologia lagunar  Etnografia naval

What's in a name?
William Shakespeare

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Arqueologia Subaquática (1/2)

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Arqueologia Subaquática (2/2)

“todos os traços da existência humana tendo um carácter cultural, histórico ou


arqueológico, que tenham estado parcialmente ou totalmente debaixo de água,
periódica ou continuadamente, durante pelo menos 100 anos, tais como: sítios,
estruturas, artefactos e restos humanos; barcos, aeronaves e outros veículos, ou qualquer
parte deles, a sua carga ou outro conteúdo; objectos de carácter pré-histórico”
UNESCO, Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático, 1º art.

“todos os bens móveis ou imóveis e zonas envolventes, testemunhos de uma presença


humana, possuidores de valor histórico, artístico ou científico, situados, inteiramente ou
em parte, em meio subaquático, encharcado ou húmido”
Decreto-Lei nº164/97 de 27 de Junho, 1º art.

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Arqueologia Subaquática vs. Arqueologia Submarina

Diréction des Recherches Archéologiques Subaquatiques et Sous-Marines

 Diréction des Recherches Archéologiques Subaquatiques et Sous-Marines resulta


da fusão da Diréction des Recherches Archéologiques Sous-Marines (DRASM)
e do Centre national de recherches archéologiques subaquatiques (CNRAS)
 DRASM: responsável pela gestão do património arqueológico no litoral
 CNRAS: responsável pela gestão do património arqueológico em águas interiores

Arqueologia subaquática = Underwater archeology = Archéologie sous l’eau

Archéologie sous-marine = Maritime archeology


Archéologie subaquatique – sem paralelo

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Arqueologia Subaquática vs. Arqueologia Náutica vs. Arqueologia Naval
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Arqueologia Náutica vs. Arqueologia Naval
Termos relacionados com tradições de âmbito disciplinar, que grosso modo
exprimem realidades idênticas

 Arqueologia Náutica remete-nos para a relação homem/mar ou homem/rio, abrangendo


tudo o que diz respeito à navegação, começando pelo seu paradigma, o navio
 Não tem de implicar um ambiente submerso (ex.: navio de Oseberg, em exposição no Viking
Ship Museum, é uma embarcação viking que serviu de túmulo)
 Mas relaciona-se sempre com o meio aquático

 Arqueologia Naval cristalizou-se como o estudo de fontes não arqueológicas (as fontes
tradicionais, eruditas, escritas e históricas)
 Significado marcadamente “clássico”, de tradição erudita: (ex.: Guerra Naval, Arqueologia Naval,
Arquitectura Naval )

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Arqueologia Marítima
 Conceito de tradição anglo-saxónica (maritime archaeology)
 Para os estudiosos anglo-saxónicos, abrange tudo o que se relaciona com o meio aquático
 Sinónimo de Arqueologia do Meio Aquático (conceito igualmente abrangente)

 Nos países mediterrânicos, o termo Arqueologia Marítima identifica-se com a expressão


Arqueologia Subaquática, circunscrevendo-se, porém, aos contextos de mar

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Arqueologia Fluvial vs. Arqueologia Lacustre vs. Arqueologia Lagunar
 Termos associados aos contextos dos vestígios arqueológicos:
 Fluvial: nas margens ou nas águas de um rio
 Lacustre: nas margens ou nas águas de um lago
 Lagunar: nas margens ou nas águas de uma lagoa

 Termos identificados com a expressão Arqueologia Subaquática, circunscrevendo-se,


porém, a contextos específicos

Rio: corrente natural de água que flui continuamente; possui um caudal considerável e desemboca
no mar, num lago ou até noutro rio

Lagoa: corpo de água, natural ou artificial, com pouco fluxo, mas geralmente sem água estagnada

Lago: depressão natural, cuja água pode ser proveniente de chuva, de uma nascente local ou de um
curso de água.; estrutura idêntica à da lagoa, mas conceituadamente de maior tamanho

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Arqueologia Sublacustre
 Arqueologia Sublacustre deriva da realidade vivida, nos anos 50, no Leste da França e
na Suíça francesa, referindo-se aos trabalhos efectuados em zonas de interface, mas
junto a lagos

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Arqueologia Estuarina vs. Arqueologia Portuária
 Arqueologia Estuarina identifica-se com a expressão Arqueologia Subaquática,
circunscrevendo-se, porém, ao contexto estuarino
 Estuário: ambiente aquático transicional entre um rio e o mar; sofre a influência das marés e
apresenta fortes gradientes ambientais, desde águas doces próximos da sua cabeceira, águas
salobras, e águas marinhas próximo da desembocadura

 Arqueologia Portuária refere-se, sobretudo, ao estudo da utilização das vias aquáticas


com base em fontes arqueológicas, e respectivas actividades de comércio, comunicação
e transportes

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Arqueologia do Interface vs. Arqueologia da Frente Aquática vs.
Foreshore Archaeology
 Arqueologia do Interface, Arqueologia da Frente Aquática (termo transposto das
fontes anglo-saxónicas, waterfront archeology) e Foreshore Archaeology exprimem uma
mesma realidade
 Termos remetem para a zona de contacto entre a realidade terrestre e a realidade
aquática, entre a terra e o mar
 Foreshore Archaeology é uma expressão anglo-saxónica que aponta, mais
especificamente, para uma arqueologia ribeirinha ou das margens, áreas
intermitentemente cobertas pela água

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Cultural Maritime Landscape (1/3)
 Expressão desenvolvida, nos finais da década de 80 do século XX, pelo etno-arqueólogo
sueco, Chris Westerdahl, combinando, do ponto de vista arqueológico, o mar e a
terra
 Paisagem Cultural Marítima envolve tudo o que se relacione com o mar, desde o
património cultural material ao imaterial, abarcando:
 Vestígios materiais, como embarcações, portos, ancoradouros e outras construções
 Indícios da actividade humana
 Vestígios imateriais ou cognitivos, como o conhecimento da topografia e condições de
navegação locais, a toponímia e outros registos orais transmitidos de geração em geração

«One could express it this way: physical landscape + cognitive landscape = cultural landscape»
Westerdahl, 2008: 213

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Cultural Maritime Landscape (2/3)
 Fontes para a construção da Paisagem Cultural Marítima:
 Vestígios arqueológicos de embarcações: desde grandes navios transatlânticos às
rudimentares pirogas, constituem, ainda hoje, a principal fonte material para datação e
interpretação dos aspectos náuticos, fornecendo dados relativos às técnicas, economia e
circuitos de comunicação da época
 Vestígios arquitectónicos e arqueológicos terrestres, e em áreas de interface: estruturas
arquitectónicas, como cemitérios, faróis, pedras tumulares, capelas e ermidas, e vestígios
arqueológicos de habitats sasonais, locais de despejo de lastro ou de secagem e reparação de
redes permitem o estudo da instalação humana através do tempo, potenciando a identificação de
áreas portuárias, de reparação ou querenagem de navios, enseadas naturais de abrigo, …
 Tradição marítima: entranhada no mapa mental das populações costeiras contribui de forma
particular para a reconstrução da maritimidade de uma região ao reflectir a utilização, sucessiva
no tempo, de determinadas rotas e ancoradouros de abrigo, o recurso a certas soluções técnicas
e tecnológicas na construção de embarcações em detrimento de outras, o impacto dos ventos e
correntes locais na selecção dos territórios de pesca e rotas de navegação, …

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Cultural Maritime Landscape (3/3)
 Fontes para a construção da Paisagem Cultural Marítima: (cont.)
 Topografia: a análise da topografia da região permite a recolha de informação relevante acerca
de bacias e abrigos naturais ao longo da costa passíveis de terem sido utilizados por pescadores
e marinheiros, ao longo dos séculos
 Toponimia: a toponímia local, frequentemente omissa nos mapas modernos, revela aspectos
importantes da tradição marítima secular de uma região, como, por exemplo, zonas de
atravessamento de rios, pontos de abrigo e ancoradouros, locais de naufrágio e áreas de
estaleiro

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Etnografia Naval
 Etnografia Naval desenvolveu-se como um conceito disciplinar, relacionado com as artes
populares, e englobando o universo das embarcações tradicionais:
 Conceito bastante homogéneo que remete, não apenas para as embarcações, mas para todos
os aspectos da actividade humana que caracterizam a esfera fluvial e marítima (ex.: festas,
romarias, roupagens…)
 Disciplina contemporânea praticamente em extinção

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DESIGNAÇÕES & CONCEITOS

Apesar de significativos, todos estes conceitos


apresentam uma grande margem de falta de
rigor!

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BÓNUS?

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